quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Diário e reflexões - Fevereiro



Refeição Cultural

Osasco, 29 de fevereiro de 2024. Quinta-feira. Noite quente de um dia trágico (o mundo assiste ao genocídio do povo palestino e nada para o extermínio).


"Patria es Humanidad" (José Martí)


Depois de duas semanas quase sem ler e escrever, volto ao blog para registrar alguns sentimentos e fatos de nosso mundo mundo vasto mundo, como fazia o nosso cronista e poeta Carlos Drummond de Andrade. Não ouso pensar que tenha nos meus registros a qualidade do mestre, mas ao menos registro com honestidade o que sinto e vejo.

As semanas deste mês de fevereiro foram intensas e incomuns em relação ao meu cotidiano. Este fevereiro foi diferente do cotidiano dos fevereiros comuns, pois este só ocorre a cada quatro anos. 

Quatro anos atrás, o fevereiro nos trouxe a maior pandemia do último século. Oito anos atrás, uma quadrilha de homens brancos canalhas finalizava a trama para roubar o governo que o povo elegeu e semanas depois a presidenta honesta Dilma Rousseff sofreu um golpe de Estado.

---

GENOCÍDIO DO POVO PALESTINO 

Neste fevereiro de 29 dias, o que tenho para registrar sobre esse dia extra é o assassinato de mais de uma centena de inocentes palestinos famintos numa fila em busca de algo para comer. Foram metralhados pelo exército do Estado de Israel. 

E pensar que José Martí nos ensina que pátria não é o solo onde pisamos, pátria é a humanidade e cada ser humano morto ou injustiçado deveria doer fundo em cada um de nós. Imaginem a dor que nós que temos uma ética humanista estamos sentindo ao vermos todos os dias dezenas de crianças, mulheres e civis sendo exterminados pelo governo sionista e racista de Israel...

Difícil! Não dá nem para se colocar no lugar do outro, de um palestino ou palestina na Faixa de Gaza, por exemplo. Estou no conforto de meu lar em Osasco, no Brasil do governo Lula, um governo tentando reconstruir um país arrasado por uma horda de genocidas e bandidos, como esta que governa atualmente o Estado de Israel.

Registro minha solidariedade ao povo palestino e aos demais seres humanos que sofrem neste momento em qualquer parte do mundo. Minha pátria é a humanidade.

---

UM PROBLEMA DOMÉSTICO RESOLVIDO

Neste mês de fevereiro me desfiz de um problema doméstico que já durava dois quadriênios. A solução da questão era protelada mês após mês, ano após ano, por diversos motivos. E assim o incômodo seguia. Acabou neste mês de fevereiro incomum.

---

CUBA, TE QUERO, TE ADMIRO E TE RESPEITO!

Este mês de fevereiro foi marcante em minha vida pessoal, pois tive uma segunda oportunidade de viajar para a República Socialista de Cuba. Acabei de voltar da Ilha.

Ano passado fui com um grupo de brasileir@s para passar o 1º de maio e conhecer algumas cidades e um pouco da cultura e história do povo cubano.

Neste ano voltei com outro grupo de brasileir@s e novamente pude conhecer um pouco mais sobre essa comunidade humana que busca resolver seus problemas e seguir a vida com outra forma de organização social, a construção de uma sociedade solidária, humanista e sem a exploração de humanos por outros humanos.

Vamos ver se escrevo um pouco sobre essa segunda experiência. As sensações foram diferentes, complementares. As veredas da vida nos trazem experiências novas, mesmo quando os caminhos são conhecidos. Basta lembrarmos que mudamos todos os dias, o tempo segue avançando, e todos os dias somos outra pessoa. Tudo muda, pois tudo é natureza.

Imaginem vocês que as veredas me colocaram ao lado da escritora Conceição Evaristo para voarmos juntos por horas. Depois tive a oportunidade de passar dias em contato com o querido Frei Betto. Vi Emicida palestrar com uma sapiência que emociona. Conversei com Ailton Krenak e fiquei admirado com sua simplicidade. 

Fui 3 vezes em apresentações em teatro: ouvi música clássica, música brasileira, música cubana. Conversei com lideranças de um Comitê de Defesa da Revolução. Conheci uma pessoa que organiza há décadas brigadas de brasileiras e brasileiros para irem prestar solidariedade a Cuba, conheci um frei brasileiro que é uma grande liderança nas Minas Gerais, entendem como foram os dias? Emoções... Estou repleto de sensações que ainda estou digerindo.

Ao mesmo tempo que temo pelo regime socialista e pelo querido povo cubano, porque acho que existe uma certa inocência por parte deles ao acreditarem que vão conseguir vencer a manipulação das big techs, que chegaram à Ilha, torço para que eles sejam tão criativos e únicos como foram ao longo de sua história, ao derrotarem os dois impérios que os subjugaram em séculos e se reinventam todos os dias, enfrentando com altivez um bloqueio assassino que humilha e sacrifica um povo que só quer ser feliz.

O povo cubano tem a minha solidariedade, o meu respeito e a minha admiração! "Hasta la victoria, siempre!", como disse Ernesto Che Guevara em sua carta de despedida ao seguir seu destino de lutar pela liberdade dos povos explorados pelos impérios capitalistas, lutando ao lado dos oprimidos pela revolução mundial.

