segunda-feira, 27 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XV)

Terceira parte

Economia escravista mineira (século XVIII)

XV. Regressão econômica e expansão da área de subsistência

Esse pequeno capítulo fecha a terceira parte do livro de Celso Furtado. As primeiras linhas do capítulo resumem o desfazimento do sistema de mineração dessa grande região que vai do litoral de São Paulo até o Mato Grosso, Sudeste e Centro-Oeste, sendo a área principal o Estado de Minas Gerais.

"Não se havendo criado nas regiões mineiras formas permanentes de atividades econômicas - à exceção de alguma agricultura de subsistência - era natural que, com o declínio da produção de ouro, viesse uma rápida e geral decadência. Na medida em que se reduzia a produção, as maiores empresas se iam descapitalizando e desagregando. A reposição da mão-de-obra escrava já não se podia fazer, e muitos empresários de lavras, com o tempo, se foram reduzindo a simples faiscadores. Dessa forma, a decadência se processava por uma lenta diminuição do capital aplicado no setor mineratório..." (p. 89)

Furtado diz que se os colonizadores daqui (invasores) tivessem optado por investir em algum tipo de industrialização e processos de manufaturas as coisas poderiam ser diferentes daquilo que ocorreu, uma imensidão continental com gente vivendo espalhada por meios básicos de subsistência. Citou como exemplo o ocorrido na Austrália:

"Houvesse a economia mineira se desdobrado num sistema mais complexo, e as reações seguramente teriam sido diversas. Na Austrália, três quartos de século depois, o desemprego causado pelo colapso da produção de ouro constituiu o ponto de partida da política protecionista que tornou possível a precoce industrialização desse país." (p. 89)

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ATENÇÃO! OU NÓS OU ELES, OS FDP DO AGRO "POP"

Fecho o comentário do capítulo citando mais um trecho de Furtado que nos faz pensar nos desgraçados do agro "pop" que insistem em fazer do Brasil um pasto continental exportador de commodities em benefício deles próprios, uns milhares de sujeitos, em prejuízo de 210 milhões de brasileiros:

"A necessidade de absorver o enorme excedente de mão-de-obra que se foi criando na medida em que diminuiu a produção de ouro - problema tanto mais grave quanto os setores lanífero e agrícola haviam introduzido técnicas poupadoras de mão-de-obra no período anterior para poder subsistir - contribuiu para formar no Estado de Vitória uma consciência clara de que só a industrialização poderia resolver o problema estrutural da região..." (p. 89)

E VEJAM O QUE SERIA DA AUSTRÁLIA SE LÁ PREVALECESSE AS IDEIAS LIBERAIS DOS CARAS DO AGRO "POP":

"Tivesse o país permanecido sob a influência exclusiva dos grupos exportadores de lã, e a predominância das ideias liberais teria impedido qualquer política de industrialização por essa época." (p. 90)

Furtado termina o capítulo explicando as consequências da desarticulação do sistema de mineração no Brasil. O povão vai se espalhar e produzir em regime de subsistência.

"Em nenhuma parte do continente americano houve um caso de involução tão rápida e tão completa de um sistema econômico constituído por população principalmente de origem europeia." (p. 90)

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É isso. Por mais triste que tudo possa parecer hoje num país destruído pelo golpe de 2016 e dominado pelo crime organizado desde o governo até os órgãos do Estado, acho importante conhecer a história, a nossa história nesse caso.

William


Leiam aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


sábado, 25 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XIV)

Terceira parte

Economia escravista mineira (século XVIII)

XIV. Fluxo de renda

Ehh, amig@s leitores... é difícil não se indignar e não se incomodar ao ler nossa história de exploração brasileira em benefício dos países do Norte, em benefício de portugueses, ingleses e outros tipos... foram séculos de uso de nossas riquezas para construir toda aquela riqueza europeia que a elite vira-latas daqui vai lá pra pagar pau em passeios de férias... belas construções, muito ouro em tudo, muita fartura e cultura, tudo à base de séculos de espoliação de nossas riquezas brasileiras e sul-americanas. Que merda tudo isso!

E após cinco séculos, após o golpe de Estado em 2016, a volta ao mesmo início, aos mesmos vícios de origem... viramos um pasto continental para enviar commodities pra encher as burras de poucos filhos da puta daqui, tipo os latifundiários do agro "pop", e alimentar os porcos, peixes e animais de outros países com a nossa ração... bem-estar pra eles e miséria pra nós... caraca! Que foda!

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Algumas citações do capítulo desse "esboço" de Furtado, como ele diz na introdução, servem pra ilustrar o que comentei acima...

No começo do capítulo, Furtado explica que a economia mineira (de mineração) trazia alguns benefícios internos melhores do que a economia açucareira trazia. A renda média era menor, mas ela estava menos concentrada. No entanto, a criação de uma economia interna era dificultada pela falta de capacidade técnica de mão de obra para produzir manufaturas aqui. Éramos ignorantes nas técnicas manufatureiras...

- "Se se tem em conta que a população livre da região mineira não seria inferior, por essa época, a 300 mil pessoas, se depreende que a renda média era substancialmente inferior à que conhecera a economia açucareira na sua etapa de grande prosperidade." (p. 84)

- "Por outro lado - e isto constitui o aspecto principal do problema - a renda estava muito menos concentrada, porquanto a proporção da população livre era muito maior." (idem)

- "Por último, a grande distância existente entre a região mineira e os portos contribuía para encarecer relativamente os artigos importados. Esse conjunto de circunstâncias tornava a região mineira muito mais propícia ao desenvolvimento de atividades ligadas ao mercado interno do que havia sido até então a região açucareira." (idem)

- "Entretanto, o decreto de 1785 proibindo qualquer atividade manufatureira não parece haver suscitado grande reação, sendo mais ou menos evidente que o desenvolvimento manufatureiro havia sido praticamente nulo em todo o período anterior de prosperidade e decadência da economia mineira. A causa principal possivelmente foi a própria incapacidade técnica dos imigrantes para iniciar atividades manufatureiras numa escala ponderável." (idem)

Uma das poucas áreas que teve algum processo de manufatura interna foi na área da metalurgia porque os escravos africanos conheciam a técnica da produção de ferraduras, por exemplo.

- "Exemplo claro disso é o ocorrido com a metalurgia do ferro. Sendo grande a procura desse metal numa região onde os animais ferrados existiam por dezenas de milhares - para citar o caso de um só artigo - e sendo tão abundantes o minério de ferro e o carvão vegetal, o desenvolvimento que teve a siderurgia foi o possibilitado pelos conhecimentos técnicos dos escravos africanos." (p. 85)

O OURO PRA ENCHER AS BURRAS DOS INGLESES

Como já dito em outro capítulo, a extração de ouro no Brasil serviu para encher os cofres dos bancos ingleses, só.

Através de acordos (Methuen), portugueses e ingleses comercializavam vinhos e tecidos, com enorme déficit para os portugueses, lógico. A diferença foi paga com todo o ouro que se extraiu do Brasil. Ficaram os portugueses sem desenvolver indústria alguma, sem produtos com valor agregado, e o Brasil seguiu nessa toada para sempre...

- "Ora, cabe ao ouro do Brasil uma boa parte da responsabilidade pelo grande atraso relativo que, no processo de desenvolvimento econômico da Europa, teve Portugal naquele século (...) Houvesse Portugal acumulado alguma técnica manufatureira, e a mesma ter-se-ia transferido ao Brasil, malgrado disposições legislativas em contrário, como ocorreu nos EUA." (p. 85)

E, por fim, viramos pasto da potência da época, a Inglaterra... (hoje, somos pasto do mundo todo, enquanto a fome, a miséria e o atraso imperam por aqui)

"A inexistência desse núcleo manufatureiro, na etapa em que se transformam as técnicas de produção no último quartel do século, é que valeu a Portugal transformar-se numa dependência agrícola da Inglaterra." (p. 87)

Mudaremos isso algum dia?

