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(ilustração da capa de minha coleção) |
Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Literatura Brasileira IV
Professor: Hansen
Aluno: William Mendes de Oliveira
Matrícula: 3504053 - 2o semestre 2007
CAPÍTULOS I, II, E IX DE DOM CASMURRO DE MACHADO DE ASSIS: UMA LEITURA DAS SENHAS
ou
(Um encaixe perfeito como chave e fechadura ficcional)
Proposta: Fazer uma leitura dos capítulos I ao X, com base e referência nas aulas dadas em classe, de maneira a discutir a função dos capítulos I. Do Título e II. Do Livro, desvendando parte das “obscuridades” que encobre “muita vez o sentido por um modo confuso” através das alegorias sugeridas no capítulo IX. A Ópera.
INTRODUÇÃO
Dom Casmurro é o romance onde Machado de Assis exercita com maestria o gênero dramático. É uma obra cuja técnica é teatral: o narrador Dom Casmurro põe em cena suas reminiscências ao mesmo tempo em que o leitor a lê.
Os dois primeiros capítulos são chaves. É uma espécie de contrato feito entre narrador e leitor atento. Algumas frases e palavras serão determinantes. Veremos no capítulo IX o encaixe entre um conjunto de senhas deixadas pelos autores – Machado de Assis e Dom Casmurro.
Esse início fala da mimese, das cópias – casa do Engenho Novo, figuras e medalhões internos etc. Ele mesmo se declara um simulacro, um nome que não é nome, não tem identidade. Não é Santiago quem escreve, é o Dom Casmurro. Nos indica que é uma ficção que escreverá uma ficção. A história de Bentinho e Capitu é um produto do Dom Casmurro. Somos jogados dentro do palco, da encenação teatral que se apresentará. Mas a determinação é do Dom Casmurro - que é a alcunha de Santiago no presente. Ou melhor, é o rescaldo, a ruína, o que sobrou dele. Pior, ele nos dá dicas de que não tem memória. Ora, então só pode ser ficção, como a sugerida pelo velho tenor, aquilo que vai escrever e contar.
O capítulo I. Do Título já começa dizendo que o narrador é uma alcunha, um pseudônimo que falará da vida do homem Santiago, ou seja, da personagem ficcional (da representação social Santiago, por sinal alcunhado Bentinho).
“Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo.” C.I
O que ele vai narrar?
No capítulo II, nos diz a resposta: devido à monotonia, decidiu escrever um livro. Como lhe faltavam “as forças necessárias” para obras mais densas como jurisprudência, filosofia, política e algo de história “real” (dos subúrbios), buscou a inspiração nas suas cópias de medalhões do passado clássico.
Quem é o autor?
“... sendo o título seu (poeta do trem), poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.” C.I
Essa questão da autoria é um traço marcante no Machado de Assis da segunda fase. Quem é o autor de suas narrativas? Quem é o narrador?
A resposta alegórica está também no capítulo IX, onde se define a “regra da divisão” dos direitos autorais entre poeta e músico:
“Deus recebe em ouro, Satanás em papel.” C.II
Autor do livro Dom Casmurro: Joaquim Maria Machado de Assis;
Autor de A história de amor de Bentinho e Capitu: Dom Casmurro.
Os direitos autorais e seus rendimentos até hoje são de Joaquim Maria Machado de Assis. Também, até hoje, o famoso romance contado por Dom Casmurro é um dos que mais papel e tinta receberam discutindo se Capitu traiu ou não traiu Bentinho.
Em Machado, a indeterminação é tudo. Ele brinca com o leitor. Trabalha com a ambiguidade. Desde Memórias Póstumas de Brás Cubas, sua técnica é delegar a narradores o caráter de autores de suas obras.
A história do amor de Bentinho e Capitu é uma indeterminação contínua. Não podemos confiar de jeito nenhum. Tudo o que o narrador produz no presente da enunciação é através do pseudônimo, que não tem identidade, não é um ser real, não é Bentinho.
A senha está dada ao leitor. Um narrador fictício, ou pior, impossível - um pseudônimo que conta sua história de vida - irá narrar a história daquele que diz ser ele mesmo no passado, com a verossimilhança que o leitor espera. Mas será verdadeira sua versão?
“Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro.” C.II
O tempo usado nessa enunciação diz ao leitor que ele criará sua obra, essa história (ou essa versão da história), no mesmo momento em que está enunciando.
O dêitico agora também avisa ao leitor sobre esse presente narrativo.
“Não alcanço a razão de tais personagens” (cópias das figuras de César, Augusto, Nero e Massinissa) C.II
Ao mesmo tempo em que nos diz não saber o motivo de tais cópias, há toda uma sugestão que, evidentemente, só seria passível de percepção por leitores bastante cultos e conhecedores de história mundial. São como senhas.
