domingo, 20 de dezembro de 2015

São Silvestre 2015 - A dureza "dos" percursos




No próximo dia 31 de dezembro, irei participar da 91ª São Silvestre, em São Paulo. A corrida é uma dureza por causa do calor, da multidão e da altimetria. Será a minha 8ª participação.

Quando iniciamos o ano de 2015, eu tinha algumas metas pessoais em corridas. Minha intenção era manter um ritmo de treinamento e corridas ao longo do ano, para ter uma válvula de escape em meu trabalho, manter a saúde e ampliar meus objetivos esportivos. 

- pensei em correr um prova por mês, em Estados brasileiros diferentes;

- estabeleci o objetivo de correr minha primeira meia maratona (21k);

- correr a São Silvestre (15k) e diminuir o tempo em relação aos anos anteriores.

Eu não consegui correr em vários Estados diferentes, mas até que passei o ano correndo e caminhando. 

META ALCANÇADA - Realizei meu sonho e corri a minha primeira meia maratona em outubro. Cheguei a Florianópolis com várias incertezas, pelos percalços do caminho, mas fui de madrugada para a prova e completei. Fiz os 21k em 2h29'32". Fiquei muito feliz e realizado.

Agora chegou a vez da minha participação na 91ª São Silvestre. Estou o pior possível em termos de condicionamento físico. É mole?

Minha saúde não está mil por cento; não tenho conseguido treinar como deveria nos últimos dois meses; não durmo/dormi o suficiente e não tenho me alimentado adequadamente.

Vou para a Avenida Paulista dia 31 de dezembro da mesma forma que cheguei a Florianópolis para a meia maratona no dia 11 de outubro: sem saber se completarei o percurso correndo.

Mas eu sou um bicho bem teimoso. Foi assim que realizei o sonho da meia maratona. Será assim desta vez. Espero estar melhor do que hoje daqui a dez dias, e com uma cabeça que me guie até a linha de chegada na mesma Avenida Paulista, depois do percurso de 15k com aquela subidona da Brigadeiro.


O QUE FOI POSSÍVEL FAZER NESTE DEZEMBRO DURO PARA MIM

01/12 terça DF - caminhada de 40'

06/12 domingo SP - corrida de 5k / 31' (c/ subidas) e caminhada 5k

13/12 domingo DF - corrida Eixão 7k / 44' e caminhada 5k

16/12 quarta DF - caminhada 3,5k pela manhã

17/12 quinta DF - caminhada 3,5k pela manhã e corrida 3,5k noturna

18/12 sexta DF - caminhada noturna 52' / 27º

19/12 sábado DF - caminhada vespertina 40' / 20º

20/12 domingo DF - corrida 9k alamedas e Eixão 58' + caminhada 3k 27º

Está chegando a hora e meu desejo e determinação são grandes para chegar à Paulista e percorrer os 15k pelas ruas de São Paulo. Vamos ver. Sei que vai ser uma das São Silvestres mais difíceis de minha vida.

Vamos lá!

William

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Caminhando no Parque do Sabiá, Uberlândia, MG.
Eu e meu velho pai no Parque do Sabiá.

Post Scriptum (24/12/15, às 20:40h):

Hoje, caminhei pela manhã 5k no Parque do Sabiá, Uberlândia - MG.

Eu sou apaixonado por este parque. Não havia quase ninguém e aquela maravilha estava lá, toda disponível para meu caminhar. Meu querido pai teve a paciência de me levar até lá e esperar um hora por mim.

A semana foi de muito trabalho, apesar de ser três dias, e só fiz uma caminhada na segunda de uns 35' em Brasília, após o longo dia de trabalho.

Meu desejo e minha mente é que me guiarão nos 15k da São Silvestre.

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Na companhia do paizão no Parque do Sabiá.


Vai uma água de coco aí?

Post Scriptum (22:45h de sábado 26)

Na sexta-feira, contei novamente com meu pai, que foi ao Parque do Sabiá comigo e esperou enquanto eu corria 5k em 33' sob Sol de 32º (isso depois de abusar na noite anterior das comidas natalinas e beber um pouco).

Tenho que treinar sob clima semelhante ao que é previsto para o calor da São Silvestre.

Neste sábado, fomos caminhar os 5k, eu e meu filho, e aproveitamos para ir ao Aquário Municipal lá no Parque.