William


Leiam aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quinta-feira, 23 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XIII)

Terceira parte

Economia escravista mineira (século XVIII)

XIII. Povoamento e articulação das regiões meridionais

Vimos com Celso Furtado o cenário da colônia portuguesa durante os primeiros duzentos anos. Sem encontrarem ouro e prata como os espanhóis na meseta mexicana e na região andina, os portugueses desenvolveram a atividade da monocultura da cana-de-açúcar em larga escala. Além dessa atividade econômica, outras duas foram centrais nos dois primeiros séculos: a venda de seres humanos capturados no Brasil - povos originários - e a criação de gado, tanto para movimentar moendas e cargas quanto para subsistência.

No século seguinte, o XVIII, se desenvolve a atividade de mineração e ela tem características bem distintas em relação às outras. Na produção de açúcar era necessário muito recurso financeiro porque a produção era em larga escala, então havia pouca migração de europeus pra cá. Na mineração, sem a necessidade de altos investimentos, ocorreu uma grande migração de europeus pra cá, principalmente de portugueses.

"Com efeito, tudo indica que a população colonial de origem europeia decuplicou no correr do século da mineração. Cabe admitir, demais, que o financiamento dessa transferência de população em boa medida foi feito pelos próprios imigrantes, os quais eram pessoas de pequenas posses que liquidavam seus bens, na ilusão de alcançar rapidamente uma fortuna no novo eldorado." (p. 78)

A nota 69 dá conta dos números da população no Brasil em 1600 (100 mil), em 1700 (300 mil) e em 1800 (3,25 milhões). Nos primeiros dois séculos, 1/3 era de europeus. Furtado estima que cerca de 300 mil a meio milhão de europeus (maioria portugueses) migraram pra cá no século da mineração. 

Furtado explica que na mineração eram maiores as chances de colonos brancos sem grandes propriedades obterem êxito e se darem bem. Inclusive escravos conseguiam comprar sua liberdade quando trabalhavam na lavra para um senhor de escravos.

"Ao estagnar-se a economia açucareira, as possibilidades de um homem livre para elevar-se socialmente se reduziram ainda mais. Em consequência, começou a avolumar-se uma subclasse de homens livres sem possibilidade de ascensão social, a qual em certas épocas chegou a constituir um problema. Na economia mineira, as possibilidades que tinha um homem livre com iniciativa eram muito maiores." (p. 79)

COMENTÁRIO MEU: alguns "empreendedores" se deram bem e viraram proprietários e comerciantes (tipo Paulo Honório, do romance São Bernardo, de G. Ramos), as maiorias não. Esses homens livres e sem posses seriam os futuros jagunços e capitães do mato, seriam agregados das casas-grandes, seriam os macunaímas nos séculos seguintes... Seriam brancos pobres tipo Cândido Neves, do conto machadiano "Pai contra Mãe". 

Características da economia mineira: "A combinação desses dois fatores - incerteza e correspondente mobilidade da empresa, alta lucratividade e correspondente especialização - marcam a organização de toda a economia mineira." (p. 79)

Furtado fecha o capítulo destacando que a economia mineira deu grande contribuição para aquele período integrando as diversas regiões e atividades econômicas de criação de gado, de mulas e burros para transporte e de subsistência.

"A economia mineira abriu um novo ciclo de desenvolvimento para todas elas. Por um lado, elevou substancialmente a rentabilidade da atividade pecuária, induzindo a uma utilização mais ampla das terras e do rebanho. Por outro, fez interdependentes as diferentes regiões, especializadas umas na criação, outras na engorda e distribuição e outras constituindo os principais mercados consumidores. É um equívoco supor que foi a criação que uniu essas regiões. Quem as uniu foi a procura de gado que se irradiava do centro dinâmico constituído pela economia mineira." (p. 81)

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Comentário final

Repito comigo mesmo ao final de cada capítulo: como fica fácil compreender o Brasil do bolsonarismo ao estudar nossa história e nossas origens...

A base da dominação aqui é a violência e a ignorância crassa do povo...

Alguém acha que os dominadores vão aceitar mudanças sem violência pra tomar o poder deles? Eu não acredito nisso!

Somos nós o povão ou eles... não existe a menor chance de conciliação...

William


Leiam aqui os comentários do próximo capítulo.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


Diário e reflexões (23/06/22)


Refeição Cultural

Osasco, 23 de junho de 2022.


Opinião

OS POLÍTICOS TÊM O DOM DE AFASTAR AS PESSOAS DA POLÍTICA

A cada dia que passa, mais me convenço que os políticos têm o dom de fazer com que as pessoas comuns - que não são militantes políticas e ou que não são politizadas - tenham aversão à política. Isso não seria grave se a consequência do afastamento das pessoas "comuns" da política não desse espaço para o crescimento das forças "políticas" de direita, extrema-direita e extremistas, que atacam a política para dominarem a política. O afastamento da política por parte da classe trabalhadora faz com que os capitalistas nadem de braçada no mar de alienação política do povo.

A cena pública desses dias na qual Eduardo Suplicy (vereador pelo PT em São Paulo) cobra de Aloizio Mercadante (presidente da Fundação Perseu Abramo) respeito a ele e ao que ele significa para o Partido dos Trabalhadores ao se sentir preterido e excluído de fóruns de debate relativos à construção das diretrizes do programa de governo da pré-candidatura de Lula e Alckmin à presidência da república é um exemplo claro do que estou afirmando sobre os políticos afastarem as pessoas da política.

A cena na qual Suplicy interrompe o discurso de Mercadante para questionar por que ele não foi convidado para participar do fórum, por que sua proposta de Renda Básica da Cidadania não havia sido considerada, mesmo ele mandando por e-mail e sendo uma liderança histórica do partido e defensor da proposta há décadas, demonstra como funcionam as coisas nas políticas partidárias, sindicais, estudantis e de qualquer movimento com militância orgânica, ou seja, demonstra como funciona a política.

Uma coisa é eu entender o que aconteceu ali, outra coisa são milhares de pessoas de fora da política entenderem por que aquela cena triste e constrangedora aconteceu... O que vou dizer pra minha esposa e filho e conhecidos do cotidiano a respeito daquela cena? Por que fizeram aquilo com o Suplicy, me perguntam? Na hora, minha esposa foi se lembrando de tudo que o movimento sindical fez comigo nos últimos anos de relação... Por que foi que meu sindicato me excluiu das discussões sobre as eleições de Cassi e Previ em dezembro passado? Por que foi que fizeram isso e aquilo comigo... Mesmo não sendo da política, minha esposa disse que fizeram o mesmo com o Suplicy e ficou com muita raiva do PT e das lideranças que fazem isso com outras lideranças do partido... e ainda disse que para piorar a situação o Suplicy tem mais de 80 anos de vida e uma vida inteira de militância ao partido.

Pois é... é foda! A gente que viveu décadas dentro da política sabe muito bem como as coisas funcionam... tendências e correntes políticas dentro dos partidos e sindicatos etc. Sabe como a política do momento é diferente da política de outras épocas pois tudo muda.

