sexta-feira, 27 de maio de 2022

270522 - Diário e reflexões (CartaCapital)



Refeição Cultural - CartaCapital 1209


CABEÇAS A PRÊMIO

A matéria de capa da revista CartaCapital desta semana traz a síntese do que vivemos nessa colônia de exploração norte-americana: "Com a anuência do governo Bolsonaro, a 'caçada' aos indígenas atinge novos patamares". 

Ao longo das matérias da revista e ao longo da semana que passou, vimos a realidade das caçadas neste continente cavocado e feito pasto (as malditas commodities...). É um cenário quase realista da ficção distópica "Bacurau". Nós povo somos caçados como animais pelos colonizadores brancos do norte e seus capitães do mato.

Mino Carta e Boaventura de S. Santos ensaiam os riscos globais aos quais estamos expostos por causa da guerra imperialista norte-americana e de seus adversários, Rússia e China. Ganhei uma aula de Mino sobre a história norte-americana, desde Thomas Jefferson no início do século XIX, passando pelo desgraçado que criou a ideia da América para os americanos, a doutrina Monroe, e Mino abordou também Abraham Lincoln e a Guerra de Secessão.

José Sócrates expõe a tragédia da questão do aborto: enquanto conservadores e reacionários lutam para criminalizar o aborto, as mulheres seguem vítimas de uma esquizofrenia e uma hipocrisia do mundo machista, misógino e ignorante.

As matérias sobre os povos indígenas são de chorar e a vontade é organizar um exército popular que não concorde com o genocídio dos povos originários e a destruição de nossas florestas e biomas. Só na conversa e nas redes sociais não vamos evitar o fim de tudo. Os inimigos são impiedosos e implacáveis: invadem, estupram, matam, queimam tudo, destroem rios e ecossistemas. São maus e não ligam pra nossa indignação.

Na seção "Seu País" a caçada continua. Parceiros do regime bolsonarista, empresários e picaretas de falsas igrejas, recebem 193 milhões de reais para fazer de conta que estão tratando e curando dependentes químicos. A matéria "A fé move moedas" traz a chamada "Droga: sob Bolsonaro, as comunidades terapêuticas dominadas por pastores crescem e se multiplicam". É uma picaretagem indescritível...

Segue a caçada... "Natureza encurralada". Agora é a destruição em Minas Gerais: "Com o licenciamento repleto de irregularidades, o complexo minerário da Tamisa ameaça destruir o que restou da Serra do Curral"

Gente... só com um exército popular para defendermos a Serra do Curral e toda a fauna e flora que lá existem... E toda a destruição para beneficiar alguns humanos desgraçados... como pode ninguém fazer nada contra isso?

Caçada...

E em Curitiba, os racistas e outras pragas da casa-grande dessa colônia estão à caça do vereador do PT Renato Freitas... Lá na Câmara municipal se perdoa tudo, roubo, propina, lavagem de dinheiro, caixa 2, crimes vários, mas querem cassar o mandato do vereador preto, pobre e do PT, crimes imperdoáveis de Renato Freitas...

Caçada... E a Eletrobras? Putz! Cadê nosso exército popular para defender esse nosso patrimônio?

Caçadas

Na seção "Nosso Mundo" duas caçadas dos homens brancos e donos do poder: a caça aos direitos das mulheres na suprema corte dos EUA: de novo a questão do aborto. E o assassinato da jornalista Shireen Abu Aqleh pelos israelenses. Que foda tudo isso! As cenas dos soldados israelenses atacando os palestinos na cerimônia de enterro da jornalista chocaram o mundo.

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Na semana que passou, a caçada humana seguiu violentamente. A chacina na comunidade carioca, com mais de vinte mortos oficialmente. Gente pobre, preta e da classe trabalhadora. O assassinato bárbaro de Genivaldo pelos policiais rodoviários de Sergipe num camburão feito câmara de gás.

Chega, né!

William


domingo, 22 de maio de 2022

Caminhando, visitei o passado...



Refeição Cultural

Domingo, 22 de maio de 2022. Osasco.


Saí mais uma vez para caminhar, andar andar andar, e talvez com isso cansar e pensar menos nas tristezas. Quero dizer com isso que enquanto andava (triste) também pensava a vida, o passado, o presente, pensava os porquês das coisas. Hoje tenho uma compreensão muito melhor das coisas, isso não resolve nada, mas a compreensão deixa claro muita coisa.