---

OLHOS D'ÁGUA...

(enquanto escrevo, meus olhos d'água me ofuscam o escrever - lembrei-me dos "Olhos d'água de Evaristo" -, pois meu coração está amargurado com o que sinto, o genocídio do povo palestino, a situação de miséria imposta ao povo cubano pelo bloqueio assassino dos EUA, essas coisas apertam o coração de qualquer pessoa que ainda seja humana e tenha uma ética humana)

---

EQUILIBRAR HUMILDADE, ALTIVEZ E AMOR-PRÓPRIO

Fechado o mês incomum de fevereiro. 

Li quase nada, não foi possível. No entanto, li uma imensidão, li o mundo, se considerar que li Paulo Freire, Frei Betto e José Martí... Nestes homens superiores, colhi sabedorias que ainda estou digerindo.

Frei Betto abriu sua palestra para os estudantes da diplomacia cubana dizendo que aprendeu com um mestre que uma pessoa jamais poderia deixar de andar com um livro na mão, a gente pode até não conseguir ler, mas acaba que a gente lê um pouco.

Foi assim comigo. Obrigado pela lição Frei Betto. Nunca estar só, sempre estar com um livro à mão.

---

A ÉTICA DO DESPRENDIMENTO

Outro ensinamento que está martelando na minha cabeça desde que ouvi de Frei Betto em outra palestra foi a ética do desprendimento como lição de vida.

Frei Betto citou Ernesto Che Guevara e Francisco de Assis... é muito emocionante a lição dada.

Francisco de Assis, ao compreender o efeito da riqueza e do sucesso de seu pai em prejuízo dos artesãos da comunidade, ele tirou as vestes de sua família e fez a opção pelos pobres.

Che Guevara poderia ter uma vida com todas as venturas que a sociedade humana dispõe, mas fez a opção por lutar pela liberdade do povo oprimido e explorado pelos poderosos. E ainda assim, mesmo depois de triunfar, pediu licença a Fidel e ao povo cubano, deixou mulher e filhos, e partiu para lutar pela revolução mundial, sonhando libertar mais povos no mundo.

Esses homens e esses atos de desprendimento de si mesmos são exemplos para nós de ética.

---

EQUILIBRAR HUMILDADE, ALTIVEZ E AMOR-PRÓPRIO (MAS CUIDADO COM A VAIDADE)

Como tenho dito em minhas reflexões, eu não tenho domínio do passado, e pensando o que diz Krenak, nem sequer tenho o amanhã, seria muita audácia achar que o amanhã me pertence. 

Preciso encontrar um equilíbrio em meus sentimentos. Ao ter a consciência de que não temos controle das coisas, precisamos encarar os dias de forma mais racional, e mais leve. Um pouco de amor-próprio pode ser bom para a saúde.

Exercitar a humildade também pode ser uma receita de saúde. Se possível, contribuir de alguma forma para a sociedade humana.

Fechamos o mês e a vida segue. Temos que salvar a humanidade de si mesma. E com isso, tentar salvar o nosso planeta e as formas de vida.


William Mendes

(mais um na multidão)


Plaza de la Revolución: José Martí, Fidel Castro e a democracia direta

 


Refeição Cultural

Nesta entrevista que fiz com o senhor Luis Caballero, em Havana, Cuba, o historiador e revolucionário cubano nos explica a importância da Praça da Revolução para o povo da República Socialista. A praça é uma homenagem a José Martí, Apóstolo da Independência de Cuba.

Após o triunfo da Revolução, a partir de 1º de janeiro de 1959, a Praça se transformou em um local de grandes manifestações e exercício de uma democracia direta entre os líderes da Revolução, principalmente o Comandante em Chefe Fidel Castro, e os diversos segmentos sociais como, por exemplo, os campesinos e trabalhadores do país, as mulheres, os estudantes, as lideranças dos Comitês de Defesa da Revolução etc.

A Praça da Revolução também se transformou em palco das manifestações e comemorações de datas históricas e cívicas, e de relevância para o povo do país martiano e socialista como, por exemplo, os atos gigantescos do 1º de maio de cada ano.

Enfim, ouçam Luis Caballero. A entrevista é em espanhol, mas o revolucionário cubano tem o costume de receber brasileiras e brasileiros em sua casa - a Casa de Isabel - e se comunica de maneira simples para que os falantes da Língua Portuguesa possam compreendê-lo.

William Mendes


Plaza de la Revolución: "Vas bien, Fidel" (Camilo Cienfuegos)

 


Refeição Cultural

Nesta entrevista, o senhor Luis Caballero, um cubano revolucionário e historiador, vai nos falar sobre o contexto e o significado das frases que constam abaixo das imagens icônicas de Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos na Praça da Revolução em Havana, Cuba.

Primeiro, nos é explicado sobre a frase "Hasta la victoria, siempre", de Che Guevara, e depois tomamos conhecimento da frase "Vas bien, Fidel", de Camilo Cienfuegos.

