quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Vendo filmes (XXVII)


Cena do filme "Má educação".

Refeição Cultural

O universo de Pedro Almodóvar (III)


ANOS 2000

O intuito dessas postagens que fiz sobre os filmes de Pedro Almodóvar e que faço aqui no blog sobre filmes, literatura, e grandes personalidades do mundo da cultura é compartilhar conhecimento de forma gratuita e sugerir que as leitoras e leitores vivenciem também as experiências que essas culturas me proporcionaram.

Nunca tinha feito essa experiência de assistir a uma quantidade grande de filmes de um mesmo diretor e roteirista, em ordem cronológica de lançamento, para ir vendo a poética e o estilo do diretor se desenvolvendo. 

Vi doze filmes de Almodóvar nos últimos dias e preferi fazer comentários dividindo os filmes em anos 80 (aqui), anos 90 (aqui) e este texto sobre os anos 2000.

Confesso a vocês que deu um trabalhão produzir as três postagens. Para fazer textos minimamente corretos e com opinião honesta foi preciso ler e pesquisar sobre cada um dos filmes. Neste blog, sempre tentei acrescentar algo a mais à pessoa que lê meus textos.

Enfim, sobre os filmes "Fale com ela", "Má educação" e "Volver", percebi uma evolução de Almodóvar, mesmo ele tendo trabalhado com temáticas parecidas ao longo das três décadas: a condição das mulheres e a situação cotidiana de pessoas e grupos periféricos compõem o universo do diretor.

A experiência de ver doze filmes de Almodóvar me agradou bastante, foi diferente para mim. E mesmo estando em um período complexo para produzir meus textos e compartilhar o que sinto e aprendo, foi um esforço que avalio que valeu a pena.

É isso! Segue abaixo o comentário sobre os filmes.

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FILMES


Fale com ela (Hable con ella), de 2002.

SINOPSE:

Benigno Martín (Javier Cámara) vive em Madri, ele é enfermeiro e mora num apartamento que fica em frente da academia de balé de Katerina Bilova (Geraldine Chaplin). De sua janela, Benigno espiava a jovem bailarina Alicia Roncero (Leonor Watling) até que ela sofre um acidente e entra em coma. Benigno será destacado para ser o enfermeiro responsável por ela no hospital. Marco Zuluaga (Darío Grandinetti) vai até o hospital para visitar sua namorada Lydia González (Rosario Flores), toureira famosa que está em coma após ser ferida gravemente em um espetáculo. Benigno e Marco se tornam amigos e suas histórias serão contadas aos espectadores.

COMENTÁRIO:

Este filme de Almodóvar cativa a gente pelas imagens. Muitas cenas ficaram em minha memória.

No meu caso em particular, as cenas da toureira Lydia me fizeram voltar ao dia em que entrei na Praça de Touros Las Ventas, em Madri, no ano de 2009. Eu não me senti à vontade com essa tradição cultural dos espanhóis - confesso que torci pelo touro. No filme, Lydia é uma grande toureira e proporciona espetáculos vibrantes aos espectadores.

Uma das cenas mais hilárias do filme é quando descobrimos que a toureira Lydia também tem suas fraquezas quando se trata de espécies do reino animal.

As cenas sensuais são espetaculares. Uma parte alucinante do filme é quando um personagem sonha que está com sua amada em uma cama, ele é um ser pequeno, do tamanho de uma mão, e vai encontrar uma forma de dar prazer à sua amada...

Almodóvar alinhava as histórias das personagens como é hábito do diretor. Gostei demais do filme.

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Má educação (La mala educación), de 2004.

SINOPSE:

Dois meninos, Ignacio (Nacho Pérez) e Enrique (Raúl García), conhecem o amor, o cinema e o medo num colégio religioso no início dos anos sessenta. Enrique Goded (Fele Martínez) no presente é um cineasta famoso e recebe a visita de alguém que diz ser Ignacio, mas que agora quer ser chamado de Ángel Andrade (Gael García Bernal), e se oferece para trabalhar para Enrique como ator e também pede que ele leia um roteiro que fez sobre a infância deles num internato católico. No roteiro, nos é revelado que o professor e responsável pelo internato, padre Manolo (Daniel Giménez Cacho), abusava do garoto Ignacio e era apaixonado por ele. A trama é bem mais complexa do que parece e vamos descobrir as outras personagens e as histórias delas ao longo do filme. 

COMENTÁRIO:

O enredo deste filme é um dos mais complexos que vi de Almodóvar. Se trata de uma história dentro da história. Muito interessante. É filme para se ver mais de uma vez.

Gael García interpreta Juan Rodríguez, que é na verdade irmão mais novo de Ignacio Rodríguez, por quem o garoto Enrique e o padre Manolo se apaixonaram no passado, no colégio interno.

O padre Manolo (Daniel Giménez Cacho) acabou abandonando depois o sacerdócio.

O cineasta Enrique acaba descobrindo que Juan não é Ignacio, e decide fazer de conta que está sendo enganado pelo caçula de seu antigo amor.

Tudo isso que descrevo não seria um spoiler porque muita água vai rolar nesse moinho e o final não foge aos finais de filmes almodovarianos.

O ator Javier Cámara, que foi personagem central em Hable con ella (Benigno), interpreta no filme Paca (Paquito), personagem engraçada, amiga de Ignacio no filme rodado por Enrique.

Como disse, é filme para se ver mais de uma vez. Eu revejo sem pestanejar.

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Volver (Volver), de 2006.

SINOPSE:

O filme aborda a história de uma excêntrica família de mulheres de região assolada pelo vento ao sul de Madri. Raimunda (Penélope Cruz) é uma mulher da classe trabalhadora, que faz de tudo para manter a casa e proteger sua filha Paula (Yohana Cobo), uma adolescente de 14 anos. Raimunda é casada com Paco (Antonio de la Torre), que acaba de perder o emprego. A cena inicial se passa no cemitério da cidade natal da família. Raimunda e sua irmã Sole (Lola Dueñas) estão limpando a lápide do túmulo de seus pais, mortos num incêndio. Na cena, aparece também Agustina (Blanca Portillo) vizinha e amiga da família. É ela que tem cuidado da tia Paula (Chus Lampreave) desde que Irene, a mãe delas, faleceu (Carmen Maura). A cidade é de gente muito supersticiosa e a história se desenvolve a partir do aparecimento do espírito de Irene, primeiro para tia Paula e depois para Lola. Irene tem coisas a resolver e explicar para suas filhas, principalmente Raimunda, e também para a vizinha Agustina, que espera notícias de sua mãe há anos. 

COMENTÁRIO:

Filme encantador! A história dessa geração de mulheres é bem típica do universo almodovariano. As mulheres só têm a elas mesmas para se protegerem e resolverem qualquer tipo de problema que apareça no caminho delas.

A trama traz as revelações brutais das vidas das personagens e espelha um mundo patriarcal e misógino, violento e que precisa ser superado com todas as armas que as mulheres tiverem ao seu alcance, seja essa expressão de forma simbólica ou de forma real.

Eu me emocionei muito ao ver Raimunda (Penélope Cruz) interpretando a canção "Volver"... é de chorar e arrepiar!

E Carmen Maura, interpretando Irene, está magnífica! Agora que a conheço desde seus primeiros papéis em filmes de Almodóvar nos anos oitenta, me sinto à vontade para enaltecer essa grande atriz.