Hoje caminhei rumo ao passado. Enquanto caminhava, passei por cinco endereços onde morei por um tempo em minha vida. Deve ter muita gente que nunca morou em cinco locais diferentes na vida, morei numa porrada de lugares... Locais nos quais morei com os outros e sozinho. Morei com avó e primos; morei com os pais em casa dos outros, de favor; morei com conhecidos e estranhos; morei de novo com avó, tio e primo; morei sozinho em casas pequenas, casas de fundo. Passei também na frente da casa onde nasci.

Andei uns 17 Km desta vez, umas 3 horas e meia. Como as dores em meu quadril dão a impressão que vieram pra ficar, tenho evitado correr porque quando corro fico entrevado uns dois ou três dias. Já que decidi tentar fazer mais uma vez a caminhada da Romaria lá em Minas Gerais, o jeito que tem é caminhar e caminhar e ver se o corpo segura a onda e eu me condiciono para andar uns 80 Km de uma vez só. Dia desses, andei 25 Km no Parque do Sabiá em Uberlândia, foi de boa a caminhada.

Na primeira parte da caminhada, decidi passar na frente do prédio onde morei com amigos e um estranho com o qual não me dei bem. O cara era um palhaço, era gerente de banco e me destratava pra caralho. Saí de lá pra não fazer uma merda com aquele sujeito. Edifício Juliana, na Avenida Jaguaré. Me lembro que da janela do banheiro dava pra ver a Universidade de São Paulo. Depois acabei indo estudar lá. Na época, pegava o ônibus na avenida para ir trabalhar no Unibanco (CAU), na Raposo Tavares.

De lá, segui para o próximo endereço do passado, este o mais forte nas emoções, a casa onde nasci. Entrei pela Avenida do Rio Pequeno e fui até próximo à padaria Cinco Quinas, que ainda está lá, ela existe há décadas. Desci pela Rua Prof. Adolfino de Arruda Castanho, fui até o fim, onde era o Córrego do Rio Pequeno (hoje canalizado como Av. Politécnica) e subi pela Rua Dr. Sérgio Ruiz de Albuquerque. Passei na frente do conjunto de sobrados onde nasci, no número 166. Antes do sobrado onde nasci, não consegui identificar qual seria a casa do conhecido de infância no fim da rua, as casas estão mudadas demais. Naquela esquina dos sobrados (Rua Miguel Sevílio) brinquei muito, brincamos.

Segui pela Av. do Rio Pequeno até o fim. Caraca! Quantas coisas na cabeça! Aquele lugar parece que não mudou nada nas últimas décadas. Os bares com gente na calçada e música antiga em caixas de som. Vi gente soltando pipa perto dos fios de alta tensão. Pensei nas questões políticas, nas posições políticas das pessoas... como exigir de alguém ali ser de "esquerda", militante e engajado e o caralho? (só fui exceção na família e virei militante de esquerda por causa do Sindicato dos Bancários) 

Me lembrei da música dos Racionais MC... ali só tem o padre para tomar a benção (agora o pastor), me lembrei de São Cosme e São Damião. Até ouvi uma mulher falando com outra sobre Pomba Gira (no segundo que passei ao lado delas na calçada)... as religiões são as únicas proteções ali como diz a música (ou o conforto para tanta miséria como disse Marx: "o ópio do povo"). Eu convivi com a fé católica e com as religiões de matriz africana.

Já contornando pela Praça Wilson Moreira da Costa, passei lentamente na frente dos portões das casas da R. Tomé de Lara Falcão. Morei em uma casa de fundo ali, um dos lugares mais precários onde morei, quarto e cozinha com banheiro coletivo no quintal com algumas casas. Cara, que lembranças duras! Foi um dos banheiros onde mais enfrentei baratas na minha vida! Me lembrei também que eu andava por aquela Avenida do Rio Pequeno pra lá e pra cá, em qualquer horário. Eu ia com frequência para as casas dos familiares lá na outra ponta da avenida, perto do colégio Adolfino.

Na volta, parei um pouco no ponto de ônibus em frente a Cinco Quinas. Eu imaginava que a padaria fosse maior. É pequena. Tem uma existência mais antiga que eu, que nasci ali em 1969. Desde muito pequeno ia lá buscar pão, subindo a rua. A rua que dava enchente sempre que chovia forte. As enchentes de minha infância...

Na próxima etapa da caminhada, a subida do morro pela R. Profª Ana Maria Lélis da Silva, e a escola onde fui alfabetizado, E.E. Prof. Adolfino Arruda Castanho. Eu, minha irmã e a minha mãe subimos por ali muitos anos, quando fizemos as primeiras séries do ensino fundamental. Depois, passei nos endereços de longa parte da minha vida, as casas de meu tio na R. Prof. Antônio Filgueira de Lima, na Antônio de Bonis e na Ricardo Cipicchia. Várias fases da vida - infância, adolescência, vida adulta. Foram tempos diversos, como é a vida, tempos felizes, tristes, duros, amenos... vida.

