terça-feira, 30 de setembro de 2008

Philip Roth, escritor norte-americano


Eis mais um teco de minhas lacunas literárias, que são infindáveis. Não conheço nada sobre este escritor norte-americano.

Tem uma entrevista dele na Carta Capital nº 515, com o título "O rei e seu reino", página 56, com uma frase que me chamou a atenção:

"Estou com 75 anos, número estranho... é uma estranha descoberta para mim. Quando você é jovem não vai a enterros a cada seis meses"


Obras traduzidas em português:

-Adeus, Columbus
-Complô contra a América
-O Complexo de Portnoy
-Teatro de Sabath
-O avesso da vida
-Professor de desejo
-Diário de uma ilusão
-Todo-o-Mundo
-Casei com um comunista
-Pastoral Americana
-A marca humana
-O animal agonizante
-Homem comum
-Fantasma sai de cena

"Apenas um modesto escritor"

NOVA YORK. Philip Roth, um dos maiores escritores americanos vivos, acha que a literatura está morrendo. “Não por falta de bons escritores, o público é que morreu”, diz, com jeito de quem não tem a menor dúvida sobre o futuro pouco brilhante dos livros no mundo tecnológico contemporâneo. Depois de ganhar todos os prêmios literários americanos, ele acaba de ser “canonizado” com a publicação de seus livros na coletânea de clássicos Library of America, uma honraria reservada geralmente aos monstros sagrados que já morreram há muito tempo, como Faulkner ou Melville. O que ele acha disso? “Melhor do que ser atropelado por um caminhão, não?”, responde, com a ironia sombria, típica dos personagens de seus livros. O homem não cede um milímetro às mundanidades da vida: mora sozinho num sítio em Connecticut, diz que não dialoga com nenhum dos escritores contemporâneos desde que Saul Bellow, seu grande amigo e inspirador, morreu há cinco meses. Quando virou uma celebridade, nos idos de 1968, ao lançar O Complexo de Portnoy, passou a viver só na comunidade tcheca em Manhattan — uma maneira de se exilar em sua própria cidade — e depois foi viver no exterior. Dá pouquíssimas entrevistas e é ele quem liga na hora marcada para evitar que seu número de telefone fique circulando entre jornalistas. É gentil, mas não cai em nenhuma armadilha de marketing, como a tentativa dos críticos que querem ver no seu livro mais recente, Complô contra a América (lançado no Brasil pela Companhia das Letras) uma metáfora do governo Bush. Já disse que acha o presidente americano incapaz de cuidar da loja da esquina, mas não crê que cabe ao escritor o papel de fazer crítica política. “Não sou profeta, não sou sociólogo, não sou analista político, sou apenas um modesto escritor. Meu trabalho é escrever da melhor maneira possível”, diz ele.


Fonte: wikipédia e http://www.revista.agulha.nom.br/philiproth1.html

domingo, 28 de setembro de 2008

As guerras e as pazes de todos nós...


Minissérie sobre a obra tolstoiana.

Refeição Cultural

Guerra e Paz - Leão Tolstói (VOINA I MIR)

Li uma introdução de Oscar Mendes sobre Leão Tolstói e sua obra Guerra e Paz. Muito interessante!

Cheguei a iniciar a leitura do primeiro tomo da obra - tenho a edição em dois volumes das Grandes Obras da Cultura Universal, volume 6, quinta edição, de 1997, editora Itatiaia, BH/RJ.

Iniciei mas não pude seguir lendo. Acabei por ceder e assisti a uma produção de 8h sobre a "epopeia russa". (não gosto de assistir a filmes baseados em livros clássicos sem antes lê-los)

Aliás, é estranho! Acho que ainda não rolou aquela empatia e firmeza de propósito entre Tolstói e eu. Já encarei os dois volumes de Ana Karênina e larguei o segundo tomo faltando pouco mais de uma centena de páginas. Talvez seja o problema das obras famosas cujo final já sabemos.

Quer um outro exemplo em que larguei um livro faltando um teco pra acabar? Os sertões e as veredas de Guimarães Rosa - Grande sertão: veredas. Como vamos tirar da cabeça a imbecilidade imperdoável da Rede Bobo de Televisão do Roberto Marinho, que fez um seriado na década de 80, seriado que inicia a estória contando o segredo da obra?

Segredo que é a alma do romance, pois nem o jagunço-narrador Riobaldo Tatarana, que conta o passado a um forasteiro, 
denuncia quem realmente era seu amigo Diadorim (em uma visita que deve ser ao menos de três dias para ouvir o narrador jagunço falar sobre sua vida).

É isso! comecei falando de Guerra e Paz russa para terminar falando da eterna Guerra e Paz de espírito de um jagunço do Brasil, típico representante do povo oriundo da miséria secular.

O povo brasileiro negro, índio, branco, amarelo, mestiço, mulato, mameluco, pardo em tonalidades e cores várias, é o resultado da exploração por parte dos brancos europeus. Finda a escravidão dos negros e depois dos imigrantes, ficou uma massa de gente que não era dona de nada e se virou do jeito macunaíma de sobreviver.

Bom, o filme em quatro episódios me deixou encantado. Foi muito bem feito e não me fez perder o interesse de ler os dois volumes de Tolstói. Estão na fila (nada pequena) de minhas leituras.

William

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira: frases selecionadas




- Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara. (livro dos conselhos)

- É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade.

- Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira.

- Se queres ser cego, sê-lo-ás.

- O medo cega.

- O medo cega... são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos.

- Alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira nos tornou melhores, Também não nos tornou piores.

- A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.

- Água mole em brasa viva tanto dá até que apaga, a rima que a ponha outro.

- A força e a natureza das circunstâncias influem muito no léxico.

- Mas quando a aflição aperta, quando o corpo se nos desmanda de dor e angústia, então é que se vê o animalzinho que somos.

- Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.

- É que vocês não sabem, não o podem saber, o que é ter olhos num mundo de cegos.

- Costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras.

- Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.


Bibliografia:

SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. Companhia das Letras. 24º reimpressão, 2002.


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O declínio das abelhas - Gilles Lapouge


E por falar em abelhas,
uma flor de minha mãe (2009)

Artigo em O Estado de São Paulo (22/9/08)

Gilles Lapouge*


O declínio das abelhas

As abelhas estão morrendo. Esta hecatombe silenciosa dura já alguns anos e constitui um verdadeiro mistério. Os inseticidas foram apontados como culpados, mas sua culpa nunca foi provada.

