Domingão que acabou.
Depois de três semanas viajando muito e não tendo nenhuma rotina de atividade física, consegui andar e correr ontem e hoje. É impressionante o quanto perdemos o condicionamento físico rapidamente depois de certa idade.
Consegui ler muito pouco. Mas li. Li algumas páginas do "Utopia" de Thomas More e li um pouco também do livro "Cuadernos de infancia" de Norah Lange.
Limpei um pouco meus aquários na esperança de meu pangasius voltar a comer, pois há vários dias ele não come. Agora há pouco ele pareceu reagir e comer uns graozinhos de comida.
Assisti a um filme ontem e a outro hoje. Ontem, Capitalismo - uma história de amor, de Michael Moore, muito bom como sempre. Hoje, Mary e Max - uma amizade diferente, filme australiano de 2009, com personagens de massinha. É uma graça o filme. Gostei. Ele aborda grandes temas contemporâneos.
Falei por longo tempo com meus pais por telefone. Eles não estão bem de saúde. Eles dependem do SUS e não conseguem atendimento de jeito nenhum. Sinto uma frustração e impotência imensa com isso. Não me sinto à vontade para usar o meu plano de saúde do banco. Não é justo.
Ouvi um pouco de música, coisa que fiz a vida inteira antes dessa década que virei sindicalista. Foi bom curtir um som.
segunda-feira, 28 de março de 2011
domingo, 27 de março de 2011
Capitalismo: uma história de amor
Foto divulgação do filme de 2009. |
A primeira coisa que fiz assim que liguei o computador após assistir ao filme, foi reler o preâmbulo da nossa Carta Magna - a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.
"PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL."
À parte o grave equívoco de se colocar na Lei Maior de um país a questão religiosa de se afirmar um deus, tirando o caráter laico da própria lei, a nossa constituição não fala também da questão do "capitalismo" como pesquisou Michael Moore na constituição americana.
Assim como a constituição americana, a nossa não fala de "capitalismo" explicitamente, mas fala do direito à propriedade privada e limita o poder do Estado de exercer atividade econômica em qualquer setor ou a qualquer momento, conforme desejo do governo de plantão.
Eu não tenho dúvida de que o sistema que aí está - o capitalismo global - é uma doença fatal para a humanidade. Pior ainda, é também um sistema que está destruindo o nosso planeta de maneira acelerada, exponencial, de modo a dificultar a existência futura da espécie humana e muitas espécies de seres vivos.
Michael Moore é muito bom naquilo que faz
O cineasta é o "cara" quando se fala em usar a ironia para criticar algo ou alguém. Ademais, ele vai direto ao assunto e sempre cita nome e endereço daqueles aos quais ele acusa como responsáveis por aquilo a que ele está se referindo.
Recomendo o filme a TODOS que ainda não se juntaram a nós que diariamente fazemos o possível para conscientizar as pessoas que não dá mais para viver neste sistema capitalista que aí está. O FILME DEVE SER PASSADO PARA AS PESSOAS COMUNS E DEVE-SE PERGUNTAR A ELAS: E AÍ, VOCÊS NÃO VÃO FAZER NADA? VÃO SEGUIR ASSIM, COMO MARIONETES DESSE SISTEMA E DESSAS PESSOAS SEM FAZER NADA? (MOORE CITA 1% NOS EUA QUE FICA COM TUDO DE 99% DO POVO)
Aqui para nós brasileiros, cito mais um pouco do início de nossa Constituição para que cada um se lembre ou saiba o que a nossa constituição diz:
"TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações."
Depois desses primeiros artigos vem a parte dos direitos e garantias individuais das pessoas (físicas e jurídicas).
Pergunta a nós mesmos:
Até quando nós vamos admitir que alguns sujeitos tenham sozinhos grande parte do patrimônio de todos os brasileiros?
Não é moral e não é legal sujeitos como Daniel Dantas, Eike Batista e outras figuras dessas deterem partes substanciais do país e da riqueza do país.
Não é moral e não é legal milhões de pessoas não terem o que comer, vestir, onde dormir, não ter assistência médica e escola pública de qualidade, não ter acesso à cultura e à informação, não ter acesso à lei através de advogados, dentre outros direitos humanos, enquanto alguns caras e famílias detêm quase tudo isso sozinhos.
Não é democrático essa distribuição de tudo para alguns e de nada para a grande maioria. Isso está claro!
A fala no filme de Moore sobre o senhor que perdeu a fazenda da família e ainda ajudou a limpar sua casa após o despejo recebendo um cheque de ajuda é verdadeira. O ex-proprietário diz que compreende perfeitamente as pessoas americanas que pegam armas e saem matando por aí. E diz que não fará isso, apesar de entender um pouco o porquê que isso ocorre lá com tanta frequência.
Aquele país - os Estados Unidos da América - é o exemplo mais claro de que O CAPITALISMO É O PIOR SISTEMA POSSÍVEL PARA AS PESSOAS E PARA O MUNDO.
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William Mendes
sexta-feira, 25 de março de 2011
Há tempos - Legião Urbana
Ofereço essa bela poesia aos que lutam diariamente por um mundo mais justo, igualitário, socialista e democrático. Mesmo cansados, seguimos buscando a virtude...
