sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

280220 - Diário e reflexões



"(23/fev/45) (...) Um pouco desse ar de renovação que percorre Grécia, Iugoslávia, Bélgica, França há de chegar até nós e perturbar a luta elementar entre os velhos caciques brasileiros, brigados entre si mas fiéis à mesma ideologia conservadora, hostil a todo progresso social, e implacável diante das reivindicações dos proletários e da classe média." (Carlos Drummond de Andrade, em O observador no escritório, 1985)

Há 75 anos Drummond descrevia de forma certeira a elite brasileira. Mino Carta descreve o Brasil e o povo brasileiro como coisas da Idade Média, no sentido pejorativo. Ele nos diz não haver povo similar no mundo em quesitos como ignorância e passividade frente aos abusos da elite e cita sempre a manutenção das relações entre a Casa Grande e a Senzala. Escravidão física e mental; eu diria até servidão voluntária.

Se eu tivesse morrido no início desta década, lá pelos anos de 2011 ou 2012, talvez tivesse morrido feliz, afirmação meio irracional porque morrer é algo triste e não feliz, mas afirmação possível porque o cenário brasileiro naquela época era de um país promissor, de um povo feliz, de ascensão das classes sociais e avanços em pontos importantes da vida em sociedade. Foi o melhor momento do Brasil para o povo brasileiro em geral.

Daí vieram as rupturas organizadas pela Casa Grande em parceria com o grande capital internacional sediado nos Estados Unidos da América. Lixos humanos nascidos no Brasil traíram nossa pátria a troco de trinta moedas e de uma suposta fama momentânea e o país mergulhou numa tragédia sem fim e destruição de toda a sua civilidade e cidadania. Dou razão a Mino Carta e vejo um mundo medieval ao nosso redor.

Se eu morrer hoje morrerei com uma infelicidade profunda. Não quero morrer assim. Mesmo sabendo que com a morte cessa tudo, seria muito triste morrer vendo a vitória dos traidores da pátria e do povo ao qual pertenço. Esses desgraçados transformaram tudo em cinzas, mentiras, desesperanças e desfaçatez. As ferramentas dos inimigos do povo foram as clássicas: a manipulação pelos meios comunicacionais, o ódio, a violência, o medo e a manipulação religiosa.

A gente sofre ao ver nossos jovens sem amor à vida, sem esperanças. A gente sofre ao ver tudo o que ajudamos a construir em décadas de lutas coletivas sendo desfeito a canetadas. A gente sofre vendo bandidos nos poderes e gozando da nossa cara e da nossa gente (gente ignorante, mas nossa gente). A gente sofre e o corpo da gente está sentindo o sofrimento. Temos que resistir. O corpo tem que aguentar firme.

Se depender de mim, não me deixarei morrer enquanto os inimigos estiverem por aqui destruindo o nosso mundo. Eu não me deixo morrer. É preciso se manter em pé. Se fortalecer em corpo e mente. Estar vivo. Até o momento de ver os inimigos morrerem. Esses desgraçados são mortais como a gente.

William

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Sós




"Ninguém solta a mão de ninguém"? A verdade é que estamos sós e vulneráveis!

A verdade é que estamos sós, estamos indefesos, estamos vulneráveis, não usamos armas e o cenário político sinaliza que o golpe de 2016 permitiu a destruição do Brasil para sempre (nada será como antes). E estamos sob controle de forças externas também.

O crime organizado chegou ao poder e é detentor da repressão estatal. A violência vai explodir, o país não vai se recuperar e todos vão sofrer mais do que já sofrem. Haverá muita morte e violência, principalmente contra nós, povão, mas também contra desafetos da casta no poder (ninguém vai te defender do "guarda da esquina"). Não haverá justiça. Nem saída institucional.

Esta terra caminha para ser uma ditadura totalitária de direita, com paramilitares, milícias, cartéis, forças repressivas e bandidagem tudo junto e misturado e dentro do Estado, respondendo ao mando de algumas famílias e sujeitos e suas corporações (uma espécie de colombianização).

Repito: estamos sós e não temos defesa contra a violência que virá. O caos será o cotidiano. Não vejo chances de reação e resistência dos movimentos progressistas e democráticos porque o ódio e a intolerância nos tomaram a todos. Sem chances de unidade entre nós do "campo popular".

É bom pensarmos formas de sobrevivermos a tudo o que virá (vai ser foda, porque não adianta por camisa de super-herói e nem achar que somos rambos ou Mad Max).

Poucos jornalistas e articulistas têm isso claro, mas destaco Nassif como um exemplo de profissional que faz boas leituras de cenário. Ele vem alertando diariamente que o Brasil caminha num caminho sem volta.

