terça-feira, 31 de maio de 2016

Diário - 310516



Olha que bela flor de maracujá. Foto feita em visita à casa
do companheiro José Wilson ontem, na hora do almoço.
Por falar em maracujá, não é que passei a apreciar a polpa
natural da fruta, pra ver se a pressão baixa um pouquinho!

Final de noite neste 31 de março. Final de mês.

Cheguei tarde da Cassi, quase dez horas da noite. Ô dia cansativo que tivemos!

Pensei, relutei, mas acabei dizendo pra esposa que eu precisava por um calção e tênis e sair pra rua e correr nem que fosse um pouquinho. Corri 3 km.

Neste mês de maio, tentei correr um pouco mais, ou seja, mais vezes no mês, por sugestão de nosso médico de família.

No entanto, a coisa mais legal e que nos dá satisfação pelo feito pessoal foi ter voltado às corridas de 10k que já não fazia há meses. 

Mas o mais legal ainda foi ter feito um mês perfeito em termos de corridas. Corri 10k nada nada em três domingos e no outro corri 9k. Nunca havia feito isso!

Fechamos o mês em que corri feito gente grande. E olha que minha agenda de trabalho foi daquelas de jornadas enormes e volumosas.

Uma coisa eu reflito comigo mesmo ao lidar com o corpo que me conduz: eu tento fazer a minha parte.

William



CORRIDAS NO MÊS DE MAIO

Domingo 1 DF..................9k Eixão 57'30" 25º

Terça 3 DF ......................2,5k 16" 23º pela manhã

Sexta 6 DF ......................5k 31' 20º noturna

Domingo 8 DF .................10k Eixão 62' 26º show!

Terça 10 DF .....................3,6k 23' 18º noturna

Domingo 15 SP ................5k 32'30" Pq. Continental 

Terça 17 DF .....................4k 25'30" 20º noturna

Quinta 19 DF ...................3,5k 23'30" 19º noturna

Domingo 22 DF ................10k Eixão 63' 26º "foi de boas"

Quinta 26 DF ....................4k 26' 18º noturna

Domingo 29 DF ................10k 63' 28º gripado, mas fiz!

Terça 31 DF ......................3k 22' 17º noturna, pra fechar mês.


Corri 12 vezes no mês. Bem melhor que média anterior. Percurso de 69,6 km.

É inegável a importância que teve para mim a educação em saúde que passamos a ter ao estarmos cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo assistencial da Cassi. Passei a comer com mais atenção, meu peso diminuiu e estou tentando fazer a minha parte.

Estou com pressão alta, mas o porquê tanto pode ser por tendência de histórico familiar como pelas condições de vida que levo: estresse no trabalho, por exemplo. 

Se eu não estivesse fazendo a minha parte, as consequências poderiam ser drásticas pra mim e meus entes queridos.

Obrigado Cassi por você fazer parte de nossa vida de funcionários do Banco do Brasil.

domingo, 29 de maio de 2016

Quando impera a Iniquidade e a desesperança



A justiça divina e humana estão nas sombras...

Refeição Cultural

Que fazer quando a Iniquidade impera em nosso mundo e não vemos mais esperanças na Justiça dos homens?


Domingo na Capital Federal. Dia ensolarado e na estação que avança para os tempos secos das próximas semanas no cerrado do Planalto Central.

Estou meio fodido com gripe ou resfriado, meio verde por dentro e aftas na boca. Legal, né? Não dá vontade de por nada na boca. Vou sair para correr no Eixão porque sou teimoso, pois ânimo psicológico e bem estar físico estou com nenhuns.

Queria desligar no final de semana a chavinha da consciência política e desplugar do mundo desgraçado em que nos pegamos vivendo - um país sob ataque e golpe dos canalhas donos do mundo -, mas não consigo. Os dias que correm são de alternância entre raiva e tristeza por ver as merdas diárias feitas pelos golpistas e pelos senhores brancos inalcançáveis da eterna Casa Grande brazil.

Hoje, por exemplo, não consigo ler e fazer nada porque me incomoda os miolos a questão da iniquidade e da injustiça em nosso país.

Esse é um texto de reflexão e de opinião, em tese não há crime em expressar a opinião. A coitada da Constituição Federal de 1988 prevê meu direito à opinião.

Teve um momento em meus estudos, pesquisas e debates filosóficos durante minha formação política e sindical, anos atrás, em que uma liderança mais velha, o Sérgio Braga, me disse que eu não tinha característica alguma de anarquista, pelo contrário, eu tinha um perfil de militância que defendia que as instituições sociais construídas por nós, sociedade, deveriam funcionar corretamente. Ele tinha razão.

Eu não tinha o perfil revolucionário de outras correntes em desejar e atuar para a destruição total das instituições sociais para a partir do caos e das cinzas, recomeçar novamente o mundo. Não, eu sempre atuei para que as instituições da chamada democracia burguesa funcionassem corretamente. O Estado deve cumprir seu papel, os executivos e legislativos idem. O terceiro poder, a Justiça, idem. Que dizer então do "quarto" poder, os meios de comunicação, que deveriam ser democráticos e imparciais? (puta merda!)

Hoje, aos 47 anos, fico atônito, pensando a respeito desses poderes formais da democracia. Que porra de Congresso Nacional é esse eleito em 2014, fruto da influência do dinheiro e das estratégias golpistas e fascistas dos donos do mundo e dos meios de comunicação? Quantos dos 513 deputados e 81 senadores representam o meu lado, a minha classe? Dos 594 fulanos e ciclanos (quase que só homens também), quantos nos representam?

Mas o que eu queria mesmo expressar minha opinião neste momento é sobre a Justiça brasileira. Ela faliu! Ou nunca existiu para os da minha classe. 