Estive pela segunda vez na República Socialista de Cuba em fevereiro de 2024. Ano passado tive a oportunidade de estar na Ilha pela primeira vez para o 1º de maio. São experiências marcantes na vida de uma pessoa que acredita num mundo livre do modo capitalista de organização de uma comunidade humana.

Apesar do senhor Luis nos explicar a história das frases dos guerrilheiros revolucionários Che e Cienfuegos em sua língua materna, a Língua Espanhola, ele está acostumado a lidar com o povo brasileiro, então, com atenção, é possível entender quase tudo que nos é ensinado.

William Mendes


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Viagem a Cuba (X)


Pôr do sol em Varadero, Cuba.

Refeição Cultural

Osasco, 14 de fevereiro de 2024. Quarta-feira.


Daqui a pouco embarco para Havana, Cuba. Aproveitei para voltar à Ilha a oportunidade de um pacote de viagem com base na 32 Feria Internacional Del Libro de La Habana, que se realizará entre os dias 15 e 25 de fevereiro, na capital do país socialista.

Ano passado, fomos a Cuba entre abril e maio, um grupo de oito brasileiras e brasileiros, e a viagem foi a melhor possível. Tudo deu certo. Além do grupo ser organizado pela companheira Miriam Shibata, contamos com o apoio essencial da professora Maria Leite para sugestões de roteiros e dicas muito importantes, e o suporte da Casa de Isabel em Havana, de Isabel e Luis, ou seja, um time de seres humanos que nos fazem acreditar que um mundo melhor é possível.

Fiz algumas postagens retratando a viagem, expressando algumas opiniões e impressões. Pretendia abarcar toda a viagem de 2023, mas não consegui. Faltaram umas duas ou três postagens para completar o roteiro cultural que fizemos.

Verde e azul são cores tanto da paisagem
cubana, quanto da nossa bandeira...

Finalizo nesta postagem, a nossa passagem por Varadero, um dos locais com as praias e mares mais impressionantes que vi na vida.

Como disse nas postagens anteriores (ver aqui a de nº IX), nosso grupo passou a primeira semana em Havana, depois viajamos para Trinidad, depois passamos o dia em Santa Clara e, por fim, ficamos em Varadero, para de lá voltarmos a Havana e embarcarmos para o Brasil.

Segue abaixo, um registro leve de Varadero. Visitem Cuba e vocês terão a oportunidade de conhecer um país e um povo diferentes do que estamos acostumados em viagens por países capitalistas.

---

Varadero, te quiero!!!

Em Varadero, ficamos em uma residência familiar indicada pela Casa de Isabel. Fomos acolhidos com todo o carinho e a estadia foi ótima.

Ônibus de turismo circular por 5 dólares.

Para andar pela cidade, uma das opções mais em conta é o ônibus de turismo circular, que vai de uma ponta a outra ao longo do dia, passando por locais turísticos como hotéis, restaurantes, praias e outras atrações.

Céu e mar da Ilha no Caribe. Fala sério
sobre essa lindeza!

As praias que não estão sob controle de hotéis são mais selvagens, sem estrutura para os turistas. Nós estivemos numa praia assim.

Tem locais com estrutura para os turistas.

Também tem a alternativa de passar o dia em locais da praia onde se paga uma taxa e o consumo ao final do passeio.

Olha nós aí...

Para almoçar e jantar são diversas opções na cidade.

Trocando uma ideia com o Quijote.

Eu, particularmente, já estava tão extasiado com tanta cultura e informação sobre a história de Cuba e dos cubanos, as lutas por independência, a revolução e a vitória em 1959, que só relaxei em Varadero.

Momentos de rolê, pra relaxar...

Compreendi um pouco o sentido da cubanidad e cubanía do povo, um povo com amor-próprio, conceitos que aprendi no livro da professora Maria Leite.

Até os lagartos socialistas
estão de prontidão...

Varadero para mim foi para fechar de forma descontraída o período de aprendizagem que vivenciamos na República Socialista de Cuba.

Adoramos Varadero e Cuba.

Depois de alguns dias em Varadero, voltamos a Havana.

Finca de Hemingway.

Ainda pudemos conhecer a Finca onde viveu o escritor Ernest Hemingway e a Fusterlandia, uma experiência de arte e comunidade muito interessante. E o Memorial de la Denuncia... forte demais a emoção ali!

Fusterlandia...

Agora, volto para Cuba, estarei em Havana nesta quinta-feira, início da Feira Internacional do Livro.

Abraços socialistas a todas e todos!

William


Post Scriptum: a postagem anterior desta série pode ser lida aqui. A sequência, sobre a segunda viagem a Cuba, pode ser lida a partir desta postagem aqui.


terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Viagem a Cuba (IX)


Trinidad, centro histórico.

Refeição Cultural

Osasco, 13 de fevereiro de 2024. Terça-feira de Carnaval.


Embarco nesta semana para Havana. Será minha segunda visita à República Socialista de Cuba, na região do Caribe.

Em 2023, realizei um desejo antigo de conhecer a Ilha e o povo cubano. A oportunidade surgiu quando vi uma companheira aposentada do Banco do Brasil, Miriam Shibata, organizando um pequeno grupo para viajar por duas semanas a Cuba. Foi uma viagem inesquecível. Meu filho foi conosco, o que alegrou muito minha experiência.

