segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Diário e reflexões - 260218 (Com Brecht, pensando a vida)




Refeição Cultural


"Não desperdicem um só pensamento

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Não desperdicem um só pensamento
Com o que não pode mudar!
Não levantem um dedo
Para o que não pode ser melhorado!
Com o que não pode ser salvo.
Não vertam uma lágrima! Mas
O que existe distribuam aos famintos
Façam realizar-se o possível e esmaguem
Esmaguem o patife egoísta que lhes atrapalha 
                             [os movimentos
Quando retiram do poço seu irmão, com as cordas 
                            [que existem em abundância.
Não desperdicem um só pensamento com o que 
                           [não muda!
Mas retirem toda a humanidade sofredora do poço
Com as cordas que existem em abundância!

(...)"

(Bertolt Brecht, Poemas 1913-1956, Editora 34)


Já é madrugada de segunda-feira, 26 de fevereiro. Estou em João Pessoa, Paraíba. 

Saí de Brasília, onde mal parei no sábado à noite, para dormir. Passei o dia na estrada, indo e voltando a Goiânia, onde fui falar sobre a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) e nossas propostas para ela. Estamos em processo eleitoral.

A semana foi de muito esforço físico e mental e pouco dormir. Não me alimentei adequadamente também. Visitei e conversei com centenas de bancários do Ceará, Piauí, Brasília, Goiás, Tocantins. Serão umas quatro semanas assim.

Isso que relatei da agenda e da rotina, eu levo de boa. Estou acostumado a atuar assim na minha vida de lutas em defesa dos direitos dos trabalhadores. Vejam cada palavra do poema de Brecht acima: eu luto e ponho meu pensamento naquilo que acredito que pode ser mudado, melhorado.

O triste é ver a degeneração dos valores humanos nos últimos anos, tanto no Brasil sob golpe de Estado, como no mundo todo. O triste é ver a destruição de meu país e das oportunidades de melhoria de vida para o povo brasileiro que amo e respeito.

Após o golpe é nítido como o país foi destruído em dois anos e a volta da miséria para o povo ao qual pertenço, o povo da classe trabalhadora, me entristece profundamente. Me dá raiva!

Algo tem que ser feito contra os poucos que destruíram os avanços, as oportunidades e as perspectivas de dias melhores para o povo brasileiro que depende do trabalho e dos direitos sociais, que precisa de um Estado forte e acolhedor para o povo.

Eu estou triste e revoltado com o que vejo. O que me coloca no centro do equilíbrio ainda é ter uma causa pela qual venho dedicando minha vida no último período. Sou movido por causas a defender. Nos últimos anos, foram os direitos dos trabalhadores bancários e as melhorias do país para o povo.

Vamos dormir um pouco e conversar com os trabalhadores nesta semana em algumas regiões do país. A causa que representei neste período que se encerra, direitos em saúde, abrange quase um milhão de vidas. Eu estou me colocando à disposição dos associados da entidade que defendi neste período.

Vim para a Paraíba lendo no voo os poemas de Bertolt Brecht. Nesta fase em que estou de sua obra, os poemas entre 1926-1933, encontrei diversos poemas que refletem fortemente a realidade e o momento por que passam o mundo, o Brasil, o povo brasileiro, o Banco do Brasil, a Cassi, nossas famílias (todos nós ainda temos as dificuldades e tristezas na família).

O poeta e dramaturgo é muito bom. Está valendo a pena conhecer sua obra.

Vamos dormir...

William

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Vamos viajar pelo país na companhia de Bertolt Brecht


Vamos viajar o país na companhia de Brecht.

Refeição Cultural

"Quem se defende

Quem se defende porque lhe tiram o ar

Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come 
                     [o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que 
                     [morre
Não lhe é permitido se defender."

(Bertolt Brecht, Poemas 1913-1956. Editora 34)


Noite de domingo. Cheguei há pouco em Osasco, São Paulo, para pernoitar e começar uma jornada de mais ou menos cinco semanas de viagens pelo Brasil para participar do processo democrático de consulta aos associados de nossa querida Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, que vai renovar parte da governança da entidade de saúde, que pertence aos trabalhadores associados.

Ao mesmo tempo em que ficamos tristes ao ver o nosso país passando por uma de suas piores crises políticas na história, ficamos esperançosos em participar de um processo democrático que envolve quase duzentos mil cidadãs e cidadãos brasileiros. Somos oriundos e formados no movimento social desde muito jovem e acreditamos na democracia e na solução pacífica das controvérsias e divergências.