Milhões e milhões de colmeias pereceram na América, na Europa, em toda parte. Estudos realizados nos Estados Unidos (Filadélfia) e na França (em Montpellier) já dão o sinal de alarme. Alerta máximo. Urgência absoluta.

Alguns observarão que muitas espécies desapareceram até hoje. Por exemplo, os mamutes não existem mais, o panda está perigando, a ave Dodo do Madagáscar desapareceu, e no entanto, o mundo não parou de girar. Mas o caso das abelhas é diferente: "Se a abelha desaparecer, dizia Einstein, a espécie humana não terá mais que quatro anos de vida".

Einstein exagerava, mas havia constatado o perigo. O que ocorrerá se a abelha nos abandonar? Ela é a grande "fecundadora". É ela que transporta o pólen de uma flor (sêmen masculino) para depositá-lo sobre os órgãos femininos de outra flor. Se a abelha nos abandonar, como a terra sustentará seus frutos, suas flores, suas florestas? E como poderemos nos sentir felizes em uma paisagem em preto e branco? Certamente, este himenóptero não é o único ser vivo que garante a reprodução sexuada das flores. Contam-se 100 mil espécies de insetos e de aves com a mesma função, mas a abelha é uma verdadeira campeã. Os outros insetos são amadores, pouco sérios, ignorantes. O próprio colibri se distrai com qualquer coisa.

A abelha, ao contrário, desde que chegou à terra (80 milhões de anos antes que os homens aqui desembarcassem), nunca perdeu um segundo de tempo. Ela trabalha de manhã à noite. Sua atividade é irrepreensível, de autêntica profissional.

Os pesquisadores franceses e alemães acabam de calcular o valor das contribuições das "polinizadoras" nas culturas mundiais. Eles chegaram à cifra de US$ 153 bilhões anuais, ou seja, 10% do valor total da produção alimentar.

Em caso de pane das abelhas, todos os vegetais não seriam afetados do mesmo modo: os mais vulneráveis seriam as frutas, os legumes, as oleaginosas. O cacau, a baunilha, a abóbora, as melancias, os melões, o maracujá, a noz de pecã brasileira seriam os mais expostos. Ao que tudo indica, o café seria menos atingido.

É preciso também calcular a devastação da flora silvestre. São as mesmas polinizadoras que garantem a sobrevivência de todas as cadeias da vida selvagem, aves, roedores, mamíferos. O fim das abelhas seria um desastre para as florestas, as pradarias, os pastos. Assim a abelha é responsável não apenas pela nossa alimentação diária, mas também pela beleza do lugar onde vivemos.

É uma pequena e estranha função a da abelha, função que constitui um dos enigmas mais intrigantes da criação: a de um ser vivo que faz o amor com um ser vivo de outro reino e de um modo tão sutil que este ato de amor de aparência barroca e mesmo "contrário à natureza", garante a reprodução da vida.

Deste ponto de vista, o homem, como aliás os mamíferos e todas as outras espécies, não passa de uma nulidade, de um ser desastrado. Cada um de nós sabe que é extremamente complicado fazer o amor com um leão ou mesmo com um camundongo.

Além disso, esta cópula entre espécies diferentes não produz nenhum fruto, nenhuma descendência. Quanto a fazer o amor com um eucalipto ou um pinheiro então, o homem não tem a menor capacidade.

A abelha sabe como amar as folhas de grama e as flores. Ela experimenta um prazer extremo: basta olhar a ronda encantada das abelhas e o zumbido que as acompanha em um pomar ou em um campo na primavera para compreender que ela ama seu trabalho.

A Bíblia já havia constatado que a abelha é indispensável para a sobrevivência do planeta e da espécie humana. Deus, ao ajudar os judeus a retornarem à sua terra e a entrar no "país de Canaã", os convence a tomar o caminho do deserto descrevendo os encantos deste "país de Canaã". E relata: "Canaã, é o país onde correm rios de leite e mel" (Êxodo, 3,8).

O mel seduz Moisés, que pega seu cajado e conduz seu povo para a "Terra prometida", a terra do leite e das abelhas. Os peregrinos estão felizes. Verdade seja dita, no Sinai, não estão muito bem alimentados, mas eles sabem que no fim do caminho encontrarão "rios de mel" e já lambem os lábios.

Infelizmente, o Pai Eterno tinha outros planos. Moisés chega ao Monte Nebo, de onde contempla a "terra de Canaã". Mas está muito cansado e morre. Não entrará na terra de Canaã, no paraíso do mel. E nós? Teremos de perdê-lo?

* Correspondente em Paris


Fonte: Estadão

A Odisseia - O tratamento cordial aos forasteiros


Monumentos gregos - Partenon. 
Foto: Steve Swayne - Wikipedia.

Refeição Cultural

Reli mais alguns capítulos do épico A Odisseia, atribuído ao aedo Homero. Aedos eram artistas populares na Grécia antiga.

É interessante o fato de haver muitos epítetos, frases e fórmulas repetidas. Isso tem um porquê. Assim como nossos artistas de rua e repentistas, eles precisavam de fórmulas rimadas e com ritmos para facilitar tanto o entendimento quanto a memorização para passar adiante suas histórias orais.

Outra coisa que chama a atenção é a descrição da tradição antiga de bom tratamento a forasteiros e visitantes. Primeiro se oferecia limpeza, bebida e comida para depois se perguntar quem era, de onde vinha e o que queria. Imaginem hoje um tratamento desses!

Bom, eu, como sindicalista, acho que devemos dar esse tratamento aos nossos colegas bancários quando eles vêm a sua casa, ou seja, o sindicato.

sábado, 20 de setembro de 2008

O caminho segue longo, e agora mais caro!


Bom, desde a última postagem sobre meu Caminho de Santiago, houve avanços em alguns passos: já tirei meu passaporte e tenho uma boa máquina fotográfica.

Há dois meses, quando aprecei o custo da passagem aérea SP-Madri-SP, custava-me cerca de R$1.600, pois o dólar estava na casa de R$1,57. Perdi a oportunidade de comprar as passagens para pagá-las em 10 vezes nesta cotação.

O que ocorreu? Uma tremenda crise de quebradeira de bancos americanos e depois outros pelo mundo do cassino financeiro, o dólar em poucas semanas já está a quase R$2,00. Ou seja, me ferrei. Mas tudo bem! Pode ser que ele volte a cair! Como também pode ser que suba muito mais!