Essas personagens clássicas são todas marcadas na historiografia por grandes dramas ou pathos. Existem traições e mortes ao redor de todas elas: adultérios, assassinatos em família, traição por melhores amigos etc.
As cópias dos bustos, quer dizer, essas cópias das cópias da casa antiga, que já eram representações, entraram “a falar-me e a dizer-me, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos”, aliás, impossível, pois esse narrador, que é um pseudo, uma alcunha, apareceu de há pouco “Uma noite destas”.
“Eia, comecemos a evocação...” C.II
No fim do capítulo, o narrador usará um substantivo bastante sugestivo, derivado do verbo evocar, para sinalizar ao leitor o que ele irá produzir a partir de então: uma história baseada na memória e na imaginação.
Mas, seguindo a ideia, a sugestão das personagens clássicas, o narrador vai contar algumas histórias (pois talvez não existam esses “tempos idos”) com um intuito de ter “ilusão”. Ilusão do que?
“Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta... Fausto. Aí vindes outra vez, inquietas sombras?...” C.II
Após conhecer toda a história narrada, descobrimos que essas “sombras” que perpassam significam os ciúmes que a personagem da fábula (que a alcunha alega ser ele no passado) teve por Capitu.
Ciúme este que levou às consequências mais graves possíveis em uma relação, pois Bentinho se separou, acusou Capitu de adultério, de que o filho não era dele e sim de traição dela com seu melhor amigo Escobar.
“Sim, Nero, Augusto, Massinissa, e tu, Grande César, que me incitas a fazer os meus comentários, agradeço-vos o conselho e vou deitar ao papel as reminiscências que me vierem vindo.” C.II
Os comentários citados por ele, podem alertar o leitor que ele vai contar a versão dele dos fatos, com a vantagem de que nenhum “envolvido” poderá contestá-la, haja vista que estão todos mortos.
A vida é uma ópera?
O narrador nos diz no capítulo X ter aceitado a teoria de seu velho amigo Marcolini, sobretudo pela verossimilhança com a vida dele. Novamente nos vem à tona a palavra evocação, que vem do verbo evocar - tornar (algo) presente pelo exercício da memória e/ou da imaginação; lembrar. (conforme Houaiss).
“Eia, comecemos a evocação...” C.II
Desde a era clássica, os poetas, os autores, clamavam e evocavam as musas para lhes darem inspiração em suas histórias.
“O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.” C.II
Se com a cópia material das coisas do passado não foi possível, ou seja, reproduzir a casa e os modos da antiga Rua de Mata-cavalos, quem sabe com uma narração criada agora no presente (da enunciação)?
“...mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo.” C.II
Aqui, o narrador está dizendo o que?
Ele é o Dom Casmurro, uma alcunha nascida “Uma noite destas”. É evidente que esse pseudônimo não pode ter passado. É natural que haja essa lacuna a um falso-ser, um pseudo, criado há pouco.
“... e, de memória, conservo alguma recordação...” C.II
Já está dito que ele é um vazio, uma lacuna e que tem pouca, alguma recordação em sua memória. Mesmo assim, diz que escreverá a partir de suas reminiscências que vierem vindo.
Todas as senhas até agora nos levam à ideia de que a narração se mostrará um ato performativo e teatral por parte do “autor-narrador” Dom Casmurro.
BREVE LEITURA DOS CAPÍTULOS I AO X: ANALISANDO AS SENHAS
CAPÍTULO I. DO TÍTULO
“Uma noite destas...”
“Não achei melhor título para a minha narração; Se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo.”
Tempo: presente da enunciação.
Narração em primeira pessoa - EU, narrador alcunhado de Dom Casmurro.
CAPÍTULO II. DO LIVRO
“Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro...”
Não passou, mudou de ideia e resolveu explicar o motivo: para variar a monotonia, lembrou escrever um livro.
Tempo: mesmo momento da enunciação:
“... ainda agora me treme a pena na mão...”
e depois completa:
“... vou deitar ao papel as reminiscências que me vierem vindo...”
“Eia, comecemos a evocação...”
CAPÍTULO III. A DENÚNCIA
“Ia a entrar na sala de visitas...”
Começa aqui uma sequência de capítulos com verbos no pretérito imperfeito do indicativo, tradicional construção do passado do tipo “Era uma vez...”.
CAPÍTULO IV. UM DEVER AMARÍSSIMO!
“José Dias amava os superlativos...”
Veja que frase interessante no que diz respeito à verossimilhança:
“... um silogismo completo, a premissa antes da consequência, a consequência antes da conclusão...”
CAPÍTULO V. O AGREGADO
“Nem sempre ia naquele passo vagaroso e rígido...”
CAPÍTULO VI. TIO COSME
“Tio Cosme vivia com minha mãe...”
CAPÍTULO VII. D. GLÓRIA
“Minha mãe era boa criatura...”