O Parque do Sabiá é tudo de bom!!!!!!!

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Corri 10k em Uberlândia com clima semelhante
ao que devo encontrar em São Paulo dia 31.
Que venham os 15k da São Silvestre.

Post Scriptum (27/12/15 às 17:10h):

E então, está acabando meu curto feriado de Natal com família. Já viajo de volta à Brasília logo mais à noite, deixando pra trás esposa e filho e família mineira.

Hoje, corri 10k no Parque do Sabiá. Que momento ímpar. O cansaço bateu cedo na corrida, mas a vontade me levou a fazer duas voltas no circuito. Foi com um calor de 28º e fiz um trote possível em 67'.


Gavião carcará. Imagem 
de internet.
No dia anterior, havia visto um casal de gaviões carcará no Parque e um belo teiú. Hoje, no quilômetro 7 e na moleza do corpo naquele instante, vi um casal de curicacas e foi um deslumbramento que me fez revigorar e acabar meu percurso.
Curicacas que fotografei em Brasília.

Bom, agora, que venham os 15k da São Silvestre. Como disse a mim mesmo em outubro durante a minha primeira meia maratona: quando cheguei no quilômetro 15, pensei: se já fiz os 15, faço os 21...

Apesar do cansaço acumulado pelo ano de trabalho, penso o mesmo: se fiz 10k com calor e cansaço, farei os 15k no dia 31.

William

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Minha 8ª medalha da São Silvestre.


Post Scriptum (31/12/15, às 20:35h)

Enfim, amanheceu o último dia do ano.

Acordei cedo e fui para a Avenida Paulista. Passei na Regional Paulista do Sindicato dos Bancários para cumprimentar o pessoal lá e depois fui para a largada. A nossa Regional é ponto de apoio para os bancários corredores da São Silvestre já faz alguns anos. Ajudei a idealizar esse apoio aos bancários. Várias pessoas no Sindicato trabalham no fim do ano para apoiar nossos bancários corredores em uma das provas mais tradicionais brasileiras.

Cheguei para esta minha 8ª participação na São Silvestre sem condições ideias de saúde e condicionamento físico. O ano de trabalho foi bem difícil e nos últimos dois meses acabei treinando pouco, dormindo pouco, não me alimentei adequadamente e ainda acabei por ter minha pressão arterial alterada. Infelizmente, estou com pressão alta faz semanas e lendo a respeito das consequências disso, fiquei bem chateado. Espero voltar à minha condição normal de saúde em 2016.

A PROVA

Esperei a multidão passar primeiro na largada e acabei iniciando a corrida meia hora depois da largada oficial.

Muita gente! Está cada ano mais difícil de "correr" na São Silvestre. Mal se pode trotar. A cada curva no percurso, a multidão pára.

Apesar de minha condição física não ideal, eu não senti dificuldade no percurso. Completei a prova em 112'. Tempo melhor que o do ano passado e 2012 (116). Em 2013 fiz em 109'. A temperatura de 26º ajudou também.

O MUNDO VIROU UM AMONTOADO DE "SELF"

Cara, eu fiquei muito incomodado com o egocentrismo exacerbado em que se transformou o povo deste planeta. As pessoas não conseguem ficar sem se filmar, fotografar em "self" e com pau de self. Toda hora a gente trombava nas pessoas porque todo mundo corre com a merda do celular na mão, ligado e filmando. As pessoas caem ao tropeçar em um(a) fulano(a) no seu momento de self...

Que situação! Será que é isso que nós humanos nos transformamos? Será que não tem volta?

Já que nós definimos um calendário (Gregoriano desde 1582, que define o ano civil no mundo inteiro) e o ano muda a partir de amanhã, desejo que o ano de 2016 seja uma oportunidade das pessoas se repensarem e talvez pensarem um pouco em um mundo mais coletivo e solidário, com melhor distribuição das riquezas produzidas por nós da classe trabalhadora e menos voltado para os padrões consumistas capitalistas.

Também desejo muita saúde, um pouco mais de paz, tolerância das pessoas com o outro, momentos felizes e mais amor.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi

sábado, 19 de dezembro de 2015

Diário - 191215 (Na Cassi é fazer o que tem que ser feito)




Refeição Cultural

Lá vamos nós expressar o que pensamos e sentimos neste instante, e sei que tenho ao menos um leitor, meu velho e querido pai. Quiçá cinco, quiçá dez leitores. Com certeza eu mesmo, daqui algum tempo.

