sexta-feira, 5 de julho de 2024

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 5 de julho de 2024. Madrugada de sexta-feira.


REVOLUÇÃO RUSSA

Ver imagens recuperadas do início do século passado é um privilégio. Neste documentário "Grandes dias do século XX", vemos Lênin, Trótski e Stálin em meio aos trabalhadores russos.

No vídeo anterior, o cenário eram os campos de batalha da 1ª Guerra Mundial (comentário aqui). Neste episódio, a guerra também é comentada e tem papel relevante. 

Aliás, participar ou não da guerra entre as nações era uma questão que dividia o movimento da classe trabalhadora e suas lideranças comunistas, socialistas, anarquistas e socialdemocratas.

Sinopse:

No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada, dependente da agricultura. Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, e mesmo assim pagavam altos impostos para manter a monarquia absolutista do czar Nicolau II, que só conseguia se manter à base de muita violência. A formação de conselhos de trabalhadores, os sovietes, foi o sinal de que aquele sistema estava com os dias contados. A revolução foi uma questão de tempo. E a formação de uma república socialista, inevitável.

O documentário é dividido em capítulos: "Ensaio geral", "A Revolução", "Guerra civil" e "O comunismo se consolida".

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O SOCIALISMO REAL OBRIGOU O CAPITALISMO A CONCEDER DIREITOS À CLASSE TRABALHADORA

A sociedade humana do século XXI precisa urgentemente de um contraponto à hegemonia do capitalismo neoliberal que vigora em quase todo o planeta após a queda da União Soviética. 

É claro que a China é um contraponto de peso. E os BRICS estão aí para pressionar os EUA e seus quintais a se moverem até provocarem guerras por procuração. 

E temos Cuba e seu povo encantador, que já aprendi a amar e respeitar e registro todo o meu apoio à Revolução Cubana, Fidel Castro e todas as lideranças do governo socialista, incluindo Díaz-Canel, atual presidente.

O feito extraordinário do povo russo, liderado pelos bolcheviques e pelo Exército Vermelho, permitiu aos milhões de proletários dos grandes países capitalistas do mundo posterior às grandes guerras e à depressão dos anos trinta, conquistarem direitos sociais, civis e políticos que ficaram conhecidos como estado de bem-estar social, nos conhecidos anos de ouro do capitalismo.

Os revolucionários russos transformaram um país continental com mais de cem milhões de habitantes, que viviam em condições materiais semelhantes à idade média, em uma potência econômica que conseguiu resistir à ameaça constante norte-americana durante décadas de guerra fria. Nunca na história humana, uma nação agrária deu um salto tecnológico tão rápido como a União Soviética.

Eu tenho a leitura política e histórica que se não fosse a necessidade de a URSS despender boa parte de seus recursos para a iminente guerra contra seus inimigos capitalistas, os líderes revolucionários e seu povo teriam encontrado soluções para seus problemas internos cotidianos. Boa parte dos problemas de necessidades materiais e de falta de liberdade também decorreram do permanente risco de dissolução das conquistas populares advindas da revolução proletária.

Enfim, é um longo debate. Eu tenho algumas impressões a partir de tudo que já estudei e das experiências que venho acumulando nas últimas décadas como apreciador de história da classe trabalhadora. E minha impressão sobre a experiência soviética ficou mais clara após minhas duas visitas a Cuba neste ano e no ano passado.

O documentário é uma delícia para quem gosta de história.

William


quinta-feira, 4 de julho de 2024

40 de 100 dias


Documentário sobre a Revolução russa.

40. Hoje trabalhei bastante no blog. Escrevi alguns textos culturais após ler Victor Hugo e ver documentários sobre história. 

Em relação ao trabalho de organização de meus materiais de história e cultura, meu centro de documentação (cedoc), peguei agora para ver a coleção História Viva "Grande Dias do Século XX". Os documentários são extraordinários, com imagens de época que pouco se vê por aí.

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CONSIGO FAZER ROMARIA DE 80 KM?

Agora à noite, enquanto conversava com minha irmã, dando notícias a ela sobre minha condição de desgastes na região do quadril, ela me lembrou de algo importante sobre minha intenção de fazer romaria em agosto: será que eu consigo fazer o percurso ainda?

Boa questão a se avaliar. Ano passado, tive os mesmos receios e dúvidas sobre fazer ou não fazer a romaria de Uberlândia a Água Suja.

