sábado, 30 de novembro de 2013

Nós que aqui estamos, por vós esperamos... (Sensação...)


Capa do filme.

Sexta-feira.

Semana cansativa. 

Tristezas domésticas comuns a qualquer joão....

"Grandes personagens, pequenas histórias. Grandes histórias, pequenos personagens".

Escolhi ver esse filme novamente porque era um dos que refletia melhor o sentimento interno que me vai na mente (n'alma!). A trilha sonora inteira é qualquer coisa que aperta o peito, inunda os olhos, arrepia o corpo.

Pessoas comuns. O mundo e toda a história da sociedade humana são feitos de personagens que ficam para a história, e de personagens que levaram uma vida tão lacônica que praticamente foram poeira na existência do mundo.

No mundo temos bilhões de tias alices, de vovós cornélias, de vovós deolindas, de mamães dirces. Temos milhões de gercirs, williams... em quase todas as famílias do mundo temos do mais simplório até aqueles de natureza rude por não se sujeitarem ao status quo e às injustiças presentes. O filme aborda os joãos, os pedros, as marias, alices, cornélias, deolindas, dirces, gercirs, williams...

Mas é como diz uma citação do filme: numa guerra não se morre milhares de pessoas. Se morre uma pessoa que gostava de macarrão, que escrevia poesia, que era pai, que tinha namorada...

Certo joão que apertou milhões de parafusos de Ford T e nunca teve um. Pedros que construíram centenas de prédios e moradias e nunca tiveram uma pra suas famílias...

Fico pensando como foi que meus pais com recursos tão parcos em termos de educação formal e em relação à condição financeira, conseguiram me dar uma base ética e um caráter, bem como me guiar pelo caminho correto nos anos setenta e oitenta. Eles me levaram vivo até o fim da adolescência. Do jeito deles me fizeram ultrapassar o período mais fatal do humano em todos os tempos: a juventude.

Hoje, fico pensando tanta coisa sobre a criação de filhos, a criação dos filhos do mundo nos anos 2013... nos anos 1913... nos anos 2113...

O filme é atemporal, mesmo focando em imagens o século vinte, é atemporal por refletir a sociedade humana.

Sempre encontramos pessoas que ainda não assistiram ao filme. Assistam!

Na existência, tudo é uma espera, TUDO!

domingo, 24 de novembro de 2013

Lazy days on the weekend...



Run William, run... read...

Refeição Cultural


Fim de semana. Fim de semana sem trabalho agendado. Lazy days on the weekend... (dias de vadiagem e de não fazer nada)


Flores do Oriente, 2011 (The flowers of war)

Assisti a um filme que me deixou meio down. O filme aborda o drama de um grupo de meninas chinesas durante a invasão japonesa à cidade de Nanquim durante a segunda guerra sino-japonesa em 1937. 

Em situação de guerras é possível ver o quanto animalescos podem ser os seres humanos.

Que horror! A condição das mulheres no mundo durante toda a história da humanidade nunca foi fácil.


O tempo e o vento, leitura interrompida...

Como era previsto, estou com dificuldades nas últimas semanas de ler a epopeia de Érico Veríssimo em sete volumes. Estou no final do segundo tomo, mas já faz uns vinte dias que não consigo pegar firme na leitura.

A previsão não é boa para as próximas semanas porque terei viagens seguidas de semana inteira até o meio de dezembro. Vida dura essa de desejar ser um leitor...

Tem uma sensação do personagem Cap. Rodrigo Cambará que me fez ficar pensando sobre ela desde que a li lá no primeiro volume semanas atrás: estar vivo é bom!

Não sei por que fiquei pensando nisso. Nunca pensei dessa forma em minha existência, pois tenho uma natureza um pouco melancólica e baseada na tecla foda-se desde que era adolescente.

“Estar vivo, recobrar as forças, poder de novo montar a cavalo, andar à toa, livre, conversar com as pessoas, dedilhar a viola, cantar, jogar... e, principalmente, poder de novo ter mulher, comer e beber!” (pág. 241, Tomo I)

Interessante! O personagem me cativou naquele instante da leitura, e da minha vida. Tem que valer a pena estar vivo. Temos que buscar fazer valer a pena estar vivo...

Corridas e São Silvestre

Veja como a vida nos conduz. Tenho o desejo de percorrer bem o percurso de 15 km da corrida de São Silvestre no último dia do ano. Porém, terei muita dificuldade nisso.

Se, por um lado, tive uma semana passada perfeita pra treinamento porque corri quatro vezes, por outro, tive uma semana sem nenhuma atividade física, nenhuma!