Ninguém solta a mão de ninguém? Já faz um tempo que vejo no mundo político em que atuei por duas décadas que basta alguém não concordar com a cor da roupa que o outro usa, basta não dizer amém para uma proposta qualquer, que as rupturas avançam onde deveria haver "unidade".

Estamos sós... essa é a verdade! E o que vem por aí pode ser um horror. Venceu a vaidade, venceu o ódio, venceu o egocentrismo. Venceu a ignorância (a do não saber e a da explosão à toa). Perdemos os humanos, perdemos!

É foda! A gente escreve nessas merdas de redes sociais e internet e só se fragiliza com isso, alimenta os inimigos, as máquinas e robôs que manipulam nossas informações para ampliar o caos contra nós mesmos.

Que merda! Estamos sós, por isso que facilitamos a vida dos inimigos do povo publicizando nossas fragilidades nas ferramentas deles - nossos perfis são concessões das empresas planetárias que dominaram o mundo. Além de usarem nossos dados, ainda nos invisibilizam a hora que quiserem.

Estamos sós como sempre estivemos. Desde criança e adolescente estávamos sós, mas não confessávamos isso em público como hoje, quando escrevemos isso em máquinas que catalogam a informação de estarmos sós e à mercê dos inimigos do povo, os donos das ferramentas e dos meios de produção e exploração. Aliás, sabem o metro quadrado em que estamos no planeta.

Chega de confissão para estas máquinas! Estamos sós, mas estamos vivos e não concordamos com o rumo das coisas no mundo.

William


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Se existir incomoda, já fazemos resistência!



Essa flor existiu enquanto alguém cuidou dela. Estaria
por aí se recebesse atenção. Tudo depende de tudo.

Faz tempo que penso se devo sumir ou não dos espaços em que vivi por décadas. Hoje mesmo, fiquei com o coração apertado decidindo se iria ou não a uma reunião mensal do conselho de usuários da entidade de saúde à qual pertenço como associado. É um fórum de voluntariado que ajudei muito a fortalecer por anos de atuação. Decidi não ir, ainda não. Autocensura?

Assim como algumas pessoas preocupadas com o país, com o povo, com as instituições que deveriam regrar a convivência social, pessoas preocupadas com algo além de si mesmas, eu tenho sofrido e estado amargurado ao vivenciar dia a dia a escalada exitosa do novo regime autoritário que se instalou no país com o apoio de muita gente e de muitas instituições que deveriam se envergonhar disso. Não se envergonham. Se eram apenas amorais, agora são imorais.

Um dos objetivos dos regimes autoritários e totalitários, dê o nome que quiser a eles, é ser total, é não ter dissonância, não ter oposição a eles, não haver divergência alguma ao que vier de cima ou do centro, como uma onda, que começa em um ponto e se expande. O novo regime está avançando com rapidez incrível. Tem o silêncio dos imorais e amorais. Tem uma baixa resistência daqueles que, em tese, se oporiam. E vem conseguindo impor uma das ferramentas mais eficazes de regimes assim: a autocensura.

Se nós que nos opomos às ideias dos que estão nos poderes institucionais, nas estruturas formais, nas nascentes dos mandos hegemônicos, se nós nos calarmos, nos autocensurarmos, deixarmos de lado o que fazem, em nome de qualquer coisa, por cansaço, por medo, por egoísmo, por qualquer motivo, se a autocensura vencer, vencem eles. Esse é o perigo. 

Até quando se calar por pensar diferente é contribuir para a "paz" ou para a "luta"? Até quando transformar em inimigo quem pensa diferente é contribuir para a "luta" ou para a "paz"?

Nada é simples. O novo regime testa os limites legais e morais todos os dias desde que a oportunidade apareceu em nível nacional, com o PSDB de Aécio e FHC questionando o resultado das eleições em 2014. 

Poderia pontuar os testes dos limites mais pra trás ou mais pra frente. As fake news da atualidade, por exemplo, não foram criadas por esses lixos do novo regime; foram criadas pelos veículos da velha mídia (PIG), Globo e Veja à frente, desde que o povo elegeu o Partido dos Trabalhadores à Presidência da República.

Os limites foram testados em 16 de abril de 2016, quando um torturador da ditadura civil-militar foi citado e enaltecido em uma sessão do Congresso Nacional (impeachment sem crime de Dilma Rousseff) por um lixo humano que depois chegaria ao maior cargo político do país, por fraude, mas chegaria e com apoio dos amorais e imorais. Os "isentões".

Nada é simples. Aqueles que têm formação política como a minha, que aprenderam política dentro do movimento sindical cutista e muitos conciliaram a formação sindical com a formação partidária, em partidos como o PT e o PCdoB, têm muita dificuldade em entender que o momento não permite mais utilizar as mesmas estratégias e táticas que nos serviram por décadas, mobilizando, negociando e construindo acordos com a casa grande e o patronato, sem que eles perdessem algo. Acabaram as conciliações. Eles querem nos eliminar para sempre. E nós não entendemos isso ainda (ou fazemos de conta).

