Lune de Miel - T. S. Eliot (1920)
Viram os Países-Baixos, voltam em Terre Haute;
Mais uma noite, e chegam a Ravena bela,
Lassos entre lençóis, com seus duzentos percevejos;
O suor estival e um forte odor de cadela.
Descansam de costas, joelhos abertos,
As quatro pernas moles bem inchadas de picadas.
Ergue-se o lençol para coçar melhor.
A menos de uma légua, Saint Apollinaire
En Classe, basílica famosa entre os que adoram
Capitéis de acanto que o vento torneia.
Vão pegar o trem das oito horas
Prolongar suas dores de Pádua a Milão,
Onde fica a Ceia e um restaurante nada caro.
Ele pensa nas gorjetas, mede o quanto gastarão.
Terão visto a Suíça e cruzado toda a França.
E Saint Apollinaire, rígida e ascética,
Velha fábrica por Deus abandonada, guarda ainda
Em suas pedras arruinadas a forma exata de Bizâncio.
Do livro Poemas (1920)
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COMENTÁRIO:
Vi no poema certa semelhança com a temática dos poemas anteriores que escolhi, do livro de 1917: gente da classe trabalhadora e seu mundo do prazer carnal.
A empregada da Tia Helen no colo do lacaio após a morte da patroa.
A sensualidade da boca da mulher na mesa de um café ou restaurante e os seios em movimento, no poema "Histeria".
O casal em lua de mel proletária, com suor, percevejos, pernas picadas inchadas e coçando, e contando os tostões pra economizar o que puder.
Aos poucos, vou conhecendo a poética de T. S. Eliot.
Sigamos lendo poesia.
William
Bibliografia:
ELIOT, T. S. Poemas. Org. tradução e posfácio Caetano W. Galindo. - 1a ed. - São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
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