Acordei sonolento, mole, esquisito, neste sábado de manhã fresca em Brasília. Fui dormir antes da meia-noite na sexta. Estou sozinho. Cheguei de meu trabalho no final da tarde de ontem e saí para caminhar por quase uma hora. Depois disso, não fiz mais nada até virar zumbi acordado e ir dormir.

Por mais que eu queira descansar a cabeça dos problemas de meu trabalho como gestor eleito pelos trabalhadores em uma entidade de saúde, não consigo. Acordei pensando nas decisões que tomar na segunda-feira. Que coisa! Não me desligo de meus compromissos.

No esforço de abstrair a mente, já ouvi música clássica barroca da melhor qualidade - Vivaldi, Bach etc. Já li algumas reflexões do filósofo Cortella, livro que ganhei de presente de um grande amigo e companheiro, Jacy Afonso. Este livro do filósofo, Não nascemos prontos (2006), é um belo presente para aqueles que ainda se preocupam com o pensar, o refletir para o viver.

Estou às voltas com meu poeta predileto, Drummond, por causa do mundo, do contexto, da materialidade do momento, por causa do tempo e das coisas.

Peguei o grosso volume um de Os miseráveis, de Victor Hugo. Tão, mas tão apropriado para o momento! Imaginem... com o cansaço que estou, durmo em cima das palavras com poucas páginas. Leitura por prazer, só após o final de minha missão na Cassi.

Enfim, descansar a cabeça não posso, em face dos acontecimentos. Mas resta uma certeza para mim, pensando um texto do Cortella - "O naufrágio de muitos internautas" - que citou uma passagem de Alice no país das maravilhas (1865), de Lewis Carroll.

Alice, perdida, pergunta ao gato, na árvore, para onde leva aquele caminho que ela aponta. O gato pergunta para onde ela quer ir. Ela diz que está perdida e não sabe. O gato lhe dá uma resposta certeira e profundamente filosófica: para quem não sabe aonde quer ir, qualquer caminho lhe serve, é a mesma coisa.

Fiquei pensando sobre a resposta do gato para a perdida Alice...

Como gestor eleito da Cassi, onde passei o último ano e meio de minha vida pessoal completamente focado na missão de fortalecer a entidade de saúde dos trabalhadores e ampliar os direitos em saúde dos associados, afirmo que não tenho o problema da personagem Alice no país das maravilhas. Eu sei exatamente qual objetivo persigo e o caminho que estou construindo e que devo seguir em minha missão. O problema é se me deixarão fazer o que tem que ser feito e se o contexto e conjuntura adversos serão impeditivos ou só obstáculos a superar.

Vamos esperar a segunda-feira para seguir nossa missão. Seguirei fazendo o que entendo ser o melhor para a Cassi e para os associados, decidindo o tempo todo, e sob pressão, sobre o que entendemos que deve ser feito, mesmo que minhas decisões desagradem algumas pessoas, setores e a mesmice das estruturas.

William

sábado, 12 de dezembro de 2015

"Nosso tempo" é tempo de decisões




Refeição Cultural


"Nosso Tempo

I

Esse é tempo de partido,
tempo de homens partidos.

Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se
na pedra.

Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimos, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.

Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!

Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir...
"


(A rosa do povo, 1945, Carlos Drummond de Andrade)


Considerações

Como diz o poeta, tenho percorrido volumes, viajado e visitado fatos. Tenho palavras em mim buscando canal...

Sou dirigente eleito em uma entidade de saúde dos trabalhadores. Como diz o mestre Antonio Candido "o que somos é feito do que fomos". 

Trago em minha forma de ser e atuar como representante de trabalhadores toda a experiência que acumulei em mais de uma década atuando como dirigente sindical de formação cutista, que sempre levou a sério os princípios, concepções e práticas do bom sindicalismo.

Aprendi logo cedo na direção do movimento sindical a sempre ir para a base conversar com os trabalhadores cada vez que nos pegávamos em dilemas, disputas internas sem fim, chateações, puxação de tapete, dúvidas sobre o que fazer ou que rumo tomar, enfim, cada vez que nossas energias estavam sendo gastas na burocracia interna e concentradas mais para dentro do sindicato do que para os trabalhadores, eu saía e passava horas na base, nos locais de trabalho.