As agendas aparecidas em meu caminho me colocam em compromissos de semanas inteiras sem possibilidades de treinamento, alimentação e descanso adequados... que merda!

Vou sair para correr um pouco neste domingo, mas ainda estou na casa dos 5 a 7 km e não terei treinamento para alcançar, sem riscos, percursos de 12 a 15 km até 31 de dezembro...


Língua inglesa: pescando na memória a língua perdida

Eu me comunicava (me virava) em inglês muito tempo atrás, quando era adolescente, porque estudei pra isso. Depois a gente acaba perdendo o jeito por não utilizar a habilidade.

Talvez eu faça uma viagem a trabalho nos próximos dias e precise desta linguagem. Estou brincando com a língua inglesa neste fim de semana, mas não é fácil recuperá-la em tão pouco tempo assim...



Bom, vamos correr... (ouvi muita música da Enya e do Vangelis neste fim de semana)


PS (às 19:43h): realizei uma corrida super gostosa e concentrada. Corri 8 km no parque com forte subida no trecho. Fiz em 52' - um trote de 6'30" o quilômetro. Tô com uma preguiça agora...


PS 2 (2h da madrugada de sexta 29): nesta quinta 28 estive em casa depois de 3 dias em Brasília. Precisava tirar o trabalho do corpo e da mente. Saí com forte sol e corri 4 km em 27'25" no bosque - sendo os últimos 500 metros em 2'50". É interessante a sensação de qualquer esforço extra... é o que dá mais tesão e alegria corporal.


PS3: (11/12/13): estive nos EUA na semana passada, entre os dias 4 e 7. Não tive dificuldade alguma com meu inglês para conversar com os americanos. Farei postagem para falar de minha experiência lá.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Correndo... e enquanto isso, procurando caminhos


São Silvestre 2009.
Muita coisa acontecendo no mundo. Muita coisa acontecendo no meu país. Muita coisa acontecendo nas nossas vidas... e cada vida é uma vida, e é importante viver e estar vivo. E esse é um mundo grande, e caótico, e bárbaro! E as vidas nele são puras oportunidades a cada instante...

Eu gosto de caminhadas e corridas. É algo que proporciona um diálogo consigo próprio (monólogo interior, só que além de filosófico, de caráter físico). O esforço de superação em qualquer estágio de condição física rumo a um novo estágio de condicionamento vale a pena. Todo mundo deveria experimentar.

Bom, nesta semana que passou, tive um período considerado ideal de treinamento de corrida e condicionamento físico. Consegui emplacar uma sequência de atividades. É evidente que estou longe de atingir uma condição razoável para percorrer os 15 km da São Silvestre no último dia do ano, mas sempre acreditamos em achar uma energia extra quando se trata de alcançar objetivos pessoais em corridas.

Neste domingo, apesar da correria que foi para viajar a trabalho na parte da tarde, consegui correr em 36' um percurso de cerca de 5,5 km com trechos longos de subida.

Na sexta do feriado, também corri 5 km em pista de 500 m em 32'23". Foi uma corrida gostosa.

Na terça, já havia conseguido tempo para correr 3 km no parque pela manhã, antes de sair para o trabalho.

No domingo passado, tive aquele dia especial em que corri junto com meu filho a prova de 7 km da AABB SP. Fiz o percurso em 44'.

Ainda consegui caminhar mais duas vezes na semana.

Ou seja, foi uma semana boa pra mim em termos de buscar um pouco de saúde e condicionamento físico. Preciso fazer isso mais vezes porque ninguém fará isso por mim.


NO HAY CAMINO... PERO, EL CAMINO SE HACE ANDANDO

Estou em Nazaré Paulista (SP) para uma semana de curso de formação da Contraf-CUT.

Quando paro pra pensar o que anda acontecendo na política com a prisão política e linchamento público de líderes do PT na farsa chamada "Mensalão" me dá uma revolta muito grande.

Quando paro pra pensar e lembro que o Governo do PT não fez nada nada nada nada em uma década para regular os meios de comunicação monopolizados no Brasil desde séculos e vendo o quanto poder algumas famílias de capitalistas têm para nos foder... me dá uma revolta muito grande.

Estou fazendo a minha parte como aquela historinha do beija flor apagando incêndio na floresta... mas estou com uma revolta muito grande...

Daria pra se fazer muito mais se o Governo do PT não fosse FROUXO, se o movimento sindical não estivesse sempre dividido, disputando poder e máquina sindical... daria pra se fazer muito mais!