Minha condição financeira é bem precária. Não me planejei na vida para ir atrás de ganhar muita grana. Agora, tenho que saber como lidar com isso. Às vezes, essa decisão (indecisão) pesa-me, a mim e aos meus agregados.

Vamos caminhando... e correndo... pois pelo menos isso eu tenho feito: andar e correr.

Leituras, filmes e corridas... o próprio propósito!



Refeição Cultural

Hoje é sábado. Refletindo um pouco, devo ter claro que me alimentei bem esta semana. Alimentos culturais. Senão vejamos:

Assisti a um belo filme agora à tarde: O vale da luz.

Título Traduzido: O Vale da Luz
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 84mins
Ano de Lançamento: 2007
Direção: Brent Shields

O fio condutor da história é a pergunta se existe um propósito na vida. Existe? Não acredito. Principalmente se considerar o princípio de haver um deus que programe tudo para todos. Não vejo mais lógica nisso. Falo desta forma porque cri nisso uma boa parte da minha vida. Hoje, não mais.

Outra reflexão: eu adoro correr. Mas confesso que terei que ser bastante abnegado para acordar neste domingo às 5h da manhã, com um baita frio e chuva, para participar da 16ª Maratona de Revezamento do Pão de Açúcar com o pessoal do sindicato.

Em termos de leitura o sábado não foi muito produtivo. Ainda não consegui ler muito, a não ser um capítulo do livro de Saramago e uma revista.

Li a Revista Fórum que está com matérias muito interessantes; estou lendo mais um livro do maravilhoso escritor José Saramago - Ensaio sobre a lucidez. Sua forma de escrever é impar; Como não li ainda os dois tomos de Guerra e Paz, de Tolstói, cedi e estou assistindo a uma filmagem francesa de 8 horas em 4 filmes. A história é belíssima.

Post Scriptum (2014):

Estava relendo a postagem e lhes digo: eu fui para a corrida. Minha camisa azul do evento está comigo até hoje. Tomamos a maior chuva e frio, mas fui abnegado.

Post Scriptum II (25 de junho de 2016):


Em casa, Brasília, vendo filme e lendo. Esposa e filho presentes...

Sábado novamente, como foi na data original da postagem. Acabei de assistir ao filme mais uma vez. Estou em Brasília, onde trabalho em um mandato eletivo em entidade de saúde dos bancários do Banco do Brasil, a Cassi.

Coincidentemente, estou usando a mesma camisa azul da corrida onde fui abnegado em madrugar no frio e chuva lá em 2008 (post scriptum acima).

Tanta coisa mudou em minha vida nestes oito anos... mas cá estou relendo e revisando minhas postagens no blog.

A respeito da grande questão do filme: se há destino ou predestinação, não sabemos mesmo! O fato é que eu não fui fazendo o que quis em toda a minha vida. A vida foi fazendo o que quis comigo... foda isso, né? Mas estamos fazendo as coisas como devem ser feitas.

Só isso!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A leitura como ato de reflexão e mudança


Refeição Cultural

O que podemos e devemos fazer com a informação e o conhecimento advindo de uma boa leitura?

Ao lermos o mestre Paulo Freire e captarmos seus ensinamentos sobre a educação, educação para a mudança e não para o adestramento, é necessário acordar e pôr em prática a mudança que buscamos.

Cada um de nós faz a diferença. É nesse sentido que precisamos informar e comunicar melhor. Envolver os agentes da mudança social.

A leitura de revistas como a Revista Fórum nº 66 de setembro de 2008 é uma das diversas formas de aumentar o nosso desejo de lutar por mudanças. Lutar como agentes sociais que somos.

Desejo de lutar por mudanças ao vermos que existem pessoas como o professor Ladislau Dowbor, da PUC SP, um intelectual legítimo, dentro do conceito de intelectual defendido por Edward Said. Ao lê-lo, aguçamos a vontade de compartilhar conhecimento de forma gratuita, como direito humano e não como produto.

Desejo de lutar por mudanças ao lermos na revista sobre o que vem ocorrendo com nossos irmãos latino-americanos da Bolívia, onde uma pequena elite fascista busca derrubar um governo com 67% de aprovação popular, que nada mais quer que cumprir o programa de mudanças sociais que o elegeu.

Desejo de lutar por mudanças lendo matérias como a que fala sobre o destino trágico das crianças da Guatemala, e que lembrou-me o livro de contos Week-end na Guatemala de Miguel Angel Astúrias, Prêmio Nobel de Literatura em 1967, guatemalteco que denunciou as condições de seu país e do golpe de Estado em 1954, realizado por um exército de mercenários recrutados pela empresa American Fruit Company (La Frutera) e financiado pelo governo norte-americano.

Para seguir falando de outra matéria muito próxima a nós, leiam com atenção a matéria sobre a Europa e sua xenofobia atual contra os imigrantes, principalmente os de origem africana. E, por fim, gerou-me expectativa o projeto de Danny Glover de filmar a vida do revolucionário Toussaint L'Ouverture, líder da Revolução Haitiana.

Não pensem que não são problemas “nossos” os temas relatados na revista. Vivemos numa aldeia global. Sempre que se atenta contra a democracia, a liberdade e os direitos humanos, atinge-se a todos. 

No último período de ditaduras latino-americanas do século XX, financiadas quase sempre pelo regime capitalista liderado pelo império americano, derrubou-se um governo popular aqui, outro ali, e como as comunidades latinas não agiram em conjunto, quando vimos, toda a América Central e do Sul estava assolada pela tragédia dos regimes ditatoriais que levaram décadas de miséria, cerceamento da liberdade, morte e concentração de renda.

Acreditemos que outro mundo é possível, através da coletividade e cooperativismo. É possível mudar qualquer situação, sobretudo a partir de nós mesmos.

William

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O que é o conceito Wiki?


Igreja em Olinda, Pernambuco. 
Foto: William Mendes (2010).

WIKI

Sigla em inglês para "O que eu sei é..."

"What I Know Is..."

É um sistema colaborativo de produção e edição não-autoral de conteúdo. O exemplo mais conhecido é a Wikipedia.

O diferencial de uma página de internet Wiki é que todo o conteúdo, ou a maior parte dele, pode ser visitado, editado e atualizado por qualquer usuário a qualquer momento.

