Refeição Cultural
Tirei a semana que passou para ficar com a família. Era para ser uma semana de descanso tradicional, daquelas a qual chamamos de "férias". Eu devo confessar que apesar de não estar fisicamente na Caixa de Assistência dos Funcionários do BB - Cassi, onde sou diretor eleito de saúde, passei a semana toda administrando questões importantes da nova gestão, na qual estamos inseridos. Mas tive a compreensão de minha esposa e isso foi importante.
Nós fomos para um lugar que adoramos porque é perto de SP e é bastante simples e confortável. Estivemos na Colônia de Férias do Sinpro SP na Praia Grande. Pude levar meus sobrinhos de Uberlândia (MG) conosco e proporcionar a eles uma semana agradável com o primo deles e na praia. Foi muito legal e até o tempo ajudou, pois apesar do inverno fez sol todos os dias.
Em um dos dias, subi para São Paulo para participar de um debate no movimento sindical. Nos outros, apesar de ficar resolvendo questões do trabalho, pude ficar com a família, fomos andar na praia, almoçamos e jantamos juntos por uma semana. Não tenho o que reclamar, como disse.
Filhão, Victor Hugo, Noni e Stefani. |
Em breve, farei minha romaria anual
Aproