terça-feira, 24 de agosto de 2021

Diários com Machado de Assis (I)


Machado de Assis, em 1904.

Refeição Cultural

Decidi manter contato diário com Machado de Assis, nem que seja por minutos, lendo uma frase de um livro, conto, crônica, seja por ler ou ver algo a respeito de Machado. 

Farei um esforço em tornar sua presença um hábito em minha vida, assim como nos alimentamos para viver. Já li todos os seus romances e dezenas de contos seus, mas é pouco. Machado é um mundo a descobrir.

Se possível, também farei registros no blog porque escrever e registrar a vida, o mundo, as coisas, os sentimentos, os acontecimentos, são ações que têm relação com o que foi a vida de um de nossos maiores escritores.

Machado de Assis é um brasileiro. O Brasil não legou ao mundo só o que há de pior como Jair Bolsonaro e os bolsonaristas. O Brasil legou ao mundo um patrimônio cultural inestimável através de pessoas como Machado de Assis e diversas outras figuras das mais diversas áreas da dimensão humana.

Machado foi um brasileiro negro, neto de escravos alforriados por parte de pai, tinha epilepsia, era um pouco gago, perdeu a mãe aos dez anos de idade, trabalhou desde moleque para sobreviver, nasceu em 1839, cresceu e viveu toda a sua vida no Rio de Janeiro imperial e republicano e morreu em 1908. Foi casado com Carolina Augusta*, que morreu em 1904 e não tiveram filhos. Machado foi um brasileiro. Foi um grande brasileiro.

Eu tenho muito material em casa sobre Machado de Assis, eu já gostava dele antes de fazer faculdade de Letras, mas a oportunidade de estudar na FFLCH/USP me permitiu adquirir muita coisa sobre o escritor. Preciso conhecer o que tenho sobre ele. A vida é um instante, ainda mais agora com a pandemia de Covid, ainda mais agora com o Brasil se desfazendo após o golpe de Estado que nos levou ao domínio do mal e do crime organizado. Viver se tornou algo muito mais incerto que antes do golpe, viver ficou muito mais perigoso.

Eu tenho muitos objetivos literários e não quero abandonar minha rotina de ler os livros que sonho ler. Mas sei que é possível incluir um contato diário com Machado de Assis na minha rotina de vida. Qualquer pessoa pode fazer isso, definir algo e empreender em sua vida, basta ter disciplina, porque disciplina é liberdade, de verdade, isso não é somente uma frase de efeito. Foi através da disciplina que contribuí para as lutas da classe trabalhadora por duas décadas.

Penso que o contato com Machado de Assis, um brasileiro que nos dá orgulho, pode nos dar um suporte um pouco melhor para resistir à tortura diária que sofremos desde o golpe de 2016, porque os golpistas têm a tortura como método para nos derrotar e destruir. Temer primeiro e agora Bolsonaro são instrumentos de tortura da casa-grande brasileira, dos capitalistas escravocratas. Bolsonaro é fruto de tudo isso que o povo brasileiro enfrenta há séculos. Agora só está pior porque ele é um dos piores seres humanos que já pisou esse solo pátrio.

Machado de Assis é um exemplo de que a vida pode ser diferente. Hoje de manhã já tive meu contato com o bruxo do Cosme Velho, bruxo porque ele faz mágica com as palavras e Cosme Velho por ser onde ele nasceu, no Rio de Janeiro.

É isso, vamos manter contato diário com Machado de Assis. É sempre melhor ler do que não ler os clássicos e Machado é um clássico!

William

*Post Scriptum: John Gledson, no livro 50 contos de Machado de Assis, diz que Machado foi casado com "Carolina Xavier de Novaes" e Fátima Mesquita nos textos informativos do livro Memórias póstumas de Brás Cubas a chama de "Carolina Augusta Xavier de Novais".


Nenhum comentário: