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Poster do filme. Fonte: Wikipedia |
Refeição Cultural - Crash: No Limite
Direção: Paul Haggis - 2004
Com: Matt Dillon (oficial John Ryan), Sandra Bullock (Jean Cabot), Brendan Fraser (Rick Cabot), Don Cheadle (detetive Grahan Waters), Ryan Phillippe (oficial Hanson), Ludacris (Anthony), Michael Peña (Daniel Ruiz), Jennifer Esposito (Ria), Thandie Newton (Christine Thayer), Terrence Howard (Cameron Thayer) e outros.
Assisti por esses dias a um filme que entra para minha galeria de preferidos. “Crash - No Limite”. Eu o coloco na mesma prateleira de “Um Dia De Fúria” (1993), “Beleza Americana” (1999) e “Pão e Rosas” (2000).
A palavra-chave para o filme é: uma sociedade doente.
Infelizmente, retrata-se ali a cidade de Los Angeles, que por sinal é um espelho da sociedade norte-americana. Na verdade, penso que a sociedade mundial está doente, com raríssimas exceções.
Temos ali um retrato das sociedades capitalistas modernas. E que se dizem democráticas.
Cenas cotidianas
- Uma asiática que ofende a uma suposta latina em uma batida de trânsito; garota que está no carro com um negro que é policial; negro que é irmão de outro negro, ladrão de carros; ladrão que anda com outro negro que diz que tudo é preconceito contra sua raça, até o jeito de olhar da garçonete no fast food ou da branca que vem pela calçada com seu marido; casal que finge não ser preconceituoso quando vê os dois negros se aproximando; negros que, por acaso, assaltam esses brancos e levam o seu carro e atropelam um asiático...
- enquanto isso, na casa das vítimas brancas ocorre uma rusga, pois a mulher branca acha seu marido condescendente com gente como o chaveiro que trocou a fechadura de sua casa, e que ela pensa ser bandido por ter aparência de latino com tatuagens;
- em outro canto da cidade, um árabe é maltratado em uma loja de armas por seu dono branco que o ofende chamando-lhe de Bin Laden;
- enquanto isso, ainda, um casal de negros endinheirado é parado na rua por um policial branco racista que quer descontar a raiva em alguém por seu pai estar doente e então humilha o casal alisando a mulher na vistoria, observado pelo outro policial loiro - que depois troca de parceiro por se achar certinho e incorruptível...
A partir daí desenrola-se a trama toda.
Durante os 100 minutos de filme, tudo o que se vê é a explicitação da falsa democracia norte-americana, da falsa liberdade norte-americana, da falsa terra de oportunidades norte-americana, da falsa competência norte-americana, em resumo, da falsidade norte-americana.
O que temos ali é preconceito, medo, falta de liberdade, falta de ética, falta de direitos (humanos e sociais). Será que é aquilo que o mundo precisa? Aquela é a sociedade ideal na qual se inspiram os liberais? Seria aquela a tal democracia racial? Ou étnica?
Um outro mundo é possível.
E o final do filme nos mostra que não é dali que vamos tirar a referência de outra sociedade necessária ao mundo.
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Post Scriptum em 2012
O SUL É A NOVIDADE DO SÉCULO XXI
Que tal mudarmos o nosso olhar mais para baixo no Atlas Geográfico?
Ali pelo lado do México, onde a população fez grande resistência à suposta fraude eleitoral arquitetada pela elite burguesa, na eleição mais conturbada das últimas décadas, quando Obrador foi roubado, pois ganhou a eleição, mas não levou (2004).
Ou então, podemos olhar para Cuba, que resiste há décadas ao embargo imperialista norte-americano. Se, por um lado, a falta de liberdade não é ideal e falta, inclusive, o direito a mais partidos políticos; por outro lado, é o lugar do mundo onde mais se investe em educação e saúde pública para todos.
Continuando a ir para o Sul, podemos dar uma parada ali na Venezuela, onde a Revolução Bolivariana de Hugo Chávez provoca arrepios aos imperialistas.
Descemos mais até passar pela potência Brasil, que em detrimento de erros cometidos aqui e acolá, mudou a vida de quase 80 milhões de pessoas que viviam à margem da própria vida e que agora parecem querer que as mudanças continuem com o governo democrático-popular de Dilma Rousseff, que sucede ao melhor governo da história do país, sob a batuta de Lula da Silva.
Ainda podemos passar pela Bolívia, Uruguai, Chile (apesar de retroceder à direita com Piñera), Equador e Argentina.
É um filme interessante.
Quando assisti aos outros três que citei, também quedei-me pensando nesta questão da sociedade “moderna” doentia em que vivemos.
Apesar de difícil (por nadar contra a corrente) muitos querem um outro mundo. E é por isso que nós socialistas, progressistas, esquerdistas, sindicalistas, saímos todos os dias de casa a buscar.
Um outro mundo é possível.
William Mendes
(Por um mundo mais solidário, com mais oportunidades e menor acumulação por poucos)
(comentado em 2006, quando ainda não tinha o blog, e revisto em 2012)
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Post Scriptum (02/11/19)
Quinze anos se passaram desde que o filme foi lançado. Quanta coisa aconteceu de lá pra cá. Quanta coisa! Os Estados Unidos são governados pelo empresário troglodita Donald Trump. O Brasil sofreu um golpe de Estado em 2016, derrubaram a Dilma Rousseff, sem crime de responsabilidade, sequestraram o ex-presidente Lula, que se candidatou para suceder o golpista Temer em 2018, e segundo as pesquisas seria eleito em primeiro turno... inventaram uma tal Lava Jato, uma organização criminosa dentro da estrutura estatal, e até hoje Lula segue preso, mesmo após toda a operação Lava Jato e os bandidos que a comandam serem desmascarados pelo site The Intercept Brasil, provando que armaram um conluio para destruir as cadeias produtivas do Brasil, roubarem o pré-sal, destruírem os direitos do povo brasileiro e doar o patrimônio público aos gringos. Todo mundo da elite está envolvido nesse projeto de destruição do país: o golpe foi "com o Supremo, com tudo" como demonstraram as gravações vazadas dos golpistas. Que canseira de descrever isso. CRASH... é bem isso... ah, já ia me esquecendo. As milícias e máfias ascenderam ao poder e estão nas instituições estatais do Brasil. O cara que ocupa a cadeira presidencial por golpe em 2018 e fraude nas eleições é o fascista troglodita Jair Bolsonaro. Todos os seus filhos têm mandatos e a famiglia toda manda no país. Elegeram fascistas no RJ, em SP e diversos Estados brasileiros. CRASH...