Nada é simples. Mas se nada for feito, não haverá mais dissonância. Não haverá divergência. Não haverá oposição alguma. Haverá silêncio. Podemos dizer até que haverá paz, a paz dos cemitérios. As coisas serão monocromáticas, talvez tudo cinza. A paz será imposta pelo autoritarismo e totalitarismo dos poucos que dominaram tudo.

Temos que fazer alguma coisa. Temos que usar a inteligência para pensarmos saídas. Mas não achamos ainda. Temos que bater na sala da inteligência - toc-toc - e pedir auxílio. Temos que existir enquanto não achamos saídas. 

A questão é como existir sem se autocensurar? Nossa existência incomoda, mas só se incomodarmos. Me lembro que meu lema durante 16 anos de mandatos eletivos era: Incomodo, logo existo! Fiz um esforço grande para fazer isso, principalmente com o patronato. Acho que incomodei bastante (rsrs).

Não sei como, ainda, mas temos que existir, resistir, incomodar.

Todo apoio á greve dos petroleiros! Isso é uma demonstração de amor à pátria e ao povo brasileiro! Sigam incomodando, petroleiros!


Diário de quem incomodou por muito tempo, e que entende que contribuiu para o bem coletivo durante o tempo em que organizou, negociou e acordou quando era possível acordar.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A humanidade tá foda, mas sós não somos nada



Post Scriptum: Flores, por que não incrementar o post com
elas? A vida fica mais bela com flores. Não estão sozinhas.

Por algum motivo, ao ler sobre a história dos povos maias, os quichés, no livro Popol Vuh, fiquei divagando alguns instantes sobre a vida humana. Na história desses povos, os deuses criaram os homens para adorarem e lembrarem os deuses.

Os deuses criaram as terras e animais e plantas para adorarem a eles e se frustraram porque não foram adorados. Depois fizeram homens de barro para serem adorados e também não deu certo. Depois fizeram homens de madeira. Falharam de novo. Por fim, fizeram homens de milho. 

Depois vieram os espanhóis e acabaram com tudo da mesma forma impiedosa que os deuses fizeram através dos dilúvios e catástrofes.

Adorar deuses. Sempre o motivo da vida deve ser adorar deuses, adorar homens, adorar coisas, adorar a si mesmos, adorar adorar algo.

Pensei sobre a linguagem humana e as línguas, pensei sobre as histórias das civilizações. Pensei sobre nossas histórias.

Aí olhei o material de anotações que tinha na mão, uma agenda antiga com fotos e com textos incrementando o produto vendido a mim por uma organização de esquerda. Li nela um poema do Ferreira Gullar que me fez divagar mais ainda. O eu lírico falava de solidão e de conhecer muitas coisas, menos a si mesmo.

Fiquei rabiscando nas páginas da agenda palavras que expressavam o que me vinha nas ideias. Algo sobre não sermos nada sozinhos, não sermos nada sozinhos, não sermos nada sozinhos.

Pensei no jovem que deixou a família no final dos anos oitenta e saiu caminhando sozinho por lugares inóspitos dos Estados Unidos como o deserto do Arizona e depois foi parar no Alasca, onde faleceu sozinho após escrever que "happiness only real when shared".

Me lembrei de passagens da vida, aventuras que vivi. Coisas legais que fiz. Momentos que marcaram. Em nenhuma das passagens eu estava sozinho.

Nos momentos em que estava sozinho, em várias fases da vida, pensei merda, pensei escapes, pensei a morte. Não somos nada sozinhos.

Nos rabiscos que fiquei fazendo nas páginas da agenda antiga, comecei vendo a vida dos povos maias, depois lembrei da minha vida e terminei pensando no contexto atual de solidão em relação ao mal que tomou conta do meu mundo, do mundo de todos nós. 

Os chacais, as hienas e coiotes tomaram conta da savana-mundo e nós estamos como as reses apartadas para o abate. Estamos sozinhos. Os predadores estão em bando, brigam entre si pela caça; o fato é que estão em bandos e nós, sozinhos ou em cercados, discutindo o sexo dos anjos.

E os carniceiros e predadores ainda nos apartam, nos amedrontam, nos devoram em nome de uma entidade inventada pelos animais humanos, um deus. Tudo em nome de deus. E do filho de deus. E da família (deles).

Que coisa chocante! Contava a lenda que os animais humanos eram seres racionais. A minoria da espécie humana se apoderou da maioria da sua espécie. Não somos nada sozinhos.

Somos todos mortais. Pelo menos isso! Inclusive a minoria opressora.


Diário daquele que só, vê que só não é nada, mas sendo mortal, lembra que os opressores também são mortais.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Fim da esquerda? Fim da história pra nós? Não!




