terça-feira, 29 de setembro de 2015

Diário - 290915





Refeição Cultural

Quando acordei hoje, terça-feira, levantei-me com dificuldade e me preparei para sair para o trabalho. O corpo estava todo pedrado, como tem sido há tempos. Na véspera, trabalhei sentado cerca de 16 horas, com leituras e confecção de textos. Minutos depois, enquanto olhava pela janela e brindava a manhã úmida de Brasília, tomei uma decisão difícil, mas necessária. Não vou insistir em correr daqui a poucos dias minha primeira meia maratona. Tenho que reconhecer o contexto, ouvir o cansaço de meu corpo e aceitar que o mais importante neste momento é preservar minha saúde. Em termos psicológicos, decisões assim são muito difíceis, interromper projetos de vida. Para esportistas ou pessoas que vivem no limite, no limiar do risco à vida, saber reconhecer o momento de dar um passo atrás e recuar nos projetos é o momento de maior coragem e humildade, e depois transformar isso em crescimento interior e conhecimento de si mesmo. Esse momento de tristeza no recuo é o que muitas vezes impede um alpinista de sobreviver e não ir para a última etapa, por não aceitar os sinais que a montanha lhe deu. O mesmo vale para qualquer esporte radical. O mesmo vale para qualquer atividade física em que seu corpo é o veículo da ação. Foi ouvindo meu corpo que decidi a hora de parar com o kung fu depois de anos de prática na adolescência, o treino tinha mais contusões que prazer. Foi ouvindo meu corpo que parei com a musculação anos depois, porque era horrível chegar tão esgotado do trabalho na academia. Na corrida, sempre encontrei meu escape. Quando voltei a correr ano passado, foi porque meu corpo me avisou que meu trabalho poderia me quebrar. Com a corrida, reequilibrei meu organismo, eliminando as toxinas do estresse intenso e ininterrupto do dia a dia, mês a mês, do ano. Mas os projetos de corrida, dentro do planejamento de salvar a mim mesmo, não podem me tirar do centro. No momento, preciso correr, mas sem metas de corridas, não dou conta. Tenho que correr para salvar a minha vida, como fiz na retomada. Sem planilhas de distâncias. Vou descansar as dores todas e correr pensando em meu sistema cardio-respiratório, circulatório, muscular e cerebral. Eu não vou quebrar, vou resistir, e ainda tenho muito o que fazer por mim e principalmente pelos meus entes queridos e pessoas que gostam de mim.

domingo, 27 de setembro de 2015

Diário - 270915



Em 2009, um certo trabalhador correndo.

Refeição Cultural

Domingo, manhã de muito calor em Brasília.

Meu desejo e minha reflexão é que deveria sair para correr e cumprir meu treinamento para estar preparado para a minha primeira meia maratona (21K), daqui a alguns dias (11/10/15).

Mas estou receoso de sair para correr porque meu corpo sentiu o cansaço de meu trabalho e o empenho que busquei conciliar nesses dois meses de treino, entre agosto e outubro. Faz umas duas semanas, senti o tendão do pé direito e de lá para cá, estou nas tentativas de corridas, focado no limite do tendão.

Neste sábado, lendo minhas anotações em meu Blog, vi o quanto é antigo e recorrente esse momento que estou vivendo em relação ao esporte. Em 2008, aconteceu a mesma coisa quando me preparava para a minha segunda corrida de São Silvestre. Escrevia que não conseguia treinar pelo cansaço no trabalho, que estava sem resistência para longas distâncias etc.

Entendo que essa é a nossa vida de membro da classe trabalhadora, que tem o desejo de fazer coisas diversas - culturais, sociais, esportivas - mas que, em geral, após sua rotina de venda de sua força de trabalho, não lhe sobra muito de suas energias para as atividades várias que deseja. A vida quase que se resume na sua profissão, na sua tarefa de subsistência.

