O tema que defendi na 13ª Conferência Estadual dos Bancários da Fetec CUT SP (23/7/2011) foi sobre a proposição da Articulação Sindical de lutar pelo fim das metas abusivas na categoria bancária versus a proposição de várias correntes que defendem somente o fim das metas.
Pode parecer um preciosismo ter ou não ter o qualificativo "abusivas" mas não é.
Há uma questão de concepção e prática da Articulação Sindical e da Central Única dos Trabalhadores por trás da proposição "fim das metas abusivas".
A CUT desde sua origem nos anos oitenta se entende enquanto movimento sindical e não somente como movimento. Ou seja, além de organizar, definir as reivindicações e mobilizar a classe trabalhadora, a CUT quer negociar e contratar ao final do processo entre as partes: Capital X Trabalho.
É baseado nessa concepção e prática que muitas vezes não nos basta somente palavras de ordem ou chavões que não ajudam na mesa de negociação. Se nós sindicalistas representantes dos trabalhadores só dissermos ao patronato fim disso, fim daquilo, não a isso, não àquilo, quero isso e não tem diálogo, em várias situações as mesas de negociação não serão sequer instaladas.
Quem sempre perde sem a tentativa de negociação é a classe trabalhadora. E é obrigação do sindicato CUTista buscar negociação e contratação de melhores salários e condições de trabalho para os seus representados, mesmo que ao final não consigamos tudo o que está na pauta de reivindicações porque o que define o tamanho do avanço na negociação é a estratégia, o envolvimento dos trabalhadores e o tamanho da mobilização durante as negociações.
Ter ou não ter metas?
Fim da metas ou fim das metas abusivas?
Metas impostas ou negociadas entre as partes?
De quem é a gestão das empresas?
Nós sabemos que a gestão das empresas não nos pertence. Estamos no sistema capitalista. Mas nós queremos negociar com o patrão regras e limites, queremos negociar a remuneração e a distribuição da riqueza produzida por nós. Queremos negociar condições de trabalho.
É óbvio que as empresas sempre dirão que a gestão é delas e que não negociarão sobre isso. É óbvio que se fizermos boas campanhas e boas mobilizações que incomodem o patronato eles terão que negociar conosco.
Usei na minha defesa pelo fim das metas abusivas na Conferência um exemplo sobre ter ou não metas que incomodou aos meus camaradas comunistas e que também colocou outros a pensar: falei da importância das metas na implantação do socialismo na Rússia com a implantação dos planos quinquenais para que o país produzisse os bens necessários a uma população gigante e num período de grave crise mundial.
Alguns camaradas podem não ter gostado, mas o que falei é verdade. Neste fim de semana reli várias páginas sobre o sistema soviético e todos nós temos metas e objetivos a alcançar. A meta do movimento sindical CUTista é lutar por uma sociedade socialista, com democracia e distribuição equânime das riquezas produzidas pela classe trabalhadora.
Tenhamos claro que as metas dos banqueiros não nos interessam, mas elas não deixarão de existir por isso. Lutemos para limitá-las e contratar regras em nossa convenção coletiva, assim como contratamos regras para distribuir a Participação nos Lucros e Resultados.
A Articulação Sindical Bancária sempre se pautará por seus trabalhadores nos locais de trabalho e buscará sempre fazer propostas que tragam os seus representados para a luta e para a mesa de negociação com banqueiros e governo.
SOMOS FORTES, SOMOS CUT!
SOMOS ARTICULAÇÃO SINDICAL!