Mário e o falcão...

Quando voltamos, fiz algumas postagens sobre a nossa experiência e impressões que tivemos. A intensão era fazer postagens de todas as etapas da viagem, mas não fiz todos os textos que queria, acabei fazendo sobre a primeira semana que passamos em Havana e fiz uma sobre a visita à Santa Clara. Faltaram postagens sobre os demais dias e locais que visitamos: Trinidad, Varadero e os últimos dias em Havana.

Ruas cubanas...

Nesta postagem de hoje, vou falar sobre nossa experiência ao visitar a cidade de Trinidad de Cuba, uma das mais antigas do Caribe (1513/14) e distante de Havana uns 300 Km, estando ao Sul da ilha. 

Vivenciamos as comemorações do 1º de Maio de 2023 por lá, porque houve forte tempestade na região de Havana no dia 1º e o governo transferiu os atos para o dia 5 de maio em todo o país.

Torre Manaca-Iznaga, Trinidad.

Para ver as postagens sobre a viagem e impressões de viagem a Cuba, a leitora e o leitor podem clicar aqui para ver a 8ª e nela está o link para o texto anterior e assim sucessivamente.

---

Centro histórico de Trinidad.

TRINIDAD

Saímos bem cedo de Havana para Trinidad, fomos de van. São cerca de 300 Km e no caminho paramos na estrada para esticar as pernas.

Las calles, Plaza Mayor.

Chegamos à cidade na parte da tarde, pouco depois das 16 horas. Nos hospedamos em duas residências - casas de famílias cubanas -, pois nosso grupo era composto por 8 pessoas - bancári@s aposentad@s, professoras e um estudante.

El pueblo de Trinidad.

As ruas de calçamento da cidade me trouxeram lembranças de quando estive em uma cidade bem conhecida dos brasileiros, São Tomé das Letras (MG).

Local dos "rolês", entorno da Plaza Mayor.

Fizemos um primeiro passeio pelos arredores, fomos à Plaza Mayor, centro histórico da cidade, e Miriam e eu subimos à torre de uma das construções locais, no Museo Nacional de la lucha contra los bandidos

Torre del Museo de la lucha
contra los bandidos
.

Como já passavam das 17 horas, todos os locais de visitação para os turistas estavam fechados. O responsável pelo museu foi gentil e deixou duas pessoas do grupo entrarem rapidamente enquanto a turma esperava lá fora.

Grupo querido aguardando
dupla na torre do museu.

Após um primeiro passeio, fomos para as hospedagens, vimos o pôr do sol quase às 21 horas e saímos para um rolê nas escadarias ao lado da Plaza Mayor.

Entardecer em Trinidad de Cuba.

A cidade é uma delícia à noite e tem música ao vivo ao lado da Plaza Mayor, nas escadarias.

Casa de la Música.

No dia seguinte pela manhã, saímos para conhecer o Valle de los Ingenios, região de fazendas de produção de açúcar com mão de obra escravizada por séculos.

Valle de los Ingenios.

Primeiro fomos a El mirador, um ponto estratégico para se ver todo o vale em Trinidad.

El mirador.

Depois visitamos uma das estruturas de produção de açúcar da época - El Ingenio San Isidro. Lá, pudemos ouvir explicações sobre o processo de produção do açúcar e ver as bases estruturais de construções que abrigavam os escravizados.

Torre del Ingenio San Isidro.

A visita seguinte foi à Torre Manaca-Iznaga, de estrutura imponente. A torre era utilizada pelos senhores das terras para vigiar as plantações e os escravizados.

Torre Manaca-Iznaga e feira.

Ao redor da torre, há uma grande concentração de comércio de tecidos e artesanatos.

Almoço em Trinidad de Cuba.

Ao final do passeio de visitas às construções históricas da cidade de Trinidad, almoçamos e andamos um pouco pelas ruas da região próxima de nossas hospedagens.

Pai e filho no 1º de Maio cubano.

No dia seguinte, a sexta-feira 5, dia nacional para as comemorações do 1º de Maio, acordamos bem cedo e nos unimos à grande mobilização na cidade.

Povo cubano no 1º de Maio.

O evento do 1º de Maio em Trinidad nos surpreendeu bastante. Não imaginávamos que a participação do povo seria tão intensa como vimos.

Brasileiros e cubanos unidos no 1º de maio.

Diversas categorias de trabalhadores saíam de locais diferentes da cidade para a concentração numa área mais aberta onde havia um palco para as manifestações.

Mejor sin bloqueo.

Por toda a manhã, milhares de pessoas se manifestaram com cartazes, músicas, danças, expressões diversas da cultura cubana, e a nossa participação com as camisas feitas para o 1º de Maio chamaram a atenção.

Heróis cubanos.

Foi um evento de 1º de Maio inesquecível para todos nós! O Brasil havia se livrado do regime fascista e miliciano poucos meses antes de nossa viagem a Cuba e os cubanos comemoraram com alegria a chegada de Lula à presidência do Brasil.

Unidos hacemos Cuba!