Revejo esse filme sempre que tiver oportunidade!

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Comentário final

Após conhecer melhor a obra de Pedro Almodóvar, ficou em mim o desejo de ver os filmes que ainda não conheço do diretor e revejo com tranquilidade os filmes que vi e comentei. Rever é ótima oportunidade para perceber detalhes que nos escapam da primeira vez.

Como disse em outros comentários, as sinopses que faço são baseadas em textos de Wikipedia e outros sites, mas adaptados por mim, então são novos textos a partir das referências que li.

William


Poema 19: Pior que não vai melhorar


PIOR QUE NÃO VAI MELHORAR


Leitura e corrida foram sonhos de vida;

sendo opção, sempre fui a pé

nas visitas e compras no bairro.

Caminhar sempre foi meu remédio. 


Hoje, meu corpo se impõe na lembrança,

queira eu ler, escrever ou andar,

uma dor incômoda disputa minha atenção.

Pior que não vai melhorar. 


A gente conhece a si mesmo,

o sinal da urgência foi dado,

é meu corpo cobrando o cansaço.

Comi o tempo futuro teimando acordado.


O corpo aguentou grandes comoções,

ódios, tristezas, até explosões de alegria. 

Enrijeço. Sinto décadas a mais.

Percebo os sinais, não vai melhorar. 


Não me iludo quanto ao futuro,

meu tempo é o de um velho.

Aquela paz que sonhei um dia

não veio. Estou indo, estou indo.


William 

20/02/25



terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 18 de fevereiro de 2025. Terça-feira.


Defini algumas tarefas como prioridades a serem feitas no momento. Organizar ou sistematizar toda a produção textual que criei em meus blogs nas duas últimas décadas é uma delas. Fazer a revisão final dos textos do livro de memórias é outra das tarefas.

Quero revisar os textos do livro e devolver o material para a editora ainda neste mês de fevereiro. Já revisei 14 capítulos e um livrinho extra incluído no final. Faltam 25 capítulos. Vou cumprir o prazo que estipulei a mim mesmo. 

A impressão de algumas unidades é para tentar salvar a história da qual fiz parte. Não sabemos até que dia minha história estará no mundo virtual, nas nuvens.

Um dos capítulos mais emotivos do livro é o capítulo 13, no qual relembro meus trinta anos de trabalhador da categoria bancária e meu processo de politização por ter dado ouvido ao pessoal do sindicato. O texto pode ser lido aqui.

A revisão e organização dos milhares de textos dos blogs é um trabalho de bastante fôlego. Escrevi bastante nesta vida. E escrevi sobre muitos temas nas últimas duas décadas. Farei uma impressão sistematizada da produção textual. Os cadernos farão parte do meu centro de documentação (cedoc) ou acervo histórico, político e cultural.

Começa a ficar mais claro para mim o que me resta fazer neste momento de minha existência. Entendo que o conteúdo textual que produzi nessas duas décadas deve ser preservado de alguma forma porque eu participei da história do Brasil, assim como muitas outras pessoas participaram. E a história está sendo apagada e recriada de forma cínica, mentirosa e como projeto de revisão narrativa de nosso mundo.

Durante as duas décadas nas quais tive mandatos eletivos e tarefas destacadas a cumprir no movimento de luta da classe trabalhadora, sempre me martirizava querendo fazer mais, estar em mais lugares ao mesmo tempo, me dividir mais para ser alguém da teoria e da prática. Meu corpo sentiu e agora veio a cobrança.

Ao mesmo tempo em que produzia textos, revistas, estudos profundos, queria estar nas atividades de rua, piquetes, manifestações etc. Passei a vida militante assim, sem dormir, para cumprir mais tarefas do que aguentava acumular. Basta ver o quanto fiz base sindical sendo dirigente de instâncias executivas e decisórias. Era o correto a fazer.

Após 2018, as mudanças em minha vida foram exponenciais. Saí da vida bancária sofrendo um processo de lawfare, sem despedidas, sofrendo em silêncio. E eu fiquei perdido como cachorro que cai do caminhão de mudança. Talvez até poderia me imaginar como um cachorro enganado pelo dono, largado pelo caminho de forma proposital, para não ser levado.

Enfim, nos últimos cinco anos, defini que seguiria participando de todas as lutas populares nas ruas, sem protagonismo, como mais um, fazendo volume, sem mandato e sem representar ninguém. Fiz as campanhas eleitorais e militei nos movimentos da região onde vivo até meses atrás, participando da campanha de vereança e prefeitos. Mesmo com algum sofrimento.

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Tenho a impressão que não perdi toda a experiência política que adquiri na vida militante. Ao retomar as ruas nos últimos três anos, o contato com o povo brasileiro, não senti dificuldade. 

Ao voltar a escrever depois de um período de silêncio após o lawfare que montaram para me destruir, também consegui produzir textos com conteúdo relevante.

E, então, percebo neste momento os mesmos sinais que vi como dirigente nacional da classe trabalhadora uma década e pouco antes: estamos à beira de uma tragédia nacional e global, uma volta potente da violência nazifascista que vai nos aniquilar e inviabilizar o ambiente no qual vivemos.

E nós, como estamos?

Como sempre vi, como sempre soube estudando história, cá estamos nós todos divididos, cada esquerdista na sua bolha, no seu buraco, na sua arrogância, no seu pequeno feudo de micropoderes... vamos ser arrasados sem a menor resistência, com a desunião e-t-e-r-n-a da esquerda.

Ao ver as disputas internas e fratricidas nos grupos virtuais nos quais estava, fiquei tão cheio do repeteco daquilo que saí de quase todos os grupos nos quais estava. E nos poucos que ainda estou, é de dar dó o nível de desagregação nas questões mais comezinhas.

Brasil247 brigando com ICL, carta do advogado Kakay dividindo a esquerda que apoia Lula, o tal do Gonet liberou a tal acusação do desgraçado do Bolsonaro após um século... 

Enquanto rola essa merda toda, a organização internacional da extrema-direita vai chegar arrebentando a gente e vamos estar menos preparados do que no golpe contra a Dilma e a prisão de Lula.

Que saco tudo isso.

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Vou tentar organizar uma fração ínfima de nossa história, daquela que participei e que será vaporizada com tudo que pode ser vaporizado a qualquer momento neste mundo instável, em desfazimento.

William

Poema 18: Canalhas não merecem viver


CANALHAS NÃO MERECEM VIVER


Canalha, o dicionário ensina

é gente vil, escória social, ralé,

é pessoa infame, um biltre, um patife.

Completo: um ser que não merece viver.


A cena do ciclista morto por nada...

A idosa sendo mordida e chutada...

O fardado matando o jovem na calçada...

Canalhas! Essa gente não merece viver.


Canalha rentista, que manipula a bolsa;

que bate em frentista; de fala racista;

que agride e humilha o entregador.

Essa ralé que usa talher, viver não merece. 


Por culpa desses patifes, tá foda a vida.

Tem canalha fardado, pé de chinelo, 

canalha eleito, canalha padre, pastor,

canalha de Porsche, jatinho, rolex.


Canalha que rouba orçamento público,

que só faz lei que fode o povão,

que corta direitos, que impede o pão.

Canalhas, repito, não merecem viver.


Tem canalha cheio da grana, ladrão!

Que só rouba pobre, seus irmãos.

