terça-feira, 23 de março de 2021

Raízes do Brasil - Lendo algo que ajude a entender



Refeição Cultural

Ao acordar nesta terça-feira 23, fiquei olhando para o teto por um tempo. Decidi que não leria Moby Dick hoje, mas sem peso na consciência porque ontem o dia de leitura rendeu. Queria ler alguma coisa que explicasse a situação do Brasil. E o pior é que sei muita coisa que explica um pouco tudo isso, mas queria muito entender por que parte do povo brasileiro é tão escrota.

Quando nos lembramos da realidade do Brasil e de toda a desgraça que se abateu sobre o nosso mundo após o golpe de Estado em 2016 e após a ascensão do regime fascista sob o comando de um clã de milicianos, golpe "com Supremo com tudo" como disse à época um senador da república, enfim, quando nos lembramos da realidade, temos vontade de ler alguma coisa definitiva, que alinhave tudo, do início ao fim da história. Essa ideia simplista é uma bobagem, mas a vontade de compreender as coisas é grande.

Fui até a estante, olhei, olhei, sei que o ideal talvez fosse ler um de meus livros do sociólogo Jessé Souza, mas ainda não estou pronto para os livros dele. Certa vez peguei um pra ler e vi que ainda não estava na hora. Por enquanto, fico com as entrevistas e artigos dele. Aprendi em minha vida de leitor amador que certos livros só são possíveis de se ler quando chega a hora certa.

Fiquei vendo os nomes dos livros. Acho essa coisa do nome dos livros algo central. Exemplo: "Cem anos de solidão"! Como não ler um livro desses? Quem não estiver se sentindo assim após um ano de pandemia de Covid-19 que levante a mão...

Escolhi "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda. Dos pensadores brasileiros, dos quais minhas lacunas culturais são quase integrais, não li quase nada. Esse eu li em 2009. Provavelmente li porque recém começava um mandato de secretário de formação na confederação dos bancários e queria estudar muito para fazer um papel decente na secretaria. O nome foi decisivo: as raízes dessa merda toda na qual estamos enfiados até o pescoço...

Tomei um breve café e comecei a releitura. O texto de abertura, do professor Antonio Candido, foi espetacular! Ele falou de 3 obras centrais para a geração dele: Casa-grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil (1936), de Sérgio B. de Holanda e Formação do Brasil Contemporâneo (1942), de Caio Prado Júnior. O texto de Candido é de 1967. Depois li os dois primeiros capítulos. 

Assim passei essa terça, sem ligar o celular até umas quatro horas da tarde. Entrar em redes sociais tem sido um martírio. São tantas mortes e tantas pessoas infectadas pelo vírus mortal... o vírus foi estratégico para os grandes capitalistas (ficaram mais ricos) e é utilizado pelo regime genocida como ferramenta de governo, como meio para atingir seus objetivos, todos eles contrários aos interesses do Brasil e do povo brasileiro. 

Repito o que disse na postagem de ontem. Ficar em casa é um ato de cidadania. Evitem sair se puderem ficar em casa, assim vocês diminuem os riscos de pegar Covid-19, infectarem mais pessoas, e contribuem para não aumentar mais ainda a demanda por atendimento no sistema de saúde que já está saturado.

Leiam. Quem sabe lendo a gente não contribui para que o mundo recomece algum dia.

William


Post Scriptum: O Brasil registrou nesta terça 23 o recorde de mortes por Covid-19 num único dia. Não sei se o correto é 3158 (UOL) ou 3251 (Carta Capital), depende das fontes pesquisadas, e sabe por quê? Porque os desgraçados do regime genocida desde meados do ano passado fizeram de tudo para que o povo não soubesse sequer os dados oficiais de mortes e contaminações pelo vírus, afinal era só uma "gripezinha", e o país segue numa condição "confortável" em relação à pandemia, segundo o governo. Não temos vacinas para quase ninguém, temos mais de 200 milhões de pessoas e viver ou morrer é uma questão de acaso, porque se pega Covid-19 mesmo tomando todos os cuidados sugeridos pelas autoridades de saúde. É isso!


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