Para voltar para Osasco, desci pela Avenida N. Sra. da Assunção, passei em frente da escolinha onde minha companheira deu aula quase a vida toda. Encarei mais uma hora de caminhada pela Av. Corifeu de Azevedo Marques.

Carrego comigo lembranças boas e ruins desses lugares, ali nasci, ali vivi, dali fui embora, pra'li voltei. Ali estava quando fui criança, quando fui feliz, brincando. Frequentei a Paróquia São Patrício, na Av. Otacílio Tomanik, em diferentes épocas, na infância e na adolescência. 

Ali estava quando voltei pra São Paulo, vindo de Uberlândia (MG) quando fui trabalhador braçal, depois bancário, e quando trabalhei em escola de idiomas, e quando trabalhei em lanchonete no Itaim Bibi etc...

Foi uma caminhada boa. Cheguei cansado. Felizmente, o quadril parece que vem resistindo bem a essas caminhadas longas. Já rodei nesse mês algo como 90 Km. Vamos ver se faço mais uma Romaria entre Uberlândia e Água Suja.

Vai que eu volte a pensar na grande caminhada já protelada várias vezes nas últimas décadas... a caminhada na Espanha, o Caminho de Santiago, no qual pensei fazer o longo percurso do Caminho Francês, saindo de San Jean Pied de Port, França, e atravessando todo o Norte da Espanha, quase mil quilômetros. 

Por enquanto, preciso caminhar andar andar e andar, e lidar com essas tristezas de ver meu mundo destruído pelo golpe e pelo mal representado pelo bolsonarismo. 

E ainda tem outras tristezas domésticas... vi numa entrevista dias atrás a psicanalista Viviane Mosé explicando que os donos do poder (o 1%) têm uma estratégia de fazer as pessoas infelizes e tristes, é um projeto do capitalismo. Assim as pessoas ficam paralisadas, não lutam, se entregam aos vícios, desistem da vida, dos sonhos, de tudo... 

Isso é verdade! Há um projeto dos capitalistas para deixar as pessoas tristes. É só vermos dentro de nossas casas... como as famílias podem ser tão problemáticas nessa vida e por tão pouca coisa, às vezes! Muitas das infelicidades dentro de casa não precisariam existir... Precisamos de mais amor, de mais paciência, entre todos nós. A começar dentro de casa! 

Tristeza faz parte da vida, que é dura. Mas não essa tristeza como projeto do capitalismo, essa temos que combater. Não podemos desistir da vida. A vida é uma oportunidade única e diária de acontecer coisas boas, coisas boas podem ser as coisas mais simples que se possa imaginar, coisas boas podem acontecer a nós tod@s.

Seguimos caminhando, mesmo sem ter caminhos, caminhamos... e fazemos caminhos ou atalhos.

William


quinta-feira, 19 de maio de 2022

"Já pensou se cercam e botam fogo?"

Em 2014, neonazistas da Ucrânia perseguiram
e carbonizaram sindicalistas e esquerdistas.
Créditos: Revista Fórum (rep. de redes sociais)


E pensar que eu estive por tanto tempo em mesas de negociações com gente que pensa em cercar e queimar pessoas...

No dia 2 de maio de 2014, grupos de neonazistas ucranianos cercaram sindicalistas, comunistas e pessoas que defendem um mundo mais justo e solidário, que defendem direitos trabalhistas, previdenciários, direitos em saúde pública, direitos humanos e demais pautas das causas dos grupos de esquerda e progressistas. Os neonazistas cercaram os sindicalistas e botaram fogo na Casa dos Sindicatos em Odessa, Ucrânia.

Foi terrível! 39 pessoas morreram carbonizadas. Jovens, mulheres, crianças, adultos... seres humanos com visões de um mundo mais justo e solidário, um mundo com direitos sociais, civis e políticos como defendem os sindicatos e partidos de esquerda.

Algumas pessoas que tentaram fugir do incêndio se jogando ou saindo pelas portas eram espancadas com porretes, correntes e outras armas para se exterminar sindicalistas e esquerdistas. Foi um dia de muita vergonha para a humanidade. Foi um dia de glória para aquelas pessoas que pregam o ódio, a intolerância, o extermínio de quem pensa diferente.

Aí eu entro em uma rede social e vejo por acaso uma postagem de um colega da comunidade Banco do Brasil fazendo uma espécie de piada ou ironia sobre não ter sido convidado para o casamento do presidente Lula e Janja no dia de ontem. A postagem é equivocada na minha opinião porque confunde pagamento de impostos com a questão privada do casamento do cidadão Lula. Mas é uma postagem normal, dentro das regras da democracia e da livre opinião.