Ou seja, dentro das questões de coisas a fazer e sentidos a se encontrar nesses 100 dias de vida, uma a racionalizar é se farei a romaria, e se for fazer, terei que proceder como no ano passado. Terei que fazer umas longas caminhadas neste mês de julho, de uns 15 Km, de uns 25 Km e talvez uma até de uns 40 Km.

Tenho que refletir e me organizar.

William


One Piece - Luffy Chapéu de Palha v.1


Luffy derrota Alvida Clava de Ferro.


Refeição Cultural 

O capítulo 2 "Luffy Chapéu de Palha" nos apresenta o garoto de borracha dez anos após a partida dos piratas liderados por Shanks, o pirata que salvou a vida de Luffy ao demonstrar o valor da amizade.

A vila se despede de Monkey D. Luffy que parte numa pequena canoa em busca de seu sonho de se tornar o rei dos piratas. Para isso ele precisará de um navio e de uma tripulação. 

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LUFFY ENFRENTA O MONSTRO DOS MARES 

Imaginem qual foi o primeiro desafio de Luffy!

Sobreviver de novo ao monstro que atacou ele e Shanks dez anos antes.

Dessa vez, o jovem de borracha aplicou um golpe que treinou por dez anos: o gomugomu-no-pistol... um soco que arrebentou o monstro.

Luffy acabou caindo em um redemoinho no mar e só foi salvo por se esconder dentro de um barril.

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LUFFY ENFRENTA A PIRATA ALVIDA CLAVA DE FERRO

O barril com Luffy dentro é recolhido por um rapaz medroso e serviçal no navio de Alvida: Kobi, o faz tudo.

Luffy derrota a perigosa pirata e parte com Kobi em busca de um famoso caçador de piratas chamado Roronoa Zoro. Ele quer convidá-lo para ser seu companheiro de viagem.

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COMENTÁRIO 

Como disse na postagem anterior (ver aqui), já vimos em casa mais de 300 episódios do anime One Piece

Por curiosidade, acabei pegando para ler o volume 1 do mangá de meu filho e estou achando bem interessante. 

Percebo bem mais detalhes lendo o mangá do que assistindo ao anime. 

Sigamos para o próximo capítulo. 

William 


Os miseráveis - Victor Hugo (XIII)



Refeição Cultural 

Osasco, 4 de julho de 2024. Quinta-feira. 


INTRODUÇÃO

A França está em ebulição. Nesta semana, as forças políticas progressistas estão nas ruas conclamando às pessoas que votem no domingo (07/07/24) para impedirem a ascensão da extrema-direita: no próximo domingo será o 2° turno das eleições legislativas no país e o partido de Marine Le Pen está à frente das forças de esquerda e de centro.

Ao ver o cenário francês da atualidade, me deu vontade de interromper meus trabalhos domésticos e ler mais uns capítulos de Os miseráveis (1862), de Victor Hugo. A postagem sobre a leitura anterior (ver aqui) me permite seguir com o romance a qualquer tempo.

Ler uma obra como essa de Victor Hugo é ir às bases da mentalidade ocidental após os séculos XIX e XX. Afinal de contas, fomos aculturados no Ocidente com a história da Revolução Francesa e as ideias de Liberdade, Igualmente e Fraternidade. 

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PRIMEIRA PARTE - FANTINE

LIVRO V - A DECADÊNCIA 


I. História de um progresso no ramo dos vidrilhos pretos

"(...) Em fins de 1815, viera estabelecer-se na cidade um homem, um desconhecido, a quem ocorreu a ideia de substituir, na fabricação desses artigos, a resina pela goma-laca e, em particular, no caso dos braceletes, as correntes soldadas por simples correntes engatadas. Essa pequena mudança foi uma revolução. " (p. 201)

Vemos aqui o efeito da criatividade das pessoas como algo modificador da realidade material e social de uma pessoa e de uma comunidade. Esse desconhecido mudou a realidade de Montreuil-sur-Mer, cidade natal de Fantine.

Esse estranho que chegou à localidade com um saco às costas e salvou de um incêndio os filhos do capitão da guarda, ficou conhecido como Pai Madeleine. (p. 202)

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II. Madeleine

"(...) Quem quer que tivesse fome podia ali se apresentar, e estar certo de achar emprego e pão. Pai Madeleine pedia aos homens que tivessem boa vontade, às mulheres, bons costumes, e a todos, probidade." (p. 203)

O desconhecido mudou a história da comunidade. Se transformou num benfeitor.