Enfim, compreendo por que aconteceu aquela cena triste entre Suplicy e Mercadante. Compreender a história não é concordar com ela, como nos ensina Eric Hobsbawm no clássico "Era dos extremos". Compreendo por que Suplicy foi até lá no meio daquela reunião e cobrou um pouco mais de consideração. Imagino por que os dirigentes daquele fórum não incluíram o Suplicy e sua proposta. Acho que poderia ser diferente, mas eu não apito nada. Mal consigo explicar para os comuns ao meu redor por que as coisas são sempre assim no movimento político.

Pra finalizar essa reflexão, outro caso que afasta as pessoas da política é o caso de Manuela D'Ávila, grande liderança do Partido Comunista do Brasil. Pelo que pude entender ao ouvir comentaristas políticos, Manuela não será candidata porque a esquerda no Rio Grande do Sul mais uma vez se dividiu em diversas frentes para concorrer às eleições, seriam ao menos 4 candidaturas do mesmo campo, do campo progressista e de esquerda ou centro-esquerda. Difícil, viu! Difícil!

Minha esposa me disse que se lembrou das eleições da Cassi em 2018, quando a esquerda se dividiu toda em 3 chapas e permitiu que a chapa apoiada pelo patrão e pelos gestores do banco vencesse a eleição...

Se a gente olhar pra trás na história, a gente começa a se lembrar que parece que a esquerda não tem jeito...

Mas como somos humanos e são os humanos que constroem a história e a sua história, sempre há tempo de mudar e avançar na luta em defesa de um mundo melhor e mais justo para o povo e a classe trabalhadora e para o próprio planeta Terra, que caminha rapidamente para o fim das diversas formas de vida sob a hegemonia do modo capitalista de coabitarmos o mundo que existe.

William Mendes

Fui diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região por 4 mandatos (2002-2014), fui diretor da Contraf-CUT por 3 mandatos (2006-2015) e fui diretor de saúde da Cassi (2014-2018).


quarta-feira, 22 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XII)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

XII. Contração econômica e expansão territorial

Com a leitura desse capítulo, termina a segunda parte do livro de Celso Furtado. 

A 1ª parte apresentou os fundamentos econômicos da ocupação territorial da colônia portuguesa. Não encontrando ouro e metais preciosos de cara, como ocorreu na porção espanhola das Américas, os portugueses tiveram que optar pela monocultura da cana-de-açúcar por aqui. Tudo deu certo enquanto o monopólio dessa commodity não sofreu a concorrência do açúcar antilhano, que se desenvolveu após a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro (meados do século XVII).

Na 2ª parte, Furtado nos apresenta as bases da economia escravista de agricultura tropical monocultora de exportação de açúcar e de subsistência baseada na criação de gado. Vimos a expansão para o interior do continente. Os paulistas de São Vicente se estabeleceram como caçadores e vendedores de seres humanos: os povos indígenas brasileiros. Depois da escravidão dos povos originários foi que os portugueses vieram com escala industrial de comércio de seres humanos sequestrados no continente africano e vendidos como escravos aqui nas Américas.

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VENDA DE GENTE - A caça e venda de homens, mulheres e crianças sempre foi uma atividade econômica por parte dos povos brancos invasores do Norte, os europeus. A exploração dos outros povos do mundo sempre foi uma característica dos europeus. Isso não mudou até hoje, é minha opinião após 53 anos de vida e estudo da vida e do viver.

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Nesse capítulo XII aparece também a importância dos jesuítas, que ao longo de suas relações com os indígenas alternaram um papel de proteção deles contra a caça e violência e manipulação ideológica cooptando os indígenas para servirem de forma pacífica aos invasores a troco de quase nada. Vejam abaixo um exemplo do uso da mão de obra indígena na região amazônica do Maranhão: 

"Coube aos jesuítas encontrar a solução adequada para esse problema. Conservando os índios em suas próprias estruturas comunitárias, tratavam eles de conseguir a cooperação voluntária dos mesmos. Dado o reduzido valor dos objetos que recebiam os índios, tornava-se rentável organizar a exploração florestal em forma extensiva, ligando pequenas comunidades disseminadas na imensa zona." (p. 69)

Por fim, a decadência da economia açucareira também contribuiu para a ocupação e expansão na região sul do Brasil.

"A penetração dos portugueses em pleno estuário do Prata, onde em 1680 fundaram a Colônia do Sacramento, constitui assim outro episódio da expansão territorial do Brasil ligada às vicissitudes da etapa de decadência da economia açucareira." (p. 70)

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COMENTÁRIO

É isso. Mais um capítulo de nossa história econômica de invasão e exploração monocultora baseada em destruir e matar tudo que havia nesta terra chamada pelos invasores de "Brasil" em benefício dos exploradores brancos vendedores de gente há séculos. 

Não mudou nada ainda hoje... mas os povos explorados seguem na luta, a história não acabou.

William

Leia aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


terça-feira, 21 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (XI)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

XI. Formação do complexo econômico nordestino

Nesse capítulo, Furtado explica as origens dos fundamentos econômicos na região nordestina. Entre o final do século XVII, todo o século XVIII e começo do XIX houve uma decadência paulatina da economia baseada na produção da cana-de-açúcar e o que manteve a economia da região foi a expansão da atividade de criação de gado, que acabou virando atividade de subsistência.

"Tudo indica que no longo período, que se estende do último quartel do século XVII aos começos do século XIX, a economia nordestina sofreu um lento processo de atrofiamento, no sentido de que a renda real per capita de sua população declinou secularmente." (p. 65)

Ou seja, por um século e meio a atividade açucareira perdeu produtividade por causa da concorrência com o açúcar antilhano e pela redução dos preços no mercado consumidor externo. Também houve consequências por causa do aumento do preço dos escravos e pela concorrência de mão de obra escrava para a atividade de mineração.

"No Nordeste brasileiro, como as condições de alimentação eram melhores na economia de mais baixa produtividade, isto é, na região pecuária, as etapas de prolongada depressão em que se intensificava a migração do litoral para o interior teriam de caracterizar-se por uma intensificação no crescimento demográfico. Explica-se assim que a população do Nordeste haja continuado a crescer - e possivelmente haja intensificado o seu crescimento - em todo o século e meio de estagnação da produção açucareira a que fizemos referência." (p. 66)

Enquanto a redução do preço do açúcar fez a população excedente das Antilhas migrar para os Estados Unidos, os brancos europeus, no Nordeste brasileiro houve a expansão da atividade criatória que manteve a população indo para o interior do continente e se mantendo com crescimento vegetativo porque a produção de carne também foi de alimentação, além de comércio de couro e gado de tiro.

Os materiais de couro substituíram quase tudo que era manufaturado e importado da metrópole. 

Fecho o capítulo dessa série de minha estanteflix com mais uma citação: "Dessa forma, de sistema econômico de alta produtividade a meados do século XVII, o Nordeste se foi transformando progressivamente numa economia em que grande parte da população produzia apenas o necessário para subsistir." (p. 66)

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COMENTÁRIO FINAL

Estou sem pique algum para fazer algum comentário irônico explicando o Brasil de hoje através do estudo de nossas origens econômicas.

Nesta semana que mal começou já tivemos uma "juíza" negando o pedido de aborto para uma vítima de estupro de onze anos de idade; notícias na imprensa dizem que ela deixou o caso (após a repercussão)... porque foi promovida. 

O vereador Renato Freitas*, uma liderança do movimento negro de Curitiba, foi cassado por puro racismo (caçado!) em uma casa legislativa (de brancos) na qual o histórico demonstra que foram mantidos no poder até hoje todo tipo de corrupto que por lá passou. 