No entanto, o primeiro comentário que vejo na postagem do colega é de uma personalidade conhecida na comunidade Banco do Brasil, uma pessoa com funções públicas porque ocupa cargo de presidência em entidades associativas de nossa comunidade de trabalhadores do Banco do Brasil. A pessoa teve a coragem de escrever:

"Já pensou se cercam e botam fogo?"

É demais pra mim! É demais!

Que gente é essa? Que gente é essa com as quais convivi por tanto tempo em mesas de negociações lutando por direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários? Direitos de colegas da comunidade que só existem porque existe um banco público e funcionários da ativa e aposentados desse banco público. Direitos de previdência complementar que milhares de nós da comunidade usufruem e têm direito neste momento porque sempre houve lutas sindicais, de esquerda! Que gente odiosa é essa?

Que gente odiosa é essa que sonha em cercar e queimar pessoas como eu e diversos companheiros e companheiras que lutamos pelos direitos trabalhistas, de saúde e previdenciários de toda uma coletividade? Que gente doente é essa?

Cara, é por coisas como essa que estou cansando do mundo, da vida, da existência. Uma senhora que teria tudo para defender a solidariedade de classe, os direitos de todas as pessoas porque ela é representante de trabalhadores de ontem e de hoje - ela tem benefício de previdência complementar por causa de nossas lutas coletivas - e ela sonha repetir aqui com o presidente Lula e com uma centena de convidados o que os neonazistas da Ucrânia fizeram com sindicalistas ao cercar e queimar dezenas de lutadores por um mundo melhor.

Que mundo é esse? Que gente é essa?

William


Post Scriptum: é um print triste de se guardar... de novo, eu não me conformo em ver gente com quem estive tanto tempo lutando por direitos coletivos defendendo cercar e queimar pessoas como o Lula, eu e meus colegas de luta.

E só pra registrar no meu espaço de opinião: ladrão e corrupto é quem acusa Lula de ladrão porque este cidadão é investigado há quase 50 anos e se está livre e com seus direitos políticos é porque nunca acharam uma agulha roubada por Lula. Já quem chama ele de ladrão... com certeza já pagou propina pra alguém, já burlou o imposto de renda, já fez das suas corrupções, mas é gente hipócrita! É o que mais se tem nesta terra bárbara!


O Brasil racista - Um mundo de exclusões



Refeição Cultural

Ao assistir "Medida Provisória", um turbilhão de coisas circulou na minha cabeça: vivemos num mundo de exclusões em favor da superacumulação de poucos


Saí da sala de cinema com o coração doído, apertado. Uma vontade imensa de chorar muito, como se fosse um choro que aliviasse o coração. Mas nem chorando estou ultimamente. Mau sinal. O filme Medida Provisória, dirigido por Lázaro Ramos, é um filme catártico. 

Impossível não se situar naquele cenário humano: quem somos nós? Eu sou o branco privilegiado... mesmo tendo a consciência de onde vim, da pobreza, o mal-estar não passa. Sou um branco num país racista! Fui um privilegiado por isso nos diversos momentos decisivos de minha vida nesta terra. Fui escolhido mesmo nos piores empregos por minha cor branca, é assim no Brasil.

Mil pensamentos correm pelos pulsos elétricos de meus 86 bilhões de neurônios. Lá fora, a lua ilumina uma noite pra lá de fria sob milhares de pessoas sem teto e sem segurança alimentar. É o Brasil do racismo estrutural e da desigualdade social.

Somos mais de duzentos milhões de pessoas nesta ex-colônia de exploração, nesta ainda colônia de exploração. Nunca fomos uma colônia de povoamento. Uma terra continental à mercê de uma pequena elite branca, má, ignorante, vulgar e violenta. A elite do atraso.

Aliás, por que estou escrevendo? Por quê? Todo dia não quero escrever mais. Será que é pra não gritar e ser preso por incomodar os outros? Nem gritar podemos! Estou cansado. Não quero mais escrever, não quero mais quase nada. E alguma coisa dentro de mim me faz abrir o blog e escrever algum lamento, alguma revolta. Mas tô cansado disso. No fundo, quando olho ao meu redor, cansei de viver! Não tem paz nem amor em lugar nenhum, dentro e fora de casa... é só ódio, intolerância, ódio, raiva, ódio, intolerância... que cansaço da porra!!!

