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13 de maio de 2015. |
Refeição Cultural
Olhar para trás...
13 de Maio
Mais um ano no calendário do povo brasileiro. Agora ano 2021. A data 13 de Maio é uma data que consta no calendário do povo brasileiro como o dia no qual a Princesa Isabel libertou os escravos, lá no ano de 1888. Ela assinou a Lei Áurea (nº 3353).
Pois é! Essa é a versão da história que nos ensinaram nas escolas durante essas décadas todas entre 1888 e 2021. Agora temos um presidente que se refere ao peso de pessoas negras em "arrobas". Temos um negro racista no alto comando do regime nazifascista no país da Lei Áurea.
As sociedades humanas são constituídas de narrativas assim. Todas. Somos animais homo sapiens e como tais nos constituímos nesta atual forma humana, com os nossos cérebros criando abstrações o tempo todo. Isso é o que nos ensina o neurocientista Miguel Nicolelis.
Estou enojado demais da sociedade humana à qual pertenço, de saco cheio de me encontrar nesta etapa da história humana com o predomínio das mentiras e canalhices na vida cotidiana das sociedades humanas. Sou da época que era feio mentir, era ruim mentir. Não era ético fazer isso. Fui pessoa pública e representante eleito de trabalhadores por 16 anos e jamais menti em meus mandatos. Isso era inadmissível. Hoje é prática pública e privada. Que nojo desse mundo assim!
Não me entrego à morte na forma de desistência do viver, mas a morte é muito mais iminente para todos nós, babacas brasileiros sem vacina contra o vírus Covid-19, babacas porque ignorantes, manipuláveis, uma massa de 200 milhões de pessoas que não reage contra meia dúzia de bandidos no poder. Pelo contrário, parte apoia o estado das coisas, ou não liga, o que dá no mesmo.
- Pusilânimes! Acomodados do caralho!
Escrevo hoje, respiro a merda do vírus amanhã, morro dali a dez quinze dias. Fim de um núcleo familiar. Não muda nada. Sou átomo. Sou nada.
Achava que era legião... Só se formos legião de vaidosos revolucionários de internet e de sofás de casas classes médias. Porque achávamos que não iriam derrubar a Dilma: derrubaram e não houve reação que revertesse aquilo. Achávamos que não seriam loucos de prender Lula: prenderam por 580 dias e o Brasil seguiu sendo o país do futebol e do Carnaval. Achávamos que não colocariam aquele monstro na presidência: colocaram e votaram nele mulheres e gente preta, porque no Brasil somos mulheres e pretos em mais de 100 milhões.
Enfim, que canseira até falar sobre isso. Olhando para trás, nos 13 de Maio, vi as seguintes postagens em anos anteriores.
(antes, registro o quanto me sinto só, que solidão terrível. É uma solidão que me tira até a paciência de compreender as crenças inventadas pelos humanos para confortar a dura existência mortal, os mitos que dão sentido as vidas dos homo sapiens. Eu compreendo os misticismos e os mitos nas sociedades humanas, mas não quer dizer que porque compreendo que ache razoável tanta gente crente nessas abstrações mentais e culturais. Me sinto muito só!)
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13 de Maio de 2019
57.797.847 pessoas votaram em um racista para a presidência do brazil. Não foram só os brancos que votaram nessa desgraça toda.
O homem que mais fez pelos negros, pobres e trabalhadores brasileiros está numa masmorra, sem nunca ter roubado uma agulha, como ensinou sua mãe, Dona Lindu. Até hoje o povo não retirou ele daquela solitária injusta.
Mais da metade da população brasileira é negra ou mestiça e a absoluta maioria é pobre e foi beneficiária das políticas de oportunidades dos governos petistas.
Lula segue preso e país segue sendo desfeito.
Povo e país miseráveis! Acho que a miséria atual e a ingratidão se merecem, se completam.
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13 de Maio de 2018
Instantes... (neste 13 de Maio)
CONSTATAÇÕES INSTANTÂNEAS DO BRASIL
O Presidente Lula está preso.
O Paulo Preto está solto.
O Alckmin está solto.
O Serra está solto.
Aécio está solto.
A Presidenta Dilma foi impedida.
O presidente Temer refez o Brasil.
O Parente é presidente da Petrobras.
O Moro é um juiz do Brasil.
A Cármen é uma juíza do Brasil.
A Globo é uma organização do Brasil.
A Abril é uma editora do Brasil.
O Itaú é um banco do Brasil.