O fato de recusar fama e poder, até o cargo de prefeito, gerou ciúmes e desconfiança nas pessoas de poderes locais. Já os pobres o adoravam. 

"Como acima se viu, o lugar devia-lhe muito, os pobres deviam-lhe tudo..." (p. 204)

Em 1820, cinco anos após sua chegada a Montreuil-sur-Mer, o desconhecido não teve mais como recusar as nomeações e Pai Madeleine precisou aceitar a missão de ser prefeito da cidade. 

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III. Somas depositadas no Banco Laffitte

Neste capítulo, achei interessante a metáfora da urtiga. 

Após o narrador contar a forma como Madeleine ensina aos camponeses as diversas utilidades da urtiga, vem a metáfora:

"(...) Com mais algum trabalho, a urtiga seria útil; como é desprezada, torna-se nociva, e então a destroem. Quantos homens se parecem com as urtigas!' E acrescentou, depois de uma pausa: 'Meus amigos, lembrem-se disso, não há ervas más, nem homens maus, mas sim maus cultivadores'." (p. 207)

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IV. O senhor Madeleine de luto

"No começo de 1821, os jornais anunciaram a morte do senhor Myriel, bispo de Digne, 'cognominado Monsenhor Bienvenu e falecido com odor de santidade na idade de oitenta e dois anos'." (p. 208)

Quando o bispo de Digne faleceu, ele estava cego e foi cuidado por sua irmã com amor e carinho. O narrador conta o fato do cuidado amoroso do bispo com uma beleza incrível!

Ao se colocar em luto, o prefeito de Montreuil-sur-Mer acabou sendo questionado pelo luto e justificou-se alegando que ele havia sido na juventude criado da família do bispo.

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COMENTÁRIO 

Uma percepção clara quando leio este clássico de Victor Hugo é a respeito da qualidade do texto. A obra é muito bem escrita!

Enfim, sigamos lendo e adquirindo novos conhecimentos. 

William


Bibliografia:


HUGO, Victor. Os miseráveis. Tradução de Regina Célia de Oliveira. Edição especial. São Paulo: Martin Claret, 2014.


Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 4 de julho de 2024. Madrugada de quinta-feira.


PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Enquanto revia o documentário sobre a 1ª Guerra Mundial - da Coleção História Viva -, refletia sobre a possibilidade de novas guerras no presente da sociedade humana. Guerra é uma merda! E além das que já estão em andamento - inclusive com a prática de genocídio do povo palestino -, outras estão por vir.

O documentário da série "Grandes Dias do Século XX" é extraordinário! Eu realmente tenho mídias muito boas sobre história e cultura. O material traz imagens da época, dos anos dez do século passado, das frentes de batalha entre alemães de um lado e aliados do outro.

Sinopse:

O século XX começou de forma trágica. Em 1914, as potências europeias se lançaram em um enfrentamento que plantou as sementes de todos os grandes conflitos posteriores. Oficialmente, o estopim da guerra foi o assassinato de Francisco Ferdinando, príncipe do Império Austro-Húngaro, mas vários outros fatores contribuíram para desencadear o conflito que matou mais de 10 milhões de pessoas. O episódio analisa antecedentes e interesses econômicos que levaram ao embate inaugural da Era dos Extremos.

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O CAPITALISMO VAI NOS MATAR A TODOS

Um dos livros que mais me ensinaram história do mundo foi Era dos Extremos, do historiador marxista Eric Hobsbawm. Tenho muitas postagens sobre o livro aqui no blog.

Do meu ponto de vista, o cenário mundial é desafiador para a continuidade da sociedade humana no planeta. Culpa central do capitalismo como sistema de organização da sociedade.

A privatização da Sabesp tem relação com o capitalismo. O bolsonarismo tem relação com o capitalismo. A destruição dos biomas brasileiros - Amazônia, Pantanal, milhares de quilômetros de litoral - tem relação com o capitalismo. A necessidade de explorar petróleo para abastecer o mundo de plástico tem relação com o capitalismo. O evento trágico do Rio Grande do Sul, que afetou a quase totalidade das cidades do Estado, tem relação com o capitalismo.

A putaria dos juros altos para foder com 200 milhões de brasileiras e brasileiros e o governo do presidente Lula tem relação com o capitalismo e com os fdp do 1% que conspiram contra o mundo.

É lógico que as pessoas não fazem guerra só por causa do capitalismo. Mas o capitalismo não sobrevive sem guerras. Entendem? As guerras mundiais que tivemos no século passado foram uma salvação para o capitalismo. Destruíram o mundo para os Estados Unidos reconstruírem o mundo. E virar potência imperialista.