Serão semanas em que dormiremos pouco e viajaremos muito. Correria total. No entanto, eu já exerço um mandato de representação no qual procurei estar presente nas bases sociais ao longo desses quatro anos. Para mim é sempre uma alegria conversar com os trabalhadores. Vamos com o coração leve para o bom debate de ideias. Se depender de nós, o nível da campanha será alto, porque é nossa forma de fazer política.

Nestas primeiras semanas vou levar comigo Bertolt Brecht, o dramaturgo e poeta alemão que viveu um dos períodos mais conturbados do século vinte: as duas Grandes Guerras Mundiais e as crises políticas e econômicas da primeira metade do século passado. 

Eu não sou conhecedor de sua obra. Achei então que ele seria uma boa companhia de viagem, Brecht e sua vasta poética. O contexto que vivemos no Brasil e no mundo é complexo e de grandes riscos e ameaças aos povos como foi a primeira metade do século vinte, que gerou aquelas tragédias humanitárias.

O livro que adquiri tem 260 poemas de Brecht e já estou lendo. Conheci poemas interessantes.

É isso. Vamos seguir em frente e conversar com as pessoas, conversar com nossos colegas da ativa e aposentados da comunidade de trabalhadores a qual pertencemos. 

Eu terminei hoje um conjunto de textos de balanço do mandato que estamos encerrando em maio na gestão da nossa entidade de saúde. Publiquei os textos entre o fim de dezembro e hoje. 

Percorremos um período turbulento no setor de saúde e na própria Caixa de Assistência (e no Brasil), mas fizemos um mandato de resistência e manutenção dos direitos, e atuamos para fortalecer o modelo assistencial da entidade e a participação social. 

Quem se interessar em ler os textos de balanço é só clicar AQUI.

Abraços aos leitores amig@s.

William

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Leitura: Nada de novo no front (1929) - Erich Maria Remarque



Refeição Cultural

"Dois homens morrem de tétano. A pele fica lívida, os membros enrijecem e, por fim, só os olhos teimam em viver. Muitos têm o membro atingido suspenso no ar por uma espécie de roldana; embaixo, colocam uma bacia, para onde escorre o pus. De duas em duas, ou três em três horas, eles esvaziam-na. Outros ficam em tração, com pesados sacos de areia que pendem da cama. Vejo ferimentos nos intestinos, que estão constantemente cheios de fezes. O auxiliar do médico mostra-me radiografias com ossos do quadril, joelhos e ombros totalmente esmagados.

Não se consegue compreender como, em corpos tão dilacerados, ainda há rostos de seres humanos, em que a evolução da vida prossegue normalmente. E, contudo, isto aqui é um único hospital, uma única enfermaria. Na Alemanha, há cem mil, cem mil na França, cem mil na Rússia. Como é inútil tudo quanto já foi escrito, feito e pensado, mentiras e insignificâncias, quando a cultura de milhares de anos não conseguiu impedir que se derramassem esses rios de sangue, e que existam aos milhares estas prisões, onde se sofrem tantas dores. Só o hospital mostra realmente o que é a guerra.

Sou jovem, tenho vinte anos, mas na vida conheço apenas o desespero, o medo, e a mais insana superficialidade que se estende sobre um abismo de sofrimento. Vejo como os povos são insuflados uns contra os outros, e como se matam em silêncio, ignorantes, tolos, submissos e inocentes. Vejo que os cérebros mais inteligentes do mundo inventam armas e palavras para que tudo isto se faça com mais requintes e maior duração. E, como eu, todos os homens da minha idade, tanto deste quanto do outro lado, no mundo inteiro, veem isto; toda a minha geração sofre comigo. Que fariam nossos pais se um dia nós nos levantássemos e nos apresentássemos a eles, para exigir que nos prestassem contas? Que esperam de nós, se algum dia a guerra terminar? Durante todos estes anos, nossa única preocupação foi matar. Nossa primeira profissão na vida. Nosso conhecimento da vida limita-se à morte. Que se pode fazer, depois disto? Que será de nós?"