Legião Urbana
Composição: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá
Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos...
Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso...
Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito...
Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira...
E há tempos
Nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
E há tempos são os jovens
Que adoecem
E há tempos
O encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Só o acaso estende os braços
A quem procura
Abrigo e proteção...
Meu amor!
Disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem (Ela disse)
Lá em casa tem um poço
Mas a água é muito limpa...
Fonte: site do Terra
domingo, 20 de março de 2011
O mundo segue hostil
2011: Em Florianópolis SC, durante curso de formação. |
Refeição Cultural
A violência no país tem chamado a atenção. A toda hora mata-se alguém em algum latrocínio. É um tiro na cabeça aqui, outro ali. Assim, do nada, se morre por aí.
As balas não escolhem classe social. Morre-se trabalhador nas passarelas da CPTM (trem urbano paulista); morre-se estudante de classe média voltando da balada ou da aula; morre-se a alta burguesia chegando em seus carrões, em suas belas mansões nos jardins.
Andei pensando que percorremos um longo caminho das cavernas e savanas até aqui no século XXI para estarmos exatamente na mesma condição de insegurança.
O ser humano "evoluiu" com a criação de ferramentas, tecnologias e organização social e passou a se destacar entre as demais espécies, mesmo sendo mais fraco, mais lento e mais vulnerável desde o nascimento.
Daí foi preciso inventar mitologias e religiões para explicar ou dar sentido e conformação à existência trágica, pois o mundo para nós continuava um lugar hostil.
Em alguns momentos dessa caminhada fomos criando conceitos e concepções entre nós humanos: o belo e o feio; o bem e o mal; o bom e o ruim; o justo e o injusto; o certo e o errado; o amor e o ódio.
Em meio às tragédias pessoais e coletivas, fomos vivendo em busca de um conceito de felicidade sempre muito relativo.
Em muitos lugares, eram felizes aqueles que tinham os meios de sobrevivência; em outros ambientes mais fecundos e com mais farturas naturais e tecnológicas, felicidade era ter muito mais que o básico para a sobrevivência, era ter muito mais que os outros... era ter coisas melhores que as dos outros.
Esses hominídeos ficaram em pé, saíram das cavernas e savanas, caminharam pelo mundo e criaram sociedades com características muito particulares. Hominídeos com características diversas - mais claros e com menos melanina na pele nos pólos, mais escuros e com muita melanina na pele nas regiões próximas à linha do Equador; com compleições físicas robustas ou mirradas também de acordo com os víveres disponíveis em suas regiões etc. Tudo fruto de adaptações evolutivas para lidarem melhor com o Sol e as temperaturas locais.
Esses povos, hoje no século XXI globalizado, se visitam em questão de dias e horas, se comunicam e estão interligados ininterruptamente, e se relacionam também, passando de uns aos outros, além da cultura, fluídos, vírus, bactérias, fungos e parasitas que antes poderiam eliminar grupos isolados em cantos do mundo, mas não a totalidade da espécie humana.
Estamos nos tornando uma massa humana mais uniforme. A diversidade biológica - diferenças genéticas - vem se reduzindo entre nós humanos. Não faço aqui juízo de valor, se isso seria bom ou ruim, principalmente do ponto de vista social. Sei que diversidade biológica é importante para a preservação de espécies (a quantidade garante a permanência daqueles grupos com características de mais adaptabilidade ao meio).
Além desses fatores culturais e genéticos na sociedade humana, os humanos também estão extinguindo drasticamente a diversidade na natureza - fauna e flora. Agora, o que temos são desertos verdes de plantações geneticamente modificadas. E nas cidades, temos meia dúzia de bichos urbanos (sabem como é: pombas, gatos, cachorros, pardais, ratos...).
É meio assustador a massa amorfa em que estamos nos transformando para o futuro. Tudo igual, tudo em padrões - grupos massificados. Aos diferentes ou inadaptados aos grupos x ou y, pouco espaço haverá neste planeta...
O mundo segue hostil
Acabei indo longe na digressão. Tudo que queria dizer é que voltamos hoje a ser caça e caçador, como na época em que estávamos nas savanas e cavernas.
Naquela época, num segundo qualquer, um predador nos abatia, ou a nós ou aos nossos filhos, pois a prole era mais indefesa.
Hoje, a qualquer minuto, em qualquer rua ou canto de qualquer cidade, o predador vai nos abater, a nós ou aos nossos filhos, a troco de nada, mesmo que não haja reação contra as garras do "felino", o tiro vem por nada e ponto final.
Amanhã, mais pessoas serão caçadas por predadores - bandidos, drogados, bad boys e maus policiais. Terroristas... E choraremos os nossos mortos.
Seguiremos noticiando tragédias e usaremos nossas mitologias que "explicam o mundo": que deus tenha compaixão de nós; que era um carma, retorno ou recorrência; que desencarnou para um mundo melhor que este; que Alá assim o quis ou vai vingar-se; que a pessoa-predador estava possuída pelo capeta; que a vítima tinha um destino; e daí por diante.
E dizem por aí que o ser humano é racional! Só se "racional" fosse originado da palavra raça - "raça burra!" - porque da Razão, estamos a anos-luz!