O clã de milicianos no poder já fez das suas nesta semana como o "presidente" dizer que Jesus Cristo só não tinha uma pistola porque não havia pistola na época... os corruptos do Congresso seguem torrando o "orçamento secreto" para se reelegerem e enriquecerem, são bilhões bilhões bilhões no segredo para eles...

O gabinete do ódio de milhões e milhões de dinheiros financiando fake news e manipulando os mortais dessa terra miserável e a mídia parcial dos bilionários brasileiros (PIG - Partido da Imprensa Golpista, liderados pela Globo) estão ganhando adeptos do ódio ao Lula e a nós da esquerda. Um familiar muito querido, em questão de semanas, passou de crítico de Bolsonaro a retransmissor de páginas do "fechado com Bolsonaro" o dia inteiro... difícil, viu!

Sem comentários... se eu tivesse que fazer um único pedido a um gênio da garrafa, um pedido, pediria uma revolução popular que "justiçasse" toda essa gente da casa-grande que desgraça esse país diariamente há séculos, só os donos da casa-grande, os grandões. Os agregados iam ter que cair na real e teriam que voltar pro lugar deles entre o povão.

William

Leia aqui os comentários do capítulo seguinte.


*Post Scriptum (10/10/22): pelo menos uma boa notícia: o cidadão e liderança do movimento negro Renato Freitas (PT) teve seu mandato de vereador restituído por decisão do STF. Além disso, foi candidato a deputado estadual e foi eleito com boa votação (58 mil votos). Que boa notícia. A luta continua!

Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


segunda-feira, 20 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (X)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

X. Projeção da economia açucareira: a pecuária

Nesse capítulo, Furtado nos apresenta como num roteiro de filme os acontecimentos que fazem com que tenhamos uma compreensão melhor da história, tanto do Brasil quanto de outros países das Américas.

A economia açucareira é um mercado de dimensões grandes. Os produtores não desviam o foco de seus fatores de produção pra nada. Quem planta cana ocupa toda a terra pra isso. Nasce, então, oportunidades para outros mercados.

"A própria produção de alimentos para os escravos, nas terras do engenho, tornava-se antieconômica nessas épocas. A extrema especialização da economia açucareira constitui, na verdade, uma contraprova de sua rentabilidade." (p. 57)

Furtado compara o desenvolvimento de São Vicente (SP) com a Nova Inglaterra (EUA), considerando a paulista como uma colônia de povoamento, já que não deu certo a cana-de-açúcar.

Assim como os colonos do norte (EUA) foram se desenvolvendo com atividades de subsistência como a pesca e o comércio de alimentos e madeira para a região das Antilhas (de produção monocultora de açúcar), São Vicente passou a se virar em outras atividades: caça e venda de indígenas como escravos para exportação.

Os colonos paulistas adentraram o continente pra caçar humanos e escravizá-los... seriam os "adoráveis" bandeirantes que a burguesia paulista enaltece até hoje...

Regiões como São Vicente passaram a viver de comércio de escravos, madeira e animais de tiro para os engenhos e carne como alimento. Animais de tiro passaram a ser necessários para adentrar o continente devastando as florestas também.

A separação das atividades econômicas - açucareira e de criação de gados - fez com que surgissem novas ocupações ao Sul e para dentro do continente. Tenhamos claro que essa nova atividade - criação de gado - foi um reflexo da atividade econômica principal na colônia: a açucareira.

O capítulo termina já dando um panorama da virada do século XVII para o XVIII em relação às atividades econômicas na colônia portuguesa. A atividade criatória de gado é de baixa produtividade à medida que o gado vai se afastando dos litorais. O gado do Sul terá importância para a atividade de mineração na região Sudeste.

Um resumo sobre a atividade pecuária pra fechar o capítulo: "Observada a economia criatória em conjunto, sua principal atividade deveria ser aquela ligada à própria subsistência de sua população. Para compreender este fato, é necessário ter em conta que a criação de gado também era em grande medida uma atividade de subsistência, sendo fonte quase única de alimentos, e de uma matéria-prima (o couro) que se utilizava praticamente para tudo. Essa importância relativa do setor de subsistência na pecuária será um fator fundamental das transformações estruturais por que passará a economia nordestina em sua longa etapa de decadência." (p. 62)

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COMENTÁRIO FINAL

Celso Furtado nos apresenta esse livro em meados do século passado como um "esboço do processo histórico de formação da economia brasileira". 

Cara, como esse esboço é esclarecedor de nossa realidade em 2022 no século XXI! Ao olharmos ao nosso redor e vermos os atores que lideram a destruição de nosso mundo, nosso país, nossas vidas, os caras do agro "pop" e da casa-grande, fica claro como a água os interesses que sempre prevaleceram na ocupação do território brasileiro. 

Esses coronéis seculares precisam ser derrotados por nós, o povo brasileiro vítima deles. Até o povo colombiano tomou a decisão de dizer um basta a esses colonizadores (eleição de Petro e Francia à presidência neste fim de semana)... e nós, será que faremos o mesmo em outubro elegendo Lula?

William

Leia aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


domingo, 19 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (IX)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

IX. Fluxo de renda e crescimento

Li duas vezes esse capítulo. Furtado nos dá uma aula de fundamentos econômicos: fatores de produção. Me lembrei dos meus tempos de estudos de economia.

A linguagem econômica usada por Furtado chega a nos incomodar ao falar dos "empresários" e seus escravos como "fatores de produção", mas a realidade é assim: materialismo histórico.

- "O empresário açucareiro teve, no Brasil, desde o começo, que operar em escala relativamente grande." (p. 51)

- "Uma vez instalada a indústria, seu processo de expansão seguiu sempre as mesmas linhas: gastos monetários na importação de equipamentos, de alguns materiais de construção e de mão-de-obra escrava." (p. 51)

FLUXO DE RENDA MONETÁRIA

"Numa economia industrial a inversão faz crescer diretamente a renda da coletividade em quantidade idêntica a ela mesma. Isto porque a inversão se transforma automaticamente em pagamento a fatores de produção. Assim, a inversão em uma construção está basicamente constituída pelo pagamento do material nela utilizado e da força de trabalho absorvido. A compra do material de construção, por seu lado, não é outra coisa senão a remuneração da mão-de-obra e do capital utilizados em sua fabricação e transporte. Estes pagamentos a fatores, que são uma criação de renda monetária ou de poder de compra, somados, reconstituem o valor inicial da inversão." (p. 52)

COMENTO: durante os governos do PT no Brasil isso foi o que ocorreu em grande medida e por isso o Brasil teve consumo interno e a economia se manteve ativa e gerando fluxo de renda interna mesmo após a crise do subprime a partir de 2008.

ECONOMIA EXPORTADORA ESCRAVISTA NÃO GERA FLUXO DE RENDA MONETÁRIA COMO NAS ECONOMIAS COM MÃO DE OBRA REMUNERADA

"A inversão feita numa economia exportadora-escravista é fenômeno inteiramente diverso. Parte dela transforma-se em pagamentos feitos no exterior: é a importação de mão-de-obra, de equipamentos e materiais de construção; a parte maior, sem embargo, tem como origem a utilização mesma da força de trabalho escravo. Ora, a diferença entre o custo de reposição e de manutenção dessa mão-de-obra, e o valor do produto do trabalho da mesma, era lucro para o empresário. Sendo assim, a nova inversão fazia crescer a renda real apenas no montante correspondente à criação de lucro para o empresário. Esse incremento da renda não tinha, entretanto, expressão monetária, pois não era objeto de nenhum pagamento." (idem)

Furtado explica em seguida que a mão de obra escrava era semelhante às instalações de uma fábrica: custo fixo. Mas os escravos traziam uma vantagem: realizavam todas as demais tarefas do dia a dia, em todas as áreas.