Após conversar com os trabalhadores, voltava curado de qualquer desânimo, tinha muito claro as decisões a tomar e qual era meu papel e meus compromissos para defender aqueles que representava e buscar soluções para suas demandas e necessidades.

Nesta semana que passou, além de ter estado em Brasília para nossas longas e duras reuniões de Diretoria Executiva, cada vez mais tensas em face das crises atuais e divergências internas, estive em quatro estados brasileiros a trabalho - PB, MG, MA, PI. Falei com dezenas de trabalhadores da Cassi, lideranças locais das entidades representativas do funcionalismo do Banco do Brasil e associados da ativa e aposentados que representamos na gestão da entidade. Dormi e comi pouco, mas falamos olho no olho com pessoas, fortalecemos nossos compromissos com a Cassi e os associados. Sei o que represento e a expectativa que gero nas pessoas.

Essa semana de conversas com as bases sociais da Cassi é reflexo do que fiz neste ano e meio de mandato. Para mim, só tem sentido representar se for assim, indo até onde as pessoas estão, mesmo que isso esteja sendo pesado para mim, em termos de agenda dobrada com reflexos até na saúde.

Nos próximos dias e semanas, decisões importantes serão tomadas ou posições serão estabelecidas sobre a nossa entidade de saúde dos trabalhadores. As negociações iniciadas no primeiro semestre deste ano ainda não encontraram soluções consensuais entre o Banco do Brasil e as representações do funcionalismo.

Eu sempre tenho em mente as lições de Edward Said com suas conferências reunidas no livro "Representações do intelectual". Temos que ser claros e honestos na tomada de posição sobre o que entendemos ser o melhor para a situação dada, mesmo que isso não agrade às maiorias ou àqueles grupos políticos ao qual estamos vinculados ou interagindo. Eu atuo assim desde que virei representante eleito pelos trabalhadores.


"Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!

Mas eu não sou as coisas e me revolto..."


Muitas conversas estão acontecendo nos bastidores. Muitas ao meu redor, sem passar por mim, que sou um dos gestores principais. Eu conheço profundamente como funcionam as coisas no movimento. Mas a vantagem é que agora, aliás, também conheço muito mais a entidade que administro.

Nosso tempo será de decisões. As coisas são muito marcadas por contextos, conjunturas e momentos. Nem sempre, os grupos sociais tomam decisões com olhar apenas no objeto sob análise, mas sim no conjunto de interesses desses mesmos grupos.

Muito aprendi e sei o que defendo, principalmente após os milhares de quilômetros que percorri neste ano, ouvindo e falando com milhares de pessoas da base social da nossa Caixa de Assistência, e, sobretudo, percorri o país levando a mensagem do modelo de saúde que defendemos e que queremos estender para todos os participantes - queremos cuidar da saúde deles.

Eu serei muito firme, franco e direto nas posições que tomarei nos próximos dias nos espaços de debate e construção sobre a sustentabilidade e custeio de nosso Plano de Associados. Se for minoria nesses espaços, tenho a certeza e a consciência de que estou defendendo o que acho que é melhor para a Cassi e para os associados que represento.

William Mendes

Lendo: Formação Econômica do Brasil - Celso Furtado



Quando possível, é beber na fonte para ser menos ignorante.
Há que se conhecer para compreender o porquê das coisas.

CANTO TERCEIRO

5

"Além disso, o que a tudo enfim me obriga
É não poder mentir no que disser,
Porque de feitos tais, por mais que diga,
Mais me há-de ficar inda por dizer.
Mas, porque nisto a ordem leve e siga,
Segundo o que desejas de saber,
Primeiro tratarei da larga terra,
Despois direi da sanguinosa guerra."

(Os Lusíadas, Luís de Camões)



TERCEIRA PARTE DO LIVRO

Economia escravista mineira (século XVIII)

XIII. Povoamento e articulação das regiões meridionais


COMENTÁRIO DO BLOG

Com a concorrência dos produtos tropicais franceses e ingleses, Portugal busca saída na extração de minerais

No final do século XVIII, Portugal se perguntava o que fazer com a colônia sul-americana, Brasil, para que ela se autofinanciasse e valesse a pena, já que a produção em monocultura de cana-de-açúcar já enfrentava forte concorrência das colônias francesas e inglesas nas Américas e Caribe.

