domingo, 30 de agosto de 2015

O prazer e a felicidade pessoal através das corridas





Refeição Cultural

A corrida de rua é um dos esportes mais democráticos do mundo. É uma das atividades físicas mais acessíveis a qualquer pessoa, de qualquer classe social e para pessoas com qualquer tipo de constituição física, guardados os cuidados e acompanhamentos necessários para os inícios de jornadas.

Voltei a correr com regularidade em outubro do ano passado, ao começar meu treinamento para a São Silvestre daquele ano.

Iniciei o ano corrente com alguns objetivos pessoais nas corridas. Aliás, essa é uma das características mais legais das corridas: corremos para nós mesmos, para nos superarmos, superarmos nossos limites físicos, nossos tempos nos percursos. Tirando algumas dezenas de corredores profissionais nas provas oficiais, as multidões correm por prazer e por superação pessoal.

Como ia dizendo, meus objetivos pessoais nas corridas para 2015 são bem definidos por mim: um deles é ganhar resistência e condições físicas mais adequadas para suportar meu trabalho. É sério! Percebi que sem uma preparação física e psicológica especial, eu quebraria no meio do caminho (mandato).

Em relação aos objetivos específicos de provas de ruas, meu objetivo no ano é correr a primeira meia maratona (21,1k), superando meus limites de 15 km de distância nas São Silvestres.

Ao entrar o segundo semestre deste ano, decidi me inscrever na Meia Maratona de Florianópolis em 11 de outubro. Preparei um treinamento possível para minha rotina de trabalho e estou focado nele. Serão 18 treinos entre 12 de agosto e a semana da prova.


10k no Eixão foi de felicidade pura!

Acordei bem cedo neste domingo para cumprir meu treinamento. Hoje foi dia do treino 7/18 e no meu programa estava lá o longão de 10 km.

No sábado fiz alimentação um pouco mais adequada para quem vai correr no domingo e também decidi levar água desta vez.

Acordei 6:30h, fiz uma refeição e saí uma hora depois.

Iniciei a corrida muito concentrado na passada e na respiração. Eu nunca uso aparelho com música porque sou contrário a isso. Os corredores devem se concentrar em si mesmos e no espaço ao redor.

Passei pelo Bacen (de onde voltei no treino 3 - 6k), passei pelo BB e BRB (de onde voltei no treino 5 - 8k) e fui pro lado Norte do Eixão. Dei meia volta lá no prédio dos Correios. Moro na 110 Sul, de onde saí.

Fiz 30' de ida e 30' de volta. Meu ritmo nos 10k está muito, mas muito bom para mim e para meu histórico. Não senti fadiga. Não faltou energia. O Tendão de Aquiles voltou a ficar sensível só ao final do percurso.

Foi uma corrida de muito prazer e muita felicidade!

Estamos firmes para nossos desafios...

domingo, 23 de agosto de 2015

Caminhamos para a incomunicabilidade





Refeição Cultural

Tenho vontade e até me sinto na obrigação de falar o que penso a respeito de muitas coisas e acontecimentos que se passam ao meu redor. Quis ser alguém em alguma área do conhecimento humano e atuar em função daquilo como, por exemplo, dar aulas, porque sempre gostei de estudar e aprender, e acabei sendo o que sou: trabalhador bancário, escriturário concursado do Banco do Brasil.

Me interessavam muitas áreas do conhecimento humano e quis me aventurar nelas: literatura e linguagem, história, geografia, filosofia, ciências, humanidades, matemática, áreas de esporte e saúde, áreas jurídicas e econômicas. Se as veredas que andei por necessidade tivessem coincidido, teria passado a vida lendo, produzindo conhecimento e tentando passá-lo adiante.

Já as representações políticas e sociais foram mais por acaso. Me parece que é assim com quase todos que se pegam eleitos em algo. Querendo ou não, nos pegamos envolvidos em questões sociais quando não aguentamos ver injustiças e coisas erradas acontecendo ao nosso redor: foi assim comigo e com boa parte dos militantes de algum movimento social: quando vemos, estamos no movimento estudantil, no movimento no seu bairro, na sua igreja, no seu condomínio, no local onde trabalha, e por aí vamos.