(Nada de novo no front, Erich M. Remarque, 1929)


Reflexões como essa do jovem personagem Paul Bäumer, personagem inspirado nos jovens dilacerados na realidade bárbara dos campos de batalha da 1ª Guerra Mundial, são as reflexões que têm permeado meus pensamentos já faz algum tempo, principalmente depois que se desenhou a estratégia vitoriosa da direita capitalista de desestabilização dos governos democrático-populares da América do Sul dos anos 2010 adiante, incluindo o gigante Brasil, que sucumbiu a Golpe de Estado em 2016 e que vai se desfazendo enquanto país soberano nas mãos de uns quinhentos humanos lesas-pátrias (e os 200 milhões de cidadãos não fazem nada contra eles!)

Com a nova etapa de crise do sistema capitalista, com um marco importante a partir das consequências do crash das bolsas no evento subprime em 2008, e somando a secular questão da disputa de hegemonia e domínio da produção e distribuição de petróleo no mundo, tenho a impressão que não passaremos sem algum tipo de conflito armado de escala mundial ainda na primeira metade do século 21.

Um século atrás, homens de Estado (os "impérios") definiam as guerras, definiam as fronteiras, organizavam e distribuíam as colônias e humanos de exploração no tabuleiro mundial e colocavam seus jovens filhos, os proletários e os despossuídos nos fronts de batalha.

Um século depois, pátria e países são questões secundárias. Homens e suas corporações definem as guerras, o destino do mundo; definem os orçamentos públicos; definem as fronteiras, regiões e humanos a serem explorados no tabuleiro mundial. Patrocinam mercenários de ternos e camisas de marca nos espaços da burocracia estatal para darem canetadas com efeitos de bombas na vida de milhões de cidadãos civis.

O mundo pertence a algumas corporações da indústria armamentista, farmacêutica e de ciências, de tecnologia, do entretenimento, das comunicações. Além dos bancos e banqueiros, Google, Microsoft, Facebook, Aple, Amazon e mais algumas corporações detêm as ações mais valiosas da história.

Em um mundo de mais de 7 bilhões de humanos, poucas corporações e seus donos, acionistas, CEOs ou seja lá que nome que adotem têm o poder de decidir sobre a vida e a morte (por miséria) do conjunto da população global e decidem sobre destruir mais rápido ou não o único planeta habitável para nossa espécie e milhões de outras.

Que chato ficar repetindo isso! É provável que os leitores digam que sabem disso. Então, pra que gastar tempo escrevendo isso, se dá tanto trabalho produzir um texto reflexivo sobre essas questões? Gasto tempo nisso porque se eu desistir de alertar e levar minhas reflexões para uns poucos que consiga acessar, a vida não terá sentido. Se não houver esperança e resistência na luta por um mundo melhor para todos, não valerá a pena viver. Mas, desistir não é uma opção!

Tenho atualmente pouquíssimo tempo livre para estudos e reflexões sobre os temas políticos que definem o mundo, o nosso mundo da classe trabalhadora. Consumo meu tempo integral na defesa dos direitos em saúde dos trabalhadores associados à entidade de autogestão em que atuo como representante eleito. Não deixa de ser um fragmento da luta maior da classe trabalhadora, mas meu front é esse e envolve quase um milhão de vidas humanas.

VOLTANDO AO LIVRO de Remarque que nos coloca no meio das trincheiras, lama, sangue, ratos, bombas, gás mortal, hospitais com gente dilacerada pela guerra, eu recomendo a leitura porque esse cenário não é uma estória da carochinha. A crise que o mundo enfrenta por causa de poucos donos do mundo que decidem sobre a vida de bilhões, e em benefício de alguns milhares deles, é uma crise que pode nos levar a guerras mais sangrentas que as já conhecidas na história.

A crise em que os golpistas colocaram o Brasil tem efeitos semelhantes à clássica abertura da Caixa de Pandora. Todos os males e demônios foram soltos e não se volta para a situação anterior com um aperto de botão. Eu não acredito que haverá solução institucional e democrática em 2018. Não há mais democracia no país, e as instituições da República fizeram e fazem parte do golpe de uma casta contra o povo todo. Por mais que haja gente correta e decente nos aparelhos do Estado, um conceito de casta/corporação tomou conta deles. Me parece que são eles contra o povo, e estão fazendo chacota do povo, por não verem reação alguma à altura.