O povo acredita em 3 tipos de justiça, a divina, a dos homens (instituições) e a das próprias mãos - olho por olho, dente por dente.

Estamos todos fodidos. A justiça divina não está dando conta das iniquidades do mundo humano e material faz milênios. A justiça com as próprias mãos é repleta de falhas por não haver processo legal, por não haver tolerância e por ter como tendência a eliminação do outro, sem choro.

E a justiça dos homens? Que país é esse onde temos um cidadão como o senhor Gilmar Mendes na Corte Suprema? Que país é esse? Até o mundo mineral sabe que não há imparcialidade ou "técnica" nas decisões no Supremo Tribunal Federal. E no Superior Tribunal Eleitoral, onde, por acaso, questões relativas ao PT são julgadas por... Gilmar Mendes? Eu estou no movimento social há uns 17 anos e faz 17 anos que vejo a atuação deste senhor em benefício de um lado da sociedade, a Casa Grande, e contra o outro lado da sociedade, a Senzala.

Mesmo sabendo da posição deste cidadão em relação ao Partido dos Trabalhadores (PT) e seus representantes, mesmo sabendo da relação estranha deste cidadão com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), os órgãos dos três poderes não fazem nada. A sociedade civil organizada idem. E a relação deste cidadão com os donos dos veículos de comunicação oligopolizados há décadas no Brasil?

Eu poderia sair do campo da política em si e falar a respeito de alguns Habeas Corpus concedidos por este senhor: aqueles para o banqueiro dono do brazil, Daniel Dantas, ou para o médico estuprador Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por violentar e abusar de dezenas de mulheres - foragido até hoje da justiça dos homens.

A esperança na justiça deveria ser uma das questões norteadoras da convivência em sociedade, principalmente para as pessoas comuns, a grande massa de humanos que vendem sua força de trabalho por não serem os poucos donos de tudo - capital, meios de produção, recursos materiais e meios de comunicação.

Cara, até quem está do lado da Casa Grande sabe que a justiça brasileira se transformou numa máquina de atuação contra o Governo do Partido dos Trabalhadores e simpatizantes. Qualquer pessoa sabe que se encastelou nos órgãos públicos da justiça, um grupo de HUMANOS que atuam a favor da Casa Grande e asseclas (isto é iniquidade) e contra o lado da Senzala (isto é iniquidade).

Numa sociedade ou agrupamento humano onde se tira a esperança na Justiça, o que podemos esperar? A história da humanidade mostra experiências diversas e trágicas por não haver mediação regrada e imparcial entre as duas classes existentes - os donos de tudo e os que servem a eles, seja na forma de escravos, servos ou proletários... e ainda há um grupo grande de despossuídos do Capital que se acha "empresário, gerente ou Pessoa Jurídica (PJ)". Deram a esse grupo o nome de "Classe Média" e ganharam o coração desses vendedores de suas horas de trabalho. Aff, ideologia é foda! Pega mesmo!

Eu não acredito na imparcialidade da justiça brasileira. Por causa disso, entendo que nosso país segue para uma iniquidade intolerável. Como cidadão e como representante dos trabalhadores, não gostaria de ver e viver período semelhante aos anos de 1793/94 da França pós Revolução Burguesa (1789). Milhares e milhares de cabeças decepadas em praças públicas e por meses e meses, ora de um grupo social, ora de outro. 

Perdem todos os humanos com situações parecidas.

Chega por hoje.

William
Cidadão brasileiro

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Fotografias: A beleza natural para esquecer os horrores do animal humano



Lua, céu e sombras em um
entardecer qualquer em Brasília.

Pois é, enfim chegou a sexta-feira. Finda mais uma semana de muito trabalho pela nossa tarefa de gerir como eleitos pelos trabalhadores a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.

Os dias que correm em nosso querido país Brasil são dias sinistros, como são as noites em meio às tempestades.

Notícias nossas correm o mundo civilizado: estupro coletivo de uma jovem no Rio de Janeiro, mais de trinta animais. Em nosso país machista e misógino, prevalece a cultura do estupro, e ainda saem por aí com a desculpa nojenta de que as vítimas teriam culpa.

Nossa democracia está sequestrada por uma alcateia de lobos, ou melhor, de hienas, já que muitas pessoas consideram as hienas bichos repulsivos. Os golpistas todos são animais repulsivos.

Preciso descansar neste fim de semana. Estou exausto! Além de não alternar momentos de menor estresse diariamente em meu trabalho, porque o estresse é ininterrupto em ser gestor de saúde em um mundo do caos e de crises, tanto política, quanto econômica e no setor de saúde. Até ao acordar pela manhã, percebo que estava a sonhar com o trabalho e as crises.

...

Ao menos uma boa notícia para a Previ e para os associados de nossa comunidade Banco do Brasil: a eleição acabou nesta sexta e venceu a democracia, pois mais de cem mil associados se manifestaram e a Chapa 3, liderada por Marcel, foi a mais votada. Eu entendo que era a chapa com os melhores candidatos e com a melhor composição para enfrentar os tempos duros que vivemos e que podem vir tanto para a Previ quanto para os demais direitos e conquistas dos trabalhadores.


ENTÃO, VAMOS APRECIAR AS FLORES, A LUA E O CÉU BRASILIENSE

Bom, esta postagem é para desopilar o fígado e tentar entrar no descanso de dois dias em casa com a família. Ofereço as fotos, os instantes captados, às pessoas que pertencem à minha classe, a classe trabalhadora. 

(Não ofereço aos fascistas e golpistas, esses não têm olhos para o simples na forma de ser e complexo no existir na natureza. Se tivessem olhos para isso, não construiriam um mundo de merda!)