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Post Scriptum:

Dias depois (23/11/13) ao postar uma matéria da Carta Maior no Facebook, ainda sobre a questão das injustiças praticadas contra petistas pelo poder judiciário, comentei o seguinte:

"O SILÊNCIO DE LULA E DILMA NO CASO GENOÍNO... TEXTO MAGNÍFICO QUE VERBALIZA NOVAMENTE O QUE ESTOU SENTINDO... NOJO DAS CÚPULAS "LIMPINHAS" QUE DEIXAM À PRÓPRIA SORTE O COMPANHEIRO GENOÍNO... todo instante que me lembro desse caso, dá vontade de não participar de mais nada da militância formal e orgânica..."

domingo, 17 de novembro de 2013

Filme: O caminho (2010)... e nossos caminhos


Poster do filme

Filme: O caminho (2010)... e nossos caminhos


“Você não escolhe uma vida, você vive uma”


Sinopse:

Pai e filho, norte-americanos, têm relacionamento difícil. Após morte da mãe, filho único de meia idade abandona a formação superior e resolve viajar e conhecer o mundo. O pai é um oftalmologista bem estabelecido, escolheu a sua vida.

Um dia, o pai recebe um telefonema informando-lhe sobre a morte de seu filho que havia recém começado o caminho de Santiago de Compostela na Espanha. A saída havia sido pelo lado francês do caminho, San Jean Pied de Port, atravessando os Pirineus.

Lá chegando para identificar e cuidar do corpo do filho, o pai resolve fazer o caminho no lugar dele, levando suas cinzas. Pelo caminho vai encontrando pessoas e vidas que o fazem refletir sobre sua própria vida e sua relação com o filho.


Comentário sobre o filme:

O filme é bem feito. A história é boa.

O diretor aposta nas imagens maravilhosas das regiões ao longo do Caminho de Santiago. Também nos emociona o drama vivido pelo pai de Daniel, que se vê fazendo o caminho por seu filho falecido.

A trilha sonora é lindíssima. Quem não gosta de James Taylor... Alanis Morissette...

O final também é muito bonito.


Refeição Cultural

Por duas vezes na vida me programei para ir até a Espanha para fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Esse era um de meus objetivos na famosa lista de coisas a realizar que quase todo mundo tem. Eu não seria diferente.

Na verdade, minha lista de objetivos a alcançar vem de longe, bem longe. Eu persigo algumas coisas desde que era adolescente. Depois, atualizei a lista na crise pessoal que vivi quando tinha uns 27 anos. Quando vejo a lista atualmente, de forma muito esparsa e sem gana de realizá-la, vejo que algumas coisas lá não têm mais nenhum sentido. Outras têm.

Me organizei pra fazer o Caminho no ano de 2002. Já vinha pesquisando e vendo como pagar passagens e tal, iria viajar em minhas férias de julho daquele ano. Daí, fui convidado para compor a chapa cutista do Sindicato dos Bancários e acabei virando dirigente sindical e tive que abortar minha viagem porque não era adequado ser eleito e viajar logo após, principalmente na época de construção da campanha dos bancários.

Depois, comecei novamente o planejamento para fazer o Caminho em 2008. Desta vez, cheguei a tirar meu passaporte e tudo. Acabou não dando certo de novo por várias questões. Por acasos da vida, acabei carimbando meu passaporte na Espanha, pois fui a Madri a trabalho em 2009. O Caminho de Santiago ficou pelo caminho de novo...


O filme reacendeu algo em mim

Pois é, assisti ao filme e me emocionei muito. As imagens, a lembrança de meu antigo objetivo, talvez o contexto que vivo hoje refletindo sobre os rumos de minha vida, sei lá mais o quê, me tocaram profundamente. E aí, devo fazer o caminho ou não devo?

Quando abortei a ida para o Caminho em 2008, acabei decidindo na época que não iria mais fazê-lo. Cheguei a pensar que, se já sei como é, não valeria o gasto e o trabalho em fazê-lo.

Antes do filme, dias atrás, vi um vídeo de meu primo Jorge (na companhia do amigo Wanderlei) que realizou um sonho recente de ir até Roraima de moto e subir ao Monte Roraima. Fiquei muito tocado ao ver as imagens da realização desta aventura de meu primo naquela montanha.

Vendo o filme nesta semana, fiquei pensando a respeito de minha decisão de 2008...

Na verdade, nada substitui estar lá no local que você sonha conhecer. Nada substitui isso. Nem imagens, nem nada. Fazer pessoalmente algo é único. Imagine se dá pra descrever a sensação de saltar de paraquedas e a pessoa sentir o que você sente no abrir da porta do avião, do salto, do tranco do paraquedas abrindo, do voar por até oito minutos entre as nuvens e pássaros, freando a descida para aproveitar cada minuto daquele momento no céu...