No meio do capítulo interrompe a série “Era uma vez...” e volta ao presente da enunciação:
“Tenho ali na parede o retrato dela, ao lado do do marido, tais quais na outra casa...”
“... Aqui os tenho aos dous bem casados de outrora...”
Outra referência à questão de cópia e mimese, ideia de verossimilhança, que “parece dizer...”:
“... São retratos que valem por originais...”
CAPÍTULO VIII. É TEMPO
“Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro...”
Quer dizer, voltar ao capítulo III, onde começava a construir a história; é tempo de voltar às reminiscências do narrador sem-memória.
Este capítulo é enigmático. Começam a aparecer aqui as questões de “A vida é uma ópera”. Teoria aceita pelo narrador e explicada no capítulo seguinte, o nono.
Primeiro, afirma que aquela tarde “... foi o princípio da minha vida...”
Lembremos que esse EU é o pseudônimo Dom Casmurro. Naquele momento, ele começa a criar seu passado, sua versão dos fatos. A criação da fábula, das personagens, do silogismo, em suma, da economia da obra.
Segundo, diz que antes “... foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena...”
Os capítulos I e II falam sobre a questão da mimese, da cópia. Daquilo que não é o verdadeiro; do falso. Mas o que o leitor terá ali é a representação, onde “... o mais é também análogo e parecido...” e o que importa é a verossimilhança “... que é muita vez toda a verdade...”.
Por último, arremata confessando:
“... Agora é que eu ia começar a minha ópera...”
O narrador nos permite, com sua construção, fazer o paralelismo entre “A vida é uma ópera” e - essa história que vou contar é uma ficção, é minha versão da fábula.
Agora é que o EU – Dom Casmurro – ia começar sua ópera, história, narração ficcional.
No capítulo X, esse narrador explica que seu velho amigo Marcolini o fez crer que poderia ser aquele maestro, criador de partituras.
CAPÍTULO IX. A ÓPERA
“Já não tinha voz, mas teimava em dizer que a tinha”. Volta a contar história.
“Deus é o poeta”
Alegoria do criador. Aqui é Machado de Assis.
“A música é de Satanás... gênio essencialmente trágico”
A música é alegoria de criação, peça de ficção; Satanás é alegoria do pseudônimo Dom Casmurro, do Bento velho (Santiago) – aquele que é todo ruína no presente da enunciação.
“Rival de Miguel, Rafael e Gabriel...”
Alegoria para Capitu, Escobar e Ezequiel, personagens da versão de história que ele criará para culpá-los.
“... não tolerava a precedência que eles tinham na distribuição dos prêmios...”
Aqui, alegoria de quem está em sua posição de representante da elite, proprietário branco, católico e acima das leis feita para a “gentinha” como os Pádua. Também de quem fala a partir do momento da enunciação: um homem ressentido, que acredita ter sido traído e, morto de ciúmes, acha isso intolerável por se tratarem de “gentinha”.
“Pode ser também que a música em demasia doce e mística daqueles outros condiscípulos fosse aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico...”
Fatos que ele narrará em suas reminiscências (imaginações) que se vinculam à ideia de traição por parte deles. Olhares, afagos, aparências que levam a conclusões, um silogismo completo para ele – muito ciumento – e que pretende apresentar como verdades absolutas para:
“... com o fim de mostrar que valia mais que os outros, - e acaso para reconciliar-se com o céu, - compôs a partitura...”
Aqui estamos de volta aos motivos de contar a versão da história de amor de Bentinho e Capitu, narrada por Dom Casmurro.
“Deus (Machado)... consentiu em que a ópera fosse executada, mas fora do céu. Criou um teatro especial, este planeta...”
Criou o espaço ficcional.
“... e inventou uma companhia inteira, com todas as partes, primárias e comprimárias, coros e bailarinos.”
Criou as técnicas ficcionais com todas as possibilidades pertencentes à economia de um romance.
E, para finalizar tudo o que se explica no capítulo I - “... Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.”, Deus (Machado) completa:
“- Não, não quero saber de ensaios. Basta-me haver composto o libreto; estou pronto a dividir contigo (Satanás – Dom Casmurro – criador da ficção) os direitos de autor.”
Satanás afirma ainda que alguns desconcertos da partitura acabam “fugindo à monotonia” conforme o objetivo (motivo) de escrever-se o livro.
“Também há obscuridades; o maestro abusa... encobrindo muita vez o sentido por um modo confuso...”
É a chave que estamos desvendando. O maestro (Dom Casmurro) abusa muitas vezes, pois, como lembra tanto dos detalhes do passado se disse haver uma lacuna que é tudo?
“As partes orquestrais são aliás tratadas com grande perícia. Tal é a opinião dos imparciais.”
