Refeição Cultural
Nesta quarta-feira 24, consegui chegar à metade do livro de Herman Melville - Moby Dick. Este é mais um clássico da literatura mundial que decidi ler durante a pandemia mundial de Covid-19. Viajar por algumas horas nas narrativas ficcionais é uma forma de sobreviver e manter um pouco da minha sanidade mental e da minha humanidade.
Durante as horas de leitura, evito ligar o celular e entrar em redes sociais. Hoje repeti essa disciplina. Acordei cedo e comecei a ler. Estava difícil de embalar na leitura. Sono... Olho pesado... Li poucas páginas e fechei um pouco os olhos... Insisti na leitura. Felizmente peguei o ritmo e fui adiante. Foi incrível! Li da página 269 até a 322, cheguei à metade do romance. Fiquei feliz!
Nossa psique, nosso eu, precisa desses momentos de cultura e estudos, senão quebramos.
Ao ligar o celular e entrar nos sites de informação, começam as notícias duras. Um grande companheiro de lutas morreu ao sofrer um infarto (Pedro Eugênio, presente!). O Brasil atingiu a marca trágica de 300 mil mortos por Covid-19 e isso não precisaria ser assim, caso não estivéssemos sob um regime genocida.
São tantas pessoas queridas que estão com o vírus, algumas em casa, outras hospitalizadas, algumas em estado grave. Já era para termos vacinado dezenas de milhões de pessoas, mas os políticos fizeram politicagem com a pandemia e nós nos ferramos. Difícil tudo isso! Nossa vida está sob risco de morte iminente. Morte morrida e morte matada, mortes severinas: vírus, infarto, AVC, quedas, apendicite, tiro.
Pensando num vídeo bonito que recebi de minha mãezinha querida, vou deixar aqui uma palavra de otimismo e não de desânimo. Essas coisas ruins vão passar, vamos recomeçar uma sociedade e uma vida melhor, então vamos sobreviver e, de mãos dadas, recomeçar. Esses seres do mal que se apossaram de nosso mundo vão passar, vão cair, vão ser presos, alguns vão morrer antes da gente.
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MOBY DICK
"Nunca Starbuck conseguiu esquecer o aspecto do velho, uma noite em que descendo à cabina para observar o barômetro viu-o com os olhos fechados, sentado na cadeira parafusada ao soalho; a chuva, o granizo derretido com que a tempestade acabava de açoitá-lo, gotejavam do seu chapéu e do casaco, que vestia ainda. Na mesa próxima jazia desenrolado um daqueles mapas de mares e correntes a que já nos referimos. Na mão fortemente crispada balançava-se uma lanterna. Com o corpo ereto, a cabeça voltada para trás, os olhos fechados dirigiam-se para a agulha do axiômetro que se movia pendurado numa viga do teto.
'Terrível ancião!', pensou Starbuck estremecendo. 'Dormindo, no meio da borrasca, tens ainda os olhos sempre fixos no teu propósito!'" (p. 278)
Nossa viagem a bordo do baleeiro Pequod, sob comando do capitão Acab, nos trouxe aventuras e novidades. A tripulação do baleeiro jura ter visto Moby Dick pela primeira vez, só seus jatos de água, mas dizem que era o cachalote branco.
O narrador e marinheiro do baleeiro, Ismael, aponta na sua narrativa alguns presságios, e ele faz isso de forma bem interessante. Primeiro um bote naufraga na primeira saída ao mar, depois aparecem corvos marinhos na embarcação, depois um vento que derruba uma trombeta de um capitão de um navio que passou diante do Pequod.
"- Olá, os do navio! Viram o cachalote branco?
Porém, quando o estranho capitão, inclinando-se sobre a descolorida amurada, dispunha a levar a trombeta aos lábios para nos responder, esta caiu inopinadamente das suas mãos sobre o mar, e como o vento se levantasse então com violência, ele fez inúteis esforços para se fazer ouvir sem ela. Entretanto, o seu navio distanciava-se cada vez mais, e enquanto os tripulantes do Pequod davam provas evidentes, ainda que silenciosas, de ter notado o fatídico incidente à simples menção do nome da baleia branca a um outro navio, Acab refletia..." (p. 280)
Por fim, na leitura de hoje, tivemos uma história dentro da estória, no capítulo "História do Town-Ho". É um capítulo longo e o leitor vai conhecer a história de uma das vítimas do cachalote branco Moby Dick.
Ainda li alguns capítulos que falaram sobre as representações pictóricas das aventuras de baleeiros e caças às baleias.
É isso. Este foi o 11º dia de leitura de Moby Dick. Volto ao clássico Melville daqui a dois dias. Vou retomar a leitura de ontem, de Sérgio Buarque de Holanda e seu clássico Raízes do Brasil (1936).
Caso haja interesse em outras postagens sobre a leitura de Moby Dick, a mais recente está aqui.
Temos que sobreviver e ajudar a refazer o mundo destruído pela pandemia, pelo bolsonarismo e pelo capitalismo.
William
Bibliografia:
MELVILLE, Herman. Moby Dick. Tradução de Berenice Xavier. São Paulo: Publifolha, 1998.
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