Bom final de semana aos meus pares da classe trabalhadora e resistam, nós vamos vencer os malditos golpistas e fascistas. A democracia vai vencer!

William


Não podemos esquecer nunca o vermelho da natureza,
no nosso sangue e nas flores.

A delicadeza amarela em meio ao verde de uma
árvore comum em Brasília. Nada a ver com
o "verde amarelo golpista".

A lua no céu azul observa a paineira rosa
em uma rua de Brasília.

Fala sério! Vamos economizar as palavras:
simplesmente uma orquídea.

Flores rosas de paineira e
céu azul em Brasília.

Cachinhos amarelos em meio ao verde brasiliense.
É só olhar e ver.

Palmeiras ao céu com lua ao fundo.
Brasília é natureza pura!

E o vermelho flamboyant
aponta para o céu de Brasília.

Tchau, pessoal!

William

domingo, 22 de maio de 2016

O sentido ou não sentido das coisas



Seriam as flores, os filhotes, as aves e os cristais
pontes entre nossa dureza cotidiana e uma
essência divina fora desta materialidade?

Refeição Cultural

Domingo em Brasília. 11º dia vivendo sob estado de exceção em nosso país, que teve um Golpe de Estado consumado na noite de 11 de maio. As medidas já tomadas contra os direitos sociais por usurpadores provisórios são escabrosas, afetam dezenas de milhões de pessoas que mais precisam do Estado. 

Por outro lado, não vi milhões de vítimas nas ruas tomando de volta as instituições usurpadas e as políticas públicas que lhes beneficiam, não vi trazerem de volta o governo legitimamente eleito, por mais críticas que tenhamos a ele por pusilanimidade nas ações. Vi alguns milhares de pessoas de segmentos de jovens, artistas e intelectuais e mulheres no enfrentamento ao golpe. É bonito, mas muito pouco para recuperar a democracia roubada.

Abri a janela e fiquei alguns minutos observando as árvores e a natureza. Contei vários pássaros diferentes em minutos: joões de barro, mariquitas, bem-te-vis, anus, periquitinhos ou maritacas, beija-flores, pombas, sabiás laranjeira e um belo pica-pau. Em Brasília não é difícil ver a diversidade de aves, flores e plantas do cerrado. Basta olhar com atenção e ver.


As coisas teriam um sentido, um propósito?

Quedei pensando nesta semana no sentido ou não sentido da vida, da existência e das coisas. Essa questão do sentido cutuca o ser humano há milhares de anos. A partir da linha escolhida, ter sentido ou não as coisas, abre-se margem para várias outras consequências.

Se as coisas tiverem sentido, não seria por acaso eu ganhar um livro de presente do amigo Jacy Afonso que aborda o tema ao encontrá-lo no meio de semana em um evento de organização e luta em defesa das empresas públicas e estatais. O livro de Eckhart Tolle - Um Novo Mundo - aborda o tema do autoconhecimento. Estudei isso duas décadas atrás e agora sou presenteado com livro semelhante.


Iluminação e despertar que as flores nos trazem.

O livro em seu início fala de algo que me chamou a atenção. Fala a respeito das flores, dos cristais e pedras preciosas, das aves e dos filhotes de animais, inclusive os humanos, como sendo algo que traz uma ponte com nossa essência por carregar uma inocência ou uma luz que não seria deste mundo material. Eu confesso que passei a observar novamente, faz uns dois anos, de forma mais atenciosa as flores e os pássaros, talvez como um escape ao tipo de vida extenuante que tenho levado.


O documentário me deixou catártico, sem reação, ao me
ligar aos olhares e depoimentos de seres humanos nas
diversas condições e nos variados cantos do mundo.

Ainda no campo dos sentidos, assisti ontem com minha esposa ao documentário Human, um fotógrafo e cinegrafista que correu 65 países e ouviu mais de duas mil pessoas para captar e deixar que o espectador reflita sobre a aventura humana, o que somos, e porque fazemos o que fazemos conosco e com o mundo.

Eu fiquei catártico, parado, deprê, sem ação ao assistir ao documentário. Como aumentou minha reflexão a respeito de ter ou não sentido o que estou, o que estamos fazendo aqui neste mundo.


Filme muito bom deste ator argentino diferenciado.

Por fim, na grande questão de ter ou não sentido a vida e as coisas da vida, assisti ao ótimo filme com Ricardo Darín - Um conto chinês (2011).

De uma forma absurda, um chinês vai parar na Argentina e por puro acaso (ou já havia um sentido nisso) esbarra com o cidadão Roberto, ex combatente da Guerra das Malvinas e que se tornou uma pessoa isolada do mundo e da sociedade. A sequência de eventos do filme e o final é para aumentar mais ainda o nosso dilema se há algum sentido nas coisas ou não, como acreditava o argentino, que colecionava notícias de jornais com fatos inusitados "provando" a ele que nada na vida tinha sentido.

Eu não sei se algum dia vou chegar a uma conclusão se há um sentido nas coisas ou não. Eu não sei se há sentido em eu ter ido parar onde estou hoje, fazendo o que estou fazendo e tendo como consequência tudo o que já houve na minha vida nos últimos dois anos.

Mas sei que independente de haver ou não um sentido na vida ou as coisas serem uma sequência de acasos nas veredas diárias da vida, sei que estou ontem, hoje e amanhã procurando dar o melhor de mim naquilo que me peguei fazendo neste instante.

Bom domingo a tod@s os meus pares da classe trabalhadora.

William

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Diário - 190516



Um belo hibisco branco brasiliense. Admirei!

Quinta-feira, fim de noite em Brasília.

Acabei de voltar da corrida noturna. Hoje vesti a camisa de nossa Cassi até para correr pelas alamedas ao redor de casa. Minha corrida é sugestão do médico de família que nos acompanha.