Que maltrata idoso, mulher e criança.

Que destrói a natureza, nossa mãe.


Tem canalha que mata e mutila

em ritmo de indústria... genocida!

Gente vil, sofistas! Que só fazem sofrer.

Canalhas, concluo, não merecem viver.


(Defendam a democracia! Em regime autoritário prevalece o arbítrio do canalha)


William

18/02/25


domingo, 16 de fevereiro de 2025

Dom Quixote de La Mancha - Miguel de Cervantes (5)


Dom Quixote, do Centro
Fidel Castro Ruz, Cuba.

Refeição Cultural

“Y desta manera deshizo el agravio el valeroso don Quijote, el cual, contentísimo de lo sucedido, pareciéndole que había dado felicísimo y alto principio a sus caballerías, con gran satisfacción de sí mesmo iba caminando hacia su aldea, diciendo a media voz:

- Bien te puedes llamar dichosa sobre cuantas hoy viven en la tierra, ¡oh sobre las bellas bella Dulcinea del Toboso!...” (de “El ingenioso caballero don Quijote de la Mancha. Parte 1 [Spanish Edition]” por “Miguel de Cervantes”)


CAPÍTULO 4

"De lo que le sucedió a nuestro caballero cuando salió de la venta"


Seguindo na releitura de nosso cavaleiro andante Dom Quixote de La Mancha, em verdade o senhor Alonso Quijano, que depois de uma aventura futura será também conhecido como Cavaleiro da Triste Figura, neste capítulo vamos ver a primeira aventura do herói.

“No había andado mucho, cuando le pareció que a su diestra mano, de la espesura de un bosque que allí estaba, salían unas voces delicadas, como de persona que se quejaba; y apenas las hubo oído, cuando dijo:”

Mal saiu da espelunca na qual foi sagrado cavaleiro pelo vendeiro, Dom Quixote e seu potente cavalo Rocinante (um pangaré, na verdade) vivenciam sua primeira chance de desfazer agravos e injustiças: encontram no caminho o jovem Andrés sendo açoitado por um vilão, sendo o vilão um lavrador de ovelhas que aplica um corretivo em seu empregado por ser displicente e perder uma ovelha por dia.

“-Gracias doy al cielo por la merced que me hace, pues tan presto me pone ocasiones delante, donde yo pueda cumplir con lo que debo a mi profesión, y donde pueda coger el fruto de mis buenos deseos. Estas voces, sin duda, son de algún menesteroso o menesterosa, que ha menester mi favor y ayuda.”

Dom Quixote agradece aos céus pela oportunidade e intervém naquela cena. Manda o vilão parar com o açoite, pergunta por que o rapaz estava apanhando e após a explicação de cada um deles - o lavrador explica os danos que Andrés lhe causa com o rebanho e Andrés diz que o lavrador não lhe paga sequer o salário em dia -, o cavaleiro fica do lado do mais fraco.

“Y si queréis saber quién os manda esto, para quedar con más veras obligado a cumplirlo, sabed que yo soy el valeroso don Quijote de la Mancha, el desfacedor de agravios y sinrazones; y a Dios quedad, y no se os parta de las mientes lo prometido y jurado, so pena de la pena pronunciada.” 

Nosso herói escolhe a versão de Andrés, dá uma lição de moral no lavrador, que se chama Juan Haldudo, se apresenta como o famoso cavaleiro que é e manda que o lavrador pague o que deve ao rapaz.

Após o êxito de sua missão de desfazer agravos e injustiças, sobe em Rocinante e vai embora...

E aí? Sabem o que aconteceu depois com o pobre Andrés?

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PELA HONRA DA BELA DULCINEA DEL TOBOSO

“Y habiendo andado como dos millas, descubrió don Quijote un gran tropel de gente, que, como después se supo, eran unos mercaderes toledanos que iban a comprar seda a Murcia. Eran seis, y venían con sus quitasoles, con otros cuatro criados a caballo y tres mozos de mulas a pie. Apenas los divisó don Quijote, cuando se imaginó ser cosa de nueva aventura; y por imitar, en todo cuanto a él le parecía posible, los pasos que había leído en sus libros, le pareció venir allí de molde uno que pensaba hacer; y así, con gentil continente y denuedo, se afirmó bien en los estribos, apretó la lanza, llegó la adarga al pecho, y, puesto en la mitad del camino, estuvo esperando que aquellos caballeros andantes llegasen (que ya él por tales los tenía y juzgaba);”

No capítulo, ainda tem a aventura seguinte, Dom Quixote encontra no caminho de volta a sua aldeia um grupo de mercadores de Toledo, exige que eles reconheçam a beleza sem igual de sua amada Dulcinea del Toboso e após um gozador do grupo perceber que o ancião é doido, tira um sarro da cara dele e enfurece o nosso herói.

Ao atacar os vilões, Rocinante escorrega e os dois rolam ladeira abaixo. Um dos empregados dos mercadores aproveita a condição do caído senhor Alonso Quijano e dá-lhe pauladas sem dó... 

O moço quase o mata de pancada, mesmo com os mercadores dizendo que não fizesse aquilo por se tratar de um idoso sem juízo.

Essas foram as primeiras aventuras de Dom Quixote, conhecidas como a primeira saída de nosso cavaleiro andante.

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COMENTÁRIO

Enquanto lia as desventuras do senhor Alonso Quijano, nosso eterno cavaleiro Dom Quixote de La Mancha, cavalgando pela Espanha em busca de oportunidades para desfazer agravos e situações injustas, ouvia as notícias políticas da semana no Brasil e no mundo.

A grande mídia divulgou nesta semana uma pesquisa que aponta queda expressiva na popularidade de nosso querido presidente Lula, uma das figuras mais importantes da história do Brasil e da classe trabalhadora brasileira. 

Lula está em seu terceiro mandato presidencial, após ter sofrido um lawfare criminoso que o deixou preso numa masmorra por 580 dias sem crime algum. Lula é odiado pela casa-grande e seus ideólogos por querer melhorar a condição de vida do povo pobre e trabalhador do Brasil.

Fiquei pensando nas personagens Dom Quixote, o jovem Andrés e o patrão que açoitava o empregado displicente. E a forma como se deu a "solução" quixotesca daquela desventura. Pensei no governo Lula no contexto atual.

Dom Quixote teve uma atitude correta, na minha leitura. Ao ver um homem açoitando um rapaz sem camisa, mesmo após o patrão justificar que estava dando um corretivo porque seu empregado estava lhe dando prejuízo, mandou que as chicotadas fossem interrompidas imediatamente.

O cavaleiro estava de passagem, ouviu as duas partes, ficou do lado do mais fraco, mandou que o senhor pagasse o que devia ao empregado, e seguiu seu caminho em busca de mais injustiças a corrigir. 

Dom Quixote confiou "no sistema", na palavra do dono do rebanho de ovelhas ("empresário"), que teria que cumprir com sua promessa. Era uma questão de honra cumprir o apalavrado. Assim mandavam os costumes da cavalaria andante. Eram as regras.

Acontece que assim que virou as costas, o patrão se viu novamente na condição anterior, secular, da lei dos mais fortes e dos donos do poder, ele e o rapaz achariam a solução entre os dois (a livre iniciativa), e Juan Haldudo deu uma sova tão grande no pobre Andrés que este quase morreu... 

Me digam se essa não é a realidade em cada esquina do nosso imenso Brasil. 

