Van Gogh |
Poema marciano número dois - Mario Quintana
não sabemos nada de nada,
por isso descobrimos coisas
que
de tão visíveis
vocês poderiam até sentar em cima delas...
Não brinco! Não minto! um dia um de nós (Van Gogh) pintou
uma cadeira vulgar,
uma dessas cadeiras de palha trançada...
Mas, quando a viram na tela, foi aquela espantação:
“uma cadeira!”, exclamaram.
Uma cadeira? Não, a cadeira.
Tudo é singular.
Até as Autoridades sabem disso...
Se não, me explica
por que iriam fazer tanta questão
das tuas impressões digitais?!
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COMENTÁRIO:
Tudo é singular! Assim é o olhar do poeta, singular.
Passei o mês de dezembro descobrindo a singularidade de alguns poetas, algumas poéticas singulares.
Ao ler poemas diariamente, talvez tenha passado os dias mais sensível que o costume.
Como um marciano, que nada sabe, vi e percebi coisas neste mês sensível que ou já via e não percebia ou já sabia e fazia de conta que não sabia.
Vi a falta de consideração, vi a coisa utilitária que sou, vi as coisas como um marciano.
Não quero mais me sentir assim. Mudar é um desejo.
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“uma cadeira!”, exclamaram.
Uma cadeira? Não, a cadeira.
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Vi que sou uma cadeira. E não a cadeira.
Somos todos singulares, por mais que nos julguem cadeiras descartáveis.
É isso! Vou mudar. Quero seguir percebendo o mundo como marciano, mas não posso ser tratado e percebido como os terráqueos autômatos veem tudo.
Não sou uma cadeira.
William
William
Bibliografia:
QUINTANA, Mario. Esconderijos do tempo [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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