Refeição Cultural
"Porém a fé é um chacal que se alimenta entre os túmulos e mesmo desses dilemas mortais tira a sua esperança mais fundamental" (p. 60)
E assim como dissemos ontem, nos desligamos do mundo pela manhã e embarcamos com Melville nas aventuras do personagem Ismael em busca de se lançar ao mar num baleeiro como um simples marinheiro.
Após ser apresentado a Ismael, hoje acompanhamos as aventuras dele numa hospedaria em New Bedford, cidade na costa Leste dos Estados Unidos, em Massachusetts. Ele está na Estalagem do Jorro e quer chegar à ilha Nantucket, tradicional local de pesca da baleia.
A descrição dos acontecimentos na estalagem é bem exótica, pra dizer o mínimo. Não há quartos disponíveis e o dono do local sugere que Ismael divida uma cama com outro hóspede. Ele é obrigado a aceitar pelas circunstâncias.
O companheiro de cama de nosso narrador é uma espécie de selvagem canibal vindo do outro lado do mundo:
"o arpoador em questão acaba de chegar dos Mares do Sul e trouxe consigo, da Nova Zelândia, um lote de cabeças embalsamadas..." (p. 42)
Ao fim e ao cabo, eles dormem juntos, Ismael acorda abraçado com o sujeito de nome Queequeg, que não larga sua machadinha pra nada (um tomahawk).
TÉCNICA NARRATIVA
A composição da estória é bem interessante, o narrador dialoga com os leitores assim como vemos em outros escritores como Machado de Assis:
"Mas Queequeg, como os leitores devem ter compreendido, era um homem em fase de transição: nem lagarta nem borboleta." (p. 52)
A descrição do cenário da estória é bem legal, da hospedaria, das regiões costeiras tanto em Manhattan ("cidade do velho Manhatto") quanto em New Bedford.
Gostei de algumas filosofadas do narrador. Ele cita Adão e fala do tempo passado em relação a ele, 60 séculos.
Num momento de lembranças da infância do narrador, ele se lembrou que pedia para que sua madrasta o castigasse batendo nele ao invés de colocá-lo de castigo... na hora lembrei de minha infância pedindo o mesmo pra minha mãe (rsrs). Eu odiava ficar de castigo!
Seguimos na aventura. Em breve, nos lançaremos ao mar.
Ver a postagem anterior aqui.
William
Bibliografia:
MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998)
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