A ideia de gratuidade também permeia o conceito.


Fonte: Revista Fórum nº 66 set/08.

A importância do ato de ler (1982) – Paulo Freire


Algumas ideias do livro de Paulo Freire

A aprendizagem da leitura e a alfabetização são atos de educação e educação é um ato fundamentalmente político.

A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo.

Comprometer-se politicamente com a tarefa da recuperação da dignidade do oprimido é papel do educador.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a leitura posterior desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.

“Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na ‘leitura’ que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo”, Paulo Freire ao falar da leitura de seu mundo em um contexto. Aqui, sua infância.

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“As teses sobre Feuerbach, de Marx, têm apenas duas páginas e meia...”, sobre a confusão que os educadores fazem achando que mandar ler enormes listas de bibliografias é educar, não compreendendo que o adentramento na leitura é mais importante que a quantidade.
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“O processo de alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem”, o educando não é uma folha de papel em branco, isso é fundamental para compreender a educação.

“Palavras do Povo, grávidas de mundo” – Expressão fantástica, que resume a ideia básica de alfabetização de Paulo Freire, sobre usar as palavras carregadas de significação da experiência existencial do educando e não do educador.

A leitura crítica da realidade, dando-se num processo de alfabetização ou não e associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que Gramsci chamaria de ação contra-hegemônica. Essa é uma das conclusões do professor Paulo Freire.

William

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Instantes - Paulo Freire... com ritmo new age


Enquanto estou a ler Paulo Freire, sou embalado por músicas new age - Loreena McKennitt, Enya, Era, Win Mertens, et coetera.

E um bom incenso perfumando o ar já ritmado...

- Grande mestre, Paulo Freire!

Bens não-rivais - Partilhar conhecimento



Pôr do Sol no Rio Capibaribe, Recife. 
Foto: William Mendes (2010).

Compartire conoscenza

Eu soube da ideia de bens não-rivais, contrária à de bens rivais, a partir do professor Ladislau Dowbor, economista da PUC SP.

A ideia trabalha com o conceito de passar o conhecimento gratuitamente a todos porque isso traz um win-win, ou seja, todo mundo ganha com essa doação.

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"O que acontece é que passamos do sistema de bens rivais para não-rivais. Quando passo o meu relógio para você, deixo de tê-lo, ou seja, a propriedade faz sentido. Mas quando passo conhecimento, continuo com ele e, como você vai utilizá-lo de outra maneira, ele se multiplica. Quanto mais você faz circular o conhecimento, mais todos se enriquecem"
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Essa ideia é o que venho pensando há tempos. Quero compartilhar o que sei - que não é muito - com as demais pessoas.

O professor Ladislau Dowbor mantém um site onde dispõe de graça toda a sua produção.

Com pessoas assim, até aumenta nossa esperança de que Outro Mundo é Possível.

Fonte: Revista Fórum nº 66 set/08.


Stanislaw Ponte Preta - um heterônimo de Sérgio Porto (2008)



Refeição Cultural

Alimentei-me na literatura de José Saramago pela manhã com a leitura de Ensaio sobre a lucidez.

Li também uma reportagem sobre Sérgio Porto, criador de Stanislaw Ponte Preta. Como tento manter minha humildade em relação às lacunas culturais, digo que não sabia quem eram criador e criatura. Mesmo!! (Agora já sei alguma coisa - plantei a semente)

Acabei de ver uma informação importante sobre Saramago. Ele passará a se manifestar com opiniões através de seu sítio na internet. Temos que aproveitá-lo ao máximo.


Veja matéria de O Estadão sobre Sérgio Porto/Stanislaw Ponte Preta:

Sérgio Porto, o retrato do presente

Livro de inéditos e dispersos, A Revista do Lalau mostra a intensa curiosidade intelectual do jornalista carioca, morto há 40 anos

Francisco Quinteiro Pires

Stanislaw Ponte Preta é herdeiro do humorista Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé. Inventor do Febeapá - Festival de Besteira que Assola o País -, Stanislaw praticou um humorismo que inspirou O Pasquim e as sacanagens obsessivas da turma do Casseta e Planeta. O Febeapá parece atemporal no Brasil, país do eterno retorno, onde as coisas mudam para ficar iguais. Stanislaw é, a uma só vez, retrato de uma época e deste presente.

Mas a edição de A Revista do Lalau (Agir, 272 págs., R$ 89,90), livro de textos inéditos e dispersos, e uma consulta ao Arquivo Biográfico Sérgio Porto na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) revelam que nem só de Stanislaw Ponte Preta é feito um Sérgio Porto (1923-1968).

"O leitor atual não tem noção da multiplicidade intelectual e do nível de curiosidade desse sujeito", diz Paulo Roberto Pires, editor da Agir. Sérgio Porto escreveu sobre cinema e música, foi cronista da noite e de futebol, além de ter trabalhado na televisão e no rádio, e elaborado scripts de shows e composições (Samba do Crioulo Doido).

A Revista do Lalau, esteticamente idealizada para se parecer com um periódico dos anos 50 (Sérgio Porto trabalhou na Cruzeiro e na Manchete), contempla essas faces do jornalista carioca, um dos responsáveis pela renovação da linguagem na imprensa. "Além de ser um inventor de tradições, ele soube traduzir nas crônicas a linguagem do morro para a classe média", diz Cláudia Mesquita.

Um dos textos de A Revista..., que traz fotos do arquivo da família, é A Pequena História do Jazz (1953), primeiro livro de Sérgio Porto. Sérgio exaltava Louis Armstrong e Pixinguinha. "Ele era conservador em termos musicais", diz Cláudia. O jornalista criticou a Bossa Nova, a Jovem Guarda e a Tropicália. Seu gosto pelo samba vem do contato com Lúcio Rangel, seu tio, e com Almirante, cujas pesquisas sobre a música brasileira são fundamentais até hoje. Sérgio, a quem se atribui a invenção do termo bossa nova, promoveu o trânsito dos artistas do morro na zona sul. Redescobriu Cartola em um lava-rápido e ajudou Nelson Cavaquinho a pagar alguns móveis. Um dos traços do seu caráter era a generosidade.