Nesta semana, marquei retorno na CliniCassi para verificar como anda a situação deste corpinho surrado pela minha agenda de trabalho e militância social. 

Como funcionário do Banco do Brasil, sou associado da entidade de saúde dos trabalhadores, a Caixa de Assistência (Cassi), a maior autogestão do país, gerida pelo banco e por seus funcionários. 

Nossa entidade foi definida para organizar um sistema de saúde que tenha como princípio o Modelo de Atenção Integral à Saúde e tem na Estratégia Saúde da Família (ESF), organizada a partir das unidades de atendimento próprias - as CliniCassi - a origem dos cuidados dos participantes.

Assim como ocorre com meus colegas bancários, a carga de trabalho estressante que levamos nos traz riscos de contrair doenças crônicas como diabetes, colesterol ruim em excesso e hipertensão arterial, problemas que se não cuidados, agravam e trazem consequências drásticas para as pessoas.

Enfim, ao passar a ser cuidado por uma equipe de família, a minha referência sobre saúde passou a ser a Cassi e os profissionais de saúde da Cassi e não mais a rede credenciada quando sentia alguma necessidade em saúde.

Meu médico de família, Dr. Ricardo, que tem acompanhado as consequências do estresse neste que vos fala, sugeriu que eu aumente um pouco mais a carga de corridas e caminhadas. Como já estou quase no meu limite muscular na carga de corridas, foi sugerido que eu corra mais vezes e distancias menores, mais para tirar o estresse e as energias ruins do corpo antes de dormir.


Vestindo a camisa da Cassi até
para dar uma corridinha!

Estou vendo se corro 3 vezes na semana, ao menos quando não estiver nas agendas de trabalho com viagens. "Obedecendo" nossa equipe de família da Cassi, corri na terça 4k, hoje 3,5k e agora vamos correr no fim de semana. Já melhorei minha alimentação como sugestão da Cassi.

Enfim, tudo o que queremos como gestores de saúde eleitos pelos associados é estender esse modelo de promoção de saúde e prevenção de doenças ao conjunto dos associados da Cassi. Preciso de apoio do Banco do Brasil, patrocinador e gestor da Cassi conosco - eleitos pelos associados -, e de todas as lideranças da comunidade BB para fazer chegar a mais de 700 mil participantes o que é e como funciona a nossa entidade de saúde.

A flor que ilustra essa postagem é por causa de uma característica que sempre tive e estou reavivando: ver, admirar e adorar flores e plantas. Acho que esse hibisco branco é raro. Eu ao menos nunca tinha visto.

Abraços a tod@s,

William Mendes

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Diário - 160516



Um dia de visita ao meu mundo, o mundo de Ozz Osasco.

Refeição Cultural - a vida sob estado de exceção

Iniciamos mais uma semana de trabalho e luta. Amanhecemos em Osasco SP e durante o dia iremos para Brasília, onde trabalhamos faz dois anos.

Vimos nosso filho neste fim de semana. Nos despedimos há pouco dele. Agora só o vemos de vez em quando. Ele estuda no interior de São Paulo e nós passamos a maior parte do tempo em Brasília.

Nesta semana minha agenda de trabalho não prevê viagens como na semana anterior, quando estive nas conferências de saúde no Piauí e na Paraíba.

No domingo, aproveitei a estada em Osasco para correr no Parque Continental e matar saudades da região que moro. Como tive uma semana de trabalho de jornada muito longa e quase não dormi direito, terminando só com minha chegada no sábado de manhã, não abusei do corpo e fiz uma corrida de 5k em trote bem leve.

A DESGRAÇA TODA QUE VEM AÍ (APOIADA POR PARTE DOS TRABALHADORES QUE REPRESENTAMOS)

Desde a perpetuação do Golpe de Estado contra a democracia brasileira, na quarta 11, quando a presidenta Dilma Rousseff (PT) foi afastada, sem crime algum, por uma camarilha de corruptos seculares que tomaram conta do Parlamento brasileiro, unidos e patrocinados pelos empresários da mídia e Fiesp e por grupos de funcionários públicos partidarizados que tomaram conta de parte dos órgãos da justiça brasileira, enfim, desde o Golpe, não havia parado para ver um pouco dos acontecimentos a partir da quinta 12, quando os usurpadores se apoderaram do governo. 

É horroroso o que já fizeram em horas, os retrocessos que promoveram em horas contra o povo brasileiro com a extinção de Ministérios fundamentais para as questões sociais. Um certo ministro nomeado disse que não investiga corrupção no governo paulista porque este é "honesto". Outro ministro nomeado disse que direito adquirido não é direito adquirido. Não há que se falar mais em negros, mulheres, direitos trabalhistas, cultura e arte, inclusão social, minorias, indígenas... 

(pausa para explosão: caralho! Enfim, entramos no cenário apocalíptico do 1984, de George Orwell (1949) e do Farenheit 451, de Ray Bradbury (1953). Agora todos seremos controlados pelas teletelas do Grande Irmão Globo)

Empresas públicas brasileiras, então, os golpistas vão doar todas que sobraram como fizeram nos anos noventa. Agora a Petrobras vai para os americanos, os bancos públicos e suas dezenas de milhares de funcionários vão pro saco etc e tal. É engraçado e triste: o novo Ministério do usurpador Temer materializa o que eu sempre disse descrevendo os donos do poder no século 19 (de-ze-no-ve): o poder é branco, machista, patriarcalista, católico (e evangélico), patrimonialista e corrupto até o mais profundo DNA.

