segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Leitura de poesia (2) - Porto, Maiakóvski



Porto - Maiakóvski (1912)


Lençóis de água sob um ventre pando.

Rasgam-se em ondas contra dentes brancos.

Amor. Lascívia. Como o uivo que escorre 

das chaminés por gargalos de cobre.

No berço-embocadura barcos presos

aos mamilos de madres de ferro.

À orelha surda dos navios agora

rebrilham brincos de âncora. 


Tradução: Haroldo de Campos

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Comentário:

Consegui ler os primeiros poemas de Maiakóvski num silêncio meio raro em casa*.

Li algumas vezes as duas traduções do poema "Noite". Depois li o poema "Manhã".

Ao ler o poema "Porto" compreendi um pouco melhor a poética do autor. O mesmo quando li "Eu".

Maiakóvski brinca com as imagens: orelha de navio com brinco de âncora, barcos presos aos mamilos do porto etc **.

Não são poemas como aqueles que estou acostumado a ler. Legal.

* Além de estar um ambiente silencioso no momento, estou surdo faz uns quatro dias, após um voo com as fossas nasais congestinadas.

** No livro (p. 35), Boris Schnaiderman diz sobre esse poema: "(...) a estranheza aparece sublinhada pelo contraste entre as imagens ousadas e os elementos tradicionais na construção do poema..."

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O desafio de ler poesias neste mês será interessante. Vou experimentar o novo, o diferente, e quando for poeta que conheço, poemas que não tive contato ainda. 

William Mendes 


Bibliografia:

MAIAKÓVSKI, Vladimir. Poemas. Tradução: Boris Schnaiderman, Haroldo de Campos, Augusto de Campos. Ed. especial rev. e ampl. - São Paulo: Perspectiva, 2017.


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