Os autofalantes do evento chegaram a declarar a alegria de nos ver nas manifestações e informar sobre nosso grupo no evento e ao final da fala, disseram "Viva Lula, viva Lula do Brasil!". Foi bem legal!

E deu praia em Trinidad, Cuba.

Na parte da tarde, nosso grupo de dividiu para os passeios e nós fomos para a praia em Trinidad, local maravilhoso, com aquela cor de mar do Caribe de beleza indescritível.

Viva Cuba! Viva o Brasil!

Nossa companheira Miriam, prevenida e organizada como a conhecemos, registrou nosso momento histórico com a nossa bandeira nacional, agora liberta dos fascistas e extremistas que usurparam nosso símbolo pátrio durante o golpe e o regime dos milicianos.

A lindeza das praias caribenhas.

No dia seguinte, iríamos para Santa Clara, cerca de 100 Km de Trinidad. Lá, viveríamos uma das maiores emoções de nossa viagem, a visita aos monumentos nacionais em homenagem a Ernesto Che Guevara (ver postagem aqui).

É isso!

Viva Cuba! Viva o povo cubano!

William


Post Scriptum: a postagem anterior desta série pode ser lida aqui. A seguinte, a de nº10, está disponível aqui.


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Lembranças - Capítulo 14



Refeição Cultural

Osasco, 12 de fevereiro de 2024. Segunda-feira de Carnaval.


CAMINHOS, MUDANÇAS, NOVAS VEREDAS

Nas últimas semanas, estive mergulhado em afazeres domésticos postergados por anos. Penso que devo ter algum tipo de trauma em relação a mudanças, mudanças de moradias quero dizer.

Tempos atrás, ao refletir sobre a questão do cansaço que uma mudança de local de residência pode trazer para a pessoa que passa por isso, fiz uma conta rápida da quantidade de vezes que precisei mudar em minha vida de adulto jovem. Foram muitas mudanças: morei em onze locais num período de doze anos, entre 1987 e 1999. Morei com os pais, com avó e primos, com estranhos, sozinho em locais horríveis, depois melhores, morei de favores na casa dos outros etc.

Sem contar a mudança traumática que avalio ter sido a que vivenciei aos dez anos de idade, no início de 1980, quando saí de meu mundo no Rio Pequeno, na Zona Oeste de São Paulo, para Uberlândia, no Marta Helena, em Minas Gerais. E lá, moramos em três locais num prazo curto de uns quatro ou cinco anos. Era quase como se fora um retirante, se não da seca, dos valores dos aluguéis. É da fase mineira que me lembro de ver o ladrão de meu tênis azul com ele nos pés sem eu poder fazer nada, ou das baratas que apareceram na minha vida...

As amigas e amigos leitores que não conhecem ou não se lembram dos transtornos de uma mudança, tentem imaginar o processo: a movimentação dos poucos ou muitos móveis que vocês tenham: geladeira, fogão, sofá, cama e guarda-roupa... caixas e sacolas com seus pertences, que vão ficar tudo misturado e você nunca mais vai achar a coisa que procurar... Uma vez, quando só tinha geladeira e fogão, deixamos cair a geladeira na escadinha do terreno e ela estragou toda... até hoje me lembro. Amig@s, detesto mudança! Que merda precisar mudar!

Quando eu peguei a chave do apartamento de cooperativa habitacional em Osasco, em julho de 1999, senti o que toda gente de minha classe social sentiria ao realizar o sonho da casa própria, o desejo de ter o cantinho para se viver a vida como deveria ser para todas as pessoas do mundo. Me lembro que as chaves do apartamento foram entregues aos proprietários num sábado e na segunda-feira eu e meu pai já estávamos colocando um piso no imóvel, nós mesmos, e eu me mudei na mesma semana. Só então, parei de mudar todo ano pra lá e pra cá. Foi uma etapa vencida na vida.

---

AS VEREDAS, OS CAMINHOS, NOVAS MUDANÇAS

Durante um tempo do viver, passei a ser alguém com o endereço fixo, o de residência. A vida seguiu mudando, já que a única certeza é a mudança, já que somos natureza.

Nem só de mudanças de endereços foi o percurso de minha vida. As mudanças de caminho, as veredas que foram surgindo na caminhada, seguiram dando o tom para a minha existência.

Quando fixei endereço em Osasco, na residência recém adquirida, tratei de pedir para as chefias no banco me liberarem para trabalhar numa agência próxima de casa (trabalhava na Lapa e depois fui para a Barra Funda): o sonho de muita gente, ir à pé de casa para o trabalho. Consegui isso. Durou pouco essa moleza na minha vida.

A vida tratou de abrir veredas novas, e trilhei caminhos diversos.

Da frustração de precisar deixar a faculdade de Educação Física em Mogi das Cruzes por falta de dinheiro para a mensalidade em 1998, veio o sonho de ser aprovado na Fuvest em 2000 e iniciar o curso de Letras na USP em 2001. O sonho de consumo: morar perto do trabalho e ir para a universidade na mesma região.

Mais mudanças vieram. O convite para ser dirigente do Sindicato e passar a representar os colegas de trabalho me parecia um dever irrecusável. A decisão foi essa. Fim da curta "moleza" de morar, trabalhar e estudar na mesma região. Os deveres políticos passariam a ser a prioridade absoluta em minha vida por quase duas décadas.