"Tais tarefas vinham a ser obras de construção, abertura de novas terras, melhoramentos locais etc. Estas inversões aumentavam o ativo do empresário, mas não criavam um fluxo de renda monetária, como no anterior." (p. 53)

Furtado segue com explicações técnicas ao longo do capítulo. Um resumo bem fuleiro de minha parte seria dizer que o lucro do escravocrata seria a diferença entre as exportações de açúcar e as importações dos fatores de produção. Era um lucro e um acúmulo de capital fenomenal, acreditem.

Mesmo quando o mercado consumidor de açúcar tinha quedas como no caso da concorrência com o açúcar antilhano os caras continuavam se dando bem, porque seus escravos trabalhavam na manutenção da vida nos latifúndios e casas-grandes.

Furtado explica que esse sistema colonial de produção de açúcar não se compara com os sistemas feudais, é o contrário. No feudalismo a produção é pra dentro e na monocultura de exportação é pra fora.

O sistema se manteve ao longo de séculos, com altos e baixos. Fecho com mais um resumo do modelo:

"Se ocorria uma redução ao ritmo da atividade produtiva para exportação, reduziam-se os lucros do empresário, mas ao mesmo tempo se criava uma capacidade excedente de trabalho, a qual podia ser utilizada na expansão da capacidade produtiva. Se não havia interesse em expandir essa capacidade produtiva, o potencial disponível de inversão podia ser canalizado para obras de construção ligadas ao bem-estar da classe proprietária ou outras de caráter não-reprodutivo." (p. 55)

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COMENTÁRIO FINAL

O golpe de 2016, "com o Supremo com tudo", teve o objetivo de devolver o Brasil a esse período descrito por Celso Furtado, os séculos em que éramos colônia de monoculturas de exportação em benefício de alguns filhos da puta proprietários de tudo.

Os latifúndios de antes são o agro "pop" de hoje (gente de "bens", tudo bolsonarista). Uma diferença é o fator de produção "mão de obra", porque a tecnologia permitiu que tudo seja feito de forma mecânica. Não à toa, os desgraçados das casas-grandes, a elite do atraso, pouco se importa com mais de 100.000.000 de pessoas passando fome. É gente descartável na atualidade tecnológica.

Sem mudar essa realidade brasileira, seremos os eternos miseráveis descritos por Victor Hugo lá no século XIX, miseráveis famintos em meio a uma burguesia que desfila e flana pelas ruas com suas modas e chiliques grã-finos.

William

Post Scriptum - Enquanto escrevia essa postagem, desci na portaria do prédio para receber uma entrega a domicílio e o trabalhador - um motoboy conhecido - me contou que foi assaltado ontem por uns miseráveis de moto. Roubaram dele até o dinheiro do aluguel que iria pagar amanhã... fiquei arrasado com a história do rapaz. Se não mudarmos essa realidade que os capitalistas nos colocaram após o golpe, Lava Jato e Bolsonaro, seremos essa terra miserável de gente miserável, uns contra os outros, enquanto a elite vive no paraíso. Que foda! 

Post Scriptum II: Deixei as citações do Furtado com o português da edição do livro: "mão-de-obra". Inventaram novas regras de Língua Portuguesa e hoje é uma confusão só com esse negócio de usar ou não usar hífen, juntar palavra ou separar etc. Eu não gosto dessas regras, acho isso um saco, mas... quando tenho paciência, pesquiso, quando não tenho, escrevo do jeito que sabia antes (ou não sabia).

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Ler aqui os comentários do capítulo seguinte.


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.


quinta-feira, 16 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (VIII)

Segunda parte

Economia escravista de agricultura tropical (séculos XVI e XVII)

VIII. Capitalização e nível de renda na colônia açucareira

A leitura desse primeiro capítulo da segunda parte do livro de Celso Furtado é chocante! A gente olha ao nosso redor e vê a colonização em andamento exatamente como no século XVI, que foda isso! Nos falta até o ar...

"O fato de que desde o começo da colonização algumas comunidades se hajam especializado na captura de escravos indígenas põe em evidência a importância da mão-de-obra nativa na etapa inicial de instalação da colônia" (p. 46)

Furtado nos explica que a 1ª atividade econômica na colônia Brasil por parte dos brancos europeus não proprietários de terra, de engenhos, era capturar e vender os povos originários da terra:

1ª atividade econômica do povão = capturar indígenas

1ª commodity do Brasil = mão de obra escrava indígena (e açúcar)

A produção de açúcar era a base de tudo por aqui durante os primeiros 100 anos de exploração de nossa terra e nossa gente. Os engenhos eram a base e onde a cana-de-açúcar não deu certo, as vilas viviam de vender escravos, gado e ferramentas.

Furtado nos explica que quando começaram os tráficos de humanos capturados no continente africano, a atividade econômica com a "mercadoria" escravos já estava consolidada por aqui. Era uma questão de escala.

Rentabilidade de 90% - concentração de renda é outra característica econômica do 1º século por aqui, é a capitalização absurda dos brancos proprietários que chamaríamos hoje de latifundiários e coronéis, os caras do agro "pop"... porra, que absurdo! 

ESCRAVIDÃO DO POVO E SUPER ACUMULAÇÃO DE UNS POUCOS FILHOS DA PUTA

São nossos vícios de origem que perduram até hoje sob comando dos bolsonaristas, essa gente perversa e psicopata que temos que derrotar em outubro e no dia a dia. Temos que mandar essa gente desgraçada e má pros limites de suas casas pra podermos construir um país e nele viver em paz nos ambientes públicos e sociais.

As pesquisas indicam desde o início do bolsonarismo que essa gente é 1/3 do país, mas nós somos os outros 2/3 do país... temos que ter unidade contra essa gente vil e bárbara!

William


Bibliografia:

FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. Grandes nomes do pensamento brasileiro. 27ª ed. - São Paulo. Companhia Editora Nacional: Publifolha, 2000.

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quarta-feira, 15 de junho de 2022

Educação e cultura mudam as pessoas e o mundo


Refeição Cultural

Osasco, 15 de junho de 2022. Quarta-feira.


EDUCAÇÃO E CULTURA MUDAM AS PESSOAS; CRIAM OPORTUNIDADES, CIÊNCIAS E TECNOLOGIA; AS PESSOAS MUDAM O MUNDO

Tenho me colocado a pensar formas de lidar com a realidade material duríssima em que nos encontramos neste momento da história brasileira e mundial. A humanidade está vivendo uma mudança de era e não estamos sabendo como lidar com isso.

- Um golpe de Estado em 2016 nos colocou num dos piores momentos da história do povo brasileiro e da classe trabalhadora nesta ainda colônia de exploração imperialista (o Brasil). 

- O capitalismo segue como sistema hegemônico no mundo e a destruição do planeta vai inviabilizar a vida humana em breve. É preciso pensar outras formas de organização social, formas nas quais as sociedades humanas interajam melhor com os biomas e com as diversas formas de vida na Terra. Os recursos da natureza não são inesgotáveis. Já sabemos disso há muito tempo, mas o pensar de um capitalista não liga pra isso. Um capitalista pensa nele, na vida momentânea dele e foda-se o mundo e os outros.