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Resumindo, voltei a pensar que vale a pena fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Mesmo que eu já tenha prática de fazer a caminhada de 80 km em MG todos os anos. Mesmo sabendo “como” deve ser. Para cada caminhante, em cada oportunidade, o Caminho é único. Exatamente como é a vida...

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Filme: A Última Chance – 1996 (Last Dance)



Poster do filme de 1996

Filme: A Última Chance – 1996 (Last Dance)

Tema: Pena de morte


Sinopse: uma mulher branca espera o dia da execução de sua sentença de pena de morte. Ela assassinou um casal doze anos antes quando era adolescente e estava drogada, fora de si. Ela teve uma infância difícil. Um homem é destacado para cumprir um procedimento protocolar de pedir clemência por ela ao governador que nunca a concedeu a nenhum condenado porque as pesquisas naquele estado indicam 76% da população favorável à pena de morte.


COMENTÁRIO

Assisti a mais um filme sobre o tema da pena de morte. O filme é estrelado pela bela Sharon Stone vivendo o papel da condenada Cindi Liggett. O filme tem uma boa linha de desenvolvimento e nos prende à estória.

Que merda esse sistema americano de permitir aos seus estados determinarem como querem tratar de seus condenados – por pena de morte, por prisão perpétua, condenação independente de idade etc.

Nos EUA tudo é business, negócios. O sistema penitenciário não seria diferente. Sinceramente, não acho que aquele país é exemplo de nada para um mundo melhor, mais justo e igualitário.

Minha opinião sobre pena de morte: quando era mais jovem e com menos leitura política e ideológica do mundo, eu era um pobre que achava que criminoso tinha que morrer mesmo. Após me politizar mais nos últimos anos, mudei minha forma de analisar o tema sobre conceder a alguém ou algo o poder de matar pessoas.

O ser humano é um animal. Apesar de ser classificado na escala natural como um ser racional, ele é eivado de paixões e interesses. O ser humano é falível. Permitir que o Estado (O Leviatã) assassine, é dar chance para a injustiça.

Hoje não concordo com a pena capital em nenhum lugar do mundo como forma de punir crimes cometidos por seus cidadãos. Aliás, em alguns lugares do mundo o conceito de “crime” é coisa completamente esdrúxula. Tem lugar onde ter orientação sexual diferente da maioria é crime. Tem lugar onde ter uma fé ou religião diferente da maioria ou não ter crença religiosa alguma é crime.

Termino minha reflexão sobre pena de morte pensando um pouco nas palavras da personagem Cindi, que descreveu para seu defensor o ódio que tinha quando adolescente e que isso pesou na vida que ela levava e nos crimes que cometeu. Ela se arrependeu mas isso não muda o que fez.

Quanto ódio grande parte de nós já não sentiu de alguém, de alguma situação ou injustiça, ódio do próprio sistema onde estamos inseridos?

Continuo defendendo que o Estado não deve matar, por mais que crimes violentos ocorram. Também não sou inocente e reafirmo: não existe formas de coibir ninguém de exercer seu ódio e vingança contra alguém ou algo. No entanto, a pessoa deve responder depois aos códigos da lei para seu crime de ódio e vingança. Mas não no sistema institucional olho por olho, dente por dente. Não pelo código de Hamurabi.

Em O Leviatã, Hobbes nos diz inclusive que é natural que o condenado à pena capital se revolte, se rebele e tente de tudo para preservar sua própria vida. Não poderia ser diferente. O condenado estará invocando o seu estado de natureza.


É isso! Filmes sobre pena de morte sempre me deixam pensativo e cabisbaixo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Refeição Cultural - O Tempo e a vida



Meu filho cresceu. Pesa mais que eu...
e eu que fazia aviãozinho com ele nos shoppings...

O Tempo e a Vida

Refeição Cultural

A rapidez das coisas do mundo atual marca o compasso da nossa vida. Nós não vivemos simplesmente, não estamos (not let it be). Temos que estar fazendo algo ou indo pra algum lugar, senão... estamos fora! Ah, temos também que possuir bens ou ter metas de...

Por outro lado, como somos pescados pelo sistema hegemônico do consumismo e modismo através dos meios de comunicação com as mensagens ideológicas do status quo, esta velocidade com que têm que ser as coisas traz o risco de que somente passemos pela vida... ao invés de vivermos a vida sentindo cada instante e cada evento que ela nos proporciona.


MEU FILHO CRESCEU

Passei a última década numa rotina de trabalho que me fez ser mais ausente em casa do que deveria. Meu filho passou de seus cinco ou seis anos a um adolescente.

