Refeição Cultural
Uberlândia, 10 de agosto de 2024. Sábado.
Nas próximas semanas, meus pais farão aniversário, assim esperamos. Meu pai vai fazer 82 anos e minha mãe 78 anos de idade.
Uma data que seria motivo para grandes comemorações é o dia 5 de setembro, data que marcará 60 anos de casamento dos meus pais. Na cultura brasileira chamaríamos o tempo de união deles de "Bodas de Diamantes".
Seis décadas de convivência não é qualquer coisa, são muito anos de vida em comum. Eu gostaria de fazer algum evento para relembrar a data e rememorar alguns momentos dessa história que uniu duas pessoas, duas famílias e gerou novas famílias.
Os tempos atuais, no entanto, não facilitam a intenção de organizar um evento que relembre a data. As relações familiares me parecem cada vez mais desafiadoras, porque nós todos mudamos demais nas últimas duas décadas.
Eu até tenho minhas teorias, acho que as big techs (plataformas que dominam o mundo) e suas redes antissociais, de intrigas e ódios, com seus algoritmos manipuladores, abalaram profundamente as relações entre os seres humanos.
Por mais que hoje a convivência de duas pessoas na casa dos setenta e oitenta anos não seja uma relação boa como poderia ser, todos nós da família temos lembranças de momentos nessas décadas passadas que foram de grande superação e até de conquista, por vencer algo que quase nos destruiu, e algumas vezes até tivemos momentos de grandes alegrias, como se espera da convivência familiar.
Eu imagino que muitas famílias estão com dificuldades de relacionamento entre seus componentes, pois reafirmo que as tecnologias do momento afetaram excessivamente a vida das pessoas, e as questões relativas às crises dos ambientes sociais onde as famílias vivem - as cidades e países - também trazem os problemas para o ambiente doméstico.
Somos uma sociedade humana cindida em quase todos os sentidos sociais. Não à toa, estamos à beira de uma ou várias guerras entre povos e nações, inclusive guerras internas aos países, guerras civis porque ninguém se aguenta mais. A intolerância e a anomia tomaram conta das comunidades humanas neste primeiro quarto do século 21.
Enfim, pelo que já especulei com minha mãe, não faremos nada em relação às datas que se aproximam. Como tenho refletido nesta série sobre os momentos de confraternização dos natais em família, nem sequer consigo vislumbrar o Natal do ano em que estamos.
Provavelmente todos passarão a data num canto por aí.
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NATAL DE 1977
No Natal, eu já tinha mais de oito anos. É dessa fase que tenho as melhores lembranças da infância, de uns seis até os dez anos de idade (aos dez, fomos embora de São Paulo).
Eu não me lembro da reunião de família do Natal, mas me lembro que brincava muito na rua, que soltava pipa (que também chamávamos de "quadrado", "peixinho", "maranhão", "raia", dependia do formato) e eu mesmo derretia cola de sapateiro e misturava com vidro moído para fazer cerol (uma loucura!). Me lembro dos postes da rua cheios de linhas secando o cerol.
Sei que no planeta bola, Pelé se despedia do futebol marcando seu último gol da carreira, jogando pelo Cosmos New York e vencendo o Santos por 2x1 em uma partida amistosa (acho) no Giants Stadium. Pelé é considerado o rei do futebol.
Anos depois, o rei Pelé veria o Brasil ser desclassificado pela Croácia nas quartas de final da Copa de 2022 e veria também o craque Messi ser, finalmente, campeão do mundo com a seleção Argentina em 18 de dezembro de 2022, batendo a França nos pênaltis. A Copa foi em dezembro por causa do calor do Catar.
Pelé faleceu dias depois, em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos de idade, vítima de um câncer.
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É isso. Mais uma rememoração de família conjugada com uma referência do mundo onde vivemos.
William Mendes
Post Scriptum: o texto seguinte desta série pode ser lido aqui.
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