Refeição Cultural
Tem dias que a leitura de literatura é um exercício de persistência, de resiliência e de se mostrar determinado. Neste domingo 21, nono dia de leitura de Moby Dick, meu ânimo conspirou para que eu não lesse nada da narrativa de Melville. Mas insisti.
Não aconteceu nada de excepcional que me impedisse de ler, simplesmente minha mente não conseguia fixar o entendimento na leitura, cada parágrafo lido era perdido. Comecei e voltei e parei várias vezes. Me fiz de teimoso e li pelo menos um capítulo.
O capítulo que li "A brancura do cachalote" foi um capítulo com muita coisa. Um texto complexo, difícil de ler porque o texto é racista ao extremo, é um texto duro, que faz comparações históricas e outras coisas. Valeria a pena reler em outro momento. Seria o 42 pela minha contagem, já que a edição que tenho não enumera os capítulos.
Inclusive a técnica narrativa chama a atenção do leitor atento. Ora é o personagem narrador Ismael quem narra e reflete, ora não é Ismael porque ele é citado pelo narrador. Ou é um narrador demiurgo da estória ou é o próprio Melville.
A BRANCURA DO CACHALOTE
Ismael fala que já foi contado o que significa Moby Dick para o capitão Acab, mas ainda não havia falado sobre o que significa o cachalote branco para ele, um simples marinheiro do Pequod: horror.
"Esse horror era contudo tão misterioso e inefável, que chego a desesperar de conseguir descrevê-lo de maneira clara. O que me atemorizava sobretudo era a brancura do cachalote..." (p. 226)
A partir daí, o narrador reflexiona sobre a cor branca, as coisas brancas. Ele cita coisas em que o branco traz um sentimento bom, acolhedor, de coisa boa, um sentimento positivo e fala da gaivota e do corcel branco no oeste norte-americano.
E fala sobre o homem branco... que merda racista!
"(...) conquanto essa preeminência se aplique também à raça humana, dando ao homem branco um domínio ideal sobre todas as tribos de cor..." (p. 226/227)
Depois ele fala de quando o branco traz o sentimento ruim, negativo, assustador. Cita o branco dos corpos mortos, o branco cadavérico. Fala mal das pessoas albinas.
Enfim, teria muitas citações para fazer sobre esse capítulo, mas já são duas horas da manhã de segunda-feira, a postagem é uma reflexão sobre a leitura e sobre atos de leitura e vamos encerrar por enquanto. Caso alguém tenha interesse em ler postagens anteriores, a mais recente está aqui.
Superei tudo e li Moby Dick pela 9ª pegada na obra. O livro tem 650 páginas e felizmente conseguimos chegar à 235. Aos poucos, vou lendo os clássicos e sobrevivendo à pandemia. Já li até Decameron, com suas mais de 800 páginas.
Um comentário final: eu não sei o que vai ser da humanidade, não sei. Tenho refletido sobre isso, como se fosse um grande pensador.
Sou só um cidadão simples do mundo, sem profissão, inclusive. Não fui contador. Não fui professor. Tive a ocupação de bancário.
William
Bibliografia:
MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.
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