De que adianta hoje um governo simpático ao povo trabalhador, que tenta conciliar as relações entre capital e trabalho, um governante que me parece um cavaleiro andante solitário tentando desfazer agravos e injustiças num mundo dominado por um Congresso todo de representantes dos patrões, dos caras das bancadas da bala, do boi e da bíblia, e do agro, sem sensibilidade alguma para os milhões de Andrés? O povo tem conseguido perceber melhorias em sua vida? Como reduzir o preço dos alimentos?

E os milhões de Andrés, como bem explica o sociólogo Jessé Souza, em sua tese sobre o Coringa e a vingança dos humilhados, são os miseráveis ressentidos que só sabem que estão se f... e que querem se vingar das injustiças do sistema que os humilha e derruba... presas fáceis para os manipuladores que conseguem impor suas versões das causas da realidade miserável...

Andrés, o personagem, vai culpar o Quixote por seus infortúnios. Tá na cara isso!

Assim estamos no mundo, independente dos acertos e erros de nosso governo. Temos avanços importantes para o povo e mesmo os avanços não são percebidos porque tem muita sacanagem dos poderosos contra nós. A vida em cada esquina tá uma merda! Estamos sozinhos contra esses fdp da casa-grande e sua violência tanto física quanto psicológica.

Eu tenho escrito sobre minhas impressões de mundo atual pós advento das plataformas das big techs e sua capacidade de manipular sentimentos e comportamentos humanos. Fomos alterados por essas máquinas, não somos mais os mesmos. Pioramos como seres humanos. Pioraram a gente. Para o lucro dos donos das big techs.

Mesmo que Lula entregasse avanços e conquistas como política de governo, a população será levada a sentir-se como se no Haiti estivesse. As plataformas têm poder para isso. Ouçam o que estou dizendo faz tempo! É a pós-verdade!

É isso. É uma leitura minha de leitor e de político.

Faz anos defendo que os países e os governos progressistas criem suas próprias plataformas nacionais de comunicação e também defendo que Lula fale diretamente com o povo diariamente, como AMLO e Claudia Sheinbaun no México.

Nosso governo e a esquerda precisam fazer algo diferente do que faziam antes, os tempos e as condições são outras.

Por fim, precisamos de unidade na esquerda! Unidade! Os inimigos são poderosos! E não estão para brincadeira.

William


Post Scriptum: o texto anterior sobre Dom Quixote pode ser lido aqui.


sábado, 15 de fevereiro de 2025

Poema 17: Ler à flor dos lábios


LER À FLOR DOS LÁBIOS


"E, no entanto,

continuaram

a amar os pergaminhos

e as tintas

e continuaram

a ler à flor dos lábios

palavras

que eram transmitidas

há séculos

e que eles, por sua vez,

transmitiam aos séculos

vindouros.

Continuaram

a ler e a copiar

enquanto se aproximava

o milênio,

por que não deveriam

continuar a fazê-lo

agora?"


Sábias palavras de

Umberto Eco no clássico

O nome da rosa. 


Devemos continuar

guardando as palavras,

seguir lendo e escrevendo

e transmitindo o saber

por séculos e séculos. 


Impressos! Não em nuvens

de big techs, como agora.

Nuvens se dissipam com o vento.

(e com as tormentas)


Ler e copiar,

imprimir e distribuir,

guardar o saber

para podermos amanhã

ler à flor dos lábios.


William 

15/02/25


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural 

Osasco, 14 de fevereiro de 2025. Sexta-feira. 


Saí de manhã para caminhar no Parque Continental, ver o estrago da tempestade de ontem e comprar algumas coisas no mercado.

Algumas árvores caíram na região, inclusive na frente de nosso condomínio. Lá no Parque caiu uma árvore gigante, partindo ao meio um poste de luz.

Ao descer para casa, vindo da Vila Yara, pensei no quanto minha saúde e condição física regrediram. O peso das compras agora importa, antes eu nem sofria. Sou novo, não é uma questão de idade. Talvez seja a intensidade com que vivi a vida.

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Meus problemas no quadril parecem apontar um futuro breve tenebroso. Quis o destino assim. Posso chamar a situação como "destino", casualidade. Sou o resultado da intensidade de tudo na minha vida. São as veredas que entrei e percorri.

Sobre meu sistema locomotor, tenho quase certeza que a volta ao Kung Fu aos 50 anos foi a causa da aceleração da destruição do meu quadril. Todo movimento repetitivo foi muito intenso, isso fodeu geral meu sistema articular. Destino? Acaso?

Voltar a praticar arte marcial foi uma decisão racional. Vejam as cenas nos noticiários de jovens espancando e matando pessoas mais velhas sem nenhum remorso ou receio. É um mundo bárbaro. Entendo que temos que estar preparados para não deixarmos nos matarem assim, na mão, de forma torpe. Treinei uns dois anos. É meu dever não deixarem me matar na porrada.

Sou teimoso, persistente. Ninguém pode me acusar do contrário. Posso ter sido pusilânime em vários momentos da vida, mas minha natureza é aguerrida, insistente quando persigo um objetivo. Foi assim para ser aluno de arte marcial aos 50 anos. Mas acho que paguei o preço.

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Neste momento, estou na academia do condomínio, escrevendo enquanto treino. Tenho conhecimentos na área de saúde, sei que musculação é importante para as pessoas. Estudei Educação Física e fui gestor de saúde. Tudo por acaso, mas esse saber faz parte de meu percurso de vida.

Ainda sobre saúde, tem uma história esquisita a minha vida: até uns 45 anos, eu não cuidava da saúde de forma preventiva, fazia esporte, mas não tinha consciência de saúde. Comia sal na mão tomando cerveja, bebia pra caralho, comia muita porcaria.

Nunca gostei de ir ao médico ou consultas e hospitais. Minha família só se fodia quando precisava de um atendimento ou salvamento em algum caso agudo. Meu pai e minha mãe quase morreram algumas vezes por não ter atendimento adequado. Meus pais são crônicos desde seus quarenta anos. Uma vez, fomos até os jornais denunciar que meu pai não conseguia atendimento numa crise renal.

Quando passei a ter acesso a atendimento médico como funcionário de banco público, tinha um mal-estar terrível pelo privilégio: por que eu tinha plano de saúde e meus pais e minha irmã não? Fiquei praticamente dos 22 aos 45 anos sem fazer nada preventivo, só usei a Cassi em casos agudos. E fazia os exames médicos do banco. 

Virei gestor de saúde, passei a dar exemplo como liderança dos trabalhadores nos exames preventivos, descobri que tinha pressão alta e me cuidei na última década. Talvez isso tenha me salvado a vida, evitado um infarto e ou AVC. Meu pai já teve tudo isso. Acaso? Destino?

Respondo a essas perguntas retóricas: acaso. Não acredito nessas narrativas das abstrações humanas.

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Escrevi essas lembranças do passado talvez porque esteja com uma impressão ruim do presente e do futuro. 

Tenho pensado na forma como o tio Léo adoeceu e faleceu, um homem forte como um touro, perdeu a força nas pernas e ficou numa cadeira de rodas; no meu pai que reclamava de dores crônicas desde antes de ter um plano de saúde, as dores eram no quadril; nas pessoas queridas que estão com alguma doença ou dificuldade física e querem melhorar... meu quadril bichado tem me feito pensar muita merda. 