Definiu-se que era necessário encontrar metais preciosos em terras brasileiras.

"O estado de prostração e pobreza em que se encontravam a Metrópole e a colônia explica a extraordinária rapidez com que se desenvolveu a economia do ouro nos primeiros decênios do século XVIII. De Piratininga a população emigrou em massa, do Nordeste se deslocaram grandes recursos, principalmente sob a forma de mão-de-obra escrava, e em Portugal se formou pela primeira vez uma grande corrente migratória espontânea com destino ao Brasil. O facies da colônia iria modificar-se fundamentalmente." (pág. 77)


COM A MINERAÇAO, HOUVE GRANDE IMIGRAÇÃO PORTUGUESA

"Com efeito, tudo indica que a população colonial de origem europeia decuplicou no correr do século da mineração". (pág. 78)

Furtado nos informa que afora os grandes senhores de engenhos ou terras, os homens livres* não conseguiam nenhuma expressão social. Era miséria pura.

"Ao estagnar-se a economia açucareira, as possibilidades de um homem livre para elevar-se socialmente se reduziram ainda mais. Em consequência, começou a avolumar-se uma subclasse de homens livres sem possibilidade de ascensão social, a qual em certas épocas chegou a constituir um problema". (pág. 79)

COMENTÁRIO DO BLOG

* Mais tarde, nos séculos XIX e XX, essa multidão de homens livres e sem posses, seriam os macunaímas, os jagunços e os agregados nos entornos das cidades, nos sertões e nas casas grandes.


Com o avanço da mineração, cresce o comércio da carne, favorecendo a pecuária da região Sul do país. Outro fator econômico que aparece fortemente é o mercado para animais de carga, pelo fato da região mineradora ser montanhosa e longe do litoral brasileiro.


ETAPA MINEIRA FAVORECE DE FORMA INDIRETA MAIS AO SUL QUE AO NORDESTE

"Se se considera em conjunto a procura de gado para corte e de muares para transporte, a economia mineira constituiu, no século XVIII, um mercado de proporções superiores ao que havia proporcionado a economia açucareira em sua etapa de máxima prosperidade. Destarte, os benefícios que dela se irradiam para toda a região criatória do sul são substancialmente maiores do que os que recebeu o sertão nordestino. A região rio-grandense, onde a criação de mulas se desenvolveu em grande escala, foi, dessa forma, integrada no conjunto da economia brasileira". (pág. 80/81)


SÃO PAULO CONCENTRAVA E DISTRIBUÍA BURROS E BESTAS

"Cada ano subiam do Rio Grande do Sul dezenas de milhares de mulas, as quais constituíam a principal fonte de renda da região. Esses animais se concentravam na região de São Paulo onde, em grandes feiras, eram distribuídos aos compradores que provinham de diferentes regiões..." (pág. 80)


PROCURA POR GADO INTEGROU REGIÕES

"A economia mineira abriu um novo ciclo de desenvolvimento para todas elas. Por um lado, elevou substancialmente a rentabilidade da atividade pecuária, induzindo a uma utilização mais ampla das terras e do rebanho. Por outro, fez interdependentes as diferentes regiões, especializadas umas na criação, outras na engorda e distribuição e outras constituindo os principais mercados consumidores. É um equívoco supor que foi a criação que uniu essas regiões. Quem as uniu foi a procura de gado que se irradiava do centro dinâmico constituído pela economia mineira". (pág. 81)


COMENTÁRIO FINAL DO BLOG

É sempre bom pegar em leituras um pouco mais engajadas, que nos lembram quem somos, de onde viemos e por que as coisas são como são em nosso querido Brasil: uma terra que, apesar das condições naturais ideais, na conformação social é eivada de injustiça, iniquidades, exploração das massas trabalhadoras, com povos com pouco acesso a escolarização e com ignorâncias incentivadas pela elite dominante.

Há que se posicionar e combater sempre isso. É dever de homens e mulheres de bem e que defendem um mundo melhor, mais justo, equânime e solidário se engajarem nas causas sociais em nosso país.

William