OPINIÃO

O artigo "Como a esquerda brasileira morreu" do filósofo e professor Vladimir Safatle causou nesta semana algum tipo de incômodo nas cabeças pensantes, por concordarem ou por discordarem dele.

Em seguida, o cartunista e professor Gilberto Maringoni fez um artigo em resposta à reflexão de Safatle, ou motivado pelos apontamentos do filósofo. Maringoni disse que "Sem querer, Safatle converge para o caminho de Lula".

Os dois artigos me incomodaram também. Acredito que as reflexões e provocações de Safatle e Maringoni tenham mexido com os brios de algumas lideranças da esquerda brasileira. Enquanto atuava no movimento sindical como dirigente, eu me atrevia a escrever e pautar no seio da categoria à qual pertencia debates como esse apresentado pelos articulistas, de uma suposta morte ou não da esquerda. 

No momento, não tenho competência para fazer um bom debate com os articulistas e com as lideranças da esquerda brasileira porque estou afastado do dia a dia do movimento organizado (ou que deveria ser organizado) e porque não estou em contato com a base dos trabalhadores, como fiz por 16 anos.

O que posso dizer então, já que estou incomodado com as provocações dos articulistas e também com a pouca resistência que a esquerda tem apresentado à destruição total dos direitos dos povos e do país que amamos? Talvez eu possa compartilhar experiências que vivi e inferências sobre o atual cenário, que vejo de forma atomizada no sofrido recolhimento em que me encontro.

O QUE APRENDI FAZENDO QUANDO ME PEGUEI REPRESENTANTE ELEITO PELOS TRABALHADORES?

A primeira coisa que me incomodou no artigo do Safatle foi sentir uma espécie de conformismo no diagnóstico que ele faz. Então não teria mais jeito de mudar as coisas. O Maringoni critica essa espécie de conformismo do Safatle, aproveitando para cutucar o petismo e o lulismo, coisa básica para ele. 

No entanto, ao ler o Maringoni achei que ele iria apontar alguma coisa a se tentar. Não, ele só faz o diagnóstico também. Isso é clássico no nosso espaço da esquerda. Todo mundo é ótimo em diagnósticos, em tese, e pouco eficaz nas proposições para mudar os cenários diagnosticados. Os intelectuais de esquerda são assim e as oposições internas no movimento sindical, estudantil e partidário são assim também (via de regra, é claro! Sempre há exceções).

Aos intelectuais da esquerda ou do campo progressista fica o papel de apontar saídas teóricas muito interessantes, construídas a partir de estudos profundos e seculares. As utopias nos inspiram muito para seguir caminhando, mesmo quando não há caminhos. Apontam a direção e saímos caminhando.

As forças políticas atuantes nos movimentos sociais organizados se dividem basicamente em dois grupos, os que estão nas estruturas do movimento e os que querem entrar nas estruturas do movimento, se colocando como oposições às situações. Apesar de essa condição de disputa de ideias ser revigorante para o próprio campo democrático, em geral o foco fica nessa disputa interna do movimento e os patrões se dão bem com isso. Esse fato é clássico e histórico. A eleição da Cassi em 2018 é um exemplo claro disso. As esquerdas se dividiram em 3 chapas com propostas semelhantes e dizem que a direita ganhou a eleição com apoio do patrão.

Vejam só, o que fiz até aqui foi o mesmo que o Safatle e o Maringoni, sem a competência teórica deles e sem me alongar no conteúdo do artigo, mas só fiz diagnóstico até aqui. É a lógica do ditado popular que diz que o uso do cachimbo faz a boca torta... afinal, foram 16 anos no movimento exercitando o bom debate de ideias, fazendo diagnósticos e... que mais? Foram 16 anos fazendo propostas e tentando fazer da prática o critério da verdade, tendo como base os princípios da esquerda.

A ESQUERDA NÃO MORREU PORQUE A EXPLORAÇÃO HUMANA NÃO ACABOU E AS INJUSTIÇAS ESTÃO AÍ PARA NOS REVOLTAR E NOS INSTIGAR A FAZER ALGO A RESPEITO

Como disse acima, não me encontro em condições de fazer proposições ou mesmo diagnósticos das condições reais das bases sociais da classe trabalhadora porque não estou percorrendo a base e não estou conversando com as categorias e suas representações.

Afirmo pela experiência que acumulei nas diversas funções que exerci enquanto representante da classe trabalhadora que nada é impossível para o ser humano. Com firmeza nos propósitos e flexibilidade nas táticas se vai longe! Se constrói inclusive unidade de classe.

Nada é impossível! Por isso que os sonhos são válidos, as utopias são necessárias, as nossas crenças em um mundo melhor, nossos desejos por mais direitos para a classe trabalhadora, mais amor, igualdade, mais solidariedade... vale até o desejo de fim da exploração humana pelo modo de produção capitalista.