Por falar em gente insistente e teimosa, meu pai é outro cara turrão pra caralho. Por isso que temos tantas discussões ruins. Acho que é de sangue isso... E minha mãe? Temos um trato que já dura uma vida inteira: eu me esforço pra viver e ela se esforça pra viver porque precisamos uns dos outros.

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Aí fico pensando no mundo no qual estamos enfiados, na falta de sinais de mudança de tendência do tempo escatológico no qual nos metemos: destruição da natureza pelos homens do capitalismo, a esquerda que não luta mais contra o capitalismo, eu que não caibo mais na esquerda que me politizou... tudo isso é foda!

Pra finalizar essas elucubrações do dia - depois que terminei minha série e me sentei sob o calor do sol de fim de tarde - fiquei pensando a vida... tem horas que penso naqueles objetivos que tinha traçado quando era outra pessoa, décadas atrás... quando se é jovem, os desejos e utopias são bem mais claros do que depois que ficamos velhos.

O que quero para esses dias? para fevereiro? para este ano? O que estou perseguindo agora? Vale querer o meu quadril de volta?

Queria e ainda quero um mundo mais justo para as pessoas. Saúde. Conhecimento e cultura. Amor. Ver as pessoas felizes (talvez até eu mesmo). Consideração. Me sentir parte de um projeto de mundo.

Caraca... pqp. Tenho a impressão que não vou alcançar meus objetivos...


(aquela cena do ciclista morrendo com um tiro por dois imbecis por causa de um celular... vai tomar no cu com esse mundo! Poderia ser eu ou você. Que merda de mundo é esse? Por causa de um celular?!)


Aí fico pensando se deixasse de existir de forma estúpida assim de um minuto para o outro... o que eu gostaria de fazer agora?


William 


Poema 16: Tempo escatológico


TEMPO ESCATOLÓGICO


O fim dos tempos parece evidente.

Meu tempo pode acabar logo adiante...

pode ser o coração ou até um acidente 

ou um latrocínio de algum meliante.


O aquecimento global matando os mares,

a ganância capital impedindo a reação

da parcela humana que se importa com os lares

da fauna e flora da natureza em mutação.


A direita capital se unindo na mentira,

a esquerda progressista toda dividida:

vai morrendo a inteligência coletiva?


Ousadia é o que se espera do ParTido.

Democracia com a base, sindicalistas!

Que tal adiar o fim com unidade, socialistas? 


William

14/02/25


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

ICL PÓS - A vingança dos humilhados (aula inaugural)



Refeição Cultural


A VINGANÇA DOS HUMILHADOS

Jessé Souza e Renato Janine Ribeiro

13/02/25


Hoje assisti a aula inaugural da 1ª turma do curso de Pós-Graduação do Instituto Conhecimento Liberta - Repensando o Brasil: Sociedade, Política e História. Que delícia de evento! 

Ouvir Jessé Souza e Renato Janine Ribeiro refletirem sobre o Brasil e a sociedade brasileira é uma bela Refeição Cultural

É bem o que pensei quando criei este blog para compartilhar de forma gratuita aulas da universidade e outros conhecimentos que iria adquirir com os estudos.

Amigas e amigos do blog, não percam a oportunidade de participarem do projeto revolucionário do ICL, um instituto que tem por objetivo dar acesso de forma praticamente gratuita às mais diversas áreas do conhecimento humano.

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ENTENDA COMO AS ELITES DO PAÍS CONDENARAM OS MAIS POBRES À AUTODESTRUIÇÃO

Eu acompanho o professor Jessé Souza já faz um tempo. É muito bom vê-lo explicar a questão do racismo, da humilhação, da narrativa falaciosa como a elite vende a ideia de corrupção dos pobres e dos espaços públicos, a forma como a desinformação é utilizada para manipular as classes exploradas etc.

Ouvindo Jessé Souza falar sobre a estratégia das elites dominantes de destruir os sindicatos dos trabalhadores, pensei no nome que escolhi para o meu livro de memórias com referência a minha politização: "Memórias de um trabalhador politizado pelos bancários da CUT". 

Ter dado atenção aos sindicalistas é uma das explicações que tenho quando reflito sobre minha vida e vejo que, de dezenas de familiares, fui um dos poucos que acabou escapando da captura das ideologias das classes dominantes. Eu dei ouvido ao Sindicato e isso fez toda a diferença em minha vida.

Enfim, a aula foi de muita reflexão.

O curso será bem legal!

William

Poema 15: Com a palavra, o Hamas


COM A PALAVRA, O HAMAS


        Princípios e políticas gerais (maio de 2017)


Movimento de Resistência Islâmica, "Hamas".

Movimento de libertação nacional, que

confronta o projeto sionista

e não os judeus e o judaísmo.


A Palestina se estende do Rio Jordão, a Leste,

até o Mediterrâneo, a Oeste.

Desde Ras Al-Naqurah, ao Norte,

até Umm Al-Rashrash, ao Sul,

é uma unidade territorial integral.


Palestinos são árabes que viveram (ou vivem)

na Palestina até 1947, incluídos

os expulsos e seus descendentes. 

A identidade palestina é autêntica e atemporal,

e transmitida de geração a geração. 


A Palestina está no coração da Umá árabe e islâmica.

Umá é a comunidade dos muçulmanos do mundo.

Jerusalém é a capital da Palestina. 

A abençoada Mesquita de Al-Aqsa

pertence aos palestinos e à Umá.


A causa palestina é a causa

de uma terra ocupada 

e de um povo deslocado. 

O direito dos refugiados ao retorno

é um direito natural, por leis divinas,

por princípios de direitos humanos

e pelo Direito Internacional. 


E pra finalizar, é importante frisar:

O conflito do Hamas é contra o sionismo, 

não com os judeus e sua religião.

É uma luta contra a ocupação sionista,

da sagrada terra Palestina. 


William 

13/02/25


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Vendo filmes (XXVI)


Cena de "A flor do meu segredo", de 1995.


Refeição Cultural

O universo de Pedro Almodóvar (II)


ANOS 90

Após o mergulho nos primeiros filmes do ator, roteirista e diretor Pedro Almodóvar, tendo visto quatro filmes dos anos oitenta (comentário aqui), embarquei na incrível viagem das personagens almodovarianas dos anos noventa... e que viagem foi essa!

Fiquei impressionado com as histórias dramáticas e muitas vezes engraçadas que Pedro Almodóvar nos conta através de seus filmes. 

Cada filme citado abaixo trata diversos temas ao mesmo tempo, tendo como centro o universo feminino e das pessoas LGBT.

Assisti aos filmes "De salto alto" (1991), "Kika" (1993), "A flor do meu segredo" (1995), "Carne trêmula" (1997) e "Tudo sobre minha mãe" (1999). Todos eles muito bons!

Difícil escolher quais gostei mais desta sequência de filmes. Pela emoção, diria que Carne Trêmula e Tudo sobre minha mãe me emocionaram muito. Victor e Manuela são personagens universais entre as classes populares, é gente como a gente lutando pela sobrevivência neste mundo cão.

