quinta-feira, 25 de julho de 2024

Vendo filmes (XIX)



Refeição Cultural

O mundo dos animais humanos segue inalterado há milhares de anos, é um mundo onde impera o poder do aço e o poder da carne, as ideologias


Nos próximos meses vou assistir a muitos filmes antigos, filmes que fui colecionando ao longo da existência. Como estou organizando minhas coleções de mídias de cultura - livros, filmes, revistas e outros materiais - preciso ler e ver as mídias que tenho. Enquanto faço isso, vou refletindo e escrevendo alguma coisa com o manuseio da cultura que contatei no momento de introspecção.

Ver os filmes do personagem Conan, um cimeriano criado por Robert E. Howard nos anos trinta do século passado, é uma oportunidade para se refletir sobre os tempos atuais, nos quais as ideologias (o poder da carne) e o poder do aço seguem definindo a vida de oito bilhões de humanos e de todas as formas de vida no planeta Terra.

Eu achei a sequência de Conan, a de 1984, fraquinha, mas o primeiro filme de 1981, de John Milius, tem muita coisa interessante. A história de comunidades que levam sua vida tranquilamente até que chegam invasores e matam e escravizam o povo e dominam sua terra é a história da caminhada do animal humano sobre a superfície da Terra.

Nem preciso citar a história que era conhecida por quase todas as pessoas escolarizadas antes dessa nova era das big techs e da revisão de todas as referências históricas e científicas desfeitas por qualquer imbecil que tenha acesso a um perfil nas redes sociais dessas plataformas e influencia milhões de pessoas com as maiores bobagens que a mente dele consegue criar.

A invasão do Iraque e do Afeganistão pelos bárbaros dos Estados Unidos da América é um exemplo moderno das histórias de Conan, o bárbaro. Provavelmente, ao ver sua aldeia invadida por um exército dos demoníacos norte-americanos do ocidente, alguns garotos iraquianos sobreviventes poderiam muito bem representar o personagem Conan anos depois.

Enfim, os filmes e o personagem Conan me fizeram refletir sobre o mundo atual. Não há diferença alguma do temor de Conan a Crom em relação ao temor aos deuses de cada grupo humano atual. Não existe hierarquia em religião. 

Aliás, ao ter a noção das barbaridades que as pessoas fazem neste exato momento por causa dessas abstrações chamadas de religiões, a gente vê o quanto o animal humano segue na mesma desde que passou a ser essa espécie em algum momento dos milhões de anos de caminhada sobre a Terra.

William

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FILMES

Conan, o bárbaro (1981) - Direção: John Milius. Roteiro: Oliver Stone e John Milius. Baseado em clássico de Robert E. Howard. Elenco: Arnold Schwarzenegger, James Earl Jones, Max Von Sydow, Sandahl Bergman, Ben Davidson, Garry Lopes, Mako, William Smith. 

SINOPSE (de meu DVD): Arnold Schwarzenegger faz sua marcante estreia nas telas do cinema como o legendário guerreiro e herói Conan, o bárbaro. O sanguinário líder religioso Thulsa Doom (James Earl Jones) e sua corja de brutais seguidores matam os pais de Conan e sua aldeia, fazendo com que o órfão tenha que submeter-se a uma infância de impiedosa escravidão, vindo posteriormente a transformar-se em um gladiador para divertir seus senhores. Enviado ao Extremo Leste para aperfeiçoar suas habilidades de luta, Conan é libertado e inicia uma perigosa e sangrenta busca com objetivo de vingar o massacre de sua família. Agora o guerreiro deve subjugar seus inimigos em uma aventura cheia de ação que desafia a morte, com coragem, força, personalidade para o triunfo do Bem sobre o Mal.

COMENTÁRIO: um mundo sem contratos sociais, sem leis que sejam respeitadas por todas as pessoas. Um mundo onde predomina o império da violência e da força, sem direitos humanos. Um mundo onde um grupo pode invadir a terra onde vive outro grupo, exterminá-lo e ficar na terra, escravizar sobreviventes. Um mundo no qual uns espertalhões manipulam a maioria das pessoas ao redor através de encantamentos mágicos, fazendo delas escravas mentais do líder espertalhão. 