Podemos voltar em semanas ao século 19 em relação aos direitos civis, sociais, humanos. E pensar que parte considerável de colegas do banco público (ainda) que trabalho apoiou os golpistas que agora vão implantar todo o retrocesso de dezenas de anos de lutas e conquistas... dói pra cacete saber disso! Fica meio sem sentido lutar pelos direitos em saúde de meus colegas da comunidade Banco do Brasil que apoiaram toda a desgraça que está sendo encaminhada contra nós mesmos.

Estou aqui iniciando uma semana com o mesmo senso de dever que alimenta meu caminho e minhas ações, mas com uma certa incompreensão de como pode todo o massacre fascista que vem contra nós povo trabalhador ter tido apoio de colegas do banco que a gente trabalha, de conhecidos e vários familiares, estes por sinal quase todos vindos da merda da miséria e mesmo assim seguem alienados em relação a que classe pertencem. Tem coisa que derruba a gente...

Boa semana a tod@s. Espero que ao final dela, os direitos sociais, civis e trabalhistas ainda sejam os mesmos que dantes do Golpe.

Será que a massa, os milhões de humanos que serão vitimados vão reagir contra alguns milhares de brancos corruptos que tomaram o poder? Se forem reagir, vão fazê-lo nos próximos dias? Ou vão todos como gado nos currais para o abatedouro? (por favor, lembrem das reflexões de Hannah Arendt e a questão judeus/nazistas!)

William Mendes
Cidadão

domingo, 15 de maio de 2016

A queda - Reflexões a respeito do Golpe de Estado no Brasil


Noite de manifestações em defesa da democracia no Brasil,
31/3/16, Esplanada dos Ministérios, DF.
Manifestações em defesa da democracia, Brasil,
domingo, 17/4/16, Esplanada dos Ministérios DF.
Encontrando amigos e companheiros de luta.
Manifestações em defesa da democracia, Brasil,
domingo, 17/4/16, Esplanada dos Ministérios DF.

(um Post Scriptum sobre uma reflexão minha feita em postagem em 2009 - ler AQUI - a respeito do filme A queda, as últimas horas de Hitler, me levou a esses pensamentos expressos abaixo. A queda de nosso governo legítimo, aqui no Brasil, equivale a ascensão de um regime ilegítimo de fascistas e corruptos. Aqui é 1933)


Releitura de reflexão minha feita em 2009. Faz 4 dias que a direita fascista, partidos políticos e políticos canalhas e seres de aluguel, os donos dos meios de comunicação, os empresários, latifundiários e, principalmente, com anuência e silêncio dos órgãos que deveriam proteger a democracia, o Legislativo e o Judiciário brasileiros, afastaram a nossa presidenta Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, reeleita com 54,5 milhões de votos em outubro de 2014. Afastada sem nenhum crime de responsabilidade ou algo ilegal, sem nada nada. O contrário de todos que a afastaram, ladrões de colarinho branco com acusações e fichas corridas que vão da Terra à Lua.

Estou tão indignado que estou pusilânime em relação a alimentar ilusões de que o golpe parlamentar possa ser revertido nas ruas, como ouço de algumas pessoas do meu campo ideológico. Não houve quebradeira, não houve paralisação do país, não houve invasão de nada pelo povo defendendo o governo e a democracia.

Quando lembro da situação real do nosso país tomado por ladrões corruptos aparecendo o tempo todo como novos governantes nas teletelas do Grande Irmão Globo e asseclas da grande imprensa, me dá vontade de chorar, de fazer algo pela democracia de meu país. Às vezes, fico pensando em algo que descobri faz anos: que o conhecimento dói. Eu sei que o povo que eu represento, os trabalhadores e gente mais humilde, sei que eles vão se foder, e eles foram manipulados e parte apoiou, silenciou, permitiu, inventou desculpas para deixar o golpe ser aplicado.

Mas ao ler esta reflexão que fiz 7 anos atrás, pensando o povo alemão que apoiou Adolf Hitler e todo o horror do 3º Reich, realmente fico pensando o mesmo em relação à massa de pessoas que me circulam, do meu convívio familiar (não mais de meu convívio), de meu convívio profissional (sou obrigado a conviver com eles), de meu convívio social em geral (que faço, vou embora de meu país?), enfim, estou nessas poucas horas ainda pós golpe pensando a respeito de como trato essa imensa parcela que apoiou novo golpe no Brasil, após termos gasto mais de duas décadas para livrar o país do golpe anterior em 1964.

Estou ainda meio que... por sorte, entre a noite do golpe (madrugada de 12/5/16) e a manhã deste sábado (14/5) tudo que fiz foi trabalhar de forma ininterrupta, quase que nem dormi. Aí não sobrou tempo sequer para pensar e lembrar que já vivia num país em regime de exceção. Estou destruído por dentro.

E pior, quando a segunda-feira chegar, vestirei meu contrato social e sairei de casa para cumprir fielmente minha missão, meus compromissos assumidos com os trabalhadores que votarem em mim e depositaram sua confiança em meu trabalho na entidade de saúde que atuo. Só tenho o curto tempo do fim de semana para o lamento como cidadão, como ser humano, que é gente, que sofre e ri (nem tanto), adoece, tem emoções...

É isso!

William

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Diário - 110516



Final de dia de trabalho na noite de quarta, 10 de maio,
na sede da nossa Caixa de Assistência (DF).

Reflexões

Quarta-feira, uma quarta que se anuncia como um dia que marcará de forma negativa a história do Brasil. Está marcada nesta data a sessão no Senado para efetivar o afastamento da presidenta da República, Dilma Rousseff (PT), presidenta julgada sem nenhum crime de responsabilidade, julgada por um bando de parlamentares com longa ficha de acusações criminais, presidenta do partido que cometeu o "crime" de distribuir parte da renda do país para os mais necessitados nos últimos 14 anos e retirou milhões de pessoas da miséria absoluta.