Termino citando um trecho de excelente artigo de Maria da Conceição Tavares, no site Carta Maior, pois felizmente ainda temos fonte de qualidade para dar subsídios aos militantes por um mundo justo e solidário e que não concordam com o que está aí:

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"O Estado sempre foi a nobreza do capital intelectual, da qualidade técnica, da capacidade de formular políticas públicas transformadoras. O que se fez no Brasil é assustador, uma calamidade. É necessário um profundo plano de reorganização do Estado até para que se possa fazer políticas sociais mais agudas. Chegamos, a meu ver, a um ponto de bifurcação da história: ou temos um movimento reformista ou uma revolução. A primeira via me soa mais eficiente e menos traumática. Ainda assim, reconheço, precisaremos de doses cavalares do medicamento para enfrentarmos tão grave enfermidade. Os sintomas são de barbárie. Parece um fim de século, embora estejamos no raiar de um. Em uma comparação ligeira, lembra o começo do século XX. Os fatos levaram às duas Guerras Mundiais. Aliás, a guerra, ainda que indesejável, é uma maneira de sair do impasse..."

(Restaurar o Estado é preciso, ler artigo AQUI). O destaque sublinhado é meu.

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O que falta ainda para os jovens, que têm a energia vital em suas veias, e o povo trabalhador e simples, lesado pelo Golpe, acordarem para o fato que uns poucos humanos estão em alguns postos chaves do Estado nacional destruindo o passado, o presente e o futuro do Brasil?

Neste momento, passados quase dois anos de domínio dos golpistas, não vejo "nada de novo no front". Mas alimento a esperança de ver uma reação popular logo ali, na próxima batalha. E que não demore dezenas de anos, porque acho que não vai sobrar nada do país.

Abraços aos valoros@s leitores que conseguimos acessar, enquanto os donos das ferramentas de estabelecimento de ideologias das classes dominantes acessam milhões de leitores em suas plataformas de comunicação de massa.

William

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Diário e reflexões - 040218 (Alguns serão lixo na história)


Meu mundo, Osasco.

Domingo. Brasil. Osasco.

Estou quase terminando a releitura do livro "Nada de novo no front", publicado em 1929 pelo alemão Erich Maria Remarque. Quando o li na adolescência, fiquei muito impactado pelo relato do dia a dia da 1ª Guerra Mundial. Que merda de guerra imbecil que ainda duraria décadas considerando um intervalo de vinte anos de crises e a 2ª Guerra Mundial.

Aí volto para a nossa realidade num mundo em crise, num país sob Golpe de Estado desde 2016, num momento em que os golpistas que destroem o presente e o futuro do Brasil e do povo brasileiro ainda estão vencendo as batalhas travadas contra a classe trabalhadora. Uma quadrilha com membros em todos os espaços de poder da República derrubou um governo eleito pelo povo, sem crime algum, e agora avança com todo tipo de arbitrariedade contra o povo e seus representantes com abusos de poder por parte do Legislativo, Executivo e Judiciário.

Lendo várias matérias na revista Carta Capital nº 988, de 31/1/18, ficou-me uma esperança ao ler o artigo de Nirlando Beirão "O fascismo não acaba bem - Eles que não se iludam. A História pertence a outros protagonistas", que fala sobre como terminaram os líderes fascistas e totalitários e como a história os tratou. O duce Benito Mussolini e sua trupe justiçados pelo povo e pendurados de cabeça para baixo em praça pública. O nazismo e seus líderes como Hermann Göring, Rudolf Hess e mais uma dezena condenados à morte no julgamento de Nuremberg. Ditadores em diversas partes do mundo como o nicaraguense Anastasio Somoza justiçados pelo povo... 

Nós o povo da classe trabalhadora já sofremos diariamente a violência desses governos ilegítimos ou comprometidos com a elite através das injustiças diárias, através do desemprego, da miséria, da violência das forças repressivas do Estado que só abusam de pobres, estudantes, pessoas simples e representações populares, segmentos discriminados como, por exemplo, a comunidade negra, dentre outros segmentos sociais. Morremos todo dia nas periferias do Brasil. Morremos de morte morrida ou de morte matada. O mundo dos 99% é o da exposição à insegurança, às doenças oriundas da não intervenção do Estado no saneamento e na atenção básica.


Matéria de Carta Capital sobre o fim que tiveram alguns
fascistas pelo mundo. E o livro de Remarque sobre
a imbecilidade da guerra.