Hoje gostaria de falar sobre alguns temas, mas não vou: os riscos na política em meu país e os riscos de quebra nas regras democráticas; sobre a questão do domínio das máquinas sobre os seres humanos, que estão virando gado ou baterias como no filme "Matrix"; sobre o quanto eu me incomodo (ia falar odeio) em depender de qualquer tipo de tecnologia ou informática, bem ao estilo do personagem do filme "Eu, robô".

Mas ao mesmo tempo que queria escrever, falar minha opinião sobre várias questões sérias para a humanidade e para o povo do meu país e do meu mundo, eu sinto um desejo imenso de não falar nada. De ficar em silêncio e dizer só o necessário, só o que for de minha obrigação pelos contratos sociais que tenho.

O mundo caminha para uma incomunicabilidade que nos levará a barbáries e guerras. O mundo das redes sociais que substituíram as relações ancestrais de humano/humano e o toque e olho no olho por mundo virtual é o caminho da degradação do gênero humano.

Preferiria só me comunicar ao vivo, como fiz em meu trabalho no último mês, quando viajei milhares de quilômetros para estar frente a frente com algumas dezenas de associados que represento em três estados brasileiros (quatro, na verdade), mas infelizmente é no inverso que viveremos todos: estamos na dependência de alguma rede de comunicação controlada por uma máquina ou alguém.

Somado à incomunicabilidade humana, estaremos todos individualmente catalogados por empresas e governos. Somos bilhões catalogados...

É assustador para quem já tomou consciência disso.

William

domingo, 16 de agosto de 2015

Diário - 160815 (treinos para Meia Maratona)


(releitura em 16/12/17, sábado)




Refeição Cultural - Correr... porque a vida deve ser boa

Fim de semana em Brasília, Capital de nosso País. Domingo de Sol.

Hoje, saí para correr pela primeira vez no Eixão - rodovia principal que corta o Plano Piloto de Brasília de uma ponta a outra (as Asas Sul e Norte). Aos domingos, ele fica fechado para o lazer dos cidadãos. Corri 6 km e gostei do local. 

Para cumprir meu planejamento lá do início do ano, quando defini que neste ano correria minha primeira meia maratona, não restou outra opção que não fosse escolher uma prova neste semestre e me inscrever. Vou correr a Meia Maratona de Florianópolis em outubro. O tempo não é muito longo para adaptar meu condicionamento para isso, mas vamos conseguir.

Vou montar minha planilha "do possível" para conseguir chegar ao condicionamento apropriado no dia 11 de outubro.

Já mudei algumas coisas neste ano. Faz uns dois meses que mexi um pouco na alimentação, cortando alguns alimentos fritos e gordurosos e escolhendo outros. O resultado esperado foi atingido em semanas. Estava com quase 75 kg em junho e hoje estou com pouco mais de 70 kg. 

Agora, é manter a disciplina porque isso fará diferença em meu condicionamento físico para corridas. E também porque a disciplina me fará aguentar a carga violenta de estresse na área em que atuo como representante eleito pelos trabalhadores.

Fiquei com uma boa esperança no treinamento de longão aos domingos no Eixão, porque ele tem a característica dos locais de meia maratona. Será muita transpiração nas horas de folga e foco nos objetivos, já que nada é tão fantástico quanto a capacidade de superação de nós seres humanos.

A ideia da preparação física para suportar minha primeira meia maratona, e com as dificuldades cotidianas por minha agenda de trabalho muito intensa, é dar resistência ao meu corpo com longão aos domingos e um treino mais leve durante a semana, no dia e hora que der. Alimentação adequada e espero que possa dormir minimamente neste período.


TREINAMENTO PESSOAL PARA MEIA MARATONA

Quarta 12/08 treino 1 (DF)............ 4k 25' 19º

Sexta 14/08 treino 2 (DF)...............5k 31'30" (noturna)

Domingo 16/08 treino 3 (DF).....longão 6k 38' 23º

Quarta 19/08 treino 4 (DF).............5k 28'40" - (noturna)

(cara, depois de três dias de muito trabalho, cheguei depois das 21h e saí decidido a manter minha meta. A corrida foi muito importante! Fiz o menor tempo até hoje no percurso)

Domingo 23/08 treino 5 (DF)....... longão 8k 48' 23º

(Felicidade pura! Acordei cedo, escolhi o tênis; lanche leve e ida pro Eixão. Saí concentrado para correr. Na primeira vez, semana passada, corri até o prédio do Bacen. Hoje, passei por ele com tempo menor 1'30". Corri até depois do BB e BRB. Voltei concentrado na respiração e pisada. Calor aumentando. Correu tudo bem! Estou leve! Fechei com uma deliciosa água de coco. Estamos no caminho!) 