William Mendes
Post Scriptum: numa releitura, foi inevitável incluir nos caçadores que nos caçam a todos, os terroristas...
sábado, 19 de março de 2011
Drummond estupefato com o que dizem de um poema seu
"Julho, 25 - Aturdido, leio no jornal o artigo em que se analisa um de meus poemas à luz das novas teorias lítero-estruturalistas. Travo conhecimento com expressões deste gênero: "dinamismo dos eixos paradigmáticos", "núcleo sêmico", "invariante semântica horizontal", "forma de referência parcializante e indireta", "matriz barthesiana"... O poeminha, que me parecia simples, tornou-se sombriamente complicado, e me achei um monstro de trevas e confusão."
(Carlos Drummond de Andrade)
COMENTÁRIO:
Quando li esse trecho do diário de Drummond, que está na contracapa do livro "O observador no escritório" da Editora Record, me peguei rindo sozinho.
Ele disse tudo!
Muitas vezes, ao longo de minha vida, me senti um lixo por não entrar em minha mente aqueles nomes horríveis que os "especialistas" inventam para as coisas da gramática.
Cada vez que alguém diz que escrevo bem, fico me perguntando como poderia ser se eu jamais soube aqueles nomes feios de construção sintática ou figuras de linguagem que as gramáticas e gramáticos insistem em dizer que são importantes para alguém que, em tese, lidaria com a confecção dos textos em nossa língua.
Eu escrevo, mas se sei escrever eu não sei. Mas também não tem importância alguma, para mim, o que os "especialistas" pensam das construções gramaticais de meus textos. Se as pessoas gostarem do que leram, já está de bom tamanho.
COMENTÁRIO:
Quando li esse trecho do diário de Drummond, que está na contracapa do livro "O observador no escritório" da Editora Record, me peguei rindo sozinho.
Ele disse tudo!
Muitas vezes, ao longo de minha vida, me senti um lixo por não entrar em minha mente aqueles nomes horríveis que os "especialistas" inventam para as coisas da gramática.
Cada vez que alguém diz que escrevo bem, fico me perguntando como poderia ser se eu jamais soube aqueles nomes feios de construção sintática ou figuras de linguagem que as gramáticas e gramáticos insistem em dizer que são importantes para alguém que, em tese, lidaria com a confecção dos textos em nossa língua.
Eu escrevo, mas se sei escrever eu não sei. Mas também não tem importância alguma, para mim, o que os "especialistas" pensam das construções gramaticais de meus textos. Se as pessoas gostarem do que leram, já está de bom tamanho.
William
sexta-feira, 18 de março de 2011
Refeição Cultural 71 - Leituras necessárias
(atualizado em 25.6.11)
Quando falamos de leitura e da história da leitura, há sempre um histórico das próprias obras em referência.
As obras muito famosas e que já estão conosco há centenas ou dezenas de anos são conhecidas por grande parte das pessoas, mesmo sem nunca terem sido lidas ou por ouvir-se dizer a respeito delas.
Digo que são "conhecidas" de forma relativa. Muitas vezes o que ocorre é uma leitura subjetiva, enviesada e/ou totalmente contrária àquilo que o autor pretendeu transmitir.
Cito alguns casos famosos de autores e obras que todo mundo "conhece" e nunca leu na vida: "Dom Quixote de La Mancha", a "Bíblia", as obras de Karl Marx (como falam bobagens em nome dele!), Shakespeare, Freud etc.
Como não sou diferente de ninguém, digo que tem tanta, mas tanta obra e autor que nunca li que, às vezes, padeço de uma agonia desesperadora. Quem me dera o dia fosse maior para poder ler muito.
Certas obras são muito referenciadas no meio em que vivo e no contexto social em que me encontro. Muitas delas não li não foi por não ouvir dizer e por não ter interesse, mas por não ter tido a oportunidade de lê-las. O contexto era outro e os embates pela sobrevivência também.
Uma qualidade tenho em relação ao debate sobre obras famosas: eu não minto ou faço de conta que li algo que não li. Falo que já ouvi dizer que autor "x" ou livro "y" dizem tal coisa, mas que eu mesmo não li e não posso afirmar com convicção.
Vamos ver se no próximo período acho tempo e foco para ler algumas das famosas obras e autores tão comentados e debatidos no movimento social e que ainda não li. Mas... toda hora tem coisa nova chegando em nossas mãos e haja forma de escolher o que ler!
Estou lendo "Utopia" de Thomas More. As obras que pretendo ler e que são graves lacunas culturais são:
Utopia - Thomas More
O príncipe - Maquiavel
A república - Platão
A arte da Guerra - Sun Tzu
Sei que há mais algumas dezenas de obras sobre sociedade, política e humanismo, mas haverá sempre releituras do que já li, obras novas a ler, e tempo na militância a encontrar - ao menos uma hora por dia...
É isso!
COMENTÁRIO: Já acabei UTOPIA e estou acabando O PRÍNCIPE.
Quando falamos de leitura e da história da leitura, há sempre um histórico das próprias obras em referência.
As obras muito famosas e que já estão conosco há centenas ou dezenas de anos são conhecidas por grande parte das pessoas, mesmo sem nunca terem sido lidas ou por ouvir-se dizer a respeito delas.
Digo que são "conhecidas" de forma relativa. Muitas vezes o que ocorre é uma leitura subjetiva, enviesada e/ou totalmente contrária àquilo que o autor pretendeu transmitir.