Quando cheguei à diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, eleito em 2002, companheiros e companheiras compartilharam conosco suas experiências e ensinamentos. As estratégias e táticas para organizar a categoria, as concepções e práticas sindicais, as utopias e as dificuldades para alcançá-las.

Fazer o trabalho de base como premissa para ser um bom representante foi uma das lições que mais valeram em minha vida. Estudar e formular políticas e escrever foi outra lição que levei adiante. Por fim, acreditar na luta, nas mudanças e não desistir fácil por encontrar barreiras burocráticas ou "desmotivantes" foi outro ensinamento que carreguei comigo até o último dia de representação em 31 de maio de 2018, quando terminei o mandato na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil.

O "IMPOSSÍVEL" NÃO EXISTE

Se eu fosse escrever sobre tudo que me disseram que era impossível, que não teria trânsito nas negociações coletivas, que não daria para mudar nos espaços em que estive atuando, daria para fazer uma lista enorme de coisas. Juro pra vocês!

- Aumentar em 70% a bolsa dos estagiários do BB (aumentamos nas negociações de 2013 e beneficiamos mais de 10 mil jovens estudantes); 

- Estabelecer uma nova tabela de Plano de Cargos e Salários (Tabela de Mérito em 2010) quando o banco já havia destruído a anterior de 12% e 16% de interstício em 1996 (PCS). Hoje, todos têm claro a importância da somatória das duas tabelas - PCS e Mérito - para garantir salários fixos quando se perde a comissão; 

- Aplicar reajuste sobre os VR (Valor de Referência) das funções comissionadas que passou anos sem reajustes no BB até unificarmos as campanhas salariais com os bancos privados (VR agora atacado pelo novo regime de Bolsonaro e Guedes); 

- O BB e o governo aceitar (por greve gigante em 2003) estabelecer novos limites de gastos de distribuição de PLR, dobrar o valor que antes era de no máximo 6,25% e chegou a 11% ou 12% e com regras da categoria sem excluir milhares de bancários (ACT BB/Contraf-CUT);

- O patrocinador BB colocar bilhões de reais no Plano de Saúde dos funcionários (Cassi) quando a direção sempre afirmava que não colocaria um centavo a mais desde o início dos anos dois mil (o grau de conquista financeira e perdas ou não de direitos varia de acordo com a mobilização da base, a conjuntura política e a unidade das forças do movimento); 

- Voltar a contratar trabalhadores por concurso, mais de 50 mil com direitos trabalhistas + Cassi + Previ, quando o BB já estava sucateado com apenas 70 mil (entre 1995-98) e sendo preparado para a privatização nos governos tucanos dos anos noventa; 

Eu poderia citar dezenas de lutas que pareciam impossíveis e que os bancários do BB fizeram e obtiveram conquistas coletivas.

Safatle e Maringoni abordam em seus artigos, cada um a sua maneira, que é muito ruim a esquerda chegar ou estar no poder e simplesmente não propor nada diferente do que a direita e os neoliberais propõem. Pelo contrário, fazerem exatamente a mesma coisa, seguir a cartilha neoliberal, fazer as reformas contra a classe trabalhadora e contra o povo. 

Eles estão certos na crítica!

ESQUERDA NÃO PODE FAZER O MESMO QUE A DIREITA

Quando cheguei como diretor de saúde à Cassi, havia um conjunto de questões dadas como inexoráveis, "verdades" absolutas e que eram daquele jeito porque eram daquele jeito. E ainda diziam que eram coisas "técnicas". Como eu era negociador nacional, cansei de ouvir da direção do Banco que eles não colocariam um centavo a mais na Cassi, isso antes de 2014. Avaliamos com respeito essas "posições patronais", mas com desconfiança. 

Com firmeza nos propósitos e flexibilidade nas táticas começamos a atuar de forma diferente, mais condizente com as premissas que sempre defendemos enquanto representantes de classe. 

E não atuamos sozinhos, procuramos o movimento sindical já em 2014 e demais entidades associativas para organizar calendário e luta nacional em defesa da Cassi e da saúde dos trabalhadores da ativa e aposentados do BB.

CASSI (2014-2017)

Diziam que o modelo assistencial era bonitinho na teoria, mas não funcionava na prática. A Atenção Primária (APS) e a Estratégia Saúde da Família (ESF) eram desacreditadas até por parte da direção do BB, da Cassi e de lideranças do movimento. Que o modelo de custeio solidário era inviável. Que as unidades de atendimento CliniCassi, base do modelo APS/ESF, eram caras, ineficientes e não serviam pra nada. Que os programas de saúde, base de nosso modelo assistencial, eram desnecessários, caros e privilégios. 