Todo dia, todo dia, fico pensando em deletar tudo que me coloque em contato com essa merda de mundo dos poucos abastados, dos poucos donos de tudo. Odeio ser commodity do Zuckerberg ou da bosta do Twitter, mercadoria de uns desgraçados donos dessas ferramentas de manipulação.

Um mundo de exclusões... a bilheteria do cinema não tem mais vendedor: te vira e compra em máquina; não tem ninguém pra cobrar a merda do estacionamento: pague na máquina! (e se fosse o meu pai? como faria pra pagar e sair do shopping?); o ônibus não tem mais cobrador: te vira motorista! Dirija e cobre ao mesmo tempo; não tem mais atendente em lugar nenhum: foda-se você, trouxa! Isso num país com 100.000.000 de pessoas sem salário e renda para comer no dia seguinte!

Por que essa gente não se revolta e ataca os endinheirados? Porque existem ferramentas de manipulação até para deixar os miseráveis tristes, fracos, conformados... Temos diversos comprimidos de Soma nesse Admirável Mundo Novo!

Não sei tudo, na verdade não sei nada. Mas com o tempo e a experiência, compreendi alguma coisa. 

Imaginem o filme Medida Provisória aplicado a esta colônia: a maioria dos humanos das forças de repressão são pretos ou melaninados... na hora de capturar os melaninados as forças de repressão teriam um nó na cabeça, um policial agressor teria que olhar pro seu parça e seria um preto olhando outro... como faríamos com mais da metade da população melaninada do país?

Aqui é um lugar tão desgraçado pelos 5 séculos de manipulação mental contra os povos que é provável que se daria um jeito de sumir com essa metade de melaninados com ajuda dos próprios melaninados...

William


segunda-feira, 16 de maio de 2022

160522 - Diário e reflexões (CartaCapital)



Refeição Cultural - CartaCapital 1208


ENSAIO DO GOLPE

Por algum motivo li neste fim de semana a revista semanal CartaCapital, digo isso porque não tenho lido mais nem livros nem revistas nestes últimos meses. Decidi no início do ano que deveria focar a solução de problemas domésticos protelados por longa data e que me trazem despesas absurdas e desgostos. Não consegui até agora atingir esse objetivo, só fiquei sem ler com regularidade. Que merda, heim! Apesar de meu fracasso, pelo menos sigo assinando a revista e contribuindo para a sobrevivência de um veículo de bom jornalismo.

Enfim, ao ler a excelente revista da equipe de jornalistas liderada por Mino Carta, fiquei pensando a respeito da afirmação de Margo Glantz, escritora e intelectual mexicana que diz em suas postagens curtas via rede social que ler notícias nos dias de hoje é um ato masoquista. Acho que é isso mesmo! Lemos para sofrer (tenho muita dúvida se nos informamos ao ler o que se tem por aí). Aliás, alguns pautadores das notícias como, por exemplo, o genocida e bandido no poder na colônia de exploração brasileira, criam as desgraças diárias que viram as pautas para nos torturar, para nos manipular, para seguir sendo o assunto ininterrupto. É uma estratégia que tem se mostrado eficaz até agora.

NOSSO MUNDO NA PÓS-VERDADE DA MATRIX DE FAKE NEWS

Comecei a leitura pela seção "Nosso Mundo". Que foda! Os ditadores, corruptos e assassinos das Filipinas estão de volta ao poder... pelo voto! O país foi palco de mais uma experiência bem-sucedida de pós-verdade promovida por ferramentas de mentiras em massa. Quase 70 milhões de pessoas foram às urnas e elegeram o herdeiro da ditadura dos Marcos. Segundo a matéria, a população acredita que eles são bonzinhos, honestos, gente boa e que vão até doar para o povo a fortuna roubada em 21 anos de ditadura... Preciso dizer mais alguma coisa?

Depois li a seção de "Economia":

Masoquismo... O Brasil-colônia destruído após o golpe de Estado em 2016 vai passar por momentos mais difíceis ainda porque a economia mundial está em recessão e até os "parceiros" comerciais que compram as commodities desse continente pasto e chão cavocado vão reduzir suas movimentações. E ainda tem a guerra entre os Estados Unidos e a Rússia, com a Europa toda sendo bucha de canhão dos norte-americanos. O mundo tá f... Eu não sei se sobra alguma alternativa para os russos além de apertarem aqueles botões vermelhos de ogivas nucleares...

Depois li a seção "Seu País" e "Capa" a respeito das corrupções corrupções corrupções todos os tipos de corrupções da política pós golpe de Estado. O golpe prometido pelos corruptos colocados no poder por corrupção (fraudes fraudes e mais fraudes). Bilhões e bilhões de dinheiros usados de forma secreta pelos corruptos do Congresso Nacional...