Como vamos terminar essa nossa geração em meio a tantas crises? Com guerras, guerras locais, guerras civis, guerras entre nós amigos vizinhos famílias, guerras entre países irmãos, guerras por procuração... essas as mais modernas. É só olharmos a da "Ucrânia".

Estamos fodidos. Vão tentar derrubar o Lula aqui no Brasil. Os Estados Unidos estão sem solução com aqueles dois sujeitos que vão governar a máquina de guerra a partir do ano que vem. São dois dementes. Os países da Europa viraram estados norte-americanos. Os States agora têm 51, 52, 53, 54... os países da velha Europa viraram reles estados norte-americanos...

Eu ando olhando meu umbigo. Eu que já fui grande. Hoje olho meu umbigo. Meu ParTido e minha Central têm meu apreço. O sangue que borbulha em minhas veias, mesmo cheio de colesterol e com pressão maior que a ideal, é um sangue que pertence ao PT e à CUT. Nunca flertei com outros amores políticos. Mas não abro mão de ter opinião e posição e meus amores não toleram mais divergência. Sigo na torcida pelo meu país e pelo povo ao qual pertenço.

Vêm guerras por aí. Nós estamos divididos, despreparados. Os inimigos estão bem mais preparados que nós para as guerras. 

ESQUERDA DIVIDIDA E A DIREITA SE JUNTA CONTRA NÓS - Nossos inimigos estão blocados, um bolsonarista pensa como qualquer outro bolsonarista, pode trocar a palavra bolsonarista por outra semelhante, extremistas de direita, dá na mesma. Eles são monotemáticos nas opiniões sobre qualquer tema.

Já nós da esquerda, se formos 1/3 da população, não somos um terço. Não somos. Porque nossa terça parte é dividida em dez, e as dez são divididas em mais dez... cada um de esquerda é a corrente de si mesmo. Sempre terá um pelo em ovo que divide. Não vamos vencer os que nos odeiam assim!

É opinião. É uma ilusão a companheirada do PT achar que vai "humanizar" o capitalismo...

Sigo estudando e escrevendo o que penso.

William


quarta-feira, 3 de julho de 2024

39 de 100 dias



39. Uma das coisas que tenho observado ao ler os materiais de línguas estrangeiras, o de inglês, por exemplo, é o quanto o conteúdo é ideologizado, é o puro suco capitalista, imperialista e colonial. 

É um conteúdo de brancos do norte para adestrar não brancos das periferias do capitalismo. Incrível e nojento isso!

As histórias são binárias, há sempre mocinhos e bandidos. Os mocinhos têm autorização para matar (do tipo James Bond).

Os materiais vendem a ideia de um mundo perfeito, lindo, limpo, fraterno entre as pessoas de posses e bem-comportadas socialmente. 

Os "desajustados", os miseráveis, se não estão presos, estão em vias de serem presos. 

Que dureza isso!

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A PROCURA DA FELICIDADE (NÃO SENTIR DOR)

Dando seguimento à procura de diagnósticos para minhas dores crônicas, retornei ao especialista de quadril e o ortopedista me explicou os desgastes todos que tenho na região... tenho que conviver com isso... (um dia, talvez, terei que operar)

É fundamental tentar recuperar um pouco a estrutura muscular da região... algo que sei que é bem difícil. Ainda mais depois dos 55 anos...

Enfim, é a vida! Somos natureza. Como já sei, cada ser envelhece do seu jeito, de acordo com seu percurso existencial e a genética que carrega dentro de si.

O fato concreto é que as dores estão aumentando. Que treco chato!

Seguimos fazendo o que está ao meu alcance para estar no mundo com as pessoas. E para tentar aprender algo novo e passar adiante. 

William 


terça-feira, 2 de julho de 2024

38 de 100 dias



38. Ao longo da vida adulta, acabei acumulando muito material de estudos de línguas estrangeiras. Acho que realmente tive o desejo de ser um poliglota. 

Tenho materiais de inglês, espanhol, francês, italiano, latim e japonês. Confesso que gostaria de poder ler, escrever, falar e compreender esses idiomas. O espanhol e o inglês até aprendi as quatro habilidades. O inglês está enferrujado, claro! O espanhol, nem tanto.

Mas a maior parte do meu tempo humano foi gasto em tarefas diárias para sobreviver, para me estabelecer na vida: vender meu corpo e meu tempo aos que pagaram por ele. 

