Meu minuto no paraíso: Parque do Sabiá. |
Refeição Cultural
Uberlândia, 16 de dezembro de 2024. Segunda-feira.
Vim visitar meus pais e familiares alguns dias antes do Natal deste ano. Nossa porção paulista não virá a Minas Gerais como fizemos nos dois últimos anos.
Felizmente, pude rever a abraçar pais, irmã e cunhado, sobrinhos e família, tia e primo. Tenho muitos familiares na cidade, mas a correria dos afazeres que tento encaminhar quando venho aos meus pais dificulta fazer outras visitas a tios e primos. Mas sei que estão bem, é o que nos deixa feliz.
Vim pensando muito nas questões da temporalidade da vida e no instante presente, que é único. Estou ainda com a frase que ouvi de uma entrevista antiga de Fernanda Montenegro, ao responder sobre medo da morte e dizer que tem pena de morrer, porque viver é poder ver o céu azul, estar com pessoas que se ama, ter acesso a conhecimento e cultura etc.
É isso, querida Fernanda Montenegro, pode acreditar que ontem, ao passar por uma floreira cheia de borboletas coloridas em festa, sob um céu azul intenso, parei e fiquei lá vários minutos VIVENDO...
Viver é a oportunidade de ver um céu azul e flores e borboletas coloridas num instante único. |
Outra coisa que me preocupa sobre a efemeridade da vida é a questão da memória, da essência do que nós seres humanos somos, nossas memórias e nossa identidade, guardadas em nossa mente, em nosso cérebro de bilhões de neurônios que nos fazem ser o que somos, a partir do aculturamento que cada um de nós teve ao longo da vida.
Tenho um desafio enorme como cada semelhante nosso: viver o presente e o amanhã, caso ele exista para mim.
Honestamente, avalio que as relações humanas estão ruins, em todos os âmbitos sociais, aqui e acolá, e não podemos desistir de mudar o comportamento humano individualista, intolerante e sem paciência alguma para a alteridade e a diversidade de pensamentos e características pessoais. A mesmice em qualquer espécie é a morte dela.
Tenho tanta coisa nas ideias para falar sobre isso que vou fazer o contrário, não vou rabiscá-las aqui.
Conversando com minha mãe ontem, só poderia dizer que ambos lamentam nossas experiências e pequenas sabedorias não servirem para nada para as pessoas que amamos. A gente vai se cansando de tentar passar alguma coisa de boa que aprendemos por sobreviver neste mundo duro que sobrevivemos. Ninguém quer saber de nossa opinião, nem no ambiente familiar, nem nos grupos onde um dia convivemos socialmente.
Eu tenho consciência sobre as coisas do mundo. Burro não diria que sou. Sei do meu lugar no mundo. E sei que no momento atual desse mundo nenhum de meus conhecimentos e acúmulos tanto pessoais como coletivos serve para nada, sequer para as pessoas mais próximas a mim. Isso é um fato e a vida de todo mundo segue neste minuto e no seguinte, até não seguir mais.
Enfim, tenho a impressão nesta véspera de mais um Natal que há um espírito de pouca solidariedade entre as pessoas, tenho a leitura que algumas daquelas recomendações do cristianismo estão fora de moda: o perdão de forma gratuita, acolher a quem pensa diferente, não querer ao outro o que não se quer para si mesmo e vários ensinamentos que o homem Jesus Cristo pregou em sua passagem por este mundo.
Eu sou ateu há mais de duas décadas, mas por três décadas fui criado e aculturado na ambiência do cristianismo da igreja católica. Às vezes, acho que sou hoje mais dogmático e seguidor das palavras de Jesus do que muita gente que se diz religiosa e só usa o nome de Deus e do Cristo para arrotar ódio, violência, vingança, individualismo, intolerância e manifestações demoníacas do tipo, caso houvesse demônios por aí.
Enfim, estou procurando equilíbrio, algum sentido para a vida minha e de todos nós, e acredito na inteligência humana e na educação e formação política. Não sou determinista. Nós podemos criar e mudar tudo porque é da nossa natureza humana fazer isso.
Sigamos tentando viver, contribuir para o mundo e as pessoas no mundo e lutando por salvar o próprio mundo, a natureza onde todos nós vivemos.
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NATAL DE 1981
Nosso Natal deve ter sido em Uberlândia (MG), para onde nos mudamos desde o início do ano anterior.
A gente morava numa casa de fundo na Av. Comendador Alexandrino Garcia, no Marta Helena. Na casa da frente, a proprietária era a Dona Nenzinha, benzedeira da região.
Me lembro que ela me dava uns trocados para copiar rezas em folhas de papel para ela dar aos fiéis. Ela me benzia de "espinhela caída".
Fiz da 5ª a 8ª série na E. E. Hortêncio Diniz.
Foi um tempo de mudanças para mim. Me lembro da casa pequena e do quintal com pés de frutas.
É incrível como meu mundo de criança mudou! Tirando bolinhas de gude, que segui jogando e ganhando latas de bolinhas - que em MG se chamavam bilocas -, eu não empinei mais pipas porque ninguém brincava disso e de outras coisas que fazíamos em São Paulo.
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Mundo
Tenho uma leve lembrança dos atentados que Ronald Reagan (EUA) e o Papa João Paulo II sofreram em 1981. Eles foram baleados.
Ainda na política, sei que os desgraçados dos milicos iriam promover um atentado num festival de MPB para culpar a resistência civil e democrática na véspera do dia dos trabalhadores, mas se ferraram, a bomba explodiu no colo de um dos fdp.
O evento é conhecido como Atentado do Riocentro.
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