Porto - Maiakóvski (1912)
Lençóis de água sob um ventre pando.
Rasgam-se em ondas contra dentes brancos.
Amor. Lascívia. Como o uivo que escorre
das chaminés por gargalos de cobre.
No berço-embocadura barcos presos
aos mamilos de madres de ferro.
À orelha surda dos navios agora
rebrilham brincos de âncora.
Tradução: Haroldo de Campos
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Comentário:
Consegui ler os primeiros poemas de Maiakóvski num silêncio meio raro em casa*.
Li algumas vezes as duas traduções do poema "Noite". Depois li o poema "Manhã".
Ao ler o poema "Porto" compreendi um pouco melhor a poética do autor. O mesmo quando li "Eu".
Maiakóvski brinca com as imagens: orelha de navio com brinco de âncora, barcos presos aos mamilos do porto etc **.
Não são poemas como aqueles que estou acostumado a ler. Legal.
* Além de estar um ambiente silencioso no momento, estou surdo faz uns quatro dias, após um voo com as fossas nasais congestinadas.
** No livro (p. 35), Boris Schnaiderman diz sobre esse poema: "(...) a estranheza aparece sublinhada pelo contraste entre as imagens ousadas e os elementos tradicionais na construção do poema..."
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O desafio de ler poesias neste mês será interessante. Vou experimentar o novo, o diferente, e quando for poeta que conheço, poemas que não tive contato ainda.
William Mendes
Bibliografia:
MAIAKÓVSKI, Vladimir. Poemas. Tradução: Boris Schnaiderman, Haroldo de Campos, Augusto de Campos. Ed. especial rev. e ampl. - São Paulo: Perspectiva, 2017.
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