Aquele sonho que acalentei dele crescer logo pra nós dois termos altos papos e fazermos esporte juntos, leituras e coisas do gênero (é incrível como os pais pensam isso!) foi pro beleléu. Sabemos que, na verdade, eles, filhos, têm a vida deles e nós, a nossa. É o curso natural da vida.

A relação entre pai e filho foi a mais comum possível no mundo moderno. Eu fui cuidando da minha vida de trabalho e ele foi levando a dele de criança virando adolescente.

Neste fim de semana corremos juntos uma prova no clube onde somos associados, a AABB SP. Foi um dia especial e muito legal. Vivemos um dia de pai e filho parecido com aquele desejo que acalentei no ontem.

A primeira coisa que fiquei pensando de nossa conversa matutina, indo de madrugadinha no trem para o outro lado da cidade, foi quando ele me disse seu peso. Caramba! O moleque pesa mais que eu, calça tênis maior que o meu, é mais alto que eu. 

Às vezes, a gente ainda tem a sensação de que nosso filho é aquele que a gente fazia aviãozinho com ele no shopping, carregando ele nos braços. 

- Que velocidade no tempo psicológico de nossa vida!


O CORPO HOJE É O REFLEXO DE NOSSA ATENÇÃO A ELE NO ONTEM

Outra coisa que é notável é a passagem do tempo sobre nós mesmos. Eu pratiquei esporte desde muito jovem. Também tive que levar meu corpo a adaptações diversas durante a vida de proletário. Trabalhos braçais, trabalhos intelectuais, diurnos, noturnos... desde uns doze anos de idade.

Sempre acreditei piamente que nossa condição de saúde no hoje é reflexo do nosso ontem, num acúmulo de coisas boas e porcarias feitas e ingeridas desde que nascemos, incluindo os acidentes de percurso. É um pouco aquela frase que jovem adora: viva hoje o que sobrou de ontem.

Sempre dei atenção ao meu corpo para ter boa resistência física. Isso dá trabalho porque exige disciplina e tenacidade com exercícios para o corpo e horas de dedicação semanal como rotina de vida.

Aquela rotina de trabalho que descrevi acima nos últimos anos, que me fez quase não ver o peso do meu filho sair de uns trinta quilos para pesar mais que eu, fez também com que eu não desse mais a atenção correta para manutenção de boa condição física ao corpo que me carrega.

Ou seja, deixei o tempo atuar sobre mim na fase que mais necessitava manter o corpo em condições para a segunda metade da vida (após os trinta e poucos anos). Recuperar tônus muscular após quarenta anos é muito difícil porque o metabolismo de nossos corpos muda muito. A natureza exerce suas prioridades nos corpos animais de forma indelével, a menos que haja estímulos criando resistências e aptidões novas. 

- E não me recomendem porcarias sintéticas, pois sou meio "naturista"! (não naturalista com aquelas regras todas contra isso e aquilo)


SÃO SILVESTRE E CORRIDAS

Vou correr a São Silvestre no último dia do ano. Neste momento, não estou preparado. Tenho que adaptar meu corpo pra isso. É possível, mas tenho que definir prioridades. Sou proletário e minha função atual tem agenda pesada até a véspera do natal. Que fazer?

Tenho agendas de viagens que me tiram semanas inteiras de treinamento e descanso. Estou aqui pensando em como conciliar o ser humano que sou, com meus sonhos e subjetivismos, com a minha condição de ser social pescado pelo sistema da velocidade e compromisso total com nossos trabalhos contemporâneos, para estarmos o tempo todo on...

E olha que ainda sonho em preparar meu corpo para correr uma maratona de 42 km. E já estou com 44 anos... E hoje estou com dificuldades de correr uns dez quilômetros e vou correr uma prova de quinze daqui a seis semanas.


Termino minha reflexão cultural sobre o Tempo em nossas vidas. 

Me dei o direito nesta manhã de segunda de fazer isso antes de trabalhar na parte da tarde.

domingo, 10 de novembro de 2013

O Tempo e o Vento - A vida nas Missões (Séc. XVIII)


Ruínas das Missões - Foto: Renato Costa (Wikipedia)

A FONTE


COMENTÁRIO:

Esta parte é importante para se conhecer o locus (as missões jesuíticas espanholas) onde surge Pedro, chamado missioneiro. Ele é filho de uma índia que morreu após o parto. Ele conhecerá Ana Terra no futuro. Ele também portará o punhal que acompanhará as gerações da família Terra Cambará.

Pedro foi educado pelo Pe. Alonzo nos Sete Povos de Missões (era domínio Espanhol), depois trocado pelos reis com a Colônia de Sacramento (era domínio Português) - Tratado de Madri (1750).