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FILMES


De salto alto (Tacones lejanos), de 1991

SINOPSE: 

Filha de cantora famosa aguarda no aeroporto a volta de sua mãe após 15 anos vivendo no exterior. Rebeca (Victoria Abril) é âncora em um programa de notícias e sua mãe é Becky del Páramo (Marisa Paredes). Rebeca está casada com Manuel (Féodor Atkine), dono da TV e ex-amante de Becky. Na primeira noite de reencontro, os três vão a uma apresentação da transformista Femme Letal (Miguel Bosé), que tem como repertório central a imitação de Becky del Páramo. Rebeca ama sua mãe, esperou 15 anos por ela, mas guarda mágoa pelo abandono. O reencontro trará acontecimentos inesperados na vida de todos os personagens. 

COMENTÁRIO:

Roteiro impecável! Gostei muito do filme. 

Além das belas interpretações musicais das personagens Becky del Páramo e Femme Letal, o enredo nos aproxima por empatia à filha carente Rebeca.

A amarração da trama e a forma como termina a história são geniais. Não dá pra dar spoiler aqui.

Lógico que no filme estão todas as questões tratadas por Almodóvar: a condição das mulheres, traição, paixão, abandono, drogas, personagens do mundo periférico e toda a hipocrisia da sociedade humana. 

Revejo o filme tranquilamente. 

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Kika (Kika), de 1993

SINOPSE: 

Kika (Verónica Forqué) é uma maquiadora ingênua contratada pelo padrasto de Ramón (Àlex Casanovas) para maquiar o rapaz morto. Ela o desperta porque ele não estava morto e sim num estado catatônico. Kika havia dado seu cartão ao escritor estrangeiro Nicholas Pierce (Peter Coyote) por ter se interessado por ele. Após "ressuscitar" Ramón, ela acaba ficando com o fotógrafo. Ramón suspeita que Nicholas é responsável pela morte de sua mãe. Ramón é um fotógrafo com hábito de espiar pessoas; Nicholas está escrevendo um romance sobre um assassino de mulheres; e tem ainda na trama uma apresentadora de programa de TV que é doida de doer, Andrea Caracortada (Victoria Abril), que foi psicóloga e amante de Ramón, se automutilou por ele e ainda o persegue.

COMENTÁRIO:

O filme é uma comédia misturada a outros gêneros, pois temos crimes a serem esclarecidos, amores e traições, traumas psicológicos das personagens e psicopatias sérias no enredo. 

A amarração de Almodóvar é muito boa e da mesma forma que nos filmes anteriores, o final surpreende o espectador. 

Os papéis desempenhados por Santiago Lajusticia (personagem Paul Bazzo, maníaco sexual e ex-ator pornô) e Rossy de Palma (personagem Juana, empregada de Kika), irmãos na história, impressionam a gente. Imagino ainda em 1993 o choque das cenas protagonizadas pelo estupro de Kika.

Bom filme!

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A flor do meu segredo (Flor de mi secreto), de 1995

SINOPSE: 

A escritora de romances de amor, Leo Macías (Marisa Paredes), que escreve sob o pseudônimo de Amanda Gris, está passando por crise conjugal e não quer mais escrever aquele gênero literário. Só que ela tem contrato para escrever cinco romances por ano e sem poder falar de questões sociais, políticas e politizantes (tipo o "sertanejo universitário" bancado pelo agro no Brasil). Seu marido militar, Paco (Imanol Arias), quer o divórcio e sua amiga principal, Betty (Carme Elías), é amante dele. Para completar a trama, Leo conhece o editor Ángel (Juan Echanove), do jornal El País, que a quer como crítica literária. Ela lhe entrega uma cópia de seu novo romance, e ele quer publicá-lo, só que o romance aparece no mundo literário antes: quem plagiou? Como termina esta história?

COMENTÁRIO:

Neste filme de Almodóvar, a comédia dramática dá lugar ao melodrama. 

As crises diversas da vida cotidiana dominam o enredo. Até as cenas de briga entre a irmã Rosa (Rossy de Palma) e a mãe da protagonista (Chus Lampreave) nos fazem lembrar de nosso cotidiano familiar, inescapável!

A escritora quer mudar o estilo de texto e não pode porque é paga para fazer romances água com açúcar, que não quer mais... mas o sustento dela e de seus dependentes vem daquela forma de escrever antiga.

Gostei dos temas e da amarração da história. Faz a gente pensar. Final redentor.

Genial - Muito interessante em um filme de 1995 a personagem descrever uma história que só viria ao mundo uma década depois ("Volver"). Numa discussão entre a escritora e sua equipe editorial, a editora critica uma história cuja filha mata o pai, que tentou violá-la, a mãe coloca o corpo do marido em um refrigerador etc. A editora diz que isso não é uma história de amor, tema previsto no contrato. A escritora discorda, dizendo que nada é mais forte do que essa cena, o amor de mãe... Cara, muito legal!

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Carne trêmula (Carne trémula), de 1997

SINOPSE: 

Janeiro de 1970, Madri. A cena inicial do filme se passa na Espanha franquista, sob estado de exceção. Uma jovem pobre (Penélope Cruz) tem um filho dentro do ônibus e lhe dá o nome de Victor. Vinte anos depois, agora adulto, Victor (Liberto Rabal) desce de um ônibus em busca de Elena (Francesca Neri) que conheceu num rolê, eles transaram e Victor ficou apaixonado pela jovem (foi a primeira transa dele). Elena não quer nada com o rapaz, e como ele entrou em seu apartamento, ela o ameaça com uma arma. Na discussão, aparecem dois policiais, David (Javier Bardem) e Sancho (José Sancho). Na confusão, David toma um tiro e fica paraplégico. Victor pega seis anos de prisão. Elena casa com David. Sancho é alcoólatra e é casado com Clara (Ángela Molina), que é espancada por ele com frequência. Victor é solto e vai prestar homenagem a sua falecida mãe no cemitério da cidade. Ela morreu de câncer, deixando pra ele uma pequena quantia de herança: ela era prostituta. Estando no cemitério, ele vê o enterro do pai de Elena, e vai até ela cumprimentá-la. Após a cerimônia funeral, Clara pede ajuda a Victor para sair do cemitério, está perdida. Eles se tornam amantes. Daí adiante, as vidas das personagens vão se cruzar de forma dramática.

COMENTÁRIO:

Achei o filme extraordinário! Surpreendente enredo e final eletrizante. Foi um dos melhores filmes que vi de Almodóvar até agora.

Nada é tão simples como parece ser. Essa é a chave do enredo. Davi é o mocinho da história? Dá pra dizer que no casamento de Sancho e Clara tem algum culpado pelo fim da relação? Victor é um stalker obcecado por Elena? Na vida real das pessoas comuns o cotidiano é complexo. Todo mundo tem que dar seus pulos pra sobreviver.

E não poderia faltar as cenas de sensualidade numa história de Almodóvar, só que o diretor caprichou neste filme!

Demais! A mensagem final numa Espanha liberta do obscuro fascismo de Franco emociona a gente.

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Tudo sobre minha mãe (Todo sobre mi madre), de 1999

SINOPSE: 

Manuela (Cecilia Roth) é uma enfermeira que supervisiona o sistema de transplantes de órgãos. Ela é mãe solteira de Esteban (Eloy Azorín), garoto que quer ser escritor e passa o tempo todo com seu caderno de anotações. No dia do aniversário de 17 anos de Esteban, eles vão comemorar assistindo a uma peça clássica de teatro "Um bonde chamado desejo". A atriz principal é Huma Rojo (Marisa Paredes), que na saída do teatro, sob forte chuva, vê um garoto bater no vidro do carro pedindo um autógrafo. Ela não o atende. Ele sai correndo atrás do táxi e morre atropelado. Assim começa a trama, com Manuela chorando a morte do filho sob chuva no dia de seu aniversário. Minutos antes, ela havia prometido contar a ele quem era seu pai e sua história... 

