O silêncio - Mario Quintana
Há um grande silêncio que está sempre à escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente
qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se
chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente
fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.
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COMENTÁRIO:
Me dispus a ler poesia durante o mês de dezembro, de preferência poetas e obras que ainda não conheço, ou seja, quase tudo, porque não sou um conhecedor de poesia, só comecei a ler poesia depois dos trinta anos de idade.
De verdade, conheço um pouco de Drummond, minha cachaça.
Já li Brecht, Leminski, alguns livros de Cecília Meireles, Manuel Bandeira, João Cabral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade. Os que cito, já li um ou vários livros.
Comecei dezembro pegando alguns livros que tenho em casa e agora estou escolhendo aleatoriamente a cada dia um(a) poeta e lendo alguns poemas até me identificar mais com um deles.
Hoje pensei em Mario Quintana, que não conheço. Comecei tentando acessar seus poemas, pois não tenho livro algum dele.
(Um tempo depois) Ufa! Só para conseguir escolher um livro e adquiri-lo na forma digital foi um tempão!
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Catarse!
Pego o livro Esconderijos do tempo (1980) e começo a leitura...
O primeiro poema "Os poemas" é uma catarse! O segundo poema "O silêncio", me deixa pensativo. O terceiro poema "A canção do mar", o mesmo espanto com a genialidade e a simplicidade do poeta.
Amig@s, eu nunca tinha lido poemas de Mario Quintana e ele tem tudo para virar outra cachaça na vida deste leitor cheio de lacunas culturais.
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Os poemas de Quintana me deixaram impressionado neste começo de contato.
Linguagem simples, mas cheia de conceitos profundos. Impossível ler e não ficar pensando a respeito.
Vejam esta citação na abertura do livro:
"Um velho relógio de parede
numa fotografia
- está parado?
(Caderno H)"
Não é de nos deixar pensativos?
Aí vamos para a primeira imagem poética: os poemas como pássaros que pousam no livro... difícil tirar essa imagem da cabeça!
Em seguida, Quintana põe o dedo na antiquíssima questão do silêncio constrangedor, ou que incomoda qualquer pessoa em seu cotidiano.
O poema é maravilhoso!
Enfim, agora tenho o livro de Quintana. É seguir lendo.
William Mendes
Bibliografia:
QUINTANA, Mario. Esconderijos do tempo [recurso eletrônico]. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.
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