Achei a leitura muito interessante e me fez pesquisar um pouco sobre o tema por curiosidade e para melhorar meus conhecimentos.

Não há subtítulos no livro. Estes na postagem são criados por mim para melhor apresentação dos excertos.


(3)

A VIDA NAS MISSÕES EM 1745

Carta de Pe. Alonzo à família na Espanha:

“Se pensais que vivo no meio de bárbaros, estais completamente enganados. Nos Sete Povos começa a nascer uma das mais belas civilizações de que o mundo tem notícia. Enquanto vos escrevo, vejo através da janela a nossa bela catedral, toda de arenito vermelho, com seu tímpano grandioso, o seu átrio com uma longa fileira de colunas, e a sua resplandecente cruz de ouro. Seu estilo lembra o de certas igrejas do fim do Renascimento italiano (o que não é de admirar, pois foi ela construída por um milanês).

                Os índios das reduções vivem hoje mais cristamente que muitos brancos de Pamplona, Madrid ou Lisboa. Estão já redimidos do feio pecado da promiscuidade, pois todos se casam de acordo com as leis da Igreja e guardam o sexto mandamento; temem a Deus, são batizados e fazem batizar os filhos; no leito de morte nunca deixam de receber o Viático; e quando morrem são encomendados e finalmente enterrados em campo-santo.

                Pois muitos desses chamados selvagens sabem, além da língua nativa, o latim e o espanhol, e são hábeis escultores, pintores, oleiros, ourives, tecelões, fundidores de bronze, e músicos. Um destes dias, escutando um sexteto de índios que tocava com sentimento e correção peças dum compositor bolonhês, fiquei de tal maneira comovido que não pude reprimir as lágrimas.” (pág. 32)


(4)

A MÚSICA COMO CATEQUESE PARA OS ÍNDIOS NAS MISSÕES

“(...) Havia na redução excelentes organistas, harpistas, corneteiros e cravistas. Os instrumentos em sua maioria eram fabricados na redução pelos próprios índios, dirigidos pelos padres. A música havia sido e ainda era para os missionários um dos meios mais efetivos de catequização. Tocando seus instrumentos e cantando, eles se haviam aproximado pela primeira vez dos guaranis, desarmando-os espiritual e fisicamente e conquistando-lhes a confiança e a simpatia. No princípio a música fora a linguagem por meio da qual padres e índios se entendiam. E não teria sido porventura a música a língua do Paraíso – o primeiro idioma da humanidade? Por meio da música os jesuítas induziam os índios ao estudo, à oração e ao trabalho. Era ao som de música e cânticos que eles iam para a lavoura, aravam a terra, plantavam e colhiam – e era sempre debaixo de música que voltavam para a redução ao anoitecer. A música era por assim dizer o veículo que levava aquelas almas a cristo.” (pág. 34)


MISSÕES: A SOCIEDADE PROMETIDA NOS EVANGELHOS

“Uma tarde, à hora do crepúsculo (foi no ano de 1750, por ocasião da Páscoa) Alonzo parou no centro da praça, contemplou a catedral e sonhou de olhos abertos com o Mundo Novo. Havia de ser algo tão belo e sublime que a mais rica das imaginações mal poderia conceber.

                Os povos não mais seriam governados por senhores de terras e nobres corruptos. Seria a sociedade prometida nos Evangelhos, o mundo do Sermão da Montanha, um império teocrático que havia de erguer-se acima das nações, acima de todos os interesses materiais da cobiça, das injustiças e das maquinações políticas.

                Um mundo de igualdade que teria como base a dignidade da pessoa humana e seu amor e obediência a Deus. Nesse regime mirífico o homem não mais seria escravizado pelo homem. Não haveria mais exaltados e humilhados, ricos e pobres, senhores e servos. Que direito tinha de se apossar de largas extensões de terra? A terra, Deus a fizera para todos os homens. O que era de um devia ser de todos, como nos Sete Povos. Todas as criaturas tinham direito a oportunidades iguais. Não era, então, maravilhoso transformar-se um índio pagão num cristão, num artista, num músico, num escultor, num ourives, num arquiteto? Quantos milhares de seres havia no globo que vegetavam na ignorância e na miséria por falta apenas de quem lhes iluminasse o entendimento, despertando-lhes o desejo de melhorar, de criar coisas úteis e belas com a mão e o espírito que Deus lhes dera? Mas para conseguir esse mundo ideal era primeiro necessário combater todos aqueles que por indiferença ou egoísmo se negavam a baixar os olhos para os humildes. Alonzo, que fora sempre um estudioso da História, sabia que os homens em todos os tempos foram sempre levados ao pecado pelo diabo, e a arma de que o diabo mais se servia era o desejo de riqueza, poder e gozo. Para conseguir essa riqueza, essa força e esses prazeres, não hesitavam em escravizar as outras criaturas. E a melhor maneira de conservá-las em estado de escravidão era mantê-las na ignorância...” (pág. 40)