- A tecnologia da informação (e da desinformação) está aí para ficar, ela não vai voltar atrás nem desaparecer e temos que desenvolver maneiras de lidar com ela e salvar a humanidade da manipulação imbecilizante que pode inviabilizar a inteligência do animal humano. Tenho lido diversas manifestações de intelectuais que expressam preocupação com o emburrecimento humano dos tempos atuais.

CIÊNCIA E TECNOLOGIA SÃO COISAS DE SERES HUMANOS E NÃO DO "CAPITALISMO"

A tecnologia não é coisa do "capitalismo" ou outro "ismo" qualquer (essa merda chamada capitalismo existe há alguns séculos e os humanos existem há muito mais tempo). A tecnologia é fruto da inteligência humana, é o ser humano ao longo de sua história que cria tecnologia para melhorar suas condições de existência e para seu bel-prazer. Com conhecimento e tecnologia (cultura) podemos destruir a vida e o planeta e ou podemos salvar a vida e o planeta e enterrar para sempre o capitalismo e outras formas negativas de organizar sociedades humanas.

E aí, o que fazer? Ter atitude é uma das respostas básicas para um ser humano alfabetizado, politizado e que tem acesso às diversas formas de cultura que nossa espécie produz. Ter atitude e fazer de suas ideias a prática de sua vida - a prática como critério da verdade - foi um dos ensinamentos mais modificadores que aprendi no movimento sindical brasileiro.

O que eu e você podemos fazer para contribuir nessa guerra permanente entre os poucos homens do Capital (os donos do poder) versus o restante da humanidade explorada e desconsiderada por essa pequena parcela de animais humanos que inviabilizam a vida na Terra? Estudar, produzir conhecimento e compartilhar o saber o tempo todo e de todas as formas possíveis. Faço isso através de meus blogs há 15 anos, são milhares de postagens partilhando conhecimento.

EDUCAÇÃO E CONHECIMENTO (CULTURA) - Acredito que a educação e o conhecimento podem mudar as pessoas e elas podem mudar o mundo através da cultura. Grandes revolucionários de nossa história acreditaram na educação e no conhecimento como ferramentas de transformação social, transformação dos seres humanos. Posso citar o nosso brasileiro Paulo Freire e o nosso comandante Ernesto "Che" Guevara como exemplos de pessoas que apostaram na educação como ferramenta de mudança social.

OS ALGORITMOS NÃO PODEM TUDO - O que fazer para enfrentar os algoritmos das redes sociais dessas big techs que nos têm como commodities para ganharem bilhões de dinheiros com nossos dados e para nos manipularem e engajarem em favor das mentiras, do ódio, do medo e dos temas negativos e de extrema-direita que engajam mais que os temas de amor, educação e cultura? Pensar formas de lidar com isso, através de redes de engajamento também. Você pode escolher as páginas e fontes que quer visitar em seu tempo livre! Escolha!

Eu tenho perfis em redes sociais e tenho páginas (blogs) na rede mundial, a internet. Eu não escrevo mentiras, é meu pacto com vocês, e compartilho opiniões e conhecimentos que adquiro estudando. Qualquer pessoa no planeta pode acessar minhas páginas e ler o que compartilho e qualquer contato na rede social idem. Os algoritmos não vão direcionar ninguém para meus textos porque eles não têm aquilo que engaja mais - ódio, mentiras etc.

Enfim, a realidade material está aí (materialismo histórico), e não vamos desaparecer com a tecnologia inventada por nós mesmos. Você que por algum motivo lê o que compartilho, pode visitar diariamente os temas de cultura e educação que produzo. Não espere que os algoritmos do Facebook ou do Twitter ou do YouTube ou do Google sugiram pra você que leia o que escrevo... isso não vai acontecer.

Estou vivo, sou um homem politizado, defendo as visões de mundo da esquerda e todo dia busco conhecimentos novos em todas as áreas do saber. Neste momento, penso que essa é uma forma de contribuir para a sociedade humana, compartilhar conhecimento do campo humanista, progressista e de esquerda.

William


terça-feira, 14 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (VII)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

VII. Encerramento da etapa colonial

Furtado termina a primeira parte do livro, que explicou os fundamentos da ocupação do território brasileiro pelos portugueses, demonstrando o quanto é antiga a vira-latice de nossas elites em relação a algum dos imperialismos dos últimos séculos.

Não é difícil entender o animal humano que ocupa a presidência do país neste momento ir lamber as botas sujas de sangue do mandatário dos Estados Unidos dias atrás ao lermos sobre a história do Brasil.

Resumindo a etapa final da colônia portuguesa, que passaria a abrigar a corte portuguesa e depois seria o Brasil independente de Portugal (e dependente da Inglaterra), temos o seguinte cenário:

Portugal consegue sair do jugo dos espanhóis (1640), mas não pode ficar sem escolher alguma potência para ser um mero vassalo. A potência escolhida para se submeter é a Inglaterra. Por uns dois séculos os ingleses farão com que Portugal e a colônia brasileira sejam um entreposto comercial deles. 

Ouro de tolo - Depois do monopólio do açúcar perder força por causa da concorrência do açúcar das Antilhas, vem a etapa da extração de ouro no Brasil. Os benefícios do ouro ficaram todos com a Inglaterra. Portugal viveu com o ouro o que a Espanha havia vivido no século anterior. Não desenvolveu nada economicamente relevante enquanto teve ouro disponível para repassar tudo aos ingleses.

Mesmo após a independência, quando muda o ciclo do ouro para o do café, o Brasil seguirá muito tempo sendo vassalo de alguma potência... 

Em 2022, o Brasil se veria vassalo de uma potência de novo e o seu "presidente" (biologicamente temos que reconhecer que ele é um ser humano...) beijando os pés de uma velha raposa lá no império do Norte pedindo ajuda para continuar no poder na colônia em benefício deles, dos de fala inglesa...

Nada de novo no front... o garimpo ilegal na Amazônia segue destruindo tudo nas terras brasileiras em benefício de uns poucos canalhas... uma serra inteira vai ser cavocada e desfeita em Belo Horizonte em benefício de mais algum filho da puta... e assim seguimos no século XXI

William

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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (VI)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

VI. Consequências da penetração do açúcar nas Antilhas

É interessante como este capítulo parece um filme dirigido por Celso Furtado. Ele vai descrevendo os acontecimentos e os leitores vão vendo causas e consequências das coisas relativas ao Brasil, às Antilhas e aos Estados Unidos. Lógico, estamos vendo as disputas entre os colonizadores europeus - Portugal, Espanha, Países Baixos (depois Holanda), Inglaterra e França.

Em resumo, o filme é assim: os portugueses conseguem expulsar os holandeses das terras do Nordeste da colônia portuguesa (meados do século XVII). Os holandeses fazem acordos com colonos franceses e ingleses das Antilhas para começar lá uma produção de cana-de-açúcar. As ilhas eram colônias de povoamento de brancos europeus, mas a monocultura de açúcar precisa de escala e muita mão de obra, problema solucionado com os escravos africanos. Consequências: bau-bau colônia de povoamento de brancos... a produção de açúcar dá certo nas Antilhas. Colonos brancos vão rareando e a população de origem africana vai aumentando exponencialmente.

As colônias de povoamento dos ingleses e franceses nas terras setentrionais - Nordeste dos Estados Unidos e Canadá - não tinham produção comercial de larga escala, era outra lógica, produção mais familiar. Com a cana-de-açúcar antilhana, abre-se um mercado exportador de víveres e da indústria naval. A agricultura de subsistência nas Antilhas perde espaço para as terras de cana-de-açúcar. As florestas norte-americanas viram caixas para açúcar e barcos comerciais e ali nasce uma indústria naval importante. A cana-de-açúcar antilhana dá lugar também à produção de bebidas alcoólicas e à concorrência com as bebidas das metrópoles e daí vem o contrabando... etc.