O Elefante, outro dos textos, é um conto, gênero pouco praticado pelo humorista. Ele foi censurado. "É uma alegoria contra a ditadura militar", diz Paulo Roberto Pires. Apesar de ser um defensor apaixonado de Copacabana, onde morou durante toda a vida, Sérgio Porto escreveu Garota de Ipanema, uma novela sobre o bairro vizinho. Defendia com paixão, mas não era cego. Ele não vendia a imagem de Copacabana como a princesinha do mar, segundo Cláudia. Ele era nostálgico de um tempo em que os laços afetivos eram mais bem atados, quando os vizinhos se conheciam pelo nome.

Além do calendário das certinhas do ano de 1968, A Revista do Lalau publica O Transplante, romance inacabado. Garoto Linha Dura, livro de crônicas, tem previsão de chegar às livrarias no começo do próximo ano. As certinhas do Lalau, principal feito de sua passagem pela Manchete, nasceu de uma brincadeira com o colunista social Jacinto de Thormes. Em 54, o "coleguinha" publicou uma lista das Mulheres Mais Bem Vestidas do Ano. Stanislaw Ponte Preta, para não ficar por baixo, inventou a lista das Mulheres Mais Bem Despidas do Ano. Dois anos depois, Jacinto mudou o nome para As Mais Elegantes do Ano. Aparecer entre as certinhas se tornou a ambição das vedetes da época.

A Revista do Lalau é o sétimo título lançado pela Agir. E uma oportunidade de conhecer a multiplicidade do inventor da família Ponte Preta, composta por Stanislaw, Tia Zulmira, Primo Altamirando e Rosamundo, moradores de um casarão suburbano na Boca do Mato. "Toda uma geração não o conhece", diz Ângela Porto. Uma das três filhas de Sérgio com Dirce, Ângela lembra que o sumiço das obras do pai nas livrarias começou a partir de meados dos anos 1970.

Ângela trabalhou na Fundação Casa de Rui Barbosa entre os anos 80 e 90. Doou um acervo com material variado, de cartas a textos de e sobre Sérgio Porto publicados na imprensa. "Somente um terço do que ele produziu foi publicado em livro", calcula Cláudia Mesquita. Para escrever De Copacabana a Boca do Mato, Cláudia teve de pesquisar no acervo. Como ela buscava o Sérgio por trás de Stanislaw, o arquivo era o lugar ideal, por reunir as crônicas dispersas. No lançamento da biografia, Ângela vai fazer doações inéditas: uma agenda telefônica e cartas escritas por Sérgio para a esposa e a mãe. É mais um passo para entender um homem que via a cultura como instrumento de solidariedade. Se Sérgio se resolveu com Stanislaw, agora é a posteridade que pode acertar contas com o jornalista carioca.

Frases

"Capitalismo é a exploração do homem pelo homem. Socialismo é o contrário"

''O que seria do doce de coco se não fosse o circunflexo?"

"Quanto menor o exército, maior o quepe do general"

"Política tem esta desvantagem, de vez em quando o sujeito vai preso, em nome da liberdade"

"Do jeito que a coisa vai, o terceiro sexo ainda acaba em primeiro"

TIA ZULMIRA E EU: Publicado em 1961, este livro apresenta o perfil e as histórias de Tia Zulmira, a matriarca da família Ponte Preta, à qual pertencem Primo Altamirando e Rosamundo, além de Stanislaw, que assina esta obra.

FEBEAPÁ 1, 2 e 3: O Festival de Besteira que Assola o País começou em 1966, e resultou em mais de 250 casos. Uma invenção de Stanislaw Ponte Preta para falar dos absurdos do Brasil, onde ignorância e brutalidade se misturam.

PRIMO ALTAMIRANDO E ELAS: Em 1962, Stanislaw reuniu as histórias do Primo Altamirando, parente abominável que foi expulso, aos 5 anos, do jardim de infância, por difamar São Francisco de Assis. O resto nem é bom imaginar.

ROSAMUNDO E OS OUTROS: Não há sujeito de presença tão ausente quanto Rosamundo das Mercês. Filho de Tia Zulmira com um bicheiro, ele nasceu após 10 meses de gestação. Essas histórias foram publicadas em 1963.

A CASA DEMOLIDA: As crônicas que mostram o talento literário de Sérgio Porto foram publicadas em 1958, com o título O Homem ao Lado. Feitos alguns ajustes, saiu A Casa Demolida em 63, textos arquitetados pela memória.

AS CARIOCAS: Em 1967, Sérgio Porto tentava se distinguir de Stanislaw. Esta é uma coletânea de seis novelas sobre mulheres cariocas, conhecidas pelo bairro onde vivem, como a Desinibida do Grajaú e a Desquitada da Tijuca.

A utopia de um melancólico

Para estudiosa, Sérgio Porto/Stanislaw foi pioneiro em sinalizar que Rio viraria "cidade partida"

Francisco Quinteiro Pires

Conta-se por aí que, no dia 29 de setembro de 1968, Sérgio Porto e Stanislaw Ponte Preta chegaram juntos ao céu. Ambos sofreram um infarto na mesma hora. Segundo se imagina, estando lá em cima eles puderam acertar as contas pendentes. Uma delas era a confusão corriqueira que se fazia com os dois: Sérgio e Stanislaw eram a mesma pessoa. Que grande equívoco! Quase 40 anos após sua morte, Sérgio Porto deixa como legado a ideia de que é possível apostar na imaginação e no humor como projetos humanistas. Ele é o criador de Stanislaw Ponte Preta, personagem do qual se tornou escravo por conta do sucesso.

Essa é a opinião da historiadora Cláudia Mesquita, autora da biografia De Copacabana a Boca do Mato: O Rio de Janeiro de Sérgio Porto e Stanislaw Ponte Preta (Edições Casa de Rui Barbosa, 332 págs., R$ 20), que será lançada na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio, hoje, às 17 horas. Cláudia participa de debate com Ângela Porto, uma das três filhas de Sérgio, a historiadora Isabel Lustosa e Paulo Roberto Pires, editor da Agir, que está relançando as obras do jornalista carioca. A Revista do Lalau, com textos inéditos e dispersos, chega às livrarias no fim deste mês.

Cláudia desenvolveu a tese de que, em vez de pseudônimo, Stanislaw é o heterônimo (por ter personalidade distinta) de Sérgio, com o qual sintetizou duas culturas, a da zona norte (Boca do Mato) com a da zona sul (Copacabana), e dois cariocas, o solar (o homem de praia) com o noir (o cronista da noite).