Cito alguns casos famosos de autores e obras que todo mundo "conhece" e nunca leu na vida: "Dom Quixote de La Mancha", a "Bíblia", as obras de Karl Marx (como falam bobagens em nome dele!), Shakespeare, Freud etc.
Como não sou diferente de ninguém, digo que tem tanta, mas tanta obra e autor que nunca li que, às vezes, padeço de uma agonia desesperadora. Quem me dera o dia fosse maior para poder ler muito.
Certas obras são muito referenciadas no meio em que vivo e no contexto social em que me encontro. Muitas delas não li não foi por não ouvir dizer e por não ter interesse, mas por não ter tido a oportunidade de lê-las. O contexto era outro e os embates pela sobrevivência também.
Uma qualidade tenho em relação ao debate sobre obras famosas: eu não minto ou faço de conta que li algo que não li. Falo que já ouvi dizer que autor "x" ou livro "y" dizem tal coisa, mas que eu mesmo não li e não posso afirmar com convicção.
Vamos ver se no próximo período acho tempo e foco para ler algumas das famosas obras e autores tão comentados e debatidos no movimento social e que ainda não li. Mas... toda hora tem coisa nova chegando em nossas mãos e haja forma de escolher o que ler!
Estou lendo "Utopia" de Thomas More. As obras que pretendo ler e que são graves lacunas culturais são:
Utopia - Thomas More
O príncipe - Maquiavel
A república - Platão
A arte da Guerra - Sun Tzu
Sei que há mais algumas dezenas de obras sobre sociedade, política e humanismo, mas haverá sempre releituras do que já li, obras novas a ler, e tempo na militância a encontrar - ao menos uma hora por dia...
É isso!
COMENTÁRIO: Já acabei UTOPIA e estou acabando O PRÍNCIPE.
terça-feira, 8 de março de 2011
Mundo em mudança
Mudanças lá fora devem acelerar as mudanças no Brasil em benefício da classe trabalhadora
DIA NÃO-ÚTIL É DIA DE NÃO-TRABALHO!
Hoje é terça-feira de feriado de carnaval. É FERIADO!
O shopping center estava lotado. Existem três shoppings ao redor de minha casa.
Quero falar de algo que me incomoda muito como sindicalista e que parece que não chama mais a atenção de meus pares e dos trabalhadores: O TRABALHO EM FINAL DE SEMANA E FERIADO.
Podem me considerar antiquado e inadaptado à “modernidade”, mas eu tenho que dizer que TRABALHAR EM DIA NÃO-ÚTIL NÃO É NORMAL!
Até compreendo que alguns serviços essenciais como segurança, saúde e transporte devem ter plantões. A violência não escolhe hora, problemas de saúde também não. E para qualquer coisa que façamos precisamos de transporte público.
Eu diria até que seria razoável haver serviços de LAZER E CULTURA em dias não-úteis, justamente para que A CLASSE TRABALHADORA PUDESSE TER ACESSO A ESTE DIREITO HUMANO, pois só o patronato é que sempre usufruiu sozinho deste direito.
Óbvio que a remuneração desses serviços em dias não-úteis deve ser qualificada. No mínimo, deve-se receber o dobro por isso.
CONSUMIR COISAS É ALGO ESSENCIAL?
Então, como disse antes, uma coisa é termos plantões para serviços realmente essenciais para as pessoas.
Outra coisa, que é uma degeneração da modernidade exigida pelo patronato, é explorar a mão de obra até em dias não-úteis para vender porcarias e mercadorias que mais fazem o mundo caminhar para o colapso total.
MUDANÇAS LÁ FORA DEVEM ACELERAR MUDANÇAS AQUI DENTRO
Não é porque estamos no Brasil, uma espécie de “ilha utópica do capitalismo”, onde o PIB cresce, o emprego formal cresce, as fortunas dos rentistas crescem e a população muda de uma classe à outra pela renda do trabalho, e isso enquanto o mundo capitalista se esfarela, não é por isso que temos que aceitar todas as imposições do patronato nacional e mundial.
Povos árabes em diversos países do oriente dizem “BASTA!” aos regimes ditatoriais dóceis ao capitalismo do “primeiro mundo”.
Povos da América do Sul têm dito na última década “BASTA!” aos regimes de direita dóceis ao capitalismo do mesmo primeiro mundo.
As mulheres dizem “BASTA!” e seguem na sua árdua luta pela igualdade de gênero, cientes de que houve avanços, mas que ainda falta muito para se conquistar.
Minorias em todos os lugares dizem “BASTA” aos dominadores de plantão, como os povos originários da Bolívia, Equador e outros mais, e seguem na luta para estabelecer governos que tenham compromisso com suas necessidades e direitos históricos.
BRASIL PÓS-LULA
Lá fora parece haver uma onda de tomada de consciência dos trabalhadores e das pessoas subjugadas de que não dá mais para aceitar alguns capitalistas e ditadores (ás vezes, as duas coisas) ferrarem os seus mundos - e o resto do mundo.
Vemos nesse início de década um levante mundial de povos, adormecidos por longo tempo, irem para as ruas dispostos a mudar alguma coisa.