Esses caminhos iriam me levar à Capital do país, Brasília, em 2014. Por lá fiquei quatro anos.

---

MUDANÇAS MEIO QUE FORÇADAS TÊM SUAS CONSEQUÊNCIAS

Foi de forma inesperada que meu grupo político me solicitou autorização para apresentar meu nome para liderar uma chapa em eleição nacional em nossa Caixa de Assistência à saúde, autogestão dos trabalhadores do Banco do Brasil.

Para ser sincero, confesso que ao longo da vida de representação sindical, sempre tive a ética política de respeitar as decisões coletivas e não rejeitar as tarefas que me eram solicitadas. Era sabido que o que mais gostava de fazer era organização de base, função essencial e na base da hierarquia sindical.

Eram em conversas consensuais com duas ou três pessoas em algum café ou almoço que me perguntavam se eu aceitaria nova função a desempenhar no movimento porque o grupo achava que meu nome seria importante. Fui aceitando, sempre (foi assim de 1999 a 2018). Nunca pleiteei cargo algum, não era o meu perfil fazer isso. Nunca me convidei a nada. Sempre fui convidado.

Assim fui rodando em diversas bases regionais do Sindicato, depois para a Executiva, depois para a Comissão de Empresa, depois para as secretarias de imprensa e formação da Confederação e acabei sendo eleito diretor de saúde e precisei me mudar para Brasília.

Como não somos sozinhos no mundo, as minhas mudanças em função da militância política equivaleram a mudanças na vida da família. Pelas minhas veredas foram entrando esposa e filho, mesmo sem eles desejarem aqueles caminhos.

A professora acabou saindo um pouco antes da escola onde lecionava há décadas. O filho saiu de seu mundo num momento que talvez ele preferisse ficar lá. De novo, as mudanças necessárias impactavam a vida da gente.

Meu compromisso com os trabalhadores e entidades sindicais foi cumprido com toda a capacidade que tinha, isso eu posso garantir com a honestidade que aprendi na vida. A família me deu um suporte incrível, às custas da própria vontade, algo nobre e que me faz ser grato até o fim de meus dias.

Voltamos de Brasília em 2018.

---

CAMINHOS, MUDANÇAS, NOVAS VEREDAS

Como disse na abertura dessas reflexões, passamos semanas mergulhados em afazeres postergados por anos. Muito provavelmente porque coisas ligadas a mudanças devem ter seus componentes de traumas vividos para cada um de nós em casa.

A professora porque saiu repentinamente de seu mundo, antes do previsto, saiu juntando produções e memórias de uma vida, encaixotando a história sem o tempo adequado para lidar com a ruptura e a partida.

A mãe porque durante as mudanças de trabalho e residência, precisou encaixotar pertences de nossa história sem a tranquilidade de separar lembranças da infância do seu bem mais precioso: o filho querido.

O filho porque mudou quando menos queria e depois mudou de novo, e de novo, e as boas lembranças da infância e da recente adolescência foram encaixotadas atabalhoadamente, e foram ficando aqui, ali e acolá.

O sindicalista estudante porque repentinamente precisou mudar deixando suas preciosidades na forma de papéis papéis papéis, apostilas, cadernos, revistas, livros e mídias, porque o danado tinha sonho de estudar e rever aquilo, sacos e caixas de hipotéticos saberes pra lá e pra cá.

Mudanças intensas, não programadas, não idealizadas. A saída de Osasco. A saída da Capital. A saída da empresa para a qual dedicou a vida. A saída do movimento de forma não ideal. A saída da professora mãe e do filho estudante de seus mundos. Mudanças, caminhos trilhados em veredas abertas pela vida.

Nesta semana cumprimos uma etapa de desfazimento de coisas postergadas por anos. Não acabamos ainda. Demos um passo. Agora é recuperar o cansaço e seguir a vida.

---

NOVAS VEREDAS DEVEM SURGIR, A VIDA É ASSIM

Ao caminhar nesta manhã, me sentar no banco da praça onde gosto de ficar perto de casa, fiquei refletindo sobre a vida, os caminhos, as mudanças, as veredas abertas e as possíveis veredas a escolher ainda (elas sempre se abriram antes que eu as escolhesse), e percebi que não há escolhas fáceis, evidente, pois a vida é complexa.

A cada dia, a cada reflexão, após cada leitura, mais me parece que compreendo como as coisas funcionam. E nem por isso estou livre de cometer os mesmos erros ou erros novos. Somos humanos, somos natureza, somos falíveis.

Paulo Freire diz na Pedagogia da autonomia que somos seres incompletos, por isso temos que estudar sempre e buscar novos conhecimentos, devemos seguir aguçando nossa leitura de mundo, e nunca devemos ter postura determinista, acreditar nas ideologias que falam em futuros determinados. Eu posso mudar a realidade. Nós podemos.

Vou refletir muito sobre algumas coisas nos próximos tempos. Sobre a vaidade, e o sofrimento que esse sentimento nos traz, e sobre o amor-próprio também. Se estou percebendo que querem apagar o passado, e avalio que de fato o passado não é de meu domínio, por que sofrer com isso? O mundo humano está assim.