O narrador, de fato, constrói sua ficção com sinais que ajudarão na conclusão de sua tese – a traição. Olhares, afagos, muitas semelhanças ao longo da história. Toda a obra oferece verossimilhança à qual os leitores de seu tempo estão acostumados. (Locus social – seriam os imparciais?)
“Os amigos do maestro (o segmento social ao qual pertence Dom Casmurro) querem que dificilmente se possa achar obra tão bem acabada...”
“Já não dizem o mesmo os amigos deste (poeta – aqui, o escritor Machado)... é absolutamente diversa (a obra) e até contrária ao drama...”
Quer dizer, de fato, a produção literária que Machado vinha fazendo era bastante diversa e contrária ao estilo de literatura determinista e realista a que os leitores estavam acostumados.
“... parece ele próprio o autor da composição; mas, evidentemente é um plagiário.”
Alegoria à técnica moderna criada por Machado de criar autores para suas obras.
No fim do capítulo, chama atenção o narrador ser chamado de “Caro Santiago” como se fosse para nos alertar desse emaranhado de nomes e alcunhas – Machado, Dom Casmurro, Santiago, Bentinho...
CAPÍTULO X. ACEITO A TEORIA
Aqui temos a confissão de Santiago, que aceita a teoria, poderia criar um livro, uma narração aonde viesse a contar a sua versão da história de amor entre Bentinho e Capitu, através de um pseudônimo - Dom Casmurro e, com uma boa imaginação (com a evocação das musas) poderia usar de técnicas retóricas para convencer aos leitores sobre suas razões.
“... não só pela verossimilhança, que é muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem à definição. Cantei um duo terníssimo, depois um trio, depois um quatuor...”
APÓS ANÁLISE DAS SENHAS, UMA CONCLUSÃO DE LEITURA
Machado faz crítica à categoria da representação. Não é a memória confiável que será utilizada pelo narrador, é uma evocação. É um boneco falando do passado, é um fingido.
Toda literatura é ficção, não é realidade. Pode ter verossimilhança, pode parecer, mas é mimese, é criação ficcional.
O narrador – o Santiago, já maduro, alcunhado de Dom Casmurro – usará da retórica que aprendeu com os padres e como advogado, e convencido da teoria de que a vida é uma ópera, para tentar nos convencer que as memórias que ele escreverá são verdadeiras e verossímeis (na verdade é ficção feita pela máscara, pelo pseudônimo, partitura feita pelo maestro). É o puro falso.
A arte é um exercício que brinca e joga com o leitor, mas, esvazia tudo. Como os leitores não acreditariam no personagem narrador? Ele pertence a um locus, busca fazer com que seus leitores acreditem nele, por saber que pertencem à mesma posição dominante dele, ou seja, ele é homem branco, católico, proprietário em um país – Brasil do século XIX, machista, escravista, católico, patrimonialista e de família patriarcal. Porém, não é Santiago quem narra e sim sua alcunha.
Machado de Assis mostrará as possibilidades da técnica literária. O escritor é um mestre em mostrar pontos de vista, de não fechar as leituras possíveis, os ângulos observados. Alguns críticos como Suzano Santiago e Alfredo Bosi apontaram essa indeterminação no autor.
Os dois primeiros capítulos evidenciam para o leitor, através do narrador – a máscara, o pseudônimo – de que ele vai produzir ficção. É uma espécie de contrato. É representação produzindo representação. O capítulo IX dá sentido às senhas apresentadas nesses dois capítulos.
E a técnica é fantástica: não é Machado quem conta; não é também Bentinho; É Santiago através de seu pseudônimo Dom Casmurro.
É uma representação final de Santiago (após todos os fatos passados em sua vida), que é, por sinal, uma representação social feita por Machado de Assis. Aqui é importante lembrar um conceito moderno fundamental: literatura não é ciência; é ficção. Pode ser verossímil, mas não é verdade absoluta. É técnica narrativa.
Uma das discussões da crítica literária é a respeito das possibilidades de leitura de um texto literário no que diz respeito à historicidade dele.
A verossimilhança de uma criação literária pode não ocorrer em períodos distintos, não contemporâneos a ela. Aliás, como exemplo, poderíamos citar os romances românticos do século XIX sendo lidos pelos jovens nos dias de hoje. Fica difícil dar credibilidade a tudo que os heróis e mocinhas românticos faziam ou deixavam de fazer pelo amor idealizado.
A partir do 1880, Machado faz uma trilogia de estudos de técnica literária. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, faz paródia das teorias científicas e sociais da época, através do Humanitismo; em Quincas Borba, estuda os limites do imaginário e da loucura; finalmente em Dom Casmurro, faz uma paródia com a linguagem literária, com as teorias da representação.
Bibliografia:
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Obras Completas. Editora Globo, 1997. (primeira edição em 1899)
e
Referências obtidas nas aulas ministradas pelo professor Hansen.