Já que lá fora estão nessa fase em ebulição, aqui no Brasil - que buscou mudanças de status quo desde a eleição de Lula da Silva - nós temos que exigir mais distribuição de renda, MAIS COISA PÚBLICA À CUSTA DO PATRIMÔNIO DA MINORIA CAPITALISTA, MAIS NORMA LEGAL EM PROL DOS TRABALHADORES.
É fundamental que a tomada de consciência dos trabalhadores brasileiros traga um pouco mais de acirramento no embate com o capital. Temos que forçar este novo governo de Dilma Rousseff para a aceleração da distribuição de renda, e não o contrário.
É urgente a REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO FORMAL.
É urgente a APROVAÇÃO DA RESOLUÇÃO 158 DA OIT CONTRA DEMISSÃO IMOTIVADA.
É urgente a REDUÇÃO DA TAXA DE JUROS OFICIAL, QUE SÓ ALIMENTA OS RENTISTAS E DIMINUI A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA.
É urgente o FIM DA PERMISSÃO À TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO.
É urgente FINANCIAR O CRESCIMENTO DO PAÍS E A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA TRIBUTANDO RENDA, PROPRIEDADES E FORTUNAS E NÃO A PRODUÇÃO E O CONSUMO, OU SEJA, UMA REFORMA TRIBUTÁRIA QUE INVERTA A LÓGICA DO SISTEMA REGRESSIVO INSTALADO NO BRASIL EM FAVOR DA ELITE.
PAPEL DOS SINDICATOS CUTISTAS
Independentemente dos partidos políticos existentes no país e à possível filiação a eles de dirigentes sindicais em mandatos, cabe aos sindicatos – ao menos os que seguem a linha da Central Única dos Trabalhadores – o papel de ORGANIZAR OS TRABALHADORES, TRANSFORMAR EM PAUTA DE REIVINDICAÇÕES SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS DO DIA A DIA DAS CATEGORIAS REPRESENTADAS, MOBILIZÁ-LAS E BUSCAR MELHORES SALÁRIOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO PARA SEUS REPRESENTADOS.
Ao sindicato cabe o papel de negociar as questões do mundo do trabalho.
Mesmo não descuidando dos OBJETIVOS HISTÓRICOS DA CLASSE TRABALHADORA – UMA SOCIEDADE SOCIALISTA E DEMOCRÁTICA, o sindicato não pode descuidar nunca dos OBJETIVOS IMEDIATOS DA CLASSE TRABALHADORA – UMA VIDA REPLETA NO PRESENTE AO TRABALHADOR E AOS SEUS AGREGADOS.
DIA NÃO-ÚTIL É DIA DE NÃO-TRABALHO!
Hoje é terça-feira de feriado de carnaval. É FERIADO!
O shopping center estava lotado. Existem três shoppings ao redor de minha casa.
Quero falar de algo que me incomoda muito como sindicalista e que parece que não chama mais a atenção de meus pares e dos trabalhadores: O TRABALHO EM FINAL DE SEMANA E FERIADO.
Podem me considerar antiquado e inadaptado à “modernidade”, mas eu tenho que dizer que TRABALHAR EM DIA NÃO-ÚTIL NÃO É NORMAL!
Até compreendo que alguns serviços essenciais como segurança, saúde e transporte devem ter plantões. A violência não escolhe hora, problemas de saúde também não. E para qualquer coisa que façamos precisamos de transporte público.
Eu diria até que seria razoável haver serviços de LAZER E CULTURA em dias não-úteis, justamente para que A CLASSE TRABALHADORA PUDESSE TER ACESSO A ESTE DIREITO HUMANO, pois só o patronato é que sempre usufruiu sozinho deste direito.
Óbvio que a remuneração desses serviços em dias não-úteis deve ser qualificada. No mínimo, deve-se receber o dobro por isso.
CONSUMIR COISAS É ALGO ESSENCIAL?
Então, como disse antes, uma coisa é termos plantões para serviços realmente essenciais para as pessoas.
Outra coisa, que é uma degeneração da modernidade exigida pelo patronato, é explorar a mão de obra até em dias não-úteis para vender porcarias e mercadorias que mais fazem o mundo caminhar para o colapso total.
MUDANÇAS LÁ FORA DEVEM ACELERAR MUDANÇAS AQUI DENTRO
Não é porque estamos no Brasil, uma espécie de “ilha utópica do capitalismo”, onde o PIB cresce, o emprego formal cresce, as fortunas dos rentistas crescem e a população muda de uma classe à outra pela renda do trabalho, e isso enquanto o mundo capitalista se esfarela, não é por isso que temos que aceitar todas as imposições do patronato nacional e mundial.
Povos árabes em diversos países do oriente dizem “BASTA!” aos regimes ditatoriais dóceis ao capitalismo do “primeiro mundo”.
Povos da América do Sul têm dito na última década “BASTA!” aos regimes de direita dóceis ao capitalismo do mesmo primeiro mundo.
As mulheres dizem “BASTA!” e seguem na sua árdua luta pela igualdade de gênero, cientes de que houve avanços, mas que ainda falta muito para se conquistar.
Minorias em todos os lugares dizem “BASTA” aos dominadores de plantão, como os povos originários da Bolívia, Equador e outros mais, e seguem na luta para estabelecer governos que tenham compromisso com suas necessidades e direitos históricos.