"Com o heterônimo, Sérgio Porto uniu uma cidade que começava a se tornar 'partida' pela modernização do Rio", diz Cláudia. A solidariedade, vencida pelo crescente egoísmo, deixou de ser prática cotidiana para se tornar utopia do passado. E objeto de idealização, fenômeno que permanece até hoje: os anos JK e o advento da bossa nova são lembrados como o momento exemplar de um país otimista e feliz. "Mas nem tudo era felicidade", ela diz. "Talvez a explicação para essa visão atual esteja na necessidade de se voltar ao passado para fugir do presente", arremata.

Quando Cláudia Mesquita diz que o Rio é um espaço dividido, ela se refere ao livro A Cidade Partida, do jornalista Zuenir Ventura. Durante 10 meses, ele frequentou a favela de Vigário Geral e acompanhou a mobilização da sociedade civil contra a violência, o que resultou no movimento Viva Rio. Asfalto e morro se encontravam para se aniquilar. Cláudia diz que a separação abissal entre zona sul e subúrbio, microcosmo do que ocorre em território nacional, começou com a transferência da capital para Brasília, em 1960, mesma época da criação da "cultura do carioquismo". "A mudança da capital provocou a vontade de criar uma identidade carioca, era uma compensação pela perda do status", ela explica.

Nos anos 1950, com a modernização da imprensa brasileira, os cronistas ganharam uma legitimidade inédita. "Sérgio Porto era o mais carioca dos cronistas." Mas a consolidação do carioquismo precisou de "estrangeiros": Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, (mineiros), Rubem Braga (capixaba), Nelson Rodrigues (pernambucano), entre outros.

Stanislaw Ponte Preta foi criado no Diário Carioca, em 1953, para substituir Jacinto de Thormes, um colunista social. A condição de Sérgio Porto era escrever com liberdade e sob um pseudônimo. "Achava que, acima de tudo, devia ser petulante para competir com os cronistas mundanos que, por mais importante que fosse a notícia a publicar, falavam de si mesmos antes de dar a notícia", ele explicou no prefácio de Tia Zulmira e Eu.

"Minha intenção era encontrar o Sérgio Porto por trás do Stanislaw Ponte Preta", diz Cláudia. E o que ela encontrou foi um homem lírico e nostálgico com a Copacabana onde morou a vida toda (na mesma rua e número, no 53 da Leopoldo Miguez), invadida pelos prédios com quitinetes e desbancada como bairro da moda pela "República de Ipanema". "Ele viu a modernização com angústia, com sentimento de perda." Assim ele se revelou em A Casa Demolida e As Cariocas, livros de crônicas.

De Sérgio Porto pode-se dizer o que Brás Cubas, personagem de Machado de Assis, disse sobre si mesmo: ele escreveu com a pena da galhofa e a tinta da melancolia. A posteridade, no entanto, está acostumada a prestar atenção somente à sua pena. Ou, para ser mais preciso, à sua Olivetti, máquina de escrever da qual tirava o olho só para pingar colírio, assim ele se referia ao excesso de trabalho, que aumentaria se não tivesse morrido, ao 45 anos, antes de o AI-5 ser instituído em dezembro de 1968. Stanislaw passou a esconder um homem cada vez mais triste e indignado com a ditadura militar, segundo Cláudia. E a boa notícia nessa história é que, depois, lá no além-mundo, Sérgio Porto promoveu outra conciliação, agora com o seu personagem. Um humanista, ele perdoou Stanislaw Ponte Preta, aquele por quem se deixou ''gostosamente destruir".

Fonte: O Estadão

sábado, 13 de setembro de 2008

Os Trezentos de Esparta (e leitura sobre a Bolívia)


Filme de 1962, baseado em fatos reais. 

Refeição Cultural


Refeição: leitura, filme, caminhada, música. E um bom bate-papo com meu amigo Deli.

Assisti ao filme sobre o espartano Leônidas e a Batalha das Termópilas contra os persas liderados pelo rei Xerxes. 

Não, não é o filme de 2007 com o galã Rodrigo Santoro. Assisti ao filme inglês Os trezentos de Esparta, de 1962, dirigido por Rudolph Maté. Gostei. Aprecio filmes mais antigos, quando as interpretações é que mandavam na qualidade e resultado final do filme.

Bom, terminado o filme, passei a tarde envolto em pilhas e pilhas de revistas, papéis e livros (eu simplesmente não tenho onde pôr tanta coisa no "apertamento" em que moro). A "fuçança" começou por eu procurar a revista da Superinteressante, n. 238 de abril de 2007, que falava sobre Esparta. Eu a encontrei horas depois.

À noite, tomando uma cervejinha, li a matéria sobre Esparta. Muito boa! Dentre algumas curiosidades, a revista afirmou que foram os espartanos os criadores da democracia grega e não os atenienses. 

O termo "lacônico" vem de Lacônia, região cuja capital era Esparta, e o significado da palavra equivale a falar o mínimo necessário.


OUTRAS LEITURAS

Que mais li?

Li o livro Bolívia - nas ruas e urnas contra o imperialismo, de Leonardo Wexell Severo, companheiro que trabalha na CUT nacional. 

O livro é de leitura fácil e agradável. Ele compilou uma série de matérias a respeito dos ataques da elite local contra o governo democrático e popular de Evo Morales - elite conservadora e fascista, mancomunada com o governo norte-americano (eterno construtor de golpes). 

(COMENTÁRIO POSTERIOR: No momento da postagem - 2008 -, o país viveu um ataque seríssimo à unidade nacional e houve mortos e Estado de Sítio)

É importante que os latino-americanos se informem e se organizem contra o imperialismo. Isso é sério! Nenhum de nós está livre desses golpes.

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OUTRAS REFEIÇÕES CULTURAIS

Em conversa com meu mestre e amigo Deli, dividi algumas angústias sobre os rumos da política, do movimento sindical; aonde já chegamos e aonde podemos chegar, e coisas do gênero. É bom partilhar momentos com sábios, para sorver um pouco de suas sabedorias.

Ouvi muita música new age. Era, Enya, Kitaro, Loreena McKennitt, Apocalyptica, El Bosco e Vangelis. Excelente pra relaxar!

Hora de dormir, pois amanhã madrugo para participar de uma corrida de rua de 8 km.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O intelectual deve combater estereótipos


Edward W. Said. Fonte: Wikipedia.

