71. Enquanto fechava os olhos, pela manhã, para apreciar o vento que acariciava meu corpo no banco do condomínio, pensei na temática do filme "Blade Runner" (1982): o tempo, a busca por mais tempo de vida.
De forma natural, me veio à lembrança o genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza. Nas últimas horas, dezenas de pessoas foram mortas em uma escola e em um campo de refugiados pelas bombas dos soldados israelenses.
É impossível não se sentir constrangido por estar sentado ao sol, em paz na brisa, sem risco de morte aparente, sabendo que os soldados sionistas e o governo de Netanyahu estão matando pessoas como nós, seres humanos, por causa de um projeto político de colonização de um espaço de chão no planeta Terra. E com apoio e armas dos Estados Unidos, que por sinal querem a qualquer custo o petróleo de nossos vizinhos venezuelanos.
Como é possível no século atual interligado por som e imagem ter-se normalizado o assassinato diário de civis, de mulheres, crianças e não-combatentes pelo Estado de Israel? Os sionistas assassinam diplomatas e lideranças civis como se isso fosse algo normal e aceitável.
IDEOLOGIA DA CLASSE DOMINANTE - E a imprensa tradicional e comercial, dos donos do capital (donos das big techs, por sinal), atua com obediência canina para tirar do foco o genocídio de um povo (invisibilização de pauta) e colocar outras pautas na agenda cotidiana. Isso se chama manipulação das massas, de seus leitores e espectadores: se trata de ideologia, imposição de ideias de um grupo como se fossem as ideias de interesse de outros grupos. É uma prática tão vil e nojenta quanto o próprio genocídio que a imprensa esconde e normaliza.
Aí volto ao tema do tempo, da busca por mais tempo de vida... eu mesmo, enquanto me esforçava para diminuir o tempo do percurso que corri, pensava no efeito prolongador da vida em meu corpo animal que a corrida pode me proporcionar, melhorando meus níveis de colesterol, minha estrutura do sistema circulatório e a capacidade do coração e pulmões.
No filme de Ridley Scott, o replicante Roy Batty (Rutger Hauer) procura seu criador para pedir mais tempo de vida para ele e sua amada, Pris (Daryl Hannah), pois os robôs nexus-6 vivem por 4 anos e nem um segundo a mais.
Fico pensando nessa questão do tempo, de mais tempo de vida. Penso nos meus irmãos palestinos neste exato instante, sem água, comida, sem um chão pra viver em paz. Penso nos ensinamentos de José Martí, que nos legou que "Patria es humanidad" e reflito sobre essa questão do tempo de vida:
De alguma forma, devemos contribuir para mudar o mundo, tornar o mundo um lugar melhor para todas as pessoas e formas de vida. Minha vida não pode ser só focada no meu prazer pessoal. Temos que contribuir para mudar o mundo.
Por isso estudo e escrevo. Para compartilhar minhas ideias, para defender um mundo sem exploração dos humanos por outros humanos, para defender uma vida mais sustentável no planeta Terra, para alertar que não é possível "humanizar" o capitalismo. Para salvar a vida e o mundo, temos que derrotar os capitalistas e suas ideologias.
William Mendes
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