BRASIL PÓS-LULA
Lá fora parece haver uma onda de tomada de consciência dos trabalhadores e das pessoas subjugadas de que não dá mais para aceitar alguns capitalistas e ditadores (ás vezes, as duas coisas) ferrarem os seus mundos - e o resto do mundo.
Vemos nesse início de década um levante mundial de povos, adormecidos por longo tempo, irem para as ruas dispostos a mudar alguma coisa.
Já que lá fora estão nessa fase em ebulição, aqui no Brasil - que buscou mudanças de status quo desde a eleição de Lula da Silva - nós temos que exigir mais distribuição de renda, MAIS COISA PÚBLICA À CUSTA DO PATRIMÔNIO DA MINORIA CAPITALISTA, MAIS NORMA LEGAL EM PROL DOS TRABALHADORES.
É fundamental que a tomada de consciência dos trabalhadores brasileiros traga um pouco mais de acirramento no embate com o capital. Temos que forçar este novo governo de Dilma Rousseff para a aceleração da distribuição de renda, e não o contrário.
É urgente a REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO FORMAL.
É urgente a APROVAÇÃO DA RESOLUÇÃO 158 DA OIT CONTRA DEMISSÃO IMOTIVADA.
É urgente a REDUÇÃO DA TAXA DE JUROS OFICIAL, QUE SÓ ALIMENTA OS RENTISTAS E DIMINUI A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA.
É urgente o FIM DA PERMISSÃO À TERCEIRIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO.
É urgente FINANCIAR O CRESCIMENTO DO PAÍS E A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA TRIBUTANDO RENDA, PROPRIEDADES E FORTUNAS E NÃO A PRODUÇÃO E O CONSUMO, OU SEJA, UMA REFORMA TRIBUTÁRIA QUE INVERTA A LÓGICA DO SISTEMA REGRESSIVO INSTALADO NO BRASIL EM FAVOR DA ELITE.
PAPEL DOS SINDICATOS CUTISTAS
Independentemente dos partidos políticos existentes no país e à possível filiação a eles de dirigentes sindicais em mandatos, cabe aos sindicatos – ao menos os que seguem a linha da Central Única dos Trabalhadores – o papel de ORGANIZAR OS TRABALHADORES, TRANSFORMAR EM PAUTA DE REIVINDICAÇÕES SOLUÇÕES PARA OS PROBLEMAS DO DIA A DIA DAS CATEGORIAS REPRESENTADAS, MOBILIZÁ-LAS E BUSCAR MELHORES SALÁRIOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO PARA SEUS REPRESENTADOS.
Ao sindicato cabe o papel de negociar as questões do mundo do trabalho.
Mesmo não descuidando dos OBJETIVOS HISTÓRICOS DA CLASSE TRABALHADORA – UMA SOCIEDADE SOCIALISTA E DEMOCRÁTICA, o sindicato não pode descuidar nunca dos OBJETIVOS IMEDIATOS DA CLASSE TRABALHADORA – UMA VIDA REPLETA NO PRESENTE AO TRABALHADOR E AOS SEUS AGREGADOS.
FLM0628 Clase 2 Lecturas Hispanoamericanas
Clase de 3/3/11
Profesora Adriana Kanzepolsky
PROBLEMAS EN LOS RELATOS AUTOBIOGRÁFICOS
"Fabulaciones del YO"
Leer los textos de:
BOURDIEU, Pierre. "A ilusão biográfica"
e
MOLLOY, Silvia. "Acto de presencia. La escritura autobiográfica en Hispanoamerica" (leer la introducción)
Palabras y frases importantes en la clase:
- fabulaciones del yo
- relatar con "talento"
- "Yo soy el tema de mi libro" (Montaigne)
- yo soy lo que firma
- yo soy lo de la enunciación
Postulación de Philipe Lejeune en "El pacto autobiográfico":
- ser lo que firma, lo que habla, lo de la enunciación
NOS INTERESA en el curso la CONSTRUCCIÓN DEL 'YO' TEXTUAL y no las referencias ni lo grado de verdad.
- ES LA REPRESENTACIÓN, LA ELECCIÓN DE LA PERSPECTIVA que nos interesa.
- COMO SE OFRECE DETERMINADA IMAGEN.
- LA AUTOFIGURACIÓN
PACTO:
A medida que el YO se desdobla ello asume la historia y cambia la historia.
No coincidencia entre el YO empírico y el YO ficcional.
¿Qué se elige para contar?
¿Qué dejar de contar?
¿Qué versión de si mismo se elige para contar?
Bourdie - la verdade se entrega de manera sucesiva en las narraciones de un relato totalizante o autobiográfico.
El capítulo "El archipiélago" de Victoria Ocampo es una excepción de la construcción totalizante de las autobiografias. Ello es todo fragmentario.
SIGUE...