COMENTÁRIO: 

Um filme essencial para conhecer e compreender o universo de Almodóvar. Filme belíssimo. Difícil não se comover com as histórias das personagens criadas por ele.

O filme trata temas centrais do complexo mundo humano das últimas décadas: a Aids, a dependência das drogas, as questões de identidade de gênero, a condição da mulher, as diversas formas de fé e religiosidade, e por que não dizer as questões existencialistas da vida.

Tudo sobre minha mãe foi considerado um dos melhores filmes do ano de 1999 e um dos melhores filmes espanhóis do século XX. Aliás, 1999 foi um ano excepcional no lançamento de grandes histórias do cinema.

A grandeza da personagem Manuela é algo tão cativante, que toca o coração da gente. Em meio a tragédias cotidianas, ela não titubeia em ajudar cada pessoa que precisa dela naquele momento. Que figura incrível!

Outra personagem apaixonante é Agrado (Antonia San Juan), uma trans trabalhadora do sexo que traz uma leveza incrível em um enredo dramático.

Adorei o filme. É de arrepiar!

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Comentário final

Ufa! Agora falta a postagem sobre alguns filmes que vi dos anos dois mil. Já sou fã de carteirinha de Pedro Almodóvar!

O texto anterior desta série pode ser lido clicando aqui.

William


terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Poema 14: O grande bufão


O GRANDE BUFÃO


         (Poetando CartaCapital 1345)


Delírios imperiais de Trump:

tarifaço pra todo mundo, 

imigrantes caçados e expulsos,

comunicação totalitária e censura.

Vaticina Belluzzo: "De Adolf a Donald".

O império resistirá ao grande bufão?


Vem aí a COP-30 na bela Belém.

Estrutura, hotéis e mobilidade

adequados, ela não tem. 

O maior desafio, porém,

não é a infraestrutura local,

e sim construir consensos... 

Como salvar o clima sem bom senso?


Rick Azevedo, idealizador do

Vida Além do Trabalho (VAT),

na luta pelo fim da escala 6x1

recomenda aos progressistas:

aprendam a resumir o que pensam!

- Atualizem a CLT, já!


Negócio arriscado no futebol

a candidatura do fenômeno Ronaldo...

Na CBF cheira-se no ar

a ideia de mudar pra não mudar...

Jesus... chamem o VAR!


William 

11/02/25


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Poema 13: Parabéns, PT!


PARABÉNS, PT!


Para melhorar a vida do povo,

A consciência política da militância

Radicalizou na democracia partidária.

Assim surgiu o PT há 45 anos.

Bens e direitos sociais vieram, então.

Estratégico nas conquistas populares,

Nossa causa e razão de ser 

Segue sendo o Brasil dos brasileiros!


Partido dos

Trabalhadores!


William 

10/02/25


Leituras Capitais



Refeição Cultural 

CartaCapital n° 1345


O GRANDE BUFÃO

Os delírios imperiais de Trump


CAPA

SANGUE NOS OLHOS

Nos últimos dois meses, Trump distribuiu ameaças e promessas. Agora é a hora do vamos ver

Caquistocracia - Segundo a "The Economist", o termo significa o governo dos despreparados e inescrupulosos. 

Esse é o governo de Trump e seus parças bilionários. 

Segundo a articulista Clarissa Carvalhaes (de Nova York), o presidente terá uma estratégia de "choque e pavor". O alvo prioritário serão os imigrantes. 

GAZA - A matéria diz que a solução de dois Estados vai "ficar para as calendas".

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DE ADOLF A DONALD

Artigo de Luiz Gonzaga Belluzzo

"Malgrado as diferenças históricas, são inequívocas as semelhanças entre os programas econômicos de Trump e do nazismo"

No artigo, Belluzzo faz observação interessante: "A onipresença dos poderosos das plataformas e das finanças no gabinete de Trump mimetiza o poder da Siemens e da Krupp na política econômica do III Reich."

Pois é... basta saber ler para perceber no que estamos enfiados. Enquanto isso, a esquerda segue toda dividida em guetos, bolhas e grupos de puxa-saquismo.

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LIBERDADE SEQUESTRADA

The Observer: Os senhores do algoritmo, como Elon Musk, ditam o destino de nossos desejos

"As alegações das plataformas de rede social de apoiar a liberdade de expressão são vazias. Pouco antes de decidir atacar Starmer, Musk foi pego em um escândalo doméstico. Quando influenciadores do Maga o atacaram devido ao seu apoio a um certo tipo de visto de imigrante, a plataforma X parece ter suprimido suas contas." (p. 17)

Boa a matéria de Pedro Pomerantsev. O texto explica a forma como as plataformas atuam, algo que eu conheço relativamente bem: bloqueiam, censuram e invisibilizam o que querem e exponenciam o que é de interesse delas e dá lucro para os donos. Ódio na veia de todo mundo e apagamento do que é positivo às coletividades. Tudo sob a falsa alegação de "liberdade de expressão".

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À SOMBRA DO RADICALISMO

A Flórida e a política para a América Latina

Por Juan Gabriel Tokatlian

A revista apresenta a 1a parte de um artigo muito esclarecedor: o peso e a importância da Flórida no extremismo do Partido Republicano e no trumpismo.

A depender dos grupos de pensadores da região (os think tanks), os dois séculos de Doutrina Monroe serão comemorados tocando o terror na América Latina para que ela se faça o quintal dos EUA. 

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NO QUINTAL DE CASA

Trump ameaça retomar o Canal do Panamá, país invadido outras vezes pelos EUA 

Reportagem de Murilo Matias

Foram 13 intervenções militares dos Estados Unidos entre 1856 e 1990. Faz 25 anos que os panamenhos controlam o complexo do Canal do Panamá. 

Vejam o tamanho dos números:

"Inaugurado há mais de cem anos, o Canal do Panamá conecta 170 países, 2 mil portos e 180 rotas marítimas, além de gerar milhares de empregos e permitir o transporte de milhões de toneladas das mais diversas mercadorias." (p. 22)

Agora, Trump ameaça tomar a gestão do Canal à força, se necessário... (culpa dos chineses, diz ele)

Pois é...

Invasão norte-americana em 20/12/89 - Soube pela matéria, que 25 mil soldados do império desembarcaram no país matando centenas de panamenhos. Que foda! Eu tinha 20 anos à época, era bancário e não me lembrava disso.

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SEU PAÍS 

CONTRA O RELÓGIO 

COP-30: Da falta de hotéis a graves problemas de mobilidade, Belém acumula problemas há poucos meses da Conferência do Clima 

Por Fabíola Mendonça 

Ao ler a matéria, fiquei me lembrando do FSM em Belém (2009), principalmente na questão da infraestrutura inadequada da cidade para receber dezenas de milhares de pessoas por duas semanas em novembro de 2025. (Foi o caos em 2009... rsrs)

Os desafios do Brasil e da organização do evento são enormes. Espero que dê tudo certo. 

"Para ambientalistas, o maior desafio não é a infraestrutura local, e sim a dificuldade de construir consensos na agenda climática" (p. 26)

Concordo com a afirmação acima.

