Marília de Dirceu, Lira XVIII, Parte 1 - Tomás Antônio Gonzaga
"Não vês aquele velho respeitável
Que à muleta encostado
Apenas mal se move e mal se arrasta?
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo!
O tempo arrebatado,
Que o mesmo bronze gasta.
Enrugaram-se as faces, e perderam
Seus olhos a viveza;
Voltou-se o seu cabelo em branca neve;
Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo;
Nem tem uma beleza
Das belezas, que teve.
Assim também serei, minha Marília,
Daqui a poucos anos,
Que o ímpio tempo para todos corre:
Os dentes cairão e os meus cabelos.
Ah! sentirei os danos
Que evita só quem morre." (Lira XVIII, Parte 1)
---
Comentário:
Comecei a ler Tomás Antônio Gonzaga em setembro deste ano. Coincidentemente, estava em Uberlândia. Não terminei ainda as três partes de Marília de Dirceu.
Para essa leitura de poesia diária em dezembro, de autores ou obras ainda não conhecidas por mim, reli os primeiros dezoito poemas do livro, e de todos eles, de fato o que mais gostei e me identifiquei com a temática foi essa Lira XVIII.
O tema sobre o envelhecimento e a efemeridade da beleza e da saúde é atualíssimo. Tenho pensado muito nesses dias sobre a brevidade da vida, e a importância do carpe diem! Aliás, um dos motes do arcadismo.
É isso! Sigamos lendo poesia em dezembro. Depois de um dia cansativo aqui em Uberlândia, estou precisando dormir. Queria refletir mais sobre esta Lira, mas tô cansadão.
William Mendes
Nenhum comentário:
Postar um comentário