POVOS INDÍGENAS SOB RISCO DE MORTE E GENOCÍDIO - A matéria "Norte selvagem" denuncia o absurdo que está ocorrendo no Pará, colocando em risco uma população de 1500 indígenas da etnia Parakanã. Há uma campanha de desinformação em massa - fake news e pós-verdade - que faz com que a população não indígena da cidade de Novo Repartimento queira fazer justiça com as próprias mãos por causa da morte de três homens encontrados mortos nas terras indígenas. Dureza!

A seção "Plural" traz a notícia boa da reabertura da Cinemateca depois das tragédias dos incêndios e inundações, mas as informações sobre as perdas são terríveis... irrecuperáveis as obras perdidas...

ARTIGOS

Nos artigos da revista, alguns são excelentes, são essenciais. 

O de Arthur Chioro que denuncia "A defesa da violência", título da matéria. "O Ministério da Saúde, no governo Bolsonaro, apregoa a cesariana indiscriminada e assume o papel de incentivador de práticas inaceitáveis relacionadas ao parto".

O de Pedro Serrano "Ataque velado à democracia" tem como chamada inicial do texto o seguinte: "Para Bolsonaro, o importante não é indultar Daniel Silveira, e sim usar esse caso para se colocar como um guardião da Constituição, de forma a exercer um poder totalitário".

E fecho com o artigo de Sidarta Ribeiro "O fracasso da nação" a respeito do filme de Lázaro Ramos. Com a chamada "O filme Medida Provisória enfrenta nosso grande enigma: como superar a herança genocida e escravista, diante de tamanha hegemonia branca?". Gente, após ler o texto de Sidarta, vou ver o filme amanhã mesmo. A gente sempre enrola enrola e acaba não indo ao cinema. Vou amanhã mesmo!

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Caminhante, não há caminho... 

Fecho esse diário e essas reflexões pensando nas palavras do poeta Antonio Machado. 

Estou caminhando, mesmo sem haver caminhos. Estou caminhando. Não estou podendo correr como fiz por décadas em minha vida. Meu quadril... que foda! Enquanto não corro, meu colesterol sobe, e as coisas se estragam por dentro.

Estou caminhando. Quero fazer a romaria de Minas Gerais em agosto. Não sei se consigo mais. Mas vou me sentir até lá. Estou caminhando. Comecei com caminhadas de 5K, depois de 10K. Dias atrás, andei 25K.

Vou andar uns 50K qualquer dia desses. Estou caminhando, mesmo sem caminhos.

William


sexta-feira, 13 de maio de 2022

Como derrotar a mentira e a desinformação?


Revista CartaCapital 1208.

O povo brasileiro e os povos do mundo estão se perdendo por causa das mentiras e desinformações em escalas industriais

Disse num texto sobre o povo brasileiro (ler aqui) que as eleições de outubro de 2022 são oportunidades reais de mudarmos a realidade desgraçada em que nos encontramos desde o golpe de Estado em 2016. A democracia se funcionar é uma grande oportunidade de mudar a realidade sem guerras de extermínio do diferente. A política é sempre melhor que a violência e a guerra.

A grande questão é como fazer as democracias funcionarem no atual momento da história humana. As últimas décadas trouxeram com os avanços tecnológicos novas ferramentas de (des)informação em massa em escala nunca imaginada na história das sociedades humanas. As mentiras e as narrativas sem base na realidade e os mentirosos, embusteiros e sofistas sempre existiram pelos espaços públicos e privados. Aquilo que entendemos como "imprensa" sempre teve o seu papel negativo de fabricar fake news porque os meios de comunicação sempre estiveram ligados aos donos do poder econômico. Mas nada se assemelha ao que estamos vivendo neste momento da história. Nada.

Pego como exemplo as recentes eleições nas Filipinas, na Ásia, decididas com base em uma alteração da realidade, uma reescrita da história, uma pós-verdade. Os ditadores e corruptos da família Marcos, que assassinaram opositores, barbarizaram o povo de seu país por duas décadas (1965-1986) e roubaram o erário público ao longo de todo o período da ditadura, venceram as eleições presidenciais de 2022. Os ditadores e corruptos venceram com o dobro de votos a concorrente Leni Robredo, ex-advogada de direitos humanos e atual vice-presidente. Foram às urnas cerca de 67,5 milhões de filipinos. É uma eleição quase do tamanho da brasileira.