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LEMBRANÇAS COM LULA 

Artigo de Maria Rita Kehl

"Em uma entrevista nos anos 70, quando eu ainda trabalhava nas redações, o então líder sindicalista me deu uma aula de como a máquina do capital produz desigualdade"

Como sempre, os artigos da psicanalista e escritora fazem a gente viajar. Adorei o texto! É um filme sobre o Brasil da casa-grande e da senzala dos anos setenta pra cá, tendo Lula como personagem principal. 

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A PRIMEIRA CRISE

GOVERNO: Sidônio Palmeira assume a Secretaria de Comunicação em meio às mentiras sobre o Pix

Por André Barrocal

A reportagem descreve bem o imbróglio que os Estados nacionais e governos estão enfrentando com a interferência das plataformas digitais (big techs) na política e na soberania dos países. 

Faz anos que defendo que os países devem criar suas plataformas públicas de comunicação porque toda a burocracia estatal JAMAIS deveria usar meios das big techs

Pelas plataformas inimigas, o Lula e o PT podem entregar uma Suécia que o povo será manipulado a perceber o Haiti por aqui.

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NEGÓCIO ARRISCADO 

FUTEBOL: A candidatura de Ronaldo à presidência da CBF esbarra em evidentes conflitos de interesse 

Por Maurício Thuswohl

Excelente e esclarecedora a matéria do articulista. 

Que nojo virou o nosso futebol brasileiro! 

Aécio, Romário, partidos de direita, SAF, cassinos BET... 

Mudar para não mudar, é o que penso nas alternativas entre a situação e a oposição de direita nas eleições da CBF. 

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PONTO DE PARTIDA 

ENTREVISTA: O vereador Rick Azevedo quer impedir a Prefeitura do Rio de acelerar contratos com empresas que exploram trabalhadores na desumana escala 6x1

A Mariana Serafini

Entrevista muito boa. Rick Azevedo, que idealizou o movimento Vida Além do Trabalho (VAT) está empenhado numa pauta que diálogo com a realidade concreta de cada pessoa que trabalha para sobreviver. 

Comunicação - Fica o alerta feito por ele: a esquerda parece incapaz de resumir o que pensa nas redes sociais. 

COMENTÁRIO: É verdade! Eu até poesia passei a criar para buscar novas formas de comunicar de forma resumida nossas ideias de mudança. O blog Refeitório Cultural agora poetiza também.

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FOCO NO MOSQUITO 

DENGUE: Sem estoque para ampliar a vacinação, o Ministério da Saúde propõe reforço de ações preventivas 

Por Mariana Serafini 

Talvez essa seja a matéria mais significativa desta edição da revista. 

- A dengue matou em 2024 mais que a Covid-19 (foram 6.041 óbitos)

- Só o Brasil tem vacinação em sistema público (SUS), mas só há 1 fornecedor (farmacêutica japonesa Takeda: vacina QDenga). Forneceu 6 milhões de doses. Insuficiente!

- A boa notícia: vem aí a vacina do Instituto Butantan (imunizante Butantan-DV), que poderá oferecer 100 milhões de doses em 3 anos. Faltam aprovações finais da Anvisa.

- O combate ao Aedes Aegypti segue prioridade na prevenção, pois ele transmite outras doenças graves como a Zika e a Chikungunya.

Enfim, todos nós temos que evitar focos de água parada!

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ECONOMIA 

NEGÓCIO DA CHINA?

RELAÇÕES COMERCIAIS: O acordo entre Brasília e Pequim ainda carece de uma estratégia de longo prazo  

Por Carlos Drummond 

A questão central é se vamos seguir exportando commodities, sendo um pasto e buraco de minérios, e importando produtos com tecnologia e valor agregado ou se vamos MUDAR essa relação com a China (e o resto das metrópoles capitalistas).

"(...) Entre 2010 e 2023, a participação de produtos básicos nas exportações nativas aumentou de 44,9% para 58,9%, enquanto a parcela de bens manufaturados caiu de 39% para 28,9%..." (p. 43)

Cadê nossa diplomacia (e economia) ativa e altiva?

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A ESTABILIZAÇÃO DA ECONOMIA 

CÂMBIO: O governo tem condições de normalizar os mercados e retomar o percurso bem-sucedido de 2023 e 2024

Por Paulo Nogueira Batista Jr

O economista dá sugestões importantes de mudanças possíveis na economia do governo petista. 

Eu gostaria de ter visto o articulista ser o nosso presidente do Bacen do 3o governo Lula. 

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CRÉDITO DIVERSIFICADO

FINANCIAMENTO: A LCD oferece isenção fiscal, segurança e acesso ampliado às empresas de menor porte

Por Allan Ravagnani

Interessante informação: um novo produto de investimento focado no financiamento de infraestrutura, indústria e inovação. 

As Letras de Crédito de Desenvolvimento (LCD) vão se somar as LCIs e LCAs, letras de crédito tradicionais, do setor Imobiliário e do agronegócio.

"Os bancos de Desenvolvimento planejam emitir 40 bilhões de reais dos novos títulos" (p. 46)

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PLURAL

GERIR O IMAGINÁRIO 

ENTREVISTA: Para Lyara Oliveira, presidente da Spcine, a política audiovisual tem de ser feita para o cidadão e não só para o setor

A Ana Paula Sousa 

A matéria me trouxe informações que não sabia sobre a existência e funcionamento da empresa pública Spcine, criada na gestão do prefeito Haddad e mantida até hoje.

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NARRADORES DE SI E DO BRASIL 

LIVROS: Dois personagens ficcionais capturam a profunda mudança trazida pela chegada dos cotistas à universidade 

Por Ana Paula Sousa 

Delícia de matéria sobre novos livros de autores que estão reescrevendo a história do Brasil, autores como Jeferson Tenório ("De onde eles vêm") e Andressa Marques ("A construção"), contando histórias de cotistas e do povo periférico que fazem de fato o nosso país. 

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A VIDA RECONTADA EM VELHAS IMAGENS 

Por Ana Paula Sousa 

FILME 1: Luiz Melodia - No Coração do Brasil repassa a vida e a arte do cantor de uma forma que só cinema poderia fazer 

O cantor é mais uma de minhas lacunas culturais. Preciso conhecer melhor sua obra. 

UMA IMPROVÁVEL HISTÓRIA DE AMOR 

Por Ana Paula Sousa 

FILME 2: Meu Bolo Favorito é um retrato sutil da sociedade iraniana e uma ode à capacidade humana de buscar a alegria 

Outra dica cultural que deixa o leitor com vontade de ir ao cinema. Pra variar, os diretores e o filme foram censurados no Irã.

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AFONSINHO 

TEMPORADA ABERTA

Das declarações da dirigente do Palmeiras ao suposto aliciamento de um garoto de 14 anos pelo Corinthians, o ano começa agitado 

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DRAUZIO VARELLA 

NÃO É UMA DOR QUALQUER 

A OMS estima que, no mundo, haja 1 bilhão de pessoas com enxaqueca. Em 20 milhões delas, a patologia é crônica 

Excelente artigo esclarecendo a doença e apontando formas de lidar com ela.

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COMENTÁRIO FINAL 

Leitura esclarecedora e política das questões que foram notícia no início deste ano e novidades boas na cena cultural. 

Gostei da edição 1345 de CartaCapital

William