O PAPEL REVOLUCIONÁRIO DA COMPANHIA DE JESUS NO NOVO MUNDO

“Pagavam soldados não só para defender-lhes as vidas e os bens como também para alargar-lhes as conquistas. Mas esses senhores consistiam numa minoria. Ah! Um dia esses eternos humilhados, esses eternos escravos haveriam de tomar consciência de sua força e erguer-se! Mas era indispensável que tal levante se fizesse não em nome do ódio, da vingança e da destruição, mas sim em nome de Deus e da Suprema Justiça. A missão da Igreja – e neste ideal extremado Alonzo sabia que estava só – devia ser a de promover essa Revolução. O trabalho da Companhia de Jesus já havia começado na América. Era preciso primeiro conquistar o Novo Continente, livrar o índio da influência do homem branco, organizar uma grande república teocrática que depois, aos poucos, poderia estender a outras terras a sua influência e o seu exemplo. Ah! Mas para conseguir esse supremo bem os jesuítas seriam obrigados a usar meios aparentemente ignóbeis. Teriam de ser obstinados e implacáveis. No princípio seria necessário exercer uma ditadura justa mas inexorável. Não havia outra alternativa. Seriam os fiadores dessa Revolução em Nome de Deus, pois o povo não estava ainda esclarecido, não sabia o que lhe convinha, e portanto podia ser facilmente ludibriado pelos poderosos. Era pois imprescindível que os sacerdotes exercessem na terra a ditadura em nome de Deus até que um dia (Dali a quantos anos? Cem? Duzentos? Mil? Que importava o tempo?) fosse possível atingir aquele estado ideal, conseguir a igualdade entre as criaturas, a paz e a felicidade universal...” (pág. 41)


COMENTÁRIO FINAL:


Este trecho de reflexões acima é apresentado pelo Pe. Alonzo no momento em que ele fica sabendo que houve um acordo entre as coroas portuguesa e espanhola (Tratado de Madri - 1750):

“(...) Portugal e Espanha, para pôr termo às rixas em que viviam empenhados, tinham assinado um tratado iníquo, segundo o qual os portugueses cediam a seus velhos inimigos a Colônia do Sacramento, e os espanhóis, em troca, lhes entregavam os Sete Povos de Missões” (pág. 41)

A história de nosso país e de nossa América está o tempo inteiro entranhada na estória narrada por Érico Veríssimo. Muito legal!


Bibliografia:


VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento – O Continente I. Editora Globo. 31ª edição. 1995

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

A Fonte - O Tempo e o Vento


Volume 1 de O tempo e o vento. Essa é a minha edição...

A FONTE

(1)

“Naquela madrugada de abril de 1745, o Pe. Alonzo acordou angustiado. Seu espírito relutou por alguns segundos, emaranhado nas malhas do sonho, como um peixe que se debate na rede, na ânsia de voltar a seu elemento natural. Por fim deslizou para a água, mergulhou e ficou imóvel naquele poço quadrado, escuro e frio.

                (...) A brisa picante da madrugada bafejou-lhe o rosto. Havia na redução um silêncio leve e úmido, um certo ar de expectativa, como se toda a terra se estivesse preparando para o mistério do amanhecer. Alonzo amava aquela hora. Era quando tinha uma consciência mais lúcida da presença de Deus. Tudo lhe parecia puro, frágil e aéreo...

(...) Naquela direção ficava o Continente do Rio Grande de São Pedro, que Portugal, inimigo da Espanha, estava tratando de garantir para a sua coroa. Um dia, em futuro talvez não mui remoto, os portugueses haveriam de fatalmente voltar seus olhos cobiçosos para os Sete Povos...” (pág. 21)


INTRODUÇÃO

Neste capítulo, aprendi muito sobre as missões jesuíticas na região sul do Continente Americano.


