sábado, 28 de dezembro de 2024

Leitura de poesia (28) - Voo rasante, Genésio dos Santos



Voo rasante - Genésio dos Santos


Quisera voar

e nenhum deus me deu asas.

Daí eu não poder cantar 

o voo das gaivotas

nem a cor dos céus.

Daí eu não poder cantar 

o pico das montanhas, 

eu, que nem alpinista sou.


Tudo deve ser tão belo

mas minha visão não alcança. 


Meus olhos só veem

o que se passa aqui no chão

que é onde rastejo.

Meus olhos veem fome.

Meus olhos veem sede.

Meus olhos veem guerra. 


Muitas vezes 

eu passo sobre monturos

e com eles me confundo.

Eu os envolvo,

eles me envolvem

e nós nos deterioramos.


O voo das gaivotas,

a cor dos céus, 

o pico das montanhas, 

ficam cada vez mais longe.


A arte de transpor muros

não é tão fácil. 

Ser poeta o é. 


---

COMENTÁRIO:

O

Que

Faço 

Para

Parar

A

Matança 

Do

Povo

Palestino?


Meus olhos veem fome.

Meus olhos veem sede.

Meus olhos veem guerra.


William 


Bibliografia:

SANTOS, Genésio dos. Número um. São Paulo: G. dos Santos, 1978.


3 comentários:

  1. Uma faca só lâmina ou Serventia das ideias fixas. Leia esse poema de João Cabral de Melo. Adorei o comentário em forma de poema.

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  2. Eu tenho esse livro do João Cabral, amiga, tenho que ver onde está aqui em casa. O poeta é porreta, duro. De manhã, ao escolher a poesia do dia, estava muito impactado pelas notícias da Palestina... Abração pra todos aí!!! Adoramos a noite de ontem, adoramos!!! Que venham mais momentos de VIDA assim!

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  3. Seguindo VC agora....mas ficarei
    Lendo sem
    Comentar...deixo pra valsa literária..
    Feliz ano pra VCS.marly.feliz2025.

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