Quarta-feira da sessão de votação do impeachment, na verdade um golpe parlamentar, que neste início de século 21 se consubstanciou no novo tipo de Golpe de Estado às democracias latino-americanas, golpes organizados e financiados pelo imperialismo americano e pelos grandes players donos das corporações e do mundo. Golpes de Estado efetivados a partir da destruição de governos populares através dos meios de comunicação empresariais monopolizados, de setores do Estado (judiciário e legislativo) sequestrados pelos capatazes representantes das corporações corruptas que brincam com a soberania dos Estados nacionais e manipulam as massas alienadas. 

Enfim, o início desta reflexão começou denso e compacto, à semelhança do que está sendo o massacre fascista, burocrático e sólido do golpismo na democracia de meu país. Se já sofremos os efeitos da burocracia tecnocrata nas estruturas sociais onde tentamos fazer mudanças em defesa dos direitos dos trabalhadores, estruturas burocráticas que nos massacram ao não permitir que façamos mudanças em prol dos trabalhadores que representamos, imaginem vocês como ficará nossa condição de minorias progressistas depois do Golpe. Será preciso muita firmeza de propósito para lutar pela manutenção de direitos históricos e contra o sistema tecnocrata e seus lacais para nos impedir de implantar avanços para nossos trabalhadores representados.


Ainda as reflexões


NÃO comi o Virado à Paulista nesta visita a SP.
Foto: entretenimento band uol.

Na noite de ontem, cheguei da Cassi depois das 21h. Acabei saindo para correr lá pelas dez da noite. Meu corpo não pode reclamar do ser pensante que carrega, pelo menos na questão da força de vontade de mantê-lo vivo. Corri cinco vezes nestes dez dias. Imaginem vocês que na segunda-feira estava na minha terra, São Paulo, e recusei no almoço comer o maravilhoso prato "Virado à Paulista" e vi meus amigos comerem enquanto eu comia um peixe com legumes só para cuidar do meu colesterol e da pressão alta... e isso hoje para este cidadão que vos fala só acontece porque estou cadastrado na Estratégia Saúde da Família (ESF) que acompanha os participantes de nosso plano de saúde dos trabalhadores.

Nesta quarta é dia de estudos. Ao longo do dia estarei preparando minhas intervenções nas conferências de saúde da Cassi que faremos no Piauí e na Paraíba nesta quinta e sexta. Nosso desejo ao falar com a base social, nossos associados da ativa e aposentados, é levar o melhor nível de informação possível sobre a nossa entidade de saúde e os problemas que o setor enfrenta em meio a tantas crises.


Excelente iniciativa de Jacy Afonso, imprimir e distribuir para
os trabalhadores da Fetec CUT CN um texto desta qualidade,
debatendo os caminhos da esquerda.

Eu comecei o dia dedicando uma hora de leitura política, de alimento ao ser, lendo uma excelente entrevista do intelectual, sociólogo, filósofo e professor português Boaventura, que abordou na revista Caros Amigos, nº 225 o tema "Para refundar a esquerda". Como um cidadão de esquerda, foi muito bom ler um texto de fôlego para revigorar nossos princípios e pensamentos. Reforçou muito as convicções que tenho em relação à minha visão de mundo e sociedade. A sugestão de leitura foi feita pelo amigo e companheiro Jacy Afonso, liderança dos bancários de Brasília. Tive o privilégio de tomar um café com essa grande liderança dias atrás e ele me entregou o texto, feita a impressão na Fetec CUT CN para partilhar com os trabalhadores bancários. Que iniciativa fantástica. Como disse dias atrás Ciro Gomes, a esquerda precisa voltar a ler!

O intelectual disponibiliza o texto em sua página (ler AQUI).

É isso, vamos seguir nossos estudos da Cassi neste dia para nosso contato com a base social nesta quinta e sexta.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi (eleito)

domingo, 8 de maio de 2016

Diário - 080516



Flores em nome da paz, tratamos bem
as pessoas para recebermos o mesmo.
Não ofereço flores aos fascistas e intolerantes.


Refeição Cultural

"Os dois jovens julgavam a sociedade tanto mais soberanamente quanto mais baixo se achavam nela colocados, pois os homens esquecidos se vingam da humildade de sua posição pela altivez do olhar" (Ilusões perdidas, Balzac)


Domingo, acabou o final de semana. Vou madrugar para começar minha longa jornada de trabalho que só terminará na manhã do sábado que vem.

Hoje, saí para correr à tarde no Eixão com Sol forte e 26º de temperatura. Estava bem vazio. Foi um momento de silêncio e introspecção. Assim como no domingo passado havia corrido a maior distância do ano (9k), neste comecei a corrida com certa preguiça, pensando em correr algo como meia hora e acabei curtindo a pista vazia, o Sol gostoso, o silêncio e depois que embalei decidi fazer um esforço e completar 10k em 62'. Foi bom fazer isso! Estou vivo!

Este foi um domingo das mães que passei longe de minha mãe. Foi um domingo das mães que minha esposa passou longe do filho também. A vida é um constante mudar, renovar, adaptar-se às realidades que nos pegam sem direito a fugas. Mas nos falamos todos, pais mães e filhos, por telefone e por mídias sociais.

Assistimos a um filme que me deixou meio pra baixo agora à noite, A juventude (2016). Filme meio catártico, com belas imagens, com história de muita reflexão a respeito da passagem da idade na vida. Na minha opinião, filme meio deprê.


ILUSÕES PERDIDAS...

Por fim, li um pouco das Ilusões perdidas, de Balzac.