Diziam que a nossa Cassi era "inchada" e ineficiente e gastava demais com sua estrutura. Parte da burocracia não gostava nem um pouco de precisar se reportar à base social como, por exemplo, os conselhos de usuários e as entidades sindicais e associativas (considerados quase como "estorvos" e inimigos que só "enchiam o saco"). A Cassi era uma desconhecida de seus usuários, de seus gestores e do conjunto dos envolvidos no sistema.

O que fizemos? Um planejamento estratégico com os diagnósticos, cenários possíveis, pontos fortes e pontos frágeis e definimos estratégias para os 4 anos de gestão. E cumprimos as linhas gerais.

- Construímos unidade entre as representações e dizer não à quebra da solidariedade foi consenso e outras formas de entradas de recursos foram definidas para aquele período (o Memorando de Entendimentos trouxe mais de 1,5 bilhão sem afetar direitos sociais); 

- Ampliamos a participação social mesmo sem recursos disponíveis. Nosso mandato na diretoria de saúde foi praticamente exercido sem orçamento administrativo. Nos viramos para fazer o que tinha que ser feito, inclusive pedindo apoio financeiro e material de entidades e com recursos próprios;

- Ampliamos a cobertura do modelo APS/ESF em mais de 20 mil vidas e a Cassi passou a ser referência para a ANS e o setor de saúde em relação ao modelo assistencial (mesmo tendo problemas econômico-financeiros motivados por subfinanciamento e pela inflação do setor);

- Explicamos o quanto a Cassi tem estrutura de saúde e administrativa eficiente comparada a todas as demais empresas no setor de saúde - as CliniCassi, as Unidades e as Centrais são de baixo custo administrativo e geram economia na despesa assistencial. A Cassi chega a ter 3 pontos a menos de despesa adm. comparada com demais operadoras do setor: autogestões, medicinas de grupo e cooperativas médicas. Setor 9,5% e Cassi 6,4% (Visão Cassi, índice de eficiência operacional 3T/19); 

- Comprovamos a eficiência do modelo assistencial através de estudos nunca feitos na Cassi e que mostram que pessoas cuidadas e vinculadas ao modelo assistencial APS/ESF têm despesas assistenciais menores em até 40% conforme o segmento estudado, mesmo o dos idosos e mais agravados, em relação às pessoas não vinculadas ao modelo; 

- Realizamos mais de 50 conferências de saúde e fizemos 170 agendas presenciais para prestar contas (entre 5/6/14 a 16/5/18, agendas públicas), para explicar o que é a Cassi e envolver os associados nas lutas pela saúde. 

Enfim, como disse a vocês, neste momento de crises na esquerda e nos movimentos sociais, eu só posso contribuir falando de experiências reais que tivemos, e reafirmo que quando se acredita nos propósitos, tudo é possível!

PETROLEIROS, BANCOS PÚBLICOS E SETORES MAIS ORGANIZADOS SE MOVIMENTAM, AS ESPERANÇAS DE LUTA SE RENOVAM

Como dissemos no início dessas reflexões, a esquerda não morreu porque os princípios e motivos que movem as lutas das esquerdas estão todos aí, escancarados e machucando cada um de nós. 

A afronta aos princípios da esquerda estão aí. A exploração insuportável da classe trabalhadora, a destruição massiva de todos os nossos direitos básicos, a forma descarada com que os golpistas capitalistas nos humilham todos os dias - não preciso enumerar o que o novo regime pensa de nós: somos parasitas, somos um ônus insuportável para os patrões no Brasil, e absurdos do gênero.

Os petroleiros estão realizando uma greve nacional histórica, lutando pela dignidade, pelos seus direitos e por nosso patrimônio público. Os bancários dos bancos públicos federais vêm realizando dias de mobilização e luta devido à privatização em andamento.

Não existe o impossível! As lideranças de esquerda precisam ampliar o chamamento para a luta, precisam se unir e construir as plataformas unitárias. Insistir com os trabalhadores e colocar o povo na rua.

Trabalhadores, rebelem-se! Digam basta à injustiça! Façam algo diferente da direita manipuladora e egoísta! Solidariedade de classe é preciso!

Aposentad@s do BB, das demais empresas públicas e estatais, aposentad@s da previdência, não há saídas a não ser nos juntarmos às lutas gerais da classe trabalhadora! 

Tod@s vamos perder o que temos, o que conquistamos ao longo de uma vida de trabalho e lutas se não nos unirmos e lutarmos juntos!

William Mendes
Cidadão da comunidade BB

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

PT 40 anos - Parabéns e obrigado!



Com Luiza Erundina e Willame em out/2018, 
no Largo da Batata, na campanha por Haddad.
Erundina foi meu primeiro voto no PT.

