Apesar da organização da prova jogar contra os participantes, completamos mais uma corrida de São Silvestre. |
92ª SÃO SILVESTRE
Neste último dia do ano, participei da 92ª Corrida de São Silvestre. Foi a minha 9ª participação na prova. Dela, tenho reflexões positivas e negativas. As positivas são relativas à superação pessoal de ter chegado a São Paulo praticamente sem condições físicas para correr os 15 km e ter me surpreendido com a resistência de meu corpo. Apesar de ter castigado minha saúde por causa do trabalho (e também pela tristeza de ver o que fizeram com nosso País), consegui correr a prova, completei sem dificuldades e estou bem. Esta mensagem de meu corpo é um alerta a mim mesmo para que eu me cuide mais porque sou forjado nas lutas e o próximo período será de lutas totais.
As reflexões negativas a partir de minha 9ª participação na Corrida de São Silvestre começam pela minha decisão de que esta foi a última vez que faço tamanho esforço para estar neste evento. Apesar de ter sido coroado com aquela emoção corporal, quando os arrepios inundam nosso corpo ao final da subida da Brigadeiro, o restante da prova e o clima que senti foi de despedida. Eu comparo a relação da organização da São Silvestre com os participantes ao Brasil que nos impuseram a partir deste nefasto ano de 2016.
O desrespeito com os participantes é flagrante, é nojento, é humilhante, da mesma forma que os golpistas liderados pelos empresários donos dos meios de comunicação totalitários tratam o povo brasileiro: feito idiotas, marionetes, gente sem memória e movida a porcarias televisivas e impressas (pão e circo), a telas de celulares e redes sociais. Aliás, ao observar o povo ao meu redor, tenho sentido uma sensação terrível pelo que vejo, ouço e observo. Não sairemos tão cedo do lamaçal em que nos colocaram chafurdando.
As filas para retirada dos kits no Ibirapuera são provas inequívocas da falta de organização da prova. Fiquei mais de 3 horas para pegar o kit na sexta-feira 30. A quantidade de gente que pode se inscrever, somada à quantidade de pessoas que a organização da prova permite participar sem inscrição, acaba dobrando os 30 mil inscritos, número que já não permitiria que os participantes “corressem” porque se vai pisando no calcanhar dos outros da saída caótica na Avenida Paulista à chegada. A Globo manda na prova para passar na programação e fodam-se as dezenas de milhares de participantes.
Multidão desce a ladeira ao lado do Pacaembu. A surpresa viria lá no fim: não havia água para os corredores. |
Para finalizar a minha reflexão negativa sobre a São Silvestre, ver aquela massa de gente sendo humilhada e sacaneada pela organização da prova, tendo como maior preocupação parar de correr e atrapalhar o fluxo cada vez que viam uma porra de câmera e um cinegrafista, gritando que estavam na “Globo”, foi a gota para mim. Que massa humana imbecilizada é essa? A Globo liderou o golpe que destruiu o Brasil, os empregos, os direitos sociais dessa massa de trabalhadores que se acha “classe média” e que estará fodida no próximo período sem empregos e eles amam seu algoz. A minha razão não dá conta disso, é maior que qualquer emoção momentânea.
LEITURAS EM 2016
Para não me estender muito nesta última postagem do ano, não farei avaliação política. Ao reler parte de minhas postagens no Blog de cultura, vi a passagem do ano através da política.
Uma das dimensões da vida humana que me surpreendeu positivamente neste ano foi o resultado do esforço extra que fiz em tentar ler e alimentar meu conhecimento e minha capacidade de reflexão.
Por mais que eu tenha feito uma produção textual imensa (161 textos no Categoria Bancária e 181 textos no Refeitório Cultural); que tenha viajado dezenas de vezes aos Estados brasileiros a trabalho; e que tenha estudado e participado de dezenas de reuniões de trabalho; consegui ler e reler muitos livros neste ano.
