segunda-feira, 8 de março de 2021

Moby Dick



Refeição Cultural

Após finalizar a leitura de Madame Bovary (1856), do escritor francês Gustave Flaubert, fiquei matutando a respeito do próximo clássico a ser lido por mim, refletindo sobre qual seria a próxima viagem no tempo em relação aos grandes clássicos da literatura mundial. 

São tantos clássicos a ler que a gente fica completamente perdido sobre a escolha de qual seria o próximo se houvesse a chance de ser o último a ser lido, ainda mais quando a vida humana se tornou tão instável e algo tão sem valor para os donos do poder (eles são responsáveis pelas diversas mortes severinas que nos ameaçam o tempo todo como as mortes por Covid-19 no Brasil).

Pensei comigo se pegava algum livro relacionado às causas políticas das mulheres por estarmos no mês de março. Não! Estou muito decepcionado com os seres humanos para ter mulheres ou homens, pretos ou pobres a pesarem na minha escolha de leitura de ficção. Às vezes, eu não consigo perdoar os povos por não fazerem nada em relação aos poucos que dominam tudo. É muita paz na miséria pro meu gosto.

Tinha em mente escolher um entre três livros de ficção: Moby Dick (1851), do norte-americano Herman Melville; As viagens de Gulliver (1726), do irlandês Jonathan Swift e As aventuras de Robinson Crusoé (1719), do inglês Daniel Defoe. Pelo que se pode perceber, todos eles são de séculos passados e seus personagens se lançaram ao mar em busca de aventuras ou de mudanças em suas vidas.

Fui dormir no domingo pensando a respeito da escolha do livro e na segunda-feira pela manhã, 8 de março, decidi pela leitura de Moby Dick. O livro é um catatau com 650 páginas. Vou estabelecer uma rotina de leitura. Vou ler pelas manhãs, com o celular desligado. 

Assim fiz no primeiro dia de leitura, li pouco, mas iniciei a jornada. A leitura neste 8 de março não foi fácil. O celular desligado de manhã sendo a data uma referência para a luta das mulheres faz a gente estar com a atenção dividida entre a leitura e a pauta das mulheres. Queria escrever algumas linhas a respeito.

Ao ligar o celular, soube da decisão de um dos caras da justiça responsável pela prisão injusta do presidente Lula por 580 dias numa masmorra em Curitiba: anulou condenações... a gente até desconfia. Aí que ler e escrever sobre literatura ficou mais difícil ainda. O sujeito "anulou" as condenações inventadas contra Lula, mas tudo indica que tem outras tramoias por trás disso (opinião minha). Tramoias do tipo livrar a cara dos canalhas corruptos da Lava Jato e continuar a perseguição a Lula em outras instâncias.

MOBY DICK

Enfim, iniciei a jornada literária. As primeiras páginas são fragmentos de textos com citações sobre baleias, textos de várias fontes e séculos diversos. Em seguida, conhecemos o narrador da estória. Ismael nos apresenta suas justificativas para se lançar ao mar como um simples marinheiro de um navio de pesca de baleias. Diz querer fugir do spleen (uma espécie de melancolia ou mal-estar com a vida), elogia o elemento água, fala sobre o destino (Providência) e enaltece a humildade e o ato de servir.

Ficamos sabendo que ele vai atravessar o país para se lançar ao mar pela costa do Pacífico. Ele tem alguns tostões no bolso e escolhe uma hospedaria para pernoitar no fim de semana até que se inicie sua jornada pelos mares. 

(post scriptum: ao seguir na leitura e pesquisar sobre o cenário, percebi que o narrador personagem Ismael foi de Nova York para Massachusetts, a Nordeste. Seu desejo era chegar a Nantucket, uma ilha, mas precisou passar o final de semana em New Bedford, região tradicional no século XIX pela caça à baleia. Eu me confundi porque ele quer chegar ao Pacífico através do Cabo Horn, no Extremo Sul do continente americano, na Patagônia)

É isso. Vamos seguir com a leitura nos próximos dias...

William

Post Scriptum:

Sempre que pego um livro de séculos atrás para ler é inevitável pensar na condição de confecção da obra. É algo fascinante porque por mais que tentemos imaginar a condição do escritor e da escritura do texto, não conseguimos nos colocar na condição deles. Hoje se escreve em tela de computador, se compra as comidas pela internet, se tem luz no conforto de nossas casas etc. Imaginem Melville em 1850 na costa leste dos Estados Unidos: o café da manhã, os materiais de composição do texto, papéis e tinteiro, o local, a luz etc. Conseguem imaginar? Para mim, foi fácil esquentar no fogão um pãozinho amanhecido, um leite com café solúvel e sentar-me na cozinha pra ler a obra dele. É isso!


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