Bons autores, bons livros. Dois brasileiros. Um norte-americano. Um português. |
Refeição Cultural
Domingo. Fim das férias do trabalho. Férias em que trabalhei ou dediquei grande parte do mês ao trabalho por questões óbvias: meu trabalho é político, sou gestor eleito em entidade de saúde dos trabalhadores.
Fiz uma viagem com a família, pelo menos. Fomos a Pernambuco: Porto de Galinhas e Fernando de Noronha. Foi legal. Lugares bonitos. Vi ali o mesmo efeito preocupante da mão insana do homem num mundo capitalista. Perspectivas de destruição da natureza bem ali na esquina da vida. Overdose de consumismo e exploração dos meios extremamente sensíveis e esgotáveis da natureza.
Li três livros. Vários contos. Nove de J. D. Salinger (166 páginas). Doze de José J. Veiga (153 páginas). Sete de Machado de Assis (125 páginas). Contos muito diferentes. Épocas distintas e autores com estilos extremamente diversos. Machado abordando o mundo e seu mundo nos anos setenta e oitenta do século 19. Salinger, um norte-americano escrevendo nos anos quarenta e cinquenta do século 20. E finalmente conheci José J. Veiga, escrevendo no final dos anos cinquenta no Brasil.
Li mais um livro de Saramago. Me emocionei ao final. O livro "A viagem do elefante" (256 páginas) é um livro que Saramago pode escrever porque ele diz ter sido salvo por sua esposa e companheira, Pilar, que não o deixou morrer antes de 2008, quando esteve muito doente. Saiu da morte e escreveu sobre a vida de um elefante e seu cornaca, completando as lacunas da história e nos lembrando que a vida é um contar de histórias, onde vamos preenchendo as lacunas que faltam.
Depois fui ver Machado dizer a mesma coisa num conto. O narrador dizia que só completava as lacunas da história que narrava.
Nossa vida é assim: histórias e narrativas que vamos criando e narrando, e sempre completando as lacunas que faltam.
Bom, pelo menos neste mês de janeiro, pude ler umas setecentas páginas de literatura, além das dezenas de páginas de súmulas e textos da Cassi.
Vamos começar amanhã uma vida dura, difícil. De compromissos com nossas tarefas e pouco espaço para nós mesmos e nossa subjetividade. Somos cientes de nossas responsabilidades e quase que as colocamos acima de nossa existência. Devo ficar atento a isso, porque sou humano e não posso atender a todos os chamados que a militância social me faz, porque minha prioridade é a Cassi.
Eu preciso buscar de maneira obrigatória conciliar um pouco essa minha dedicação às causas que represento em nome dos trabalhadores com a minha saúde, porque sem ela, eu não poderei estar nas batalhas que enfrento, à frente das causas pelas quais milito como a gestão da Caixa de Assistência dos Funcionários do BB e as causas dos trabalhadores que defendemos com os princípios da esquerda de solidariedade, igualdade e liberdade.
Minha existência e meus compromissos são desafios grandes. Sempre foram. Vamos a eles com diligência, ética, transparência, exercício de tolerância e muito foco no que tenho que fazer e cumprir.
William Mendes