Deveria conseguir viver o presente de forma mais leve, porque o tempo restante está a cada instante mais breve. Difícil conseguir isso. Mas refletir a respeito é importante.

Sigamos a vida, já que a vida é uma oportunidade a cada manhã que acordamos.

William


Post Scriptum: o capítulo anterior desta série de textos pode ser lido aqui.


domingo, 11 de fevereiro de 2024

Vendo filmes (XIII)



Refeição Cultural

Nesta postagem reflito sobre dois filmes que abordam a questão da tecnologia na vida da gente.

Em um dos filmes, o protagonista se apaixona por um programa de computador, passando a namorar com uma máquina ao invés de se relacionar com um ser humano. Eu fiquei muito pensativo sobre essas questões de trocar pessoas por máquinas desde o filme com Tom Hanks, Finch (comentário aqui).

No outro filme, um anime longa-metragem, uma máquina tem o poder de gravar os sonhos das pessoas como se fossem filmes. Aí a gente tá ferrado!, nem sonhar mais em paz poderíamos, já que algo totalmente pessoal passaria a ser de conhecimento de outrem. Seria terrível!

Enfim, estórias que nos colocam a pensar sobre nós humanes e sobre um hipotético futuro, caso haja um futuro para a humanidade, se a gente mudar a tendência das coisas e interromper a destruição do planeta, para que possamos continuar existindo nas próximas décadas e quiçá séculos. 

---

FILMES

Ela (Her), de 2013 - Direção: Spike Jonze. Com Joaquin Phoenix, Scarlett Johansson, Amy Adams e demais elenco. Sinopse: Um escritor solitário encontra o amor onde menos espera: ele se apaixona pelo sistema operacional que comprou para ajudar a administrar sua vida.

COMENTÁRIO: imagino que, já à época do lançamento do filme, uma década atrás, a estória deve ter causado uma grande reflexão. Estávamos apenas começando a discussão a respeito das "IA" na vida cotidiana das sociedades. 

Filmes de ficção científica são de longa data, mas filmes de ficção com aparência de possibilidade logo ali, como esse "Ela", são mais recentes. 

A estória nos apresenta a relação entre um humano e uma máquina "inteligente", dessas que organizam respostas mais ou menos coerentes e hoje muita gente tem uma em casa, uma Alexa.

A cada filme ou texto sobre essas máquinas "inteligentes", eu mais reflito sobre o destino da humanidade. Não sou contra tecnologia nenhuma enquanto ferramenta criada pelo animal humano para facilitar sua existência enquanto espécie. 

No entanto, tenho senões a respeito do que se faz com as ferramentas criadas por nós. Se uma tecnologia for para benefício de alguns em prejuízo de milhares e ou milhões, entendo que a tecnologia deva ser avaliada sob a ótica da ética humana.

Tenho leitura enquanto hipótese de que as "IA" do momento, controladas e utilizadas por meia dúzia de sujeitos de corporações capitalistas, podem levar a espécie a se tornar outra espécie, não mais homo sapiens, mas uma espécie idiotizada ao invés de sábia, tendo as capacidades cerebrais reduzidas desde a tenra infância. É o que penso!

O filme pode ser visto como um exemplo do que estou afirmando, ou problematizando. Aquelas pessoas da estória podem se tornar isso que falei. Ao se desumanizarem, trocando relações humanas por nada (coisas, máquinas, abstrações) - afirmo que "relações" com máquinas não são relações -, as pessoas deixam de ser o que somos: humanes.

Enfim, achei interessante o filme e gostei da personagem Samantha, que, verdade seja dita, encanta qualquer ser humano com aquela voz e "personalidade" marcantes! Facilitou muito a verossimilhança da estória a interpretação da atriz Scarlett Johansson.

---

Paprika (2006) - Direção: Satoshi Kon. Anime de ficção científica. Baseado em livro de Yasutaka Tsutsui, livro de mesmo nome. Sinopse: um aparelho - DC Mini - que permite acessar os sonhos das pessoas é inventado pelo Dr. Tokita. O aparelho é usado pela Dra. Atsuko Chiba para tratamentos a partir dos sonhos. O aparelho é roubado e alguém está manipulando perigosamente o sonho de várias pessoas do laboratório. A Dra. Chiba assume seu alter ego Paprika para tentar descobrir quem está por trás do uso indevido do aparelho.

COMENTÁRIO: a estória é muito doida! E as cenas do anime também. Eu fiquei imaginando que merda seria para nós humanos se até isso fosse possível, as pessoas saberem de nossos sonhos, como se fossem filmes ou vídeos... seria foda! 

Já estamos convivendo com máquinas e pessoas por trás dessas máquinas que se vendem como "IA" (que sempre tem alguém de carne e osso por trás delas), enfim, máquinas de "Inteligência Artificial" que criam vídeos e imagens falsas, com as características das vítimas, para diversos fins, inclusive criminais, imaginem se nem nossos sonhos estivessem mais salvos da invasão de privacidade na qual estamos mergulhados nesta fase da história humana?

Legal o anime longa-metragem! A sugestão foi de meu filho, ele é uma espécie de filtro para indicar animes e filmes para nós.