Refeição Cultural


"Uma das tarefas do intelectual reside no esforço em derrubar os estereótipos e as categorias redutoras que tanto limitam o pensamento humano e a comunicação"

Edward W. Said (do livro Representações do intelectual)


Entre meus alimentos culturais e suas digestões, tenho passado dias de má-digestão neste setembro de 2008. Não pela qualidade do alimento, que tem sido da melhor espécie, mas pelo sofrimento com a percepção da realidade, onde muitas vezes vejo que não concordo com decisões equivocadas dos grupos aos quais me filio na luta pela mudança da realidade, mas vejo que estou só, ou quase só.

Não aceito participar de uma eleição não-transparente porque simplesmente acabaríamos por validar um processo que pode não espelhar a verdadeira vontade dos votantes*. 

Bom, padeço com minhas decepções e sigo adiante...


LEITURAS: VERISSIMO E SARAMAGO

Li O mundo é bárbaro (2008), de Luis Fernando Verissimo. Ele é muito bom. Foi importante para mim a recomendação para lê-lo porque nos últimos anos criei um preconceito injustificado contra escritores e intelectuais que só descem o cacete no Governo Lula, na CUT e no PT. Mas como diz o intelectual Said, não posso fazer isso. Não está correto.

Acabei jogando todos no mesmo saco. Parti do princípio de que todos que escrevem nos veículos da grande mídia não prestam. Sei que estou errado.

O Verissimo é um caso claro disso. Ele sempre teve espaço na grande mídia e é um excelente escritor e cronista. Fala de todos o que acha que tem que falar. RECOMENDO!

Li Ensaio sobre a lucidez (2004), de José Saramago. Pela leitura feita, pude perceber o quanto o livro é bárbaro (sem trocadilho com o Verissimo! Bárbaro = fantástico).

Sigo tentando ser um intelectual e sobretudo um sábio, pois sou um ser com diversas lacunas culturais e ainda não-realizado. Não sou nada ainda, apesar de sempre sermos algo para alguém.


*Post Scriptum (2013):

Me referia à época a uma eleição em 2008 de uma entidade nacional de funcionários do Banco do Brasil - Anabb.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago


Imagem do filme

Ensaio sobre a cegueira – José Saramago

CLÁSSICO PORTUGUÊS de 1995

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” (livro dos conselhos)


Reli a obra de Saramago dias atrás principalmente pelo fato de Fernando Meirelles ter feito o filme baseado nela.

Sempre preferi a arte das Letras em relação às demais. Sempre apostei muito no efeito da leitura de alimentar a mente e a imaginação. A imagem na leitura é sempre a cria subjetiva e insubstituível do leitor.

Bom, quando li o Ensaio em 2003 fiquei impressionadíssimo. Poucos livros me abalaram tanto. Mas, como o mesmo leitor é sempre outro no dia de amanhã, resolvi relê-lo antes de assistir ao filme.

É impressionante! A releitura me deixou novamente tocado. Me peguei a todo instante olhando ao meu redor e imaginando por quê que as pessoas não veem!


Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem


Vejo o que estamos fazendo com o mundo, inquilinos que somos nele - como diz Luis Fernando Verissimo, e penso se teremos que ver “acordar a imunda e rastejante besta do pavor” alimentada pelo remorso tardio, como aconteceu ao ladrão do automóvel do primeiro cego.



(COMENTÁRIO em post scriptum 30.6.10: Acabei de ler a frase acima e fiquei muito tocado por ela. Estou nervoso neste instante e tenho receio que seja aquela besta ali acima... por tudo que foi e que não foi de minha vida)


Outra reflexão profunda que lembrou-me a nossa elite branca, conservadora como poucas no mundo (incluo aqui nossos principais banqueiros), é aquela percebida pelo médico cego ao ser destratado por um funcionário de um órgão que presta serviço público:


é desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade


As reflexões do narrador de Saramago e as falas de seus cegos dizem mais que qualquer comentário eventualmente feito por nós, leitores. É por isso que jamais uma crítica ou análise de uma obra substituirá a leitura da própria obra.

Vejam o caso Daniel Dantas, que parece ser intocável com sua rede de compras de consciência do Oiapoque ao Chuí. Ou dos banqueiros e capitalistas oligopolistas que fazem do mundo um Shopping Center onde o que vale é o poder de consumir e não essa “bobagem” de dividir riqueza com quem a produz e respeitar os direitos trabalhistas e humanos. Só reparando mesmo, assim que pudermos ver, é que faremos mudanças.

Deixo aqui algumas frases que nos lembram da nossa cegueira e a tentativa atroz de nos fazerem cegos como ocorre cotidianamente conosco, cidadãos eleitores e trabalhadores do mundo.


quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira


se queres ser cego, sê-lo-ás


o medo cega”, disse a rapariga dos óculos escuros, “são palavras certas, já éramos cegos no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuarmos cegos


alguns irão odiar-te por veres, não creias que a cegueira nos tornou melhores, Também não nos tornou piores


dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos


costuma-se até dizer que não há cegueiras, mas cegos, quando a experiência dos tempos não tem feito outra coisa que dizer-nos que não há cegos, mas cegueiras


Bom, estreia no Brasil esta semana o filme de Fernando Meirelles. Estou na expectativa de ser um bom filme. Se ele trouxer a catarse que o livro traz, já terá valido a pena para o público cinéfilo.


Comentários dizem que Saramago gostou da interpretação feita por Meirelles.

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Post Scriptum (pós filme): 


Achei o filme bem adaptado. Gostei!

Assim como a história pode nos deixar desiludidos com a natureza humana, ao mostrar em que podemos nos transformar, também nos abre a perspectiva de que podemos fazer as coisas diferentes. Acredito que podemos olhar, e olhando ver, e vendo, mudar.


Aqui, temos uma imagem do mestre Saramago, após assistir ao filme de Meirelles:



segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Thomas Mann e reflexões sobre tortura e assassinato estatal


Falando em idade média no post, vejam que
linda foto tirei desta igreja antiga no centro
de Florença, Itália, o berço do Renascimento.


Refeição Cultural

Li mais um capítulo de A Montanha Mágica, de Mann. Leitura extremamente densa. Se trata de um embate filosófico entre o humanista Settembrini e o jesuíta Naphta.

O embate discute vários temas como, por exemplo, a tortura enquanto instrumento oficial - legal - usado durante a idade média para obter a confissão em julgamentos, e também sobre a pena de morte. Os temas são bastante polêmicos.