Esse sofrimento dos membros da classe trabalhadora é um sofrimento silencioso. O sistema é feito para fazer com que os trabalhadores se sintam eles próprios culpados por não estarem sempre por cima, em todas as atividades, em todos os meios sociais. Os membros da classe trabalhadora, na verdade, têm a obrigação de subsistência de si mesmos e de seus dependentes. E, no meu caso, por mais que algum crítico superficial me venha com a alegação que "sou diretor" em uma empresa, com boa remuneração, no fundo sou escriturário de banco e estou na função por um período determinado e continuo sendo o que sou, e voltarei a estar escriturário daqui um tempinho.

É uma loucura como essas coisas são montadas socialmente pelo poder hegemônico. As empresas e corporações que definem a ideologia dominante, incluem nela como os trabalhadores devem se vestir, como devem se comportar, o que devem possuir para estarem na onda, na moda, para serem aceitos em seus meios sociais etc. O que lhes pagam de salários e benefícios, por outro lado, em geral não permite que eles se adequem às exigências impostas pelo próprio sistema. Os bancos, como exemplo do setor que trabalho, exigem certas coisas de meus colegas para serem gerentes de contas ou cargos comissionados e, às vezes, depois de meus colegas nessas funções se organizarem a si e família para certo status quo, os bancos simplesmente lhes tiram a função comissionada, voltando os trabalhadores a ganharem pouco mais que o piso da categoria profissional. E vai explicar para eles que eles não são capitalistas e sim trabalhadores, bancários!

É um sistema louco (capitalismo), de uma sociedade doente, que caminha para o esgotamento dos recursos do planeta em que vivemos.

A divagação por onde me enveredei não foi vã porque o mundo todo é interligado e está conectado, apesar de sermos apenas mais um ser mamífero racional em meio a tudo isso. Qualquer merda que se faz nos cantos do mundo, eu sinto a consequência também.

Lutei tanto nos últimos quinze meses de meu novo trabalho para chegarmos no momento que chegamos, de busca de solução para a empresa em que sou gestor, e nas próximas semanas definições ocorrerão de alguma forma para seguirmos com nossas tarefas. Eu coloquei todas as minhas capacidades intelectivas e energias para organizar a melhor correlação de forças possível entre nós trabalhadores e o patrão, gestor conosco na entidade em que atuo.

Eu aprendi quando cheguei eleito no movimento social, lá no final de 2002 e início de 2003, que mobilização e greve não podem tudo, mas podem muita coisa, mudam a perspectiva de resultado numa peleja entre capital e trabalho. O que fiz em defesa da empresa que administro e em nome dos trabalhadores que represento desde o ano passado, foi organizar essa perspectiva melhor de negociação com unidade entre as entidades representativas do funcionalismo hoje em relação ao ontem, quando as discussões sobre os rumos da entidade de saúde estavam somente no âmbito interno da empresa.

Estou com a consciência leve de saber do roteiro que ajudei a construir e ao mesmo tempo estou circunspecto pela ansiedade em ver que final haverá para a solução de nossa causa pela entidade de saúde que dirigimos representando associados.

Imaginem se seria simples em meio a tudo isso que vivi o ano todo, como um dos timoneiros, ter corpo e mente disponíveis para aumentar a capacidade física em correr distâncias nas ruas de nosso mundo...

Os dias seguem, e se aproxima o dia 11/10/15. Será que o desfecho terá um final feliz como nas corridas de São Silvestre, que até o momento deu tudo certo nas sete provas em que me meti a correr? Não sei, mas o espírito persistente continua o mesmo.


William Mendes

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Forrest Gump: destino? Acaso? Correndo, refletindo.



Forrest Gump.

Refeição Cultural

Os últimos dias têm sido muito estressantes em meu trabalho. Na semana anterior, as longas jornadas diárias me fizeram passar o final de semana prostrado de cansaço. 

Se as cargas físicas e emocionais fossem sazonais, nossa psique aguentaria sem drama. Mas o trabalho que desenvolvo é de estresse ininterrupto, semana a semana. Foi assim esses três dias de segunda, terça e quarta.

Hoje, quando foi 18 horas, saí do trabalho, desliguei o celular e cheguei a minha casa desesperado para colocar um tênis e sair para a rua, fosse para caminhar ou correr. Meu Tendão de Aquiles do pé direito não está bom já faz uns 13 dias.