Profesora Adriana Kanzepolsky
PROBLEMAS EN LOS RELATOS AUTOBIOGRÁFICOS
"Fabulaciones del YO"
Leer los textos de:
BOURDIEU, Pierre. "A ilusão biográfica"
e
MOLLOY, Silvia. "Acto de presencia. La escritura autobiográfica en Hispanoamerica" (leer la introducción)
Palabras y frases importantes en la clase:
- fabulaciones del yo
- relatar con "talento"
- "Yo soy el tema de mi libro" (Montaigne)
- yo soy lo que firma
- yo soy lo de la enunciación
Postulación de Philipe Lejeune en "El pacto autobiográfico":
- ser lo que firma, lo que habla, lo de la enunciación
NOS INTERESA en el curso la CONSTRUCCIÓN DEL 'YO' TEXTUAL y no las referencias ni lo grado de verdad.
- ES LA REPRESENTACIÓN, LA ELECCIÓN DE LA PERSPECTIVA que nos interesa.
- COMO SE OFRECE DETERMINADA IMAGEN.
- LA AUTOFIGURACIÓN
PACTO:
A medida que el YO se desdobla ello asume la historia y cambia la historia.
No coincidencia entre el YO empírico y el YO ficcional.
¿Qué se elige para contar?
¿Qué dejar de contar?
¿Qué versión de si mismo se elige para contar?
Bourdie - la verdade se entrega de manera sucesiva en las narraciones de un relato totalizante o autobiográfico.
El capítulo "El archipiélago" de Victoria Ocampo es una excepción de la construcción totalizante de las autobiografias. Ello es todo fragmentario.
SIGUE...
domingo, 6 de março de 2011
Lula, o filho do Brasil - Fábio Barreto
Eu não havia assistido ainda ao filme Lula, o filho do Brasil. Acabei de vê-lo na tv.
O filme é emocionante por não ser possível desassociar o referente do personagem. Ou seja, ao vermos o filme sabemos que se trata do ser humano Lula mesmo.
Estou com sono e pouca expressão no momento para dizer o que senti com o filme e o que sinto na conjuntura atual do Brasil pós-Lula e no instante em que devo decidir pelas próximas semanas se sigo no movimento dos trabalhadores ou se vou fazer outra coisa da vida.
Fica pra depois do sono...
CÁ ESTOU NO DOMINGO (após o sono)
O filme me deixou emotivo.
Li pela manhã, a introdução do livro de Denise Paraná feita por Antonio Candido. O livro é a base do filme.
Algumas falas de Candido e outras de Denise me deixaram reflexivo. Vim para o computador e quedei mais reflexivo ainda ao ouvir John Lennon.
Denise nos diz que nenhuma história tem um ponto inicial certo, marcado. Uma história sempre está inserida em outra história e as marcações temporais são sempre arbitrárias. Tem sentido o que ela diz.
O que Lula É foi fruto de dias e dias, contextos e conjunturas, de país e de vida pessoal, que está inserida em uma família que também está inserida no país-mundo.
Nossas existências todas são assim. É a aventura da história humana.
O que fez e faz Lula da Silva diferente da média de nós humanos?
Quando Denise fala da passagem de duas culturas, da "cultura da pobreza" para a "cultura da transformação", conceito elaborado por ela com muita pertinência, o que me chama a atenção para a diferença entre o ser humano Lula e a média das pessoas é que enquanto nós, a média da massa de pessoas miseráveis e solapadas pelas elites desse país-mundo, buscamos passar de uma cultura à outra, o fazemos para nós mesmos e para os nossos agregados, pouco se importando com o entorno ou buscando justificativas recorfortantes de que se vencermos é por nosso esforço próprio, mais que os dos outros.
E aliás, o sistema do status quo dominante - o capitalismo - funciona baseado nessa premissa. E funciona bem, pois sempre há os exemplos a serem dados à massa de que é assim mesmo e que isso seria "natural".
Algumas pessoas como Lula da Silva, Nelson Mandela e Gandhi se doam para quebrar a lógica do sistema. Eles se doam para representar a massa, mas é uma representação diferente. Querem a transformação para a massa e eles querem estar inseridos nessa mesma massa que representam. Como mais um do grupo.
"Por isso eu digo sempre que eu sou o fiel resultado do crescimento da minha categoria. Nem mais nem menos. À medida que ela avançava, eu avançava, à medida que ela não avançava, eu não avançava. Eu não era representante de mim mesmo, era representante deles. No mínimo eu teria que ser fiel àquilo que eles queriam". (Lula)
(Isso o diferencia de outros líderes, muitos caudilhos ou populistas, e o aproxima da real ideia de serviço coletivo)
Acredito que a média de nós não pensa assim.
Após mudanças para nós mesmos e os nossos agregados, algo em nós começa a mudar e aquela justificativa reconfortante que citei acima começa a prevalecer. Aí "já era!" o princípio de desejo de transformação para as massas.
Poucos são aqueles seres que não perdem a opinião, o propósito da mudança para a massa de pessoas inseridas naquele mundo da pobreza.
A minha dúvida final sempre recai em uma frase que uso e não sei se é correto usá-la: "É a natureza humana!"
Sigo cismando se é isso de natureza humana ou não. MAS, enquanto isso, existe uma coisa da natureza humana que não cessa: contas a pagar e agregados a prover-lhes o básico. E AÍ, QUE FAÇO?
O filme é emocionante por não ser possível desassociar o referente do personagem. Ou seja, ao vermos o filme sabemos que se trata do ser humano Lula mesmo.