Lembro-me que fui adepto dessa ideia de olho por olho, dente por dente, enquanto política de Estado e que mudei de opinião depois que entrei para o movimento sindical.

Quando fiz um artigo falando a respeito da pena de morte, li alguns argumentos do professor Hélio Bicudo que balizaram o que tenho como convicção hoje: o Estado não deve assassinar.

Ninguém pode tirar o meu direito pessoal e subjetivo de revidar e vingar, mas ao fazer isso terei que arcar com as penalidades legais impostas pela sociedade.

DA PENA DE MORTE AOS SEIOS DE DUÍLIA

Reli um conto de Aníbal Machado - Viagem aos seios de Duília. Fica a pergunta: é melhor guardar a imagem de um passado ou instante como saudosa lembrança ou é melhor arriscar-se a buscar um instante que não volta mais e também acabar com aquele alimento da ilusão saudosa?

Para aquele que tem no passado o alimento do prazer é de se pensar...

É isso!

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Post Scriptum:

O ódio que senti na última vez em que fui assaltado me fez regredir aos tempos de adolescência. Não melhorei muito, não. Se eu pudesse, teria matado aquele bando de ladrões que estava na passarela de trem da CPTM assaltando pobres e trabalhadores. Aqueles desgraçados não mereceriam viver. (09/12/09)

sábado, 6 de setembro de 2008

Pôr o coração naquilo que se faz


Não estive na Dublin de Joyce, mas veja que
bela foto tirei do centro de Florença - Itália/2009.

Refeição Cultural

Meu alimento recente foi baseado em sensações literárias e cinematográficas, com uma pequena pitada de música.

Reli mais alguns contos de Dublinenses, de James Joyce. Sua descrição do cotidiano dublinense do início do século XX é fria e crua (nua, diria). São hipocrisias; fuxicos; crendices opressoras; banalidades de todas as vidas comuns. É bem diferente!

Como assumo minhas lacunas gigantes (opressoras, confesso!) em relação à literatura mundial - incluindo a tupiniquim - acho que vou começar a ler um pouco mais as obras contemporâneas (tipo... de gente viva!).

Quase nada li de autores nacionais ou de língua portuguesa (quem vê, acha que leio coisa nova de outras línguas!). Na verdade, sinto uma falta pecaminosa por não ter lido os grandes autores da história da literatura, sociologia e filosofia. Em geral, leio coisas com cem anos ou mais de nascença.

Bom, resolvi e comprei o lançamento mais recente de Luis Fernando Verissimo: O Mundo é Bárbaro - e o que nós temos a ver com isso. A leitura foi feita em um fim de semana e o livro é bárbaro!

Assisti ao filme Arquivo X - Eu quero acreditar, de 2008. Tá certo que isso é coisa de fãs do seriado como eu, que colecionei todos os episódios dos nove anos da série. Gostei do filme! Manteve a linha que se esperava, penso eu.

Ouvi também uns videoclipes dos anos noventa e oitenta (os da minha época!). São as músicas que me trazem alguma sensação boa.

A digestão disso tudo me trouxe a necessidade cada vez maior de estar com meus pais e minha avó e apreciar mais cada segundo do tempo implacável. Aproveitá-lo mais. Percebê-lo mais.

Fazer as coisas com mais essência nelas. Cada momento é único.

Vi um programa com Anita Leocádia Prestes falando a respeito do pai Luís Carlos Prestes e de sua vida dedicada ao comunismo. Ele é um exemplo a se seguir. Que firmeza de propósito! Me fez pensar que é uma bobagem este lugar-comum de dizer que o envelhecimento torna as pessoas conservadoras e reacionárias.

É a pouca firmeza de propósito ou a falta de um compromisso verdadeiro com as mudanças sociais e melhoria de vida dos povos necessitados que faz os ex-militantes, ou militantes mais velhos, serem reacionários e menos aguerridos.

É preciso pôr o coração sempre em tudo o que fazemos!

É isso!


Post Scriptum:

Em minha releitura da postagem, corrigi a ortografia da palavra firmeza, que estava grafada como 'firmesa'. Se tivesse sido uma fala minha ao microfone, o problema do 'erro ortográfico' jamais teria acontecido... rsrsrs (09/12/09)


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Preenchendo lacunas culturais


Praça central em Florença - Itália.
Chegada pela estação de trem, em set/2009.
Ir a Florença foi preencher uma lacuna cultural.


Refeição Cultural

Na busca pelo conhecimento e pelo autoconhecimento, tenho dedicado alguns momentos a mim mesmo e ao que gosto como, por exemplo, ler e praticar esporte - mais especificamente correr.

Às vezes, ponho fé que na leitura acharei o que procuro. Quero acreditar que um dia lerei algo que me dará a chave para uma existência menos pesada, menos sofrida e com mais sentido, apesar de saber que não são bem assim que as coisas funcionam.

A erudição é acúmulo de informação. A sabedoria é saber utilizar o acúmulo de informação, de conhecimento. E a sabedoria não está somente nos livros. Está também na percepção do próprio desenrolar da existência de si mesmo e da existência das coisas em geral.

PREENCHENDO LACUNAS CULTURAIS EM 2008

Por estes dias, li vários contos do Dublinenses de James Joyce. Assisti esta semana ao filme Bloom, de 2003, baseado na obra Ulisses de Joyce também. Tenho o privilégio de dizer que já li ambos os livros.

Assisti, finalmente, ao famoso filme Carruagens de Fogo, de 1981. Nossa vida é toda cheia de lacunas culturais, a minha e a de todo mundo. Todos conhecem a famosa música da trilha sonora do filme. Eu precisei esperar 27 anos para assistir a ele. Não sei o porquê. Simplesmente não havia assistido ainda. O filme é belíssimo!

Tenho o hábito de ler várias coisas ao mesmo tempo. Passei hoje da página seiscentos de A montanha mágica de Thomas Mann.

Outro dia, reli alguns capítulos de A odisseia de Homero. Também reli Ensaio sobre a cegueira de José Saramago. Até hoje estou tocado pela releitura.

Quero criar o grupo que sempre pensei. Uma espécie de sociedade cultural com encontros periódicos para discutir música, leitura, artes, política, educação, saúde etc. O principal não será o tema debatido e sim a empatia, a afinidade, os laços criados entre o grupo.

Não pensei no nome, mas talvez seja este que bolei hoje: Refeição Cultural ou Refeitório Cultural.