Terça 25/08 treino 6 (DF)............... 5k 32' (noturna)

(Ufa! Não foi mole, mas é transpiração... depois de um longo dia de trabalho na Cassi, e sabendo da agenda da semana, optei por fazer uma corrida regenerativa com trote leve, e quase às 23h. Meus tendões de aquiles estão sensíveis. Estou de olho neles. Mas beleza! Vamos adiante)

Domingo 30/08 treino 7 (DF)........ longão 10k 60' (Calor)

(Treino fantástico! Fiz em 60' a corrida, indo pelo Eixão de casa até os Correios. Veja matéria aqui)

Quinta 3/09 treino 8 (SP)............ 5K 30' Pq. Continental

(Corrida em Osasco. Foi para matar saudades de correr no parque. Aliás, passei muito estresse no dia anterior em reuniões de trabalho e acordei travado pela manhã e com dor de cabeça. A solução foi por um calção e ir correr. Estou com ritmo bom. Voltei bem melhor para casa e saí para mais um dia de tensões. Mas o dia foi bem melhor)

Domingo 6/09 treino 9 (SP)........... longão 12k 74' (Frio)

(Treino realizado com sucesso! Muito feliz! Acordei no frio de SP e fui para o Pq. Continental. Decidi correr no circuito de 500 metros. Seriam 24 voltas. Concentração total lembrando da matéria que li dias atrás. Em corridas longas é fundamental manter ritmo constante e economizar energia. Desde o início, concentração total na respiração e na passada. Fora de mim mesmo, só a curtição do canto dos pássaros: muitos sabiás, bem-te-vis, periquitos e maritacas. Doze voltas pra um lado, com subidas, doze voltas pro outro. 37' e mais 37'. Acho que estou conseguindo o melhor ritmo em minha vida. Descansar e pensar o próximo treino :^) 

Quarta 9/09 treino 10 (DF)................. 5k 32' (trote leve)

(Transpiração e determinação: esse é o meu lema! Vamos combinar, heim! Como é difícil vencer o cansaço e a preguiça para levantar cedo depois de trabalhar até meia-noite... mas cumprir meu treinamento é vital. Se eu não cuidar dessa morada que me carrega, lascou-se! Coloquei tênis e saí para uma corrida regenerativa de 5k na manhã fria e nublada de Brasília. Vamos pra luta!)

Domingo 13/09 treino 11 (DF)...... longão 13k 81' 23º

(Manhã de domingo após sábado chuvoso em Brasília. Acordei um pouco cansado porque a semana foi estressante. Tinha na planilha um longão de 10k, mas resolvi tentar correr mais porque está chegando o dia da prova e estou longe do percurso necessário. Cheguei ao Eixão às 10h e saí para correr. Pensei em correr 13 ou 14k. Ainda na ida comecei a sentir o Tendão de Aquiles do pé direito incomodando. Resolvi virar lá no quilômetro 6 e voltar. Mentalizei muito para estabilizar a pisada, a passada e manter o ritmo e a economia de energia. Foi difícil, mas consegui passar da linha de chegada e correr mais 1k para superar limite. Preciso me cuidar esta semana para recuperar o tendão. MESMO ASSIM, FIZ O MELHOR TEMPO DE MINHA VIDA PARA OS 13K 81' (6'14"/km)). Falta pouco para 11/10 e ainda estou em dúvidas sobre conseguir percorrer os 21k lá na prova. Para dificultar, meu trabalho está mais estressante que nunca... PERSISTIR, TRANSPIRAR E SER SÁBIO NA LEITURA DE MEU CORPO)

Domingo 20/09 treino 12 (DF)............5k 32' 27º

(Não corri no meio de semana por dois motivos: meu Tendão de Aquiles doeu a semana toda e fiquei muito preocupado em não haver tempo para a recuperação. Cheguei a mancar uns dois dias; e porque a semana de trabalho foi de só não trabalhar ao dormir umas 5 horas/dia. Cheguei a Brasília na manhã de sábado tão cansado que não poderia correr neste fim de semana. Acabei só tendo coragem no domingo à tarde em arriscar correr um trote de 5k para sentir se meu Tendão está um pouco melhor. Deste jeito que tenho trabalhado, não vai dar... que fazer? Pelo menos deu certo a corrida e vamos ver se na semana de trabalho toda em Brasília, a rotina melhora e consigo dormir mais e me alimentar melhor. PERSISTENTE EU SOU, MAS ESTOU ULTRAPASSANDO OS LIMITES FÍSICOS NO TRABALHO...)

