Vida - Mario Quintana
Não sei
o que querem de mim essas árvores
essas velhas esquinas
para ficarem tão minhas só de as olhar
um momento.
Ah! se exigirem documentos aí do
Outro lado,
extintas as outras memórias,
só poderei mostrar-lhes as folhas soltas
de um álbum de imagens:
aqui uma pedra lisa, ali um cavalo
parado
ou
uma
nuvem perdida,
perdida...
Meu Deus, que modo estranho de contar
uma vida!
Do livro Esconderijos do tempo.
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COMENTÁRIO:
Enquanto tomava meu café da manhã, uma rosquinha deliciosa feita por minha mãe, lia poemas de Mario Quintana. O tema: a vida.
O Eu-lírico me fez pensar nas folhas das árvores do Parque Continental, que me conhecem. Me fez pensar nas minhas velhas esquinas... são 25 anos virando nelas.
Eu que nunca fui uma pessoa dos prazeres da alimentação, por medo de ter uma doença qualquer no trato digestivo, me peguei apreciando o instante único do sabor de mastigar e engolir alguma coisa.
Nem sabia mais o quanto era formidável comer o arroz com feijão e milho e ovo de minha mãe.
Comer por 5 dias aquela comidinha saborosa da minha mãe foi VIDA.
William Mendes
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