Comecei a correr pelas alamedas da região que moro e logo pensei na cena do clássico Forrest Gump. Insisti em correr mesmo com o tendão estando sensível. Corri 7k em 44'.


Existe destino ou fazemos nosso destino? Coincidências ou acasos?

Coincidência? Cheguei da corrida, tomei banho e deitei no sofá para descansar. Assim que minha esposa clicou nos canais, lá estava ele, o filme Forrest Gump, no começo.

Hoje, o filme me emocionou várias vezes. É como estou: sensível como meu tendão.

Esse filme é um dos melhores filmes que conheço. A cena em questão, que citei acima, é a cena em que Forrest Gump ganha um tênis de sua amada Jenny, em uma de suas voltas do mundo (ela sempre vai embora).

Após um dos melhores dias de sua vida ao lado da amada, Forrest acorda sozinho de novo. Desolado, ele senta na varanda, olha para o horizonte e sai para correr. E correu; correu; correu.

Forrest correu 3 anos, 2 meses, 14 dias e 16 horas. Ele queria correr (entendo que precisava correr). Ele diz em suas reflexões que iam em seus pensamentos sua mãe, o tenente Dan Taylor, o amigo Bubba e, principalmente, sua amada Jenny.

Parece que minha vida atual me exige que eu coloque um tênis e corra, corra, corra. Acho que é para esquecer as coisas e poder olhar o amanhã, o futuro. Prosseguir.

Em outro momento em que Forrest fala sobre seu tempo nas estradas, nos mares e correndo, ele está descrevendo para Jenny o que viu pelos belos lugares por onde passou. Desertos, montanhas, oceanos. Jenny diz que gostaria de ter estado lá, e Forrest lhe explica que ela estava lá!

No leito de morte de sua mãe, ela explica a Forrest que está morrendo e que isso faz parte da vida. Ela fala sobre o conceito de destino, questionando esta lógica de que as coisas estão dadas. Explica que a vida é como uma caixa de chocolate, pois nunca se sabe o que vai se encontrar. Deixa a lição ao filho para aproveitar as oportunidades e fazer o seu destino.

O tenente Dan já abordava o destino de forma mais determinista. O que está escrito no destino, tem de ser.

Forrest termina refletindo sobre os dois conceitos e pensa que pode ser as duas coisas. Pode haver o destino e pode haver o acaso, e então fazemos o nosso destino.

E eu, que penso?

É duro de definir. Como tenho uma mente curiosa, um espírito filosófico, sempre me peguei pensando nisso, mas desde muito adolescente.

E não acho possível ter posição conclusiva.

Minha vida toda foi como uma caixa de chocolate...

Quando olho como fui parar nas coisas onde parei, fazer as coisas que fiz, as veredas que andei... nos dá muito a pensar! Muito!

Hoje precisava correr. Durante a corrida, lembrei das reflexões que o filme Forrest me traz. O acaso me colocou na frente o filme de Forrest. Agora vou dormir.

Não concluo nada sobre destino, sobre acasos.

A vida é muito parecida com uma caixa de chocolate.


William Mendes


Post Scriptum: se eu fosse falar da trilha sonora do filme, então... seria uma belezura, porque a trilha do filme é o mundo!!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Diário - 230915







Madrugada.
Estava na janela da sala.
O dia foi muito estressante.


Ouvindo o silêncio da madrugada candanga.
Sentindo o cheiro característico da relva seca de Brasília.
Aqui, agora, aprendi a olhar mais o céu. Árvores. Sair do automático.


Respiração profunda. Sinal de atenção.
Cismando, pensando nos meus, nos propósitos.


Olhando tudo do ponto de vista do agora,
posso ir dormir o sono pesado do cansaço físico.
Posso ir dormir o sono leve da consciência do ser.


Sobrinha, parabéns nesta terça.
Mãe, boa sorte nesta quarta.
Irmã, boa sorte nesta quinta.
Pai, estamos fazendo o possível.
Vocês aí. Eu aqui. Filho e esposa aqui.
Estamos fazendo o possível
por todos os entes queridos.


Madrugada.
Silêncio. Sentido. Relva seca.
Vamos dormir.
O sono leve e pesado
da consciência
do possível
do ser.