Fiquei acumulando coisas com o intuito de utilizá-las um dia, no futuro.

O futuro chegou. O que usei, usei. Muita coisa não usei. Muita coisa não vou usar mais. No momento, estou avaliando o que será daqui adiante. 

Enfim, aos poucos vou avaliando coisas e refletindo sobre tudo. 

Mais um dos 100 dias de organização das coisas e busca de sentidos.

William 


One Piece - Eiichiro Oda v.1



Refeição Cultural 

O mangá One Piece foi publicado pela primeira vez no Japão em 1997. A publicação saiu no Brasil pela Panini em 2012. 

Meu filho gosta do mangá e anime desde pequeno. Por incentivo dele, estamos assistindo ao anime e já passamos dos 300 episódios, terminamos os arcos Water 7 e Enies Lobby. Contei sobre essa aventura de assistir One Piece aqui.

Peguei o volume 1 do mangá para ler. O primeiro capítulo "Romance Dawn - O amanhecer de uma aventura", nos apresenta alguns personagens da saga: Monkey D. Luffy, o garoto do vilarejo; Gold Roger, o lendário "Rei dos Piratas"; Shanks, o ruivo, líder dos piratas do vilarejo; Makino, a dona do bar do vilarejo; e Higuna, líder dos bandidos da montanha. 

A história de Luffy começa com uma cena impactante: o garoto está na ponta da proa do navio, com uma faca na mão, e de repente se corta no rosto, ferimento próximo ao olho esquerdo. 

Mais adiante, vemos que o ato foi para provar sua coragem ao capitão Shanks, pois ele queria ir embora com os piratas, mas por ser muito novo não conseguiu realizar seu desejo.

Outra informação central na história foi saber que Luffy, sem querer, acabou comendo um fruto do diabo, um "akuma-no-mi", um dos tesouros dos mares. 

Luffy comeu uma fruta "gomugomu-no-mi" que transformou o garoto em homem-borracha. O problema disso foi que Luffy nunca vai aprender a nadar, uma habilidade considerada quase que indispensável para um pirata, como o capitão Shanks sugeria ao garoto quando negava levá-lo junto à tripulação do navio. 

A ação do primeiro capítulo se desenvolve quando o bandido das montanhas Higuna humilha Shanks e seu bando no bar de Makino. Shanks não reage às provocações de Higuna e o garoto Luffy fica indignado com o fato. Foi uma decepção para o menino não ver o capitão pirata reagir às provocações do bandido da montanha.



A AMIZADE, UM VALOR NOBRE

No final da ação, o que ficou demonstrado para os leitores foi que o capitão Shanks tem uma paciência enorme para provocações violentas de adversários, ele evita brigas e combates até o último instante. 

No entanto, quando alguém ameaçou um amigo de Shanks, a reação foi necessária. O bandido Higuna estava maltratando Luffy quando os piratas voltaram ao vilarejo. Nesse momento, os piratas reagiram às provocações do bando da montanha.

Shanks salva Luffy por duas vezes, primeiro do bandido Higuna e depois no mar, quando um monstro devoraria o garoto. A cena do salvamento de Luffy e de Shanks se expondo frente ao monstro é um marco na história da vida de Luffy e da saga One Piece.

Luffy promete a Shanks que vai se tornar um pirata quando crescer e que será o Rei dos Piratas. Antes de partir definitivamente, Shanks entrega a Luffy seu chapéu preferido, o Chapéu de Palha, e diz para o garoto guardar com ele o chapéu até esse dia no futuro em que Luffy será melhor que o bando dele, será o Rei dos Piratas.

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A FORÇA DAS IDEIAS E A FORÇA DA VIOLÊNCIA

Uma cena do primeiro capítulo de One Piece me fez lembrar um evento pessoal de meses atrás. Um evento triste.

Uma pessoa querida defendia a ideia que ao ser provocado num bar por tipos como Higuna a reação adequada seria resolver o problema com a força da violência ao invés da força das ideias, como fez Shanks naquele momento de humilhações no bar sem reagir a Higuna e seu bando.

O garoto Luffy ficou muito bravo com Shanks e ficou decepcionado com a não reação do capitão à provocação de Higuna. A atitude pareceu a Luffy covardia. Essa ideia era a que a pessoa querida defendia, que homem que é homem não poderia deixar de reagir perante uma provocação em uma cena de bar.