É um resumão. As populações das Antilhas e do Nordeste dos EUA e Canadá foram definidas de acordo com o tipo de desenvolvimento que foi nascendo ali. Estamos falando da 2ª metade do século XVII para a 1ª metade do século XVIII. Nos grandes latifúndios de cana-de-açúcar, mão de obra escrava africana; nas propriedades pequenas nas colônias de ingleses e franceses (EUA e Canadá) contratos de mão de obra de servidão temporária de brancos europeus. Os interesses dos colonos nos Estados Unidos foram ficando cada dia mais conflitantes com os interesses da metrópole... etc.

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COMENTÁRIO

É isso! Quando eu vejo esse Brasilzão bolsonarista dos desgraçados do agro "pop" e de uns filhos da puta coronéis, latifundiários e canalhas de colarinho branco representantes da casa-grande... que merda! É a mesma colônia de séculos atrás, estando nós no século XXI. Aff! Temos que acabar com isso, gente! Independência popular, já! Fora com essa elite do atraso!

#ForaBolsonaro e todo o mal que ele representa para o Brasil e o povo brasileiro!

William

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A Amazônia está salva? (CartaCapital, 381, 22/02/2006)



Refeição Cultural - CartaCapital 381

A AMAZÔNIA ESTÁ SALVA?


Em fevereiro de 2006, a matéria de capa de CartaCapital nos apresentava a pergunta "A Amazônia está salva?" e ainda na capa apresentava o tema central que leríamos na revista: "Pela primeira vez na história, há consensos entre ambientalistas, seringueiros e madeireiros em torno de um novo modelo de exploração da floresta. Resta ver se o governo fará cumprir a lei inovadora".

A revista é de 22/02/06.

Terminei a leitura da revista inteira neste domingo, 12/06/22, ouvindo "Bachianas Brasileiras" de Heitor Villa-Lobos. A leitura de uma edição de CartaCapital com as notícias de fevereiro de 2006, 16 anos atrás, me fez sentir uma mescla de sentimentos bons e ruins. Bons porque o Brasil avançava em benefício do povo; ruins porque o golpe nos fez regredir ao pior tempo de nossa história.

A matéria de capa, por exemplo, nos transporta a um tempo, uma época, em que o Brasil e o povo brasileiro viviam um período de tentativas de conciliação de classes, de busca de consensos políticos, de construção de uma sociedade através do diálogo e em paz (sem guerra declarada). Tempos de governos do Partido dos Trabalhadores: na época vivíamos o primeiro governo Lula.

Durante os governos do PT, o Brasil e o povo brasileiro eram focos de curiosidade do mundo inteiro. Nosso povo era um dos povos mais felizes do mundo, mesmo tendo as cicatrizes de nosso passado de mazelas oriundas da colonização de exploração do solo e do povo por séculos. 

Avançávamos em todas as áreas sociais e nos projetávamos para sermos um dos países mais importantes do século XXI. Repito: em paz, ou seja, sem o ódio como política e sem a eliminação do "outro" como se prega no bolsonarismo oriundo da casa-grande, na "elite do atraso" como nos ensina Jessé Souza.

AMAZÔNIA HOJE - Onde estão Bruno e Dom? Neste momento em que escrevo este texto, uma segunda-feira 13/06/22, as notícias estampadas nos portais do mundo inteiro seguem cobrando informações do governo brasileiro a respeito do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, desaparecidos no Amazonas na última semana. 

Além do sumiço de Bruno e Dom, inumeráveis notícias nos envergonham na atualidade bolsonarista. Povos indígenas perseguidos, estuprados e assassinados por garimpeiros e invasores livres para barbarizarem à vontade terra e povo amazônicos. Essa é a realidade 16 anos depois da conciliação que buscaria um caminho melhor para a Amazônia e seus povos.

A questão amazônica e tudo relativo ao Brasil viraram temas de destruição, morte e miséria após o golpe de 2016, após Temer e Bolsonaro. O país virou um continente dominado pelo crime organizado e pelas milícias. Uma terra de privilégios para uns poucos abastados (o 1%) e um país de fome, de desalento e retrocessos para o conjunto da população brasileira (os 99%).

A edição traz ainda o Dr. Sócrates em artigo "Educação no esporte" cobrando exigência de conclusão do ensino fundamental para os futuros jogadores de futebol; tem uma matéria sobre o Haiti, feita por Antonio Luiz M. C. Costa, que é uma verdadeira aula de história; Delfim Neto em artigo cobrava uma 3ª via (tema antigo da elite quando se fala de liderança do PT) enquanto criticava os tucanos e aparentemente não engolia Lula já despontando nas pesquisas para as eleições daquele ano.

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Li a revista porque não sei o que fazer com dezenas e dezenas de revistas CartaCapital com tamanha quantidade de história do Brasil. Sei que devo me desfazer delas. Não conseguia ler as revistas à época porque mal dormia pelo tanto que trabalhava ininterruptamente como dirigente da classe trabalhadora. Eu era sindicalista fazia 4 anos e tudo que era relativo à história da luta de classes eu lia, estudava e repassava aos trabalhadores que representava.

Tenho muita dó de jogar tudo fora... mas sei que não tenho o que fazer com essa quantidade enorme de material de uma época de estudos e militância política.

É isso!

William


domingo, 12 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (V)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

V. As colônias de povoamento do hemisfério norte

Ao reler esse capítulo de Furtado, a gente acaba relembrando na forma de novo conhecimento informações que sabíamos lá atrás e que esquecemos no dia a dia do viver.

Após ler o capítulo, ficaram mais claros meus conceitos de colonizações diferentes nas Américas comparando as de espanhóis e portugueses com as de ingleses e franceses, principalmente. Os ibéricos vieram aqui pra explorar metais preciosos e qualquer coisa que pudesse favorecer as metrópoles e eles próprios. Lógico que em poucas palavras estou resumindo demais isso tudo, mas é mais ou menos assim.

Os ingleses e franceses enviaram populações por bem e por mal - convidando, expulsando, sequestrando, para pagar penas de crimes etc - para colonizar novas terras e para a metrópole se ver livre de grupos inteiros de pessoas indesejadas. Valeu tudo quanto é sacanagem no processo: expulsar pessoas com crenças e origens diferentes, se ver livre de gente que perdeu as terras e as ocupações para os nobres, reis e gente que roubava as terras deles etc.

Furtado nos diz que a condição dessa massa de gente que veio forçada da Europa para as ilhas do Caribe e para a América do Norte não era muito diferente da condição das pessoas sequestradas no continente africano para serem vendidas como escravos nas Américas.

Enfim, que interessante ler 3 ou 4 páginas de um livro tão fundamental como esse de Celso Furtado. Os ensinamentos nos dão melhor compreensão de nossa origem e dos motivos que levam as coisas hoje a serem como são: estou falando de materialismo histórico, percebem?

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COMENTÁRIO

Enquanto isso, milhões milhões milhões de pessoas das mais variadas idades, origens, condições pessoais e sociais estão gastando o dia inteiro - dia, tarde, noite, madrugada - em vídeos de curto tempo ou de longo tempo com "influenciadores" falando o que acham sobre tudo - de Física Quântica a futebol - ou fazendo alguma pregação de ódio ou palhaçada que dê curtidas e divirtam as pessoas ininterruptamente... e com os algoritmos das redes enviando mais e mais vídeos e as pessoas tendo mais e mais dificuldades para parar de ver e de rolar a tela para baixo...