Que saco! Vivi para ver a miséria na minha infância, depois na adolescência. Depois vivi a esperança de um futuro melhor com a ascensão de forma democrática dos governos do PT e o Brasil deu um salto para melhor justamente para o povo sofrido e miserável e para milhões de remediados que melhoraram em mais de uma década de governos progressistas e com foco naqueles que mais precisam das políticas do Estado, o povo foi incluído no orçamento público nos governos do PT. 

Vivi para ver um golpe destruir décadas e décadas de avanços e lutas sociais em praticamente dois anos. Nossas riquezas sendo entregues. Nossos direitos sendo eliminados por uns 400 lesas-pátrias. E até agora não vi a reversão do processo de destruição de nosso país e de nosso povo.

Minha esperança fica ao olhar a história que conta que alguns casos de regimes de exceção e abusos de castas contra o povo podem ter finais felizes, com os desgraçados sendo justiçados pelo povo após o processo de destruição e abuso e violência que esses poucos cometeram contra os muitos, o povo todo.

Eu não posso aceitar os abusos que vejo ao meu redor, a tristeza que sentimos com as injustiças quase nos mata, mas não mata. Estou com energia para lutar por um mundo diferente desse que os golpistas, fascistas, capitalistas e lixos do tipo estão impondo ao povo ao qual pertenço.

William


Post Scriptum:

Como um soldado do povo trabalhador, tenho a noção exata que não posso quebrar nem fisicamente nem psicologicamente. Os assédios que tenho sofrido não vão me quebrar. As dores e efeitos físicos das batalhas que enfrentamos diariamente pelos direitos dos trabalhadores que representamos também não podem me quebrar. Acordei tão dolorido neste domingo pelo estresse ininterrupto de semanas e saí para correr, após perceber que não era dor muscular nem nos tendões. Talvez fosse efeito da tristeza de ver o que temos visto ao nosso redor. Resisti às dores e corri meus 5,5 km. Foi importante. 

Conversando com lideranças sindicais nesta semana, sugeri que as entidades sindicais deveriam pensar em programas de atenção à saúde e atividades físicas para o nosso pequeno exército de representantes dos trabalhadores, porque o que todos estão sofrendo para resistir aos ataques aos direitos do povo o tempo todo não está sendo fácil. É o que eu penso. Temos que estar firmes para resistir nas batalhas entre o povo e os golpistas encastelados nas estruturas do Estado.

Solidariedade e unidade entre nós do movimento social e popular são fundamentais para defender o povo e os trabalhadores. O momento não é de divisão entre nosso lado por divergências que eventualmente existam. O foco é enfrentar a destruição do Brasil e dos direitos sociais dos trabalhadores.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Ligando os pontos do que parecia ser teoria da conspiração, por Florestan Fernandes Jr.


Comentário do Blog:

Olá prezad@s leitores e amig@s.

Compartilho com vocês excelente texto de Florestan Fernandes Jr. que "liga os pontos" de eventos ocorridos na última década e dão fortes indícios sobre o que temos defendido aqui neste espaço. O Golpe de Estado contra nós povo brasileiro foi projetado dentro de um cenário internacional de disputa de hegemonia por petróleo e contra a soberania e altivez conquistadas pelo Brasil com a chegada do PT à presidência do país. Só foi preciso por parte do imperialismo comprar alguns brasileiros vira-latas e lesas-pátrias para destruir uma nação. 

Sem reação do povo, o Brasil terá o destino que teve o México, um país gigante com 120 milhões de pessoas que desapareceu do cenário político após ser subjugado pelos Estados Unidos e por esse 1% de humanos que destrói tudo. Alguém lembra do México hoje nas políticas internacionais? Ou virou quase que uma colônia de passeio de gringos como vários países da América Central? Não que esses povos não tenham lutado, mas suas lideranças e resistências foram eliminadas pelos imperialistas, eliminadas moralmente e fisicamente.

A dor sentida é imensa por aquel@s como eu que atuam com política, com organização social, com a luta e a resistência em defesa do povo trabalhador. Ter conhecimento dessa engrenagem global de como poucos donos do mundo manuseiam e manipulam as classes alienadas e desinformadas politicamente dói profundamente. Os que não quebram psicologicamente e fisicamente é por alguma coisa que carregam dentro de si de não desistir nunca e saber que não resta outra alternativa que acordar, levantar e sair para enfrentar toda essa merda contra nós o povo trabalhador.