Eu era adolescente quando voltei para São Paulo em 1987. Tinha mudado para Minas Gerais com dez anos de idade, em 1980. Meus pais ficaram em Uberlândia e vim tentar a vida na megalópole paulista. Primeiro morei com minha avó e primos e depois em república, até que comecei a morar sozinho em casas de quarto e cozinha em fundos de quintais.

Eu havia sido trabalhador braçal em Uberlândia e quando cheguei a São Paulo trabalhei em diversos subempregos. Me lembro que quando fui ajudante geral em um depósito de palmitos tinha muita dificuldade para chegar ao trabalho, na Barra Funda, porque os ônibus eram muito lotados e não conseguia entrar neles quando passavam na região em que morava no Rio Pequeno, Butantã. Eles nem paravam nos pontos. Essa lembrança deve ser ainda de 1987, quando cheguei a São Paulo e trabalhei com meu tio.

Quando conseguia pegar os ônibus de manhã era porque o farol de trânsito fechava e a gente corria atrás do ônibus e se pendurava nas portas, no pára-choque ou onde fosse possível. Às vezes, morria alguém porque caía ou batia em postes ou outras coisas. Andar em transporte público já era assim nos anos oitenta. Depois trabalhei em outros lugares e a dificuldade era sempre a mesma. 

Por que estou falando sobre essa questão marcante da minha dificuldade em pegar ônibus para trabalhar naquela época? Porque a Luiza Erundina foi o meu primeiro voto e nunca me esqueço que após o PT assumir a prefeitura de São Paulo, os trabalhadores começaram a ver as coisas melhorarem no seu cotidiano como, por exemplo, o transporte público. Eu já havia mudado de emprego quando Erundina assumiu em 1989, eu era bancário do Unibanco e trabalhava na Raposo Tavares, mas nunca esqueci de minha gratidão por um mandato que pensava na gente, no povo.

Sempre que penso na minha vida de trabalhador, que trabalhou na infância, na adolescência, na fase adulta, e que trabalhou muitos anos sem carteira assinada antes de entrar por concurso público no Banco do Brasil, penso na importância do Partido dos Trabalhadores na vida das pessoas comuns como nós que vivemos de vender nossa força de trabalho e que só tivemos uma folguinha na vida quando trabalhávamos de carteira assinada com direito a férias remuneradas de 30 dias, 13º salário, FGTS e multa de 40% quando éramos demitidos sem motivo, vale-transporte e outros direitos que viríamos a ter com a Constituição Federal de 1988 e com os governos do PT após a eleição de Lula à Presidência da República em 2002.

Eu comecei a votar no PT assim que tirei meu título de eleitor a partir de uma lógica que eu tinha na minha cabeça de jovem, porque eu ainda não era politizado na época. Eu era trabalhador, só me lascava sendo explorado por quem tinha dinheiro e poder, e eu tinha claro que trabalhador tinha que votar no Partido dos Trabalhadores. Assim fiz a minha vida toda. Por mais que o PT tenha cometido erros, além dos diversos acertos que mudaram para melhor a vida do povo em suas gestões locais e na Presidência da República, sei que fiz a coisa certa.

Se hoje meu pensamento e postura política são muito mais críticos ao PT e aos demais partidos de esquerda que temos no Brasil, e minha visão é fruto de uma vida de militância sindical de alguém que ajudou a construir a Central Única dos Trabalhadores por duas décadas, isso não me impede de ser grato ao maior partido de esquerda da América Latina por tudo que já fez e que pode fazer ainda pelo povo trabalhador brasileiro e sul-americano.

Obrigado PT por tudo que você fez por nós povo brasileiro. Meus parabéns e desejo de coração que as lideranças e a militância encontrem o caminho que nos leve novamente a ter esperanças de dias melhores para o conjunto da sociedade, principalmente para aqueles e aquelas que tanto necessitam do Estado e da Política para terem uma vida melhor e mais justa.

William Mendes
Cidadão

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Leitura: Historia de una mujer... Margo Glantz





Refeição Cultural

A leitura dessa obra da escritora mexicana Margo Glantz se dá no contexto de estudos de graduação em Letras da Universidade de São Paulo. 

Meu contato com a obra de Glantz se deu através da disciplina "Poéticas de autor en la Literatura Hispanoamericana", com a Professora Adriana Kanzepolsky, que definiu a temática e a autora para estudos durante o semestre.

O primeiro texto que lemos e discutimos em sala de aula foi "Zapatos: andante con variaciones", contido neste livro "Historia de una mujer que caminó por la vida con zapatos de diseñador" (2005).

Uma experiência interessante em relação a essa narrativa foi ouvir a própria autora lendo o texto, pois o áudio está disponível na internet. 

Glantz está dentro de um espectro de autores contemporâneos classificados como autores de literaturas não-específicas em relação a gêneros literários mais tradicionais. É possível identificar vários tipos de linguagens discursivas em sua obra.