Li 18 livros e outros 6 estão em andamento. Segui o ensinamento dos anos de estudo nas Letras, quando o tema era literatura e leituras clássicas. Nos diziam que devemos ter na estante de desejos literários uma mescla de clássicos a reler, clássicos a conhecer e textos novos a experimentar. Fiz exatamente isso neste ano de 2016. Reli:
- O velho e o mar, de E. Hemingway (5ª leitura);
- A metamorfose, de F. Kafka (3ª leitura);
- 1984, de G. Orwell
- Representações do intelectual, de Edward Said
- Libertinagem, de M. Bandeira
- O processo, de F. Kafka (releitura em andamento)
Além das releituras, li ótimos livros. Só do autor goiano, José J. Veiga, li:
- Os cavalinhos de Platiplanto; A hora dos ruminantes; A estranha máquina extraviada; O professor Burrim e as quatro calamidades; Sombras de reis barbudos; Os pecados da tribo; De jogos e festas.
Também li:
- Nove estórias, do americano J. D. Salinger;
- A viagem do elefante, do português J. Saramago;
- Um velho que lia romances de amor, do chileno Luís Sepúlveda;
- Não nascemos prontos, do filósofo brasileiro Mario Sergio Cortella;
- A tristeza pode esperar, do médico brasileiro J. J. Camargo;
- Dois irmãos, do brasileiro Milton Hatoum.
Sigo em leitura dos livros:
- Las venas abiertas de América Latina, do uruguaio E. Galeano;
- 50 contos de Machado de Assis, organizado por John Gledson;
- Ilusões perdidas, do francês H. Balzac;
- Era dos extremos, do historiador inglês Eric Hobsbawn;
- Memorial de Aires, romance de Machado de Assis.
E O AMANHÃ? DEVE SER DE LUTA!
É difícil desejar “Feliz Ano Novo” com o que está no cenário da classe trabalhadora brasileira e mundial. Estou com aquele pessimismo da razão que se diz por aí. No entanto, mais que desejar tudo de bom para as pessoas etc (e desejo sim), defendo para 2017 mais participação social de nossos pares da classe trabalhadora, tanto da ativa quanto os aposentados, com os quais lido na comunidade BB que represento. O ano para nós das autogestões será muito difícil, mas a Cassi tem perspectivas, se a população de participantes assistidos não cochilar e acompanhar conosco as lutas.
Defendo que os sindicatos e centrais, correntes políticas e partidos do campo da esquerda, tomem jeito e tenham juízo, deixem de vaidade e de personalismo, que construam uma luta unitária pelo que mais interessa à classe trabalhadora brasileira: manutenção dos direitos históricos. Não é possível que essas entidades dos trabalhadores continuem rachadas e disputando internamente estruturas de poder e vaidades várias. Unidade na luta e na pauta deve ser o foco.
Além de sonhar, eu desejo e defendo que o povo brasileiro lute para desfazer o golpe. O povo é vítima dos golpistas e do 1% que organizou o golpe e para quem o golpe tem trabalhado. É necessário fechar a Rede Globo e outros canais que sacaneiam os 99% de brasileiros. Também torço para que devolvam a Democracia ao povo e a presidenta eleita em 2014 ao seu cargo, caso contrário, é necessário que haja eleições diretas para todo o Congresso e a Presidência. E logo após, revisão dos abusos do Judiciário politizado.
Por fim, é imperioso que todos os crimes de lesa-pátria cometidos com o patrimônio público brasileiro sejam revistos. Tudo, principalmente o Pré-sal.
A luta segue, sempre!
William Mendes
Cidadão brasileiro.
Post Scriptum: enquanto eu escrevia este texto, chegou-me a notícia do falecimento neste dia 31/12/16 de um grande companheiro de lutas sociais e sindicais, e que fez parte da coordenação dos trabalhos na campanha eleitoral que participamos pela Cassi, o amigo Jorlando. Registro meu pesar aos familiares e amigos. Estou muito triste. Companheiro e amigo Jorlando, PRESENTE!