Domingo 20/09 treino 13.................... longão 14k (plano original)

Quarta 23/09 treino 13 (DF).........7k 44' 27º (noturna)

(Cheguei do trabalho bem estressado. Coloquei tênis e saí para correr, apesar da sensibilidade e dor do tendão do pé direito. Leia AQUI postagem do dia)

Quinta 24/09 treino 14 (DF)..........4k caminhada (noturna)

(Novo dia de estresse necessitando sair e ao menos andar. Andei uns 45' concentrado em meu calcanhar para não forçar a barra e torcer por uma melhora gradativa. Estou fazendo muito alongamento no tendão para ver se melhora)

Sexta 25/09 treino 15 (DF).......... 5,5k 32' 28º (noturna)

(Foi algo diferente. Meu filho e eu saímos para uma corridinha leve. Aproveitei o convite e fizemos uma volta no local onde corro. Após a companhia de meu filho, acabei seguindo e dando mais duas voltas. Meu tendão estava bem estabilizado. Que legal! Estou treinando meio baleado, e no ritmo de "cada dia com sua agonia". Se tudo correr bem e eu lá no dia da meia maratona correr e completar, será meu maior feito no ano)

Domingo 27/09 treino xx...................... longão 10k (plano original)

Segunda 28/09 treino 16 DF....... 3k 21' 21º (manhã)

(Depois de um fim de semana sem desejo de correr, por causa do tendão e cansaço, acordei e saí para correr um trote leve e caminhar um pouco)


NA MANHÃ DE 29/09 ao acordar, tomei uma decisão difícil, ouvi os sinais de meu corpo e abortei o treinamento e a tentativa de correr a meia maratona. Leia aqui a postagem.


William Mendes


Post Scriptum:

Ao reler e diagramar novamente a postagem, senti emoção ao recordar o quanto foi difícil atingir o objetivo de correr a minha primeira e única meia maratona, em SC.

Ao final da postagem, declaro inclusive que havia desistido da corrida dias antes porque eu havia sofrido muito durante a preparação. Eu vivia um tempo complicado no trabalho, não dormia, estresse nas alturas, e com dores nos tendões. 

Fui para Florianópolis mais por ir e porque já tinha feito programação inclusive de trabalho na Cassi SC e acabou que fui para a prova e completei.

Foi um momento de super-homem.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Diário - 120815





Hoje terminaram minhas férias de dez dias. Foram tão curtas!

Não li livro algum, só algumas dezenas de páginas de Las venas abiertas de América Latina, de Eduardo Galeano.

O alumbramento possível nestes dias foi visitar e conhecer as ma-ra-vi-lho-sas Cataratas do Iguaçu. É algo para poucas palavras e muitas sensações no momento, no instante. Foi uma excelente ideia de minha esposa e companheira. Fui conhecer as Cataratas aos 46 anos de idade. Foram somente 4 dias, mas valeram a pena. Recomendo a tod@s.

Após cumprir neste mês de agosto minha caminhada anual (Romaria) de Uberlândia até Água Suja (75 km) e já ter andado uns 100 km até agora, retomei hoje o treinamento de corrida.

Como é importante termos na vida desafios pessoais no horizonte, para nos ajudar a ter equilíbrio nos problemas do dia a dia, lembrando que temos coisas a cumprir, tanto no campo profissional, de militância, bem como pessoal, me inscrevi para a minha primeira meia maratona neste semestre.

A partir de hoje, tenho dois desafios pessoais a vencer na área das atividades físicas: treinar para conseguir correr 21 km da Meia Maratona Caixa de Florianópolis em outubro e fechar o ano com a participação em mais uma São Silvestre, onde meu objetivo será fazer o melhor tempo em minhas oito participações.