William Mendes

domingo, 20 de setembro de 2015

Diário - 200915



Às vezes, há caminhos. Às vezes, não há caminhos...
E mesmo assim, caminhamos!

Refeição Cultural


PRA ONDE CAMINHAMOS?

Domingo acabando.

Gostaria que amanhã fosse domingo para descansar um pouco mais.

Neste fim de semana, li um artigo muito bom de Slavoj Zizek sobre o capitalismo global, a questão dos refugiados africanos, dos países árabes e asiáticos e os portões fechados nos países da Europa para eles.

Hoje li um capítulo do livro de Alfredo Bosi, Ideologia e Contraideologia. O capítulo abordou as formas de ver o nascimento, crescimento e morte de nações, com os filósofos Condorcet, Vico e Hegel. Visões da história humana de forma mais linear, num avanço permanente; com avanços e retrocessos, voltando às barbáries ancestrais; e de forma espiral, voltando ao passado, mas com saltos para outras etapas.

Comecei a postar no Blog uma síntese do capítulo como fazia antigamente, mas o dia acabou e abortei a postagem. Não dá mais para fazer isso. Infelizmente.

Hoje corri um pouco e assisti também ao programa Planeta Terra, que sempre me põe a pensar muito sobre o mundo e os seres humanos. Depois vi outro programa sobre a origem do planeta Terra e da vida no planeta.

O sistema capitalista e os rumos que a humanidade está tomando com o esvaziamento dos valores humanos de amor, amizade, fraternidade, solidariedade e mais respeito com as diferenças, além do consumo dos recursos do Planeta, muito maior do que o necessário por causa do modelo de produção capitalista, está nos levando a uma rota perigosa de extermínio dos seres humanos e da natureza como a conhecemos.

É o que eu penso.

Vamos para mais uma semana representando nosso papel nesse planeta extenuado pelo uso inapropriado por parte dos humanos.

William Mendes

sábado, 12 de setembro de 2015

Opinião: É tempo de decisões, ações e firmeza nos compromissos de classe





Refeição Cultural

Chego aos finais de semana tão esgotado que preciso de recolhimento total para recompor meu corpo e mente para a nova semana que virá no front de batalha. É isso sim, a vida, a nossa vida, é um eterno front de batalhas. Há que se ter vigor e compromisso para seguir todos os dias até o fim de nossos dias.

A época que vivemos, em que sou apenas um ator social a mais na turba, na urbe, é uma época de aparente transição. Aparente porque toda época é de transição de algo que está dado para algo que virá. E cada ator social tem um papel a desempenhar, principalmente os que se põem em posições de representação dos trabalhadores no enfrentamento ao status quo dos capitalistas, donos do mundo. 

Nesse Tabuleiro de War, meu papel está muito bem delimitado. Sou gestor eleito pelos trabalhadores em entidade de saúde. Juro a vocês que o meu front de batalha conseguiu ser mais intenso que o que vivi como dirigente sindical por mais de uma década. 

São diversos problemas e adversários contra nossos projetos em benefício de uma Caixa de Assistência de autogestão, focada em saúde e não em lucro e, no entanto, para todo o sistema capitalista em que vivemos, onde saúde é negócio, a nossa entidade não existir seria o melhor para os capitalistas, e o pior para os associados da Cassi - e parte desses sócios beneficiários não têm a mínima noção disso.


História na luta de classes é repleta de exemplos sobre os efeitos para a classe trabalhadora de rupturas de projetos populares e reorganização das máquinas capitalistas 

Houve uma época de transição antes da 1ª Guerra Mundial e então veio o caos e a tragédia humana: o caos e a mortandade durou de 1914 até 1945. Houve uma época de transição antes do golpe civil-militar no Brasil em 1964; foi a mesma época dos seguidos golpes nas Américas do Sul e Central, derrubando governos democráticos e instalando ditaduras sanguinárias em benefícios de certas famílias e donos do mundo daquela época: a mortandade da classe trabalhadora durou dos anos 50 até meados dos anos 80 nas Américas.

Neste momento, estamos em aparente transição do período de certa paz institucional, ou seja, dentro de regras mínimas da chamada democracia burguesa, para novas rupturas e golpes civis e militares, planejados e financiados pelos mesmos grupos empresariais e políticos de sempre: os donos do poder econômico e do mundo. 