São os "Dois minutos de ódio" do clássico 1984... (só que com a tecnologia do século XXI são as 24 horas de ódio).

Que foda lidar com tudo isso! Mas não podemos desistir dos seres humanos, não podemos... senão desistimos do próprio planeta em que vivemos...

William

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sábado, 11 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (IV)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

IV. Desarticulação do sistema

E então os holandeses, os batavos, descobriram os segredos do açúcar português-brasileiro e bau-bau monopólio... o que era doce e caro - o pozinho na mesa dos endinheirados da Europa - ficou mais barato e os portugueses perderam a exclusividade do comércio do açúcar... 

Furtado nos explica que no começo do século XVII os holandeses controlavam praticamente todo o comércio dos países europeus por mar. Distribuir açúcar sem a cooperação deles era inviável. Holandeses entraram em guerra com os espanhóis nessa época. Vale lembrar que Portugal ficou sob domínio espanhol por dezenas de anos. Os holandeses ocuparam terras no Nordeste e aprenderam toda a técnica da produção de açúcar... adeus, monopólio.

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COMENTÁRIO

Seria tão simples para o povo brasileiro entender como os desgraçados do agro "pop" estão ferrando com as nossas vidas se o povo brasileiro tivesse acesso à cultura, à educação, ao conhecimento e acesso a bons veículos de comunicação... seria...

Mas os tempos são de desinformação total, inclusive com fontes de milhões de mentiras (fake news) oriundas dos logradouros onde ficam os golpistas que representam o Brasil formalmente lá no palácio de vidros... enfim, a destruição do pouco acesso à educação formal que existia antes do golpe de 2016 é projeto de dominação do povo desta ainda colônia.

Vamos mudar isso em outubro, gente? Pelo amor dos nossos filhinhos, netos, tataranetos (e por amor-próprio também)!!!

William

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Diário e reflexões (11/06/22)


Refeição Cultural

Osasco, 11 de junho de 2022. Sábado frio.


Estava ouvindo Eddie Vedder nesta manhã de sábado. Suas músicas nos levam para a essência do que somos - um universo de possibilidades a partir das projeções de nosso cérebro humano. Músicas melodiosas, suaves acordes de guitarra que nos fazem viajar, letras com substância - amor, natureza, buscas pessoais... Voz inconfundível e potente do cantor. O mundo da cultura nos salva! Ouvi uma playlist vinculada ao filme e à história de Chris McCandless - Na natureza selvagem. Viagem, viagens...

Ao ouvir Eddie Vedder, ao me lembrar de McCandless, me lembrei de Jesse Koz e seu cãopanheiro Shurastey. Ao me lembrar deles, me lembrei do conceito humano "liberdade". E junto com a abstração "liberdade" veio o seu complemento conceitual "felicidade".  Liberdade e felicidade, duas abstrações humanas que preenchem os sonhos de parte considerável dos animais da espécie humana.

Conheci as histórias de McCandless e Jesse Koz após eles viverem suas vidas, após experimentarem o viver de forma muito mais intensa que a amplíssima maioria de nós, animais humanos engaiolados nas selvas de pedra de nossos cotidianos envenenados com as coisas coisas coisas da abstração humana "capitalismo". Dois caras que me fazem pensar muito nos significados da existência humana, da minha principalmente...

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Preciso reencontrar minhas atitudes perdidas. Tenho alguns lugares pra ir. Preciso ver algumas pessoas. Tenho coisas a desfazer. Tenho uma imensidão de coisas pra conhecer, estudar, saber. Cultura pode nos salvar. Como sei que não sei nada! Quero aprender muita coisa ainda. Estou aberto ao novo, ao mundo.

Sigo buscando, procurando...


sexta-feira, 10 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (III)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

III. Razões do monopólio

Neste curto capítulo, Furtado demonstra que os espanhóis se entupiram tanto com o ouro roubado dos povos da meseta mexicana e do altiplano andino que acabaram gerando consequências econômicas negativas para a Espanha: inflação interna, excesso de importação de quase tudo e também desestimularam as atividades produtivas (século XVI). Com isso, deixaram de aproveitar as boas condições que teriam para produzir monoculturas nas colônias espanholas e seus colonos passaram maus bocados, pois a metrópole não ajudava porra nenhuma no desenvolvimento das colônias.

Os portugueses, que tinham que descobrir alguma forma de rendimento das terras do Brasil, não encontrando metais preciosos de imediato, foram para a monocultura da cana-de-açúcar, eles tinham o conhecimento das técnicas desde o século XV.

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COMENTÁRIO

Olhando o nosso passado de invasões de bárbaros vindos do Norte (os brancos europeus eram os bárbaros invasores), e vendo o que virou o Brasil após o golpe de 2016 "com o Supremo com tudo", fica fácil entender porque o nosso país tem milhões de pessoas com fome, não tem atividade econômica que gere emprego e renda com direitos para o povo, e tem uns filhos da puta que vivem das monoculturas que devastam tudo e enchem o c... deles de dinheiro para viverem em seus palácios de cristal, alguns por aqui e outros em cidades do chamado 1º mundo. No governo central, tem um celerado que não faz absolutamente nada para apoiar o desenvolvimento dos estados e municípios e o povo está por sua conta e risco...

Será que os colonos e as senzalas vão se revoltar contra as metrópoles e as casas-grandes em outubro de 2022? O dia das eleições é o único dia que o voto da senzala vale o mesmo que o da casa-grande, mas na senzala tem muito mais gente...

Ou falando diferente:

Será que o povo vai acordar a tempo de mudar um pouco essa realidade ancestral miserável nas eleições de outubro de 2022 e eleger parlamentares de esquerda e Lula presidente?

William

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quinta-feira, 9 de junho de 2022

Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado (II)

Primeira parte

Fundamentos econômicos da ocupação territorial

II. Fatores do êxito da empresa agrícola

Neste capítulo, Furtado nos explica como se deu a questão de se fazer valer a pena manter as terras brasileiras sob o domínio português. Os espanhóis encontraram ouro logo de cara nas terras que ocuparam, cometendo o genocídio dos povos maias, astecas, incas e demais etnias das Américas e roubando o ouro e demais metais preciosos desses povos. O objetivo principal era o ouro, mas não encontrando o metal no Brasil, o que fazer para dar alguma serventia a essas terras?

Produzir açúcar. Os portugueses dominavam a técnica há décadas e com o financiamento dos holandeses foi possível dar alguma serventia ao solo continental do Brasil. Os fatores de produção incluíam a questão da mão de obra e a solução foi desenvolver em larga escala o comércio de seres humanos, outra "indústria" portuguesa. Sequestrar homens e mulheres no continente africano e vendê-los como escravos no Brasil... assim foi possível desenvolver a indústria da cana-de-açúcar e comercializar aquele pozinho branco doce e delicioso para as mesas dos nobres e abastados europeus...

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COMENTÁRIO

Que merda isso! Passados 500 anos temos no mesmo solo, o Brasil, mais de 100.000.000 (cem milhões) de pessoas passando fome e uns poucos filhos da puta com milhões de hectares de nosso solo produzindo commodities para exportação... nada de novo no front... o agro não é pop, é de uns desgraçados que há séculos odeiam o Brasil e o povo brasileiro. 

No capitalismo feijão, arroz, trigo, milho, carne animal, soja, leite e frutas não são alimentos, são mercadorias, são capital para os capitalistas. E tem um monte de gente pobre, que não é capitalista, que defende os verdadeiros capitalistas de continuarem f... com todo mundo.

William

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