---

É isso!

Espero que tenham gostado das reflexões que compartilhei com vocês. A postagem anterior sobre filmes pode ser lida aqui.

Abraços,

William


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Diário e reflexões - CartaCapital 1293



Refeição Cultural - CartaCapital 1293

Osasco, 6 de fevereiro de 2024. Terça.


JUSTIÇA INCOMPLETA

Voltei a assinar o plano com a edição impressa da revista CartaCapital para apoiar o trabalho da equipe liderada pelo jornalista Mino Carta. Minha necessidade de informações atualmente é diferente da necessidade no passado, quando representava pessoas. Não tenho pressa nem precisão de saber o que se passa neste momento. E, se precisar, sei onde buscar informações, tenho algumas noções das coisas da política e do mundo. Só noções, mas já é alguma coisa.

Entretanto, caso consiga ler a edição semanal da revista mesmo após aquela semana em questão, estarei talvez mais bem informado do que muita gente, inclusive do meio político, por saber da qualidade da equipe de CartaCapital. Terei aquilo que afirmava ser o básico para as pessoas da classe trabalhadora que representava - noções das coisas -, afinal de contas, vivemos num mundo de gente sem noção de nada, de nada! 

E mais, vivemos num mundo que estimula a ignorância e cuja mídia hegemônica (da casa-grande) idiotiza as pessoas, mundo de explicações mitológicas e mentirosas para as coisas mais comezinhas da vida, explicadas há tempos pela ciência. Um mundo pior hoje que ontem, pois nunca houve uma máquina global de desinformação em escala e com rapidez como há na atualidade, através das big techs e seus poucos donos, humanos que acabam sendo os donos do mundo mesmo, pois são os donos das mentes de bilhões de animais humanos.

Reflexões rápidas sobre meu ato de ler revistas CartaCapital depois da semana que elas retrataram na edição "a" ou "b" em seus conteúdos.

---

NOTÍCIAS DE DUAS SEMANAS ATRÁS SOBRE O BRASIL E O MUNDO

Justiça incompleta - Passado um ano, falta apontar os mentores do 8 de janeiro.

Gostei muito do artigo Os destrutivos "homenzinhos", de Luiz Gonzaga Belluzzo: que diz "O pequeno fascismo cotidiano floresce em indivíduos que carregam na alma as frustrações da sociedade de massa". A revista destaca uma ideia central do texto: "vítimas de um processo social que não compreendem, os ressentidos cultivam inimigos imaginários".

Nas matérias sobre o destaque da capa da revista, temos duas figuras que me enojam: o tal do Lira, em foto ao lado de Bolsonaro, e o tal ministro Múcio, "embaixador dos militares"... é um absurdo esse cara ainda ser ministro de Lula.

---

Também gostei do artigo do Cláudio Couto: 

Inimigo X - Eis o problema: o bolsonarismo continua a ser o sujeito indeterminado da tramoia golpista. 

Ele tem razão!

---

A matéria sobre "Ameaça tecnológica" na questão das eleições brasileiras aborda os riscos do uso da Inteligência Artificial na produção das fake news e manipulações das pessoas, coisas que tenho apontado em minhas reflexões. Todo mundo se preocupa com a questão... claro, né! Mas e a solução?

Aliás, registro aquilo que Chomsky e Nicolelis explicam o tempo todo: a tal IA não é nem inteligente, nem artificial. Tem um cara por trás da IA e dos algoritmos e ele não está necessariamente pensando em nosso bem-estar (nós humanos), mas sim no lucro da empresa que paga para ele manusear e criar aquilo.

---

A matéria sobre as mineradoras que destroem o Brasil e a vida dos brasileiros é revoltante, nos deixa indignados. Que merda! Tanto as tragédias recentes não tiveram soluções satisfatórias para as vítimas, como existem centenas de outras possibilidades de novas tragédias e destruições. É uma guerra contra a natureza e os inimigos estão ganhando as batalhas todas.

---

Na matéria sobre economia com a questão "Quem tem razão?", Haddad ou Gleisi Hoffmann, o articulista deixa claro que a presidenta do PT tem razão na divergência sobre déficit zero ou não. Eu estou com Gleisi, óbvio!

---

Nas matérias internacionais da seção "Nosso Mundo" soubemos das merdas do Trump nos EUA, que enfrenta a justiça e as primárias ao mesmo tempo. É a tal "democracia liberal" norte-americana que os brasileiros analfabetos políticos pagam pau! Também li sobre o genocídio do povo palestino pelo governo sionista de Israel, na matéria falando das brigas com o Hezbollah, além do Hamas. E sobre a ascensão da extrema-direita AfD na Alemanha.

O mundo tá foda!

---

Gostei também das notícias culturais da seção "Plural".

---

COMENTÁRIO FINAL

Uma coisa é certa: não perdi nada em ler as 58 páginas da revista, pelo contrário, só ganhei com a leitura.

Sigamos lendo aunque sean los papeles rotos por las calles (Cervantes)... Que dirá materiais excelentes como a revista do Mino Carta.

William


Post Scriptum: comentário sobre a leitura da revista anterior aqui.