Estou com sono e pouca expressão no momento para dizer o que senti com o filme e o que sinto na conjuntura atual do Brasil pós-Lula e no instante em que devo decidir pelas próximas semanas se sigo no movimento dos trabalhadores ou se vou fazer outra coisa da vida.
Fica pra depois do sono...
Foto divulgação |
O filme me deixou emotivo.
Li pela manhã, a introdução do livro de Denise Paraná feita por Antonio Candido. O livro é a base do filme.
Algumas falas de Candido e outras de Denise me deixaram reflexivo. Vim para o computador e quedei mais reflexivo ainda ao ouvir John Lennon.
Denise nos diz que nenhuma história tem um ponto inicial certo, marcado. Uma história sempre está inserida em outra história e as marcações temporais são sempre arbitrárias. Tem sentido o que ela diz.
O que Lula É foi fruto de dias e dias, contextos e conjunturas, de país e de vida pessoal, que está inserida em uma família que também está inserida no país-mundo.
Nossas existências todas são assim. É a aventura da história humana.
O que fez e faz Lula da Silva diferente da média de nós humanos?
Quando Denise fala da passagem de duas culturas, da "cultura da pobreza" para a "cultura da transformação", conceito elaborado por ela com muita pertinência, o que me chama a atenção para a diferença entre o ser humano Lula e a média das pessoas é que enquanto nós, a média da massa de pessoas miseráveis e solapadas pelas elites desse país-mundo, buscamos passar de uma cultura à outra, o fazemos para nós mesmos e para os nossos agregados, pouco se importando com o entorno ou buscando justificativas recorfortantes de que se vencermos é por nosso esforço próprio, mais que os dos outros.
E aliás, o sistema do status quo dominante - o capitalismo - funciona baseado nessa premissa. E funciona bem, pois sempre há os exemplos a serem dados à massa de que é assim mesmo e que isso seria "natural".
Algumas pessoas como Lula da Silva, Nelson Mandela e Gandhi se doam para quebrar a lógica do sistema. Eles se doam para representar a massa, mas é uma representação diferente. Querem a transformação para a massa e eles querem estar inseridos nessa mesma massa que representam. Como mais um do grupo.
"Por isso eu digo sempre que eu sou o fiel resultado do crescimento da minha categoria. Nem mais nem menos. À medida que ela avançava, eu avançava, à medida que ela não avançava, eu não avançava. Eu não era representante de mim mesmo, era representante deles. No mínimo eu teria que ser fiel àquilo que eles queriam". (Lula)
(Isso o diferencia de outros líderes, muitos caudilhos ou populistas, e o aproxima da real ideia de serviço coletivo)
Acredito que a média de nós não pensa assim.
Após mudanças para nós mesmos e os nossos agregados, algo em nós começa a mudar e aquela justificativa reconfortante que citei acima começa a prevalecer. Aí "já era!" o princípio de desejo de transformação para as massas.
Poucos são aqueles seres que não perdem a opinião, o propósito da mudança para a massa de pessoas inseridas naquele mundo da pobreza.
A minha dúvida final sempre recai em uma frase que uso e não sei se é correto usá-la: "É a natureza humana!"
Sigo cismando se é isso de natureza humana ou não. MAS, enquanto isso, existe uma coisa da natureza humana que não cessa: contas a pagar e agregados a prover-lhes o básico. E AÍ, QUE FAÇO?
terça-feira, 1 de março de 2011
Dias nublados - uma metáfora sindical
O dia está nublado.
Nuvens carregadas anunciam a degeneração nos campos. As sementes germinam.
O trigo e a soja crescem entre o joio. O mundo é de mato e o joio tem forte adaptação em qualquer solo.
O trigo está com péssima qualidade. É fraco.
A soja é modificada geneticamente. Tem origem suspeita e mesmo que vingue, não dará uma colheita confiável.
Há um sério risco, mediante esse quadro, de substituição de produto nas mesas dos homens, do trigo ruim e da soja suspeita por outros gêneros de subsistência.
A fome do homem deve ser saciada. Em tempos de trigo e soja ruins, sempre há com que se remediar.
Estão aí o milho, a batata, o arroz, a mandioca.
Tempos ruins para o trigo e a soja no mundo dos gêneros de primeira necessidade.
Eu considero o movimento sindical e de massas gênero de primeira necessidade para os trabalhadores do mundo.
Assinado: um grão de trigo desacorçoado
Nuvens carregadas anunciam a degeneração nos campos. As sementes germinam.
O trigo e a soja crescem entre o joio. O mundo é de mato e o joio tem forte adaptação em qualquer solo.
O trigo está com péssima qualidade. É fraco.
A soja é modificada geneticamente. Tem origem suspeita e mesmo que vingue, não dará uma colheita confiável.
Há um sério risco, mediante esse quadro, de substituição de produto nas mesas dos homens, do trigo ruim e da soja suspeita por outros gêneros de subsistência.
A fome do homem deve ser saciada. Em tempos de trigo e soja ruins, sempre há com que se remediar.
Estão aí o milho, a batata, o arroz, a mandioca.
Tempos ruins para o trigo e a soja no mundo dos gêneros de primeira necessidade.
Eu considero o movimento sindical e de massas gênero de primeira necessidade para os trabalhadores do mundo.
Assinado: um grão de trigo desacorçoado
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