Ao ouvir pela segunda vez o áudio narrado por ela, percebi um pouco da característica de Glantz de sempre reler e refazer seus textos. A edição que ela leu no áudio tem diferenças e fragmentos inteiros incluídos na narrativa em relação ao texto que tenho em mãos - Editorial Anagrama. Barcelona, edição de 2005.

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Apresentação do livro por parte da Anagrama Editorial, na parte de catálogo das obras:


"Historia de una mujer que caminó por la vida con zapatos de diseñador

Glantz, Margo

Todo acto de escritura es un acto de destrucción, y todo escritor se destruye a sí mismo al cortar paño sobre su propio traje en el acto mismo de la autobiografía. Pero ¿se tratará en verdad de una autobiografía? Nora García, la protagonista de esta Historia, es una mujer que experimenta el mundo a través de su cuerpo, es más, se conecta con él desde la punta de los pies, y si éstos van calzados con zapatos de diseñador, el camino por andar se vuelve menos arduo. El lenguaje es, quizá, otra de las vertientes de esta Historia, una exploración de las palabras que se comportan como un cuerpo femenino degradado. El cuerpo de Nora García es un cuerpo azotado, desecado (la narradora ha experimentado desde su cuerpo el mundo entero) al que se puede doblegar, vaciar, aniquilar, dejarlo listo para una cocina del texto, palabras desplumadas o destripadas como si fueran aves o bestias. La memoria se convierte en una farsa, «cae» en la farsa, en la de fragmentación del cuerpo y de la de la experiencia que posibilita destruir no sólo la historia de Nora García, sino los signos de una existencia previamente delineada, donde sólo los zapatos conectan con la realidad."

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A postagem segue depois com anotações de aulas e ou excertos e destaques de algumas das narrativas do livro.

(...)

Compartilhar ou não o que se aprende?




Refeição Cultural

Ao refletir sobre o ato de escrever e publicar textos no blog e em redes sociais no atual contexto em que não sou mais representante eleito pela classe trabalhadora tem prevalecido o entendimento pessoal, talvez equivocado, que só valeria a pena produzir algo que fosse relativamente novo e "útil" para disponibilizar para as pessoas que buscam informação e conhecimento na internet. Algo novo e que ainda não estivesse disponível na rede mundial com alguma qualidade como, por exemplo, artigos de análise política. 

Quando vejo alguns textos que fiz de determinadas temáticas ao longo dos anos de representação da classe a qual pertenço percebo que o esforço valeu a pena porque os textos têm conteúdo e estava produzindo algo que não era comum na rede mundial. No período da feitura dos mesmos, eles pautaram e ou influenciaram pessoas. Os textos de prestação de contas do mandato na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (mais de 600 textos) é um exemplo de produção criadora e incomum na internet. Neste blog de cultura também tenho textos interessantes e que ainda ajudam pessoas nas buscas por palavras-chave na rede mundial.

De certa forma, essa tendência autoimposta de parar de escrever sobre política e outras questões não tem muito sentido, haja vista que o conceito de utilidade para uma produção textual é bastante relativo. Toda produção cultural pode se tornar relevante para alguém em algum momento. A palavra mudou o mundo a partir de seu surgimento nos mais diversos espaços geográficos e nos mais diversos períodos da história. Não à toa os registros humanos a partir da escrita separam a História da Pré-História. A palavra segue mudando o mundo.

Para seguir existindo fisicamente e conceitualmente é imprescindível aprender novos idiomas, aprender novas linguagens, aprender ciências e novas culturas, aprender de novo a lidar com o ser humano alterado pelo medo e ódio e pelos algoritmos dos meios de comunicação hegemonizados por meia dúzia de corporações mundiais (alguns humanos), e essa hegemonização das ferramentas comunicacionais se reproduz em níveis regionais assim como em nível global, ou seja, poucas corporações e humanos dominam as ferramentas de comunicação nacionais e locais - estados, cidades, distritos. E esses poucos humanos estão manipulando e explorando milhões de pessoas ainda na ignorância (o não saber).

Aprender algo novo, filosofar e estudar as ciências gerais é uma perspectiva de existir, e existindo com postura podemos alterar a realidade, após tomar conhecimento dela.

Falar e escrever, se expressar, é um dilema diário que enfrentamos no contexto em que estamos. Falar ou não falar do processo eleitoral que a Cassi vai viver nas próximas semanas? Dizer o que penso sobre os assuntos gerais ou me calar e só estudar e aprender para mim mesmo? Compartilhar ou não o que aprendo, postando no blog e nas redes sociais, mesmo não sendo mais um influenciador de massas?

Dilemas...

Vamos estudar mais... já aprendi coisas novas hoje, nos últimos dias, nos últimos meses. Até o fim da noite saberei algo que não sabia antes. E vamos refletindo em como levar essa nossa única existência hoje e enquanto ela dure.

William