"Os Marcos e seus apoiadores tentam revisar a história de sua época e da lei marcial imposta em 1972, muitas vezes descrita como um dos episódios mais dolorosos do país. Eles negam ou descartam a tortura generalizada documentada por grupos de direitos humanos, as execuções extrajudiciais e o roubo de bilhões de dólares. Em vez disso, o período é retratado como uma era dourada de paz e prosperidade." (p. 44)

Ao ler a matéria da revista CartaCapital nº 1208 - "A mentira vence" - fiquei pensando com meus botões onde vamos parar com essa questão das redes sociais e meios de comunicação que atuam com desinformação e mentiras em escalas industriais como vem ocorrendo no mundo. E essa nova realidade inventada por mentiras e desinformação em massa só é possível para pessoas ou grupos que detenham muito muito dinheiro, legal ou ilegal. Só é possível para quem detenha os meios de produção. Onde vamos parar?

Antes da atual tecnologia dos algoritmos e redes sociais que viciam os seres humanos com dopamina no cérebro para cada segundo que a pessoa passa nas redes e fica conectada dando curtidas e passando de um vídeo e meme a outros, os donos da imprensa comercial eram aqueles que interferiam nos processos democráticos criando fake news, desinformando e invisibilizando pautas e grupos sociais. Nós brasileiros sabemos o que a eterna imprensa golpista dos barões da casa-grande faz com Lula, o Partido dos Trabalhadores e os movimentos sociais há um século. A edição do debate entre Collor e Lula em 1989, pôr camisa do PT em sequestradores, milhares de capas de jornais, revistas e TVs mentindo sobre as lideranças populares e suas instituições etc.

Vejam o excerto da matéria que citei acima. Não é o mesmo que a milícia no poder e seus apoiadores estão fazendo aqui no Brasil em relação à ditadura brasileira e à destruição dos direitos do povo desde o golpe e a ascensão ao poder do bolsonarismo?

Como derrotar a mentira e a desinformação? Essa é uma das grandes questões a serem resolvidas neste momento da história humana!

No Brasil, o bolsonarismo tem consigo parte considerável da força e da violência das armas, a ideologia dos meios de comunicação e do capital e dos manipuladores da religião. Não será fácil superar toda essa máquina de manipulação da realidade miserável do povo e do país. A pós-verdade tem conseguido superar até a realidade econômica. 

Mas não se pode desistir de lutar, é um dever de todos nós. Vamos à luta! Queremos e precisamos de O Brasil feliz de novo!

William


quinta-feira, 12 de maio de 2022

O povo brasileiro, nós somos o povo brasileiro



O povo brasileiro, nós somos o povo brasileiro

Estava lavando a louça na pia da casa de minha mãe, meio que às cegas porque a cozinha é muito escura, a lâmpada fica no centro do ambiente, às costas de quem lava a louça. Não dá para ver direito se está ficando bem lavada ou não a louça. A pia é baixa, dá dor nas costas ficar meia hora ali lavando aquela pilha de louça comum e diária. Normalmente é a minha mãe de 75 anos que lava toda a louça da casa. Eu só estava visitando os pais no dia das mães.

Eu me peguei pensando na cena cotidiana e doméstica das casas do povo brasileiro. Aquele ambiente em que estava não é aquele idealizado nas redes sociais e mundos virtuais com tudo lindo e perfeito. Na pilha de louças estão potinhos de plástico de margarinas, copos de requeijão e de plástico que são os utensílios diários da casa. Talheres de diferentes modelos. Vasilhas diversas, surradas, panelas velhas e remendadas. O fogão é antigo e as bocas de fogo já não funcionam bem. A casa dos meus pais deve ser a reprodução das casas de mais da metade do povo brasileiro. Casas reais, não aquelas idealizadas no mundo do faz de conta virtual. 

Na outra metade das residências do país e nas ruas estão as pessoas em situação mais precária que essa que descrevi do mundo real, a residência dos meus pais. O Brasil dos governos do Partido dos Trabalhadores vinha melhorando a vida de dezenas de milhões de brasileiros abandonados ao próprio azar desde sempre. Vinha melhorando... A casa-grande, mesmo ganhando rios de dinheiro como sempre, organizou um novo golpe de Estado em 2016 só porque não tolerava mais o povo melhorando de vida, ocupando espaços da elite e sendo um dos povos mais felizes do mundo durante os governos do PT. Destruíram o país só porque a felicidade do pobre incomodava a elite canalha brasileira.

A casa dos meus pais é uma reprodução das casas de grande parte do povo brasileiro. Apesar de estar bem estabelecido hoje (diria que estou acima da média de minha classe de origem), não tenho dúvida alguma do meu lugar na sociedade brasileira, sou da classe trabalhadora, sem a venda da força de meu trabalho ou sem meu benefício de previdência complementar, ao qual tenho direito por ter contribuído por quase três décadas, eu estaria em grande dificuldade como a maioria do povo de minha classe.