Por que coloquei a citação acima de Balzac, a título de epigrama nesta postagem? Me chamou a atenção a questão da altivez do olhar nas pessoas em posições humildes.

O contexto social em que vivemos em nosso país é dos mais dramáticos que vivi em meus 47 anos de vida. Nesta semana, mesmo sendo ilegal, imoral, e sem escrúpulos, o Senado Federal pode finalizar e completar o Golpe de Estado, via Parlamento, com apoio dos setores da justiça brasileira. O golpe foi tramado por um sindicado de bandidos, corruptos seculares, os mesmos que perpetraram o golpe à democracia brasileira em 1964.

A trama foi construída desde 2010, quando o povo brasileiro elegeu a primeira mulher presidenta do Brasil. Por ela ser do Partido dos Trabalhadores, por ter sido lançada pelo presidente Lula, por ter derrotado a Rede Globo e demais empresários dos meios de comunicação, iniciou-se ali uma trama para tentar interromper os avanços oriundos dos governos do presidente Lula.

Apesar de tudo que fizeram contra, a presidenta Dilma Rousseff conseguiu se reeleger em 2014. Foi a gota e o limite para a burguesia vira-latas brasileira. Disseram que se ela ganhasse, não governaria. Desde o resultado das eleições, paralisaram o país. Quebraram a economia do país, com o apoio de setores da justiça e com o envenenamento do povo brasileiro via meios de comunicação. Hoje, o ódio domina o país. O clima é o mesmo que viveu a Alemanha nazista desde o início do 3º Reich com Adolf Hitler.

Por que fiz esse histórico? A maior parte da população age hoje sem tolerância alguma, com ódio e agressividade contra aquele que pensa diferente. Especificamente falo da construção criminosa por parte dos meios de comunicação e dos partidos de oposição ao governo Dilma e ao PT. Vivemos um clima de desejo de certos setores da sociedade, estimulados pela mídia, a defender a eliminação da vida pública, dos espaços sociais, de qualquer pessoa que venha do movimento social próximo ao PT, aos sindicatos, principalmente os cutistas, que construíram a quase totalidade dos direitos e avanços sociais dos trabalhadores brasileiros desde os anos oitenta.

Enfim, eu tenho atuado como representante dos trabalhadores que sou, eleito e em mandato em entidade de saúde, com a maior civilidade, tolerância e cordialidade que já tive em minha vida. Mas algumas pessoas em redes sociais insistem em nos ofender, agredir e eu fico dividido entre calar ou responder.

Sempre atuei em meus mandatos com humildade por ser representante, mas com altivez por saber o que defendo e o que represento. A frase acima me fez lembrar isso.

Eu tenho lado, o lado dos trabalhadores, e por mais respeito que tenha a qualquer pessoa e qualquer divergência de opinião, ela deve ser respeitosa. Não vou aceitar calado agressões baixas, estapafúrdias, sem pé nem cabeça, ilações e acusações. A Constituição Federal diz que quem acusa, deve provar. Então peço que as pessoas respeitem uns aos outros e vamos buscar unidade entre nós da classe trabalhadora.

Vamos para mais uma semana de trabalho, até porque trabalhamos muito e isso é público.

William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi (eleito)

"Dia das mães"


Eu vejo as mães como o nosso Sol, referência nos caminhos,
acolhedor ao sair e ao se por, que dá a vida ao planeta.

Mãezinha Dirce querida, o que sinto a senhora já conhece. Ter a senhora e o pai ao meu lado nesta jornada da vida sempre foi fundamental. Segue sendo.

Noni, mamãe do Mário Augusto, poucos sabem o que você enfrentou para ser mãe, para poder realizar o sonho em ser a mãe maravilhosa que é para nosso filho.

Dia das mães é todo dia. Todo dia é dia da dupla e tripla jornada que as mulheres mães enfrentam nessa sociedade mundial machista, que trata a mulher como coisa, como propriedade, e não como ser humano.

Estamos longe do tratamento justo e igualitário às mulheres e as mães do mundo, seja ele ocidental, seja oriental.

Parabéns por seu dia no calendário, por seus dias mãezinhas do mundo!

William

sábado, 7 de maio de 2016

Ilusões perdidas, de Balzac (excertos)





Refeição Cultural

A qualidade da construção descritiva dos costumes da sociedade francesa por parte de Balzac é muito refinada. Dá gosto de citar alguns trechos aqui da leitura da primeira parte, Os dois poetas, das Ilusões perdidas.


Volume 7, Estudos de costumes, Cenas da vida provinciana

Primeira parte - Os dois poetas

"O sr. conde de Maucombe envergou assim o humilde avental de um chefe de oficina de província: compôs, leu e revisou os decretos que impunham a pena de morte aos cidadãos que escondessem nobres..." (pág. 31)

A primeira referência que temos, no início da história, é sobre a França dos anos 1819, mas com idas e voltas ao período pós Revolução Francesa como o citado acima, que aborda o período do terror, entre 1793/94.


"A avareza começa onde cessa a pobreza" (pág. 31)

Esta frase profunda é dita ao descrever o velho tipógrafo Jerônimo Nicolau Séchard, tipógrafo que não aprendera a ler nem escrever (fato que conhecemos quando o vemos assumir a tipografia do sr. Bobo em 1793). Anos depois, já em 1802, ele passa a se estabelecer como um burguês por sua avareza, por explorar os outros e por extremo egoísmo, mesmo em relação ao seu único filho, David Séchard.


"EBRIOGRAFIA" foi vantagem para pai explorar o filho

Séchard pai quer passar ao filho recém chegado de Paris a tipografia, cobrando por isso um bom dinheiro para se retirar do trabalho.