A Folha disse que a ditadura foi branda no Brasil.
Vários generais foram 'presidentes' do Brasil.
Presidentes autorizavam matar no Brasil.
O Vargas está morto.
O Juscelino está morto.
João Goulart está morto.
O Brasil é o país do futebol.
O Brasil é o país do Carnaval.
O Brasil é o país da Floresta Amazônica.
(O Brasil era o país do pré-sal)
O país da casa-grande.
O país das senzalas, morros, favelas.
Lula está preso: a jato.
E o povo brasileiro?
Quede o povo brasileiro?
Existe o povo brasileiro?
Brasil? Brasileiro?
?
Tem hora que dá vontade de...
Desistir?
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13 de Maio de 2017
(compartilhei no dia um texto de Eliane Brum, através do compartilhamento do amigo Deli Soares. O texto faz referência ao mestre Antonio Candido e a questão do "Tempo", questão muito inquietante para mim. Candido havia falecido no dia anterior e sua morte nos deixou muito tristes, órfãos.)
De Eliane Brum:
Antonio Candido morreu nesta madrugada.
Não dá para pensar o Brasil sem pensar sobre Antonio Candido pensando o Brasil. Que homem gigante. E que homem generoso. Um professor.
Dele carrego comigo dia após dia, para jamais esquecer, um pensamento sobre o tempo. Feito durante a inauguração da biblioteca do MST, esse comentário diz muito sobre o que acontece hoje no Brasil:
“Acho que uma das coisas mais sinistras da história da civilização ocidental é o famoso dito atribuído a Benjamim Franklin, ‘tempo é dinheiro’. Isso é uma monstruosidade. Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido da nossa vida, é esse minuto que está passando. Daqui a 10 minutos eu estou mais velho, daqui a 20 minutos eu estou mais próximo da morte. Portanto, eu tenho direito a esse tempo. Esse tempo pertence a meus afetos. É para amar a mulher que escolhi, para ser amado por ela. Para conviver com meus amigos, para ler Machado de Assis. Isso é o tempo. E justamente a luta pela instrução do trabalhador é a luta pela conquista do tempo como universo de realização própria.
A luta pela justiça social começa por uma reivindicação do tempo: ‘eu quero aproveitar o meu tempo de forma que eu me humanize’. As bibliotecas, os livros, são uma grande necessidade de nossa vida humanizada".
Ainda 13 de Maio de 2017
Estava viajando o Brasil, conversando com a classe trabalhadora sobre o modelo assistencial da Caixa de Assistência dos Funcionários do BB e os direitos em saúde, lá no Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Foram dois dias de muito debate com a base social que nós representávamos. Essa história ninguém me tira, apesar que ela morre comigo qualquer dia desses.
"Instantes... (7h)
Partindo de Recife... missão cumprida com as primeiras duas Conferências de Saúde da Cassi e dos Conselhos de Usuários de RN e PE. Agradeço a tod@s pela recepção e pelo trabalho realizado em fortalecer a Cassi e a participação social."
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13 de Maio de 2015
Lá estava eu e companheiras e companheiros defensores dos direitos em saúde e do modelo assistencial da Cassi em mais uma Conferência de Saúde (no DF). São lembranças da história de luta da classe trabalhadora, lembranças que sem registro desaparecem, não são nada. A história da humanidade é assim.
A foto que ilustra essa postagem foi feita pela companheira Chris Rodrigues, no Anfiteatro dos Bancários de Brasília. Fizemos uma conferência bem interessante, com uma programação de dia todo e com a presença de bancári@s da base. A programação foi construída coletivamente, a várias mãos.
Fica aí o registro. Durante o nosso mandato na saúde, realizamos 54 conferências de saúde e eu estive em 53 delas. Duvido que algum dia outro diretor da Cassi faça isso.
Aliás, na velocidade na qual a Cassi está sendo desfeita em todos os seus conceitos essenciais, talvez daqui a pouco tempo não exista mais a "Cassi"... que tristeza... Estão terceirizando tudo, as pessoas estão saindo ou sendo saídas... Os que ficarem no sistema Cassi lidarão com telas, máquinas, robôs, igualzinho nos bancos...
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Fim das lembranças de alguns 13 de Maio. O poema que fiz no 13 de Maio de 2018 segue atualíssimo... (e a questão do "tempo" nas palavras de Antonio Candido, então? Mais atuais que nunca!)
"E o povo brasileiro?
Quede o povo brasileiro?
Existe o povo brasileiro?
Brasil? Brasileiro?
?"
William