E olha que os desafios como gestor eleito em uma entidade de saúde que vive um momento difícil, como todo o setor de saúde enfrenta, exigirá muito de mim em todos os sentidos. Mesmo assim, eu tenho que cuidar de minha saúde para estar disponível para minhas tarefas como ser humano e cidadão envolvido em muitas frentes.

É isso. Vou buscar equilíbrio na alimentação, nos exercícios físicos sempre que sobrar um tempinho, vou estar muito centrado no emocional e no racional e faremos o bom combate.

William Mendes

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Romaria de Uberlândia a Água Suja 2015



Momento final de caminhada. Falta pouco pra cidade.

Refeição Cultural

Tenho que escrever um pouco sobre a minha caminhada de Uberlândia até a cidade de Água Suja, realizada na última sexta-feira, 7 de agosto.

Estou dando um tempo com redes sociais, rede mundial de computadores e postagens já faz alguns dias. Estou precisando desses instantes de recolhimento dessa loucura que virou o nosso mundo real, sendo pautado, manipulado e destruído por alguns donos de tudo nos meios de comunicação, meios que têm a capacidade de alterar a vida real por um mundo virtual (dizem que a internet é um meio caótico, mas é bem menos do que pensam por aí - na verdade, tudo no mundo virtual é muito bem planejado e direcionado).


A Romaria 2015

Fiz a caminhada novamente sozinho neste ano. A exceção boa e diferente em minha vida de caminhante foi em 2014, quando meu filho decidiu ir comigo.

Meu filho fez também a Romaria neste ano, pela segunda vez. Veio a Uberlândia com um amigo e depois ouvirei dele o que ele sentir desejo de narrar.

Saí do bairro Alvorada às 17 horas para fazer os cerca de 75 km. Faz muito tempo que não saía tão tarde. Mas foi tudo devidamente planejado. Dormi um pouco, logo após almoçar. A estratégia deste ano era não ter sono durante as 12 horas noturnas e caminhar bem para faltar pouco ao amanhecer.

Não foi noite de Lua boa. Foi Lua Minguante, que apareceu lá pelas duas horas da manhã.

Preparei bem meus pés com esparadrapos, porque o receio era grande. Não trocava o tênis da Romaria desde 2013, porque em 2012 usei outro e me arrebentei todo. Em 2011, 2013 e 2014 foi incrível não ter bolhas.

A estrada estava com um bom volume de gente ao longo da caminhada e tinha muitas barracas de ajuda. Ano passado, fiz com a estrada deserta e foi bem tenso.

Faz tempo que não caminhava por tantas horas ao ritmo de minhas músicas antigas gravadas em fitas cassete. Meu aikman é um aparelho trambolhão de 1987 e funciona com pilhas. Nunca o troquei pelas mídias modernas, pois ele é um marcador de tempo porque tem que virar a fita a cada lado (30 minutos). Além disso, me tira do automatismo ao andar cansado. Ele me faz sair do estado catatônico. (lembram de Lawrence da Arábia e os beduínos atravessando o deserto... caiu do camelo, já era...)


Raras fotos desta vez. Esta é da Alvorada, na estrada,
por volta de 6:30h da manhã de sábado.

- De Uberlândia ao Rio Araguari (16 km)

Foi tranquilo. Escureceu cedo. Parei em uma barraca e comi um lanche. Cheguei à ponte às 20:15h. O tênis que escolhi se mostrou um pouco duro, mas por sorte protegi bem os pés.

- Do Rio Araguari ao antigo Posto Triângulo (+ 11,5 km = 27,5 km)

Também caminhei bem. Estava muito focado. Céu estreladíssimo! Pés em bom estado. Cheguei na referência às 23h. Coloquei blusa. Sem ouvir música até ali.

Preparei meu aikman e duas fitas cassete para andar até o próximo ponto madrugada adentro.

- Do Posto Triângulo (desativado) até o Posto N. Sra. da Guia (+ 10 km = 37,5 km)

Andei num ritmo muito bom. Não tive sono. Os pés estavam estabilizados. Quase não parei em barraca de ajuda. Calculei chegar umas duas horas e cheguei à 1:20h. Ouvi música da boa: Cranberries, Aerosmith, Metallica, The Verve, Rolling Stones, AC/DC, Deep Purple etc...