Como diz o presidente Lula só vamos parar de lutar pelo povo e por um mundo mais justo e solidário para o povo se morrermos. Enquanto estamos vivos e vendo toda essa destruição e injustiça é obrigação nossa sentir aversão a essa desigualdade e injustiça que vendem ideologicamente como "natural". As instituições formais do Estado brasileiro hoje estão tomadas pelas forças que aplicaram o golpe contra o povo. Ao mesmo tempo que neste instante vejo a burocracia do Estado ser usada como força repressora contra o povo, vejo que o povo pode reverter isso com a ocupação das ruas.

Quero acreditar que cada pessoa manipulada e enganada ontem pelos meios midiáticos dos donos do mundo pode acordar hoje para a realidade de sua situação de classe e se somar com aqueles que estão chamando o povo para a luta contra essa injustiça de alguns seres humanos (o 1%), que são humanos e não imortais, porque esses poucos estão destruindo as perspectivas de vida e felicidade dos 99% dos demais humanos do mundo, nós.

Seguimos com desejo de lutar por um mundo melhor para tod@s.

William


(reprodução de artigo do Viomundo)


Ligando os pontos

Em 2007 a Petrobras descobre campos enormes de petróleo em águas ultra-profundas do nosso litoral. Uma reserva de mais de 80 bilhões de barris de petróleo.

Um ano depois, em janeiro de 2008 foram roubados 4 laptops e 2 HDs com informações sigilosas da bacia de Santos.

Dados de 30 anos de pesquisas da Petrobras no valor estimado de 2 bilhões de dólares.

Em 30 de outubro de 2009, o WikiLeaks uma organização transnacional com sede na Suécia publica em sua página informações “vazadas” de governos e empresas assuntos estratégicos de interesse público.

No documento, o nome do juiz Sérgio Moro é citado como participante de uma conferência promovida pelo programa Bridges Project (“Projeto Pontes”), vinculado ao Departamento de Estado Norte-Americano, cujo objetivo era “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei”.

Em 2013, uma semana após notícias de que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, foi espionada pela CIA, o ex-consultor da agência de inteligência americana Edward Snowden indicou que os EUA espionavam também a Petrobras.

Em junho de 2013 a “Operação Lava Jato” tem início com o monitoramento das conversas de doleiros no Paraná.

Em março de 2014 é deflagrada a primeira fase ofensiva da operação que iria derrubar a presidente da República, paralisar a Petrobras, a economia do país e, sucatear os estaleiros responsáveis pela construção de plataformas e as fabricas de sondas de perfuração.

Tudo com a cobertura massificante dos nossos meios de comunicação.

Lá se vão 4 anos de uma lavagem que levou para o ralo, milhões de empregos, milhares de empresas públicas e privadas e quase todos os avanços sociais e econômicos.

O “novo” velho governo já extingue uma reserva ambiental em território de quase quatro milhões de hectares para atividades privadas de mineração. Anunciou a venda da gigante de energia elétrica Eletrobras, da Casa da Moeda e pasmem, vai oferecer ao mercado em leilões que pretende realizar a partir de 2018 campos de óleo e gás da Petrobras.

Ao todo, 21 áreas, com descobertas de petróleo e gás serão liberadas para petroleiras internacionais.

Parte destes poços estão localizados nas três bacias produtoras mais nobres da empresa brasileira — Campos, Santos e Espírito Santo.

Nesta quarta-feira 6*, o ex-ministro Antonio Palocci afirmou em seu depoimento ao juiz Sérgio Moro que a descoberta do pré-sal fez mal para o Brasil.

Como o pré-sal, responsável por mais da metade da produção brasileira poderia fazer mal ao país?

A afirmação é um claro sinal de submissão aos interesses estratégicos das forças que patrocinam a venda da empresa brasileira.

Para que o Brasil permaneça de joelhos é necessário agora impedir a chegada ao poder de grupos desenvolvimentistas comprometidos com a defesa das nossas riquezas. Por isso a eleição de 2018 é incerta e temerosa.

Como disse está semana o ex-ministro Bresser Pereira: “O Brasil está se condenando a ser uma economia de propriedade dos países ricos. E nós seremos todos empregados”.

(*Não dá para saber ao certo a qual data Florestan se refere)

Fonte: Viomundo