Essa poderia ser a descrição do mundo de 2024 do século XXI, mas é a descrição do cenário de Conan, o bárbaro, milhares de anos atrás, onde viviam povos chamados por nós bárbaros de "bárbaros".

Thulsa Doom é um líder como um desses que governam o império bárbaro dos Estados Unidos ("God save America"), onde prevalece a crença religiosa fanática em algum deus que justifica qualquer barbaridade que esse povo faça contra qualquer aldeia do mundo. O poder do aço é usado por esse grupo fanático e bárbaro para causar os genocídios e extermínios de povos de outras aldeias há mais de dois séculos. 

Se já não bastasse o poder do aço e de seus exércitos, um poder muito maior é desenvolvido na fase madura da existência de Thulsa Doom (e pelos líderes do clã da aldeia EUA e seus parceiros), o "poder da carne", como explica o feiticeiro a Conan. O poder da carne é maior que o poder do aço. 

Thulsa tem o domínio sobre a vida e a morte de seus seguidores. Com um olhar apenas e um dedo apontado, ele faz uma jovem se jogar de um penhasco: "Isso é poder!", diz ele a Conan. Diz também ao guerreiro bárbaro que o ódio do garoto escravizado após matar seus pais foi ele, Thulsa, que deu a Conan. O poder da carne...

No século XXI, vejo as pessoas ao meu redor dizendo que precisam perguntar ao "pastor" o que fazer com a filha, o que fazer para isso, o que fazer para aquilo... Thulsa Doom... (o poder da carne)

O presente na aldeia EUA: Trump, Biden, Kamala... que diferença faz um ou outro para governar aquela aldeia? Quem governa são os financiadores, são os donos de todo o dinheiro do mundo. Caralho! Desde quando isso é democracia? Isso é uma desgraça de uma plutocracia e o mundo não vai resistir muito tempo mais a isso!

Conan é mais atual que nunca. É um enredo para descrever os cenários do "mundo mundo vasto mundo" onde vivemos (como dizia Drummond), a aldeia global onde impera a força da carne (ideologia) e a força do aço. Onde predomina o capitalismo, invenção controlada por esses poderosos da carne e do aço.

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Conan, o destruidor (1984) - Direção: Richard Fleischer. Roteiro: Stanley Mann. Elenco: Arnold Schwarzenegger, Mako, Grace Jones, Wilt Chamberlain, Sarah Douglas, Olivia D'Abo.

SINOPSE (de meu DVD): para que a poderosa Rainha Taramis cumpra sua promessa de trazer a amada de Conan de volta do mundo dos mortos, o herói guerreiro primeiramente terá que colocar aos pés de Sua Majestade um legendário chifre incrustado de pedras preciosas e uma bela e jovem princesa. Mas o que Conan não sabe é que a Rainha planeja utilizar o chifre para acordar o deus adormecido Dagoth e sacrificar a princesa em sua honra. Enfrentando inimigos mortais e supernaturais, Conan precisa reunir forças para lutar contra Taramis... e talvez até contra o próprio deus demônio Dagoth.

COMENTÁRIO: essa sequência não foi tão boa como o primeiro filme. Ela é mais leve, tem mais humor e a participação de Grace Jones é o destaque do enredo. 

A questão a se comentar talvez seja a origem da jornada de Conan neste enredo: ele é iludido por uma pessoa mais esperta que ele, uma rainha com habilidades sofistas como os atuais picaretas da fé, que enganam milhões de pessoas. 

A Rainha Taramis de Shadizar consegue enganar o guerreiro prometendo a ele trazer do mundo dos mortos sua guerreira amada, Valéria. 

Uma coisa não mudou em milhares de anos de civilizações humanas: a manipulação de pessoas por parte de uma minoria com os atributos que permitem dominar grande quantidade de gente, seja pela violência do aço, seja pela força da ideologia. É esse o mundo dos animais humanos.

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É isso!

Seguiremos vendo filmes e comentando alguma coisa que refletimos a partir do momento de entretenimento.

A postagem anterior sobre filmes pode ser lida aqui.

Caso queiram ler a postagem seguinte, com reflexões sobre mentes humanas brilhantes, é só clicar aqui.

William


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