BOA COLHEITA: DEUS E TODOS FICAM FELIZES

(3)

“Às oito horas, os índios que trabalhavam nas plantações e na estância reuniram-se como de costume na frente da igreja e Pe. Alonzo fez-lhes uma pequena preleção. Disse-lhes que se colhessem muito trigo, teriam muita farinha; se tivessem muita farinha dariam serviço ao moinho; se o moinho trabalhasse, os padeiros poderiam fazer muito pão; e se todos tivessem muito pão, ficariam bem alimentados; e se ficassem bem alimentados Deus se sentiria feliz. Acrescentou que naquele ano precisavam exportar mais erva-mate e algodão para Buenos Aires, pois quanto mais coisas exportassem mais dinheiro teriam, não só para pagar os dízimos ao rei de Espanha, como também para comprar remédios, instrumentos e – oh! Sim – mais coisas belas para a igreja: cálices, cruzes, castiçais...” (pág. 29)


CABILDO (E SISTEMA COLETIVISTA NOS SETE POVOS)

“Quando escrevia a parentes e amigos da Espanha, Alonzo nunca deixava de elogiar a organização das reduções, que, à maneira das povoações espanholas, era governada por um Cabildo, para o qual os índios escolhiam em eleições anuais o corregedor – a autoridade máxima – os regedores, os alcaides, o aguazil-mor, um procurador e um secretário. Contava-lhes também como os indígenas aprendiam, através de lições práticas e vivas, que o indivíduo pouco ou nada vale fora da coletividade a que pertence. Toda a produção das lavouras e estâncias de gado das reduções pertencia à comunidade, e os bens de consumo eram distribuídos igualmente entre todos. A gente dos Sete Povos não conhecia nenhuma moeda, pois ali vigorava um regime de permutas. Do dinheiro apurado na venda de erva-mate e outros produtos que exportava para o Rio da Prata, pagava impostos ao rei de Espanha, sendo o resto empregado na compra de instrumentos de trabalho, alfaias e outros objetos para as igrejas. O que sobrava era finalmente remetido aos cofres da Sociedade de Jesus, em Roma...” (pág. 31/32)


COMENTÁRIO

É muito prazeroso reler trechos de um livro onde você já está lá adiante...

Hoje estava lendo no trem pra ir e voltar ao trabalho um capítulo do segundo livro chamado “A guerra” e fiquei pensando muito na existência.

A guerra referida é a do Paraguai, contra Solano Lopes, nos anos sessenta do século XIX. Foi uma carnificina horripilante.

Neste momento, em que estou relendo e anotando excertos do primeiro volume que li já faz semanas, vejo o quanto as estórias das famílias Terra e Cambará, bem como a família Amaral e aquelas de descendência alemã e outras da região sul, são uma reprodução da nossa história do povo brasileiro, tão diverso em sua distribuição geográfica, e tão próximo em suas tragédias e destinos seculares.

Como gosto de ler calmamente, indo e voltando, e com reflexões acerca da leitura! É uma pena que tenha tão pouco tempo para esse prazer na vida.


Bibliografia:

VERÍSSIMO, Érico. O Tempo e o Vento – O Continente I. Editora Globo. 31ª edição. 1995

domingo, 3 de novembro de 2013

Fim de semana na casa de meus pais


Essa é a família mineira. Irmã, sobrinhos,
cunhado e meus pais.

Refeição Cultural

Acabou o fim de semana com meus pais em Uberlândia. Passei por aqui vindo de Brasília, onde trabalhei na quinta e sexta.

Como meus sobrinhos viajaram também, ficamos meu pai, minha mãe e eu. Minha titia Lúcia nos visitou ontem. No final do domingo à tarde, meu primo e família também chegaram de viagem e passaram pra gente prosear um pouco.

Não trouxe máquina fotográfica, mas tem uma flor "coroa imperial" que é uma beleza só. Vejam ela em uma foto anterior.

Fala que a flor não é exótica!

Passei o dia na varanda do quintal curtindo ora os pássaros, ora um som. Também apareceu o lagarto que passa o dia caçando suas refeições na parede. Olha que simpático o bicho:

Olha a simpatia deste calango que
vive nas paredes do quintal...

Mais uma foto exótica de uma estada na varanda de meus pais. Umas formigas errantes, seguindo unidas para um rumo incerto, porém, unidas na parede.

A viagem... formigas unidas seguem por aí...

Bom, vou dormir no busão como pedra, porque ainda visitei hoje o Parque do Sabiá, um dos melhores locais que conheço para correr. A pista tem 5 km e é arborizada, com muita água, sombra e... adoro o parque.

Acabou o fim de semana!!!

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Post Scriptum:

Comentário no Facebook sobre o fim de semana em Uberlândia:

"CARPE DIEM!!! Comendo um macarrão com ovo e almôndega na casa da mamãe e papai em MG, tomando uma breja num domingo ensolarado e olhando o pequeno quintal arborizado e cheio de pássaros de "casa"... Simples assim e que é a minha cara e da minha natureza!!!"