À época, eu tive a infeliz ideia de dar a minha opinião sobre essa questão de ser ou não ser homem através da atitude de reagir com violência ou não numa cena de provocação de bar. Foi uma merda. Ao dizer que isso era uma atitude de pessoas sem educação formal e formação cultural e sem ter tido contado com o mundo das ideias, a pessoa se sentiu ofendida. E nunca mais tivemos uma relação próxima como antes.

Eu não mudei de ideia, na essência do que quis dizer. Continuo achando que uma pessoa que teve acesso à cultura, que pode alimentar as ideias e o espírito, deveria ser contra o império da força e da violência gratuita. Quem defende isso é o extremista de direita, é o fascismo.

O que mudei é que hoje eu não daria a minha opinião sem ser chamado a dá-la. O que tenho percebido é a mudança radical nos seres humanos da atualidade. Talvez tenhamos que tratar a todas as pessoas como estranhas, porque talvez todos sejamos estranhos uns aos outros. Sem intimidades ou ideias de laços inquebráveis pela convivência ou antiguidade da relação.

Me lembro quando criança os ensinamentos que eram repetidos ad nauseam pelo mestre de Kung Fu e seus discípulos que nós os alunos nunca deveríamos brigar nas ruas, deveríamos evitar ao máximo reagir com violência às provocações dos moleques na rua, eu tinha uns doze ou treze anos, porque vencedor era o que vencia sem lutar, mesmo tendo o dom de vencer lutando. No dojô tinha uma placa com esses dizeres na parede central da academia.

O que Shanks demonstrou ao garoto Luffy foi exatamente isso. Não valia a pena reagir com violência àquelas provocações no bar por tão pouco.

No entanto, o valor da amizade falou mais alto. Ao ver o mesmo bandido maltratando e ameaçando um amigo, Luffy, a reação de Shanks e seu bando foi outra.

Essa cena do primeiro capítulo de One Piece é uma carta de princípios, um valor a se defender, mesmo no mundo dos piratas: não se deve lutar sem necessidade e deve-se defender uma amizade a qualquer preço.

William


segunda-feira, 1 de julho de 2024

37 de 100 dias



37. Fui hoje à Feira do Livro na Praça Charles Miller, em frente ao antigo Estádio do Pacaembu. Fui dar um abraço em um grande amigo, Sérgio Gouveia. 

O local está tomado por tapumes e estruturas de obras que nos lembram que os tucanos (Bruno Covas) privatizaram o estádio em 2019 e o que os paulistanos viram nos 5 anos seguintes foi a destruição do Pacaembu e prejuízos ao erário público em benefício de um indivíduo.

Registro o que acho desses fdp privatistas: são uns canalhas e vigaristas que privam a cidadania dos bens comuns.

Ir à feira do livro não foi o motivo de sair de casa e sim rever um amigo. 

Na programação do dia na feira do livro, assistimos a uma roda de conversa com escritoras e escritores gaúchos que falaram sobre suas obras e prestaram homenagens ao Rio Grande do Sul e a Porto Alegre, que sedia uma feira do livro que inspirou a paulistana. 

Os sulistas sofrem as consequências de uma catástrofe climática ocorrida recentemente.

Participaram Jeferson Tenório, Mar Becker, Clara Averbuck, Veronica Stigger, Morgana Kretzmann e Paulo Scott. A mediação foi de Tatiana Vasconcellos.

A bate-papo entre os autores foi interessante. 

Quanto à feira do livro em si, acho que terei dificuldade em considerar um evento desse de forma elogiosa depois de participar de uma feira do livro em Cuba.

Os preços dos livros nos estandes no Brasil são a partir de dezenas de reais, tudo muito caro, preços proibitivos. Uma (micro)latinha de cerveja pouco maior que uma unidade de Yakult custava 14 reais na feira paulistana, um roubo!

Em Havana, todos os estandes de livros tinham livros com preços simbólicos, custavam em pesos o equivalente a centavos de dólar ou euro. As pessoas saíam da feira carregadas de livros. A feira é em benefício da Educação e Cultura do povo cubano. 

No Brasil, o preço dos livros é para que só uma pequena parcela do povo possa ler. Aqui, livro é privilégio de poucos. 

Enfim, valeu o esforço de sair de Osasco e ir a um local que tem história (apesar dos tucanos) para rever um amigo. Trabalhamos juntos no Banco do Brasil e o Sérgio decidiu abraçar a profissão de professor. Nobre escolha!

Estar com pessoas queridas é um dos meus objetivos. A vida é um instante. 

William