Meu ritmo estava bom, mas na parada senti leve queda de pressão. Passou.


O amanhecer foi emocionante. Eu estava bem.

- Do Posto N. Sra. da Guia até a Barraca de Ajuda na Antena (+ 11 km = 48,5 km)

Troquei as fitas cassete, concentração total, e peguei a estrada para andar até a Antena. Saí às 2h e calculei chegar depois das 5h (cheguei 4:45h). Caminhei bem, não tive sono. A luz vermelha da Antena estava desligada e isso, psicologicamente, fez um efeito incrível. Todo ano, sabemos que quando se avista a luz ao longe, se anda anda e anda e gasta mais de uma hora para chegar. Com a luz apagada, eu estava num ritmo esperando a visão da luz e quando dei por mim, lá estava a barraca. Foi legal.

Ao chegar, ao invés de entrar na fila para tomar a famosa sopa, acabei procurando um canto para deitar alguns minutos em meio à multidão, porque a pressão baixou de novo. Fiquei na Antena até às 6h da manhã. Não passei frio este ano. Tomei a sopa reconfortante e saí para outra caminhada mais longa ainda. Os pés estavam muito bons e não estava sentindo cansaço muscular!

- Da Antena até o Posto Santa Fé (+ 12,5 km = 61 km)

Saí da Antena antes do amanhecer e calculei que chegaria depois das 9h da manhã. Com fitas novas, ouvi a trilha sonora do filme Forrest Gump e muito mais rock do bom: The doors, Pink Floyd, U2, Kiss, Van Halen, The Cure, The Cult (Edie) etc...

Caminhei bem pacas! Cheguei ao Posto Santa Fé às 8:30h. Sem sono, sem bolha. O amanhecer foi lindo!

Este ano, não estive muito pra fotos e vídeos. Não tirei a máquina da mochila até que vi a Alvorada e então decidi registrar.


Foto: Alvorada no caminho de Água Suja.
William Mendes

- Do Posto Santa Fé até o Atalho nos Eucaliptos (+ 6 km = 67 km)

E, de repente, o cansaço bateu pesado! Sol fortíssimo no rosto... Saí às 9h do posto para caminhar até o Atalho. O corpo sentiu.

Por um lado, realizei o planejado de pela primeira vez não reduzir tanto o ritmo de caminhada entre a saída e a chegada, porque saio andando uns 5,5 a 6 km por hora e termino andando a 3 km por hora, todo estropiado; desta vez, andei no mesmo ritmo da saída, depois de percorridos 50 km. Por outro lado, deu uma quebrada geral indo para o Atalho. Custei a chegar.

Cheguei ao Atalho às 10:40h e a pressão caiu de novo. Tive que deitar uns 30 minutos para me recuperar e sair para o último trecho.

Neste último trecho ouvindo minhas velhas fitas cassete, fechei com chave de ouro: Dire Straits - Sultans of Swing, The Verve - Bittersweet Synphony, Metallica - Mama Said, Smashing Pumpkins - Tonight, Tonight etc...

- Do Atalho até a Cidade (+ 8 km = 75 km)

Cheguei por volta de meio-dia e meia à cidade. Fiz um tempo muito bom neste ano: 19 horas e meia. Não tive bolhas, não tive sono. Dei sorte em pegar o ônibus logo para voltar à Uberlândia. E mesmo assim, fui chegar quase às 17 horas para descansar.


A chegada à cidade e à 
Igreja de N. Sra. da Abadia de Água Suja - MG.

Reflexão final

Fiz um planejamento ousado, mas consciente, para a caminhada. Fiz uma caminhada concentrada, firme e exigente. Meu corpo e mente responderam. Lidei com os momentos difíceis na caminhada como consequência do que defini. Foi duro. Fui duro.

Refleti muita coisa, muita coisa mesmo. Os tempos estão e serão duros em minha vida pessoal, profissional e para o meu querido e amado país. Estou firme para cumprir meus desígnios e não tombarei fácil para nenhuma dificuldade.

Meu coração está leve. Não tenho ódio como tinha no passado. Mas sou feito do mesmo barro de sempre. Meus valores seguem os mesmos. Sou a favor dos pobres, da classe trabalhadora. Este é o meu lado, é de onde sou.

Seguimos.

William