"Se não tinha conhecimentos de alta tipografia, em troca passava por ser extremamente forte na arte que os operários, por caçoada, apelidaram de ebriografia, arte muito estimada pelo divino autor do Pantagruel, mas cujo exercício, perseguido pelas sociedades chamadas de temperança, se encontra dia a dia mais abandonado..." (pág. 33)

Mais algumas ironias de Balzac a respeito do velho septuagenário Séchard.

"Era parrudo e bojudo como muitos desses velhos lampiões que consomem mais óleo do que mechas; aliás, os excessos em todas as coisas modelam os corpos segundo suas características. A bebedeira, como o estudo, engorda mais aos gordos e emagrece aos magros..." (pág. 34)

O velho pai se aproveita do filho ao voltar para casa, agora como novo tipógrafo que estudou em Paris, e quer explorá-lo o máximo que puder.

"Essa transformação do sentimento pessoal, ordinariamente lenta, tortuosa e hipócrita nas criaturas bem-educadas, foi rápida e direta no velho Urso, que mostrou quanta vantagem a ebriografia esperta levava sobre a tipografia instruída..." (pág. 35)

Notem que Balzac descreve acima que a transformação naquela nova sociedade burguesa tende a atingir a todos, ela só demora um pouco mais em quem tem boa educação. Fica dito que ao final, a hipocrisia dominará a todos.


O dilema do jovem tipógrafo David perante o velho pai Séchard:

"David percebeu que não havia meio de discutir com o pai. Cabia ou tudo admitir ou tudo recusar, achava-se entre um não e um sim. O velho Urso incluíra no inventário até os cordões do estendedouro. A menor das ramas, as galeras, as escudelas, a pedra e as escovas de lavar, tudo fora apreçado com o escrúpulo de um avaro. O total ia a trinta mil francos, compreendidas nessa soma a patente de mestre impressor e as luvas pela freguesia." (pág. 40)


O jovem Séchard aceita o negócio e na hora o próprio pai explorador já desconfia se o filho vai cumprir por saber que está abusando dele.

"David estimou as possibilidades da patente, da clientela e do jornal, sem se preocupar com os utensílios; julgou poder vencê-las e aceitou as condições. Habituado ao regateio dos camponeses, e nada sabendo dos largos cálculos dos parisienses, admirou-se o velho de tão pronta conclusão.

'Será que meu filho enriqueceu?', pensou, 'ou projeta ele, desde agora, não me pagar?'..." (pág. 43)


Balzac sai mais à frente com uma frase ótima comparando característica comum à avareza e ao amor.

"A avareza, como o amor, tem o dom da vidência quanto às contingências futuras, fareja-as, apressa-as" (pág. 46)


Gostei da leitura calma e com prazer feita neste sábado de calor em Brasília (DF).

William

Ilusões Perdidas - Balzac



As Ilusões perdidas e suas 800 páginas de
estudos de costumes da sociedade francesa
burguesa da primeira metade do século 19.

Refeição Cultural


"A avareza começa onde cessa a pobreza" (Ilusões perdidas, Honoré de Balzac)


Nesta semana que passou, recebi um comentário interessante na postagem que fiz dizendo que estava lendo o primeiro volume da coleção A comédia humana, de Honoré de Balzac. O colega Joel Bueno me recomendou algo que ouvi por longos anos dos mestres de literatura na Faculdade de Letras, da USP. Disse para largar o "chato" do Rónai e pegar de vez o Balzac.

Os professores falavam isso para nós nas aulas de literatura, fossem elas portuguesa, espanhola, hispano-americana ou brasileira. Me lembro da professora Maria Augusta Costa Vieira dizendo isso sobre os dois grossos tomos do Don Quijote de la Mancha. Eu acabei pegando uma edição especial e lendo por 3 meses a fan-tás-ti-ca história do cavaleiro da triste figura e seu fiel escudeiro. Até hoje não li as diversas críticas contidas em mais de uma centena de páginas de minha edição especial de comemoração dos 400 anos do lançamento da obra, feita pela Alfaguara.

Como o volume nº 1 da imensa obra balzaquiana não chegou a Brasília e sim lá em Osasco (não estou com ele ainda), olhei, olhei e escolhi o volume 7 de A comédia humana. Escolhi nada mais nada menos que Ilusões perdidas para começar a namorar com ela hoje (sei que minhas jornadas de trabalho e luta não me permitem ler um livrão desses de sentada).


LEITURAS E LEITURAS

Interessante a questão de adequar a onda mental para determinado tipo de leitura. Quando li Os lusíadas, de Camões, gastei várias idas e voltas para entrar no ritmo da leitura e poder navegar por mares nunca dantes navegados. 

Imaginem quando consegui ler até o final as quase mil páginas de Ulisses, de James Joyce. Devo ter recomeçado umas oito vezes até meu cérebro entrar naquele ritmo e deslanchar. Me lembro que cheguei a ler até a página trezentos e voltar ao início porque achei que não estava boa a leitura.

Como na atualidade só leio dezenas de súmulas técnicas a respeito de saúde e coisas do mundo da gestão da saúde e, às vezes, artigos políticos, meu cérebro está destreinado para leitura literária. Fiquei algum tempinho nas primeiras 5 páginas para entender direito o que estava lendo, o contexto da história, o ritmo do autor etc. Não sei se isso acontece com vocês, amantes de leituras.

Enfim, viram a citação acima sobre a avareza e a pobreza? É só um aperitivo do que já vi nas primeiras páginas das Ilusões perdidas. O autor tem um estilo de linguagem ferina. Soube que Machado de Assis teve influências de Balzac. Me pareceu muito o estilo de críticas irônicas e aguçadas à sociedade como costumo ler no Mestre do Cosme Velho, este sim, já de minha afinidade.

Abraços aos meus amigos leitores.

William