sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Espumas flutuantes - Castro Alves



Refeição Cultural

"Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto -
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe - que faz a palma,
É chuva - que faz o mar.
" ("O livro e a América", Castro Alves)


Finalizada a leitura do livro Espumas flutuantes, do poeta Castro Alves, posso dizer ao menos que conheço a poética desse escritor brasileiro. O poeta morreu jovem, aos 24 anos, em 1871.

A leitura foi feita em voz alta. Li os 55 textos assim, incluindo o "Prólogo" e a "Dedicatória". Adotei o método de ler cinco poemas por dia como havia feito antes com A rosa do povo, de Drummond. É uma leitura exigente e que exige disciplina.

Posso e devo ser sincero ao falar dos poemas de Castro Alves e digo que os poemas reunidos em Espumas flutuantes não me agradaram muito. Meu estilo de poemas é outro, de outras poéticas e outras épocas. Isso não quer dizer que eu não valorize a obra e o poeta, só não é o tipo de poesia que gosto.

O autor trabalha muito com a temática do amor e da morte. Acho positivo o fato de o amor, presente em suas poesias, não ser platônico e sim de carne e osso. Ele realmente amou e esteve com as mulheres, é o que dizem as informações sobre ele. 

E sobre a morte idem, ele viveu a expectativa da morte iminente porque tinha tuberculose e para piorar deu um tiro acidental no pé, fato que lhe abreviou mais ainda a vida. Quando reuniu os poemas deste livro, já sabia que não viveria muito.

Como acredito que ler é melhor que não ler um livro e um autor, conheci poemas interessantes de Castro Alves. Inclusive, tive a oportunidade de conhecer sua obra mais famosa, que não consta desse livro. Li "O navio negreiro" e realmente a temática é pra lá de importante para a época e ainda hoje.

Talvez o momento que vivemos não tenha contribuído para que eu tivesse mais prazer na leitura de Castro Alves. Ler em 2021 poemas líricos falando de amor e Deus em uma época na qual o amor quase que morreu e a religião é um dos instrumentos de manipulação e idiotização de milhões de pessoas é uma tarefa difícil. A gente acaba lendo já com certa birra...

Enfim, sigo lendo e preenchendo minhas lacunas culturais. Se estou com o coração empedernido e sem esperança alguma num amanhã melhor para os seres vivos porque não acredito que a maioria de humanos vá derrotar a minoria capitalista, imaginem se eu não lesse e buscasse conhecimento novo como estaria. É muito provável que eu fosse um boçal bárbaro bolsonarista.

Viva a leitura de autores e obras clássicas, viva a educação libertadora e a formação política emancipadora! 

(Quero distância de mitos e de quem idolatra mitos, para mim basta conhecê-los, sejam eles os clássicos, que buscam explicar o mundo, ou os mitos falsos como o troglodita no poder em nosso país).

William


Bibliografia:

ALVES, Castro. Espumas Flutuantes. O Estado de São Paulo/Klick Editora, 1997.


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