Houve, a partir do final dos anos 90, um certo esgotamento e descrença das massas ao serem sacaneadas, exploradas e arrasadas pelos donos do mundo. Isso fez com que os povos latino-americanos passassem a votar nos partidos e líderes populares como Hugo Chaves, Lula da Silva, Mujica, Rafael Correa, Evo Morales, os Kirchner, Fernando Lugo, Dilma Rousseff e Michelle Bachelet até mais recentemente reelegendo Dilma e Bachelet, dentre outros projetos menos identificados com o capital e ordens imperialistas. Todos eles mais voltados para a soberania nacional e contrários a tornar seus países quintais dos impérios Norte-Americano e europeus.

Com o início da nova crise capitalista no império americano, com a quebra do Lehman Brother e o novo crash a partir de 2008, na chamada crise dos subprimes, entramos na fase atual de disputa de hegemonia no mundo. Os Estados Unidos tiveram participação na destruição de vários países árabes, com o único objetivo de instalar suas corporações no controle dos poços de petróleo do Oriente Médio. Tudo em nome da "democracia" e "libertação dos povos". O papel americano ajudou a transformar países e nações milenares em terras de caos e guerras civis.

Nesta disputa de hegemonia, tudo indica que o foco agora são os governos democráticos e populares, identificados com os povos trabalhadores e originários da América do Sul. Os americanos querem os poços de petróleo da Venezuela e do Brasil. A desculpa para manipular as massas vem através dos meios de comunicação das famílias burguesas locais - burgueses lacaios e vira-latas históricos do imperialismo. É a velha e antiga lógica de derrubar governos populares por "corrupção" e "democracia em risco". É nojento, é antigo, funciona há séculos para destruir projetos de libertação e soberania nacional nas ex-colonias desses mesmos impérios, mas funciona que é uma beleza. Afinal, quando foi que se ensinou educação política nas grades escolares?


O papel dos partidos de esquerda, sindicatos de trabalhadores e movimentos populares

Nesse histórico acima, o papel obrigatório dos partidos de esquerda e sindicatos de trabalhadores é organizar as massas e fazer formação política para os momentos decisivos no embate entre capital e trabalho, nas disputas de projetos entre classe trabalhadora e donos do mundo.

Neste exato momento, compete aos partidos de esquerda, aos sindicatos e, sobretudo, à presidência da república, eleita em disputa acirradíssima em outubro de 2014, se posicionarem em defesa do projeto que o povo elegeu.

A presidenta Dilma Rousseff e seus assessores políticos - aqueles que estiverem comprometidos com o projeto original eleito -, precisam efetivamente mudar a postura conciliatória com a oposição partidária e lacaios do capital nacional e internacional porque ela se mostrou ineficaz. Esses grupos de interesse não querem conciliar, querem derrubar o governo e acabar com as conquistas e avanços que nosso lado da classe trabalhadora obteve nos últimos 13 anos. 

Nosso lado, que elegeu Dilma Rousseff com 51,64% dos votos válidos (54,5 milhões), está de saco cheio de ser vilipendiado pelos arranjos políticos frustrados entre o governo e as oposições, acordos de conciliação tentados legitimamente pelo governo pela tal governabilidade. Ela não veio. 

Presidenta Dilma, antes de interromperem o seu governo de forma "institucional" pelas regras do legislativo e ou por novas invenções nas instituições da democracia burguesa, dê-nos um sinal de escolha de lado e vamos para o enfrentamento popular com mobilizações e nas formas pacíficas previstas contra essas organizações que ganham corpo e incentivam o caos e as formas mais vis de intolerância e fascismo. É sua tarefa, presidenta, escolher um lado, o que a elegeu, e tentar reorganizar o enfrentamento ao golpe.

Os sindicatos e movimentos populares devem sair do marasmo e cobrar da presidenta Dilma a posição de sair para o enfrentamento. Porque neste momento, não há sequer clima e foco em organizar a resistência ao golpe em andamento. Os sindicatos e movimentos deveriam estar nas bases falando sobre isso. Mas aí está o problema: como está a representatividade e o diálogo com os trabalhadores? Com quantas pessoas cada um dos milhares de dirigentes sindicais conversam olho no olho durante a semana? Rede social e internet não servem de forma efetiva e eficaz para formação política classista. Não servem!