Como cidadão brasileiro consciente e politizado tenho sofrido muito com a destruição das melhorias da qualidade de vida que haviam sido implantadas pelos governos democráticos e progressistas do Partido dos Trabalhadores - Lula e Dilma - ao longo de quase 14 anos, até que um golpe de Estado e um conluio de grandes poderosos jogou o Brasil no pior momento de sua história.

Como ajudar o país a sair dessa desgraça e destruição que nos enfiaram? Todo brasileiro consciente tem que se engajar nas lutas para devolvermos a democracia, a paz, o amor, e as oportunidades para o povo brasileiro. Uma das formas de mudarmos essa merda toda que estamos vivendo é nas eleições de outubro para presidente e governadores (executivos) e senadores e deputados (os legislativos). 

Temos que derrotar o facínora que chegou ao poder por fraudes e temos que derrotar o que ele representa - o mal. Eu entendo que quem tem a melhor chance para isso é o presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Temos que nos envolver na campanha. Eu ainda não sei como fazer isso. Eu sabia quando era dirigente dos trabalhadores. Temos que nos envolver como cidadãos na luta para libertar o Brasil dessa destruição que o bolsonarismo simboliza.

Somos o povo brasileiro. Nosso futuro está em jogo. Nosso presente está o caos, a morte, a miséria. Estamos no fundo do poço.

Abraços aos cidadãos que queiram nos ajudar a libertar o Brasil do mal que enfrentamos e que queiram nos ajudar a eleger uma grande bancada parlamentar de representantes progressistas e Lula presidente do Brasil, para sermos felizes de novo.

William


quinta-feira, 5 de maio de 2022

050522 - Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 5 de maio de 2022. Quinta-feira. 11h37.


Uma imagem do evento do 1º de Maio na Praça Charles Miller, Pacaembu, não me sai da cabeça. O rapper Dexter estava no palco cantando suas canções, estando ao lado dele o nosso querido Eduardo Suplicy, e no meio da massa eu fiquei observando um pessoal curtindo o som do rapper. Estávamos num domingo de sol de mais de 30º naquele início de tarde.

Um vendedor ambulante e mais uns quatro ou cinco caras cantavam as letras do Dexter, ora de olhos fechados ora gesticulando um pro outro, todos eles sabiam todas as letras das músicas. Fiquei admirado de ver aquele pessoal curtindo o momento. Me lembrei que na minha adolescência eu também sabia todas as letras das músicas que gostava. Fui trabalhador braçal quase uma década até virar bancário.

Eu confesso que me senti muito deslocado naquele momento, um branquelo cinquentão de máscara contra Covid no rosto, um cara com renda certa, um pato fora da lagoa no meio da massa desprovida do povo brasileiro neste Brasil miserável e destruído após o golpe de 2016 e com a ascensão do crime organizado aos poderes do Estado. Claro, a milícia no poder foi bancada e financiada pela casa-grande, a desgraçada elite do atraso.

Me senti deslocado. Por um lado, tenho sentido vergonha de ser um ser humano num país onde 1/3 do povo apoia um bandido, apoia tortura, apoia ódio e violência, apoia a ignorância e toda a pauta lixo dos bandidos no poder. São as pessoas ao meu redor que apoiam os criminosos e fascistas no poder. Morro de vergonha por isso. Por outro lado, me sinto um privilegiado, um sortudo que está em melhores condições que mais de 100 milhões de pessoas da classe trabalhadora, a minha classe. Todo ser humano deveria e poderia ter acesso a todas as conquistas básicas da sociedade humana. Toda essa miséria é por questão política, por escolha humana. Isso me deixa muito mal.

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Para fechar o registro desse instante, expresso meu nojo a essa mídia empresarial responsável pelo golpe e pela destruição do país e do povo brasileiro. Esses desgraçados da casa-grande donos de todos os meios de comunicação destruíram os seres humanos, a sociabilidade e as chances de estabelecermos um mundo melhor, já que tecnologia para isso os humanos inventaram. 

Neste ano de possível eleição presidencial, tenho dúvidas de que haverá eleições e, se houver, acho que podem trazer resultados manipulados pelos mantenedores do bolsonarismo. Havendo eleições, a mídia toda venal e canalha vai atuar, já está atuando, para que Lula não seja eleito presidente, para que o fascismo continue. É o que é melhor para a casa-grande brasileira. A grande imprensa fará de tudo para manter o fascismo e o neoliberalismo mais tosco no poder estatal.

Chega!

William