Sigo oferecendo minha vida e energia à tarefa para a qual fui eleito

Eu me angustio com o cenário político que observo em meu país e no mundo. Nosso lado da classe trabalhadora está perdido e não consegue sequer organizar os trabalhadores para o embate mais difícil que teremos desde que saímos aqui nas Américas do Sul e Central daqueles anos terríveis das ditaduras entre os anos 50 e 80.

Minha contribuição na formação política dos trabalhadores que represento tem sido e seguirá sendo, desde junho de 2014, cortar o país a qualquer custo para falar olho no olho com as pessoas que tiverem interesse em nos ouvir a respeito do que estamos responsáveis: a gestão da Caixa de Assistência. Meu foco não poderia ser outro que fazer o debate político, ideológico e técnico no campo da saúde, na gestão da saúde sob a ótica do interesse dos trabalhadores, numa disputa de modelo e de interesses em um setor de bilhões de reais. E podem acreditar, esses interesses não são os dos trabalhadores.

É nisso que estou pondo todas as minhas energias, minha vida. Não sobra tempo algum para outro front de batalha. Esse que estou é do tamanho do mundo também. Acreditem!

É por isso que quando termina a semana estou tão esgotado, é porque fiz o possível durante as horas existentes dos dias para ser técnico, para ser político, e para não perder a minha característica desde que iniciei na representação dos trabalhadores: ir às bases que represento e falar olho no olho com as pessoas. 

Eu acredito que nos debates, nos argumentos é possível mudar a opinião das pessoas, mostrar outro ponto de vista e agregar mais trabalhadores em nossa luta diária contra um sistema que escraviza os seres humanos: o sistema capitalista.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Classe média? Isso não existe no Capitalismo.


(releitura em 16/12/17)


Operários, Tarsila do Amaral. (1933).

Não existe classe média. Isso é um conceito vazio no sistema de exploração capitalista.

Um bancário, um metalúrgico, um professor, um funcionário público concursado, enfim, trabalhadores com uma renda um pouco acima do salário mínimo do país (quando há) costumam ser chamados de classe média. Classe média uma ova!

Tira o emprego desse metalúrgico, desse bancário, desse professor, desse funcionário público, que assim que acabarem suas economias, se eles as tiverem, eles serão números no exército de reserva do capitalismo para venderem sua mão de obra a quase nada, para pagarem as contas da casa (se tiverem uma), para comerem.

No capitalismo existem duas classes: a dos capitalistas exploradores, que compram a mão de obra, e a dos trabalhadores, que vendem a mão de obra, suas horas de trabalho, seus corpos, suas energias vitais.

Os governos do PT, nos mandatos presidenciais conquistados neste início de século XXI, aumentaram a distribuição de rendas e os empregos. A consequência foi mais trabalhadores com renda e uma economia interna mais ativa. 

O índice de desemprego herdado por Lula em 2002 era cerca de 12%. Com o PT os índices chegaram quase ao pleno emprego e hoje beiram os 7%. Com a crise mundial e a crise construída pela oposição aos governos do PT e ao Brasil, a denominada "classe média" pode voltar a ser dezenas de milhões de miseráveis da classe trabalhadora sem emprego, sem renda e sem o que manter a si mesmos, que tivemos e vivemos no Brasil até 2002.

Essa é a minha opinião.

William Mendes
Bancário, classe trabalhadora.


Post Scriptum (16/12/17):

Golpe de Estado aplicado no Brasil em 2016 e a leitura que fiz acima sobre a tal "classe média" começa a se mostrar como realidade. Desemprego gigante, destruição do país pelos golpistas, e os milhões de incluídos nos governos do PT estão pelas ruas e em busca de empregos que não lhes darão as condições que tiveram antes (os golpistas aplicaram reformas que destruíram os direitos de mais de um século de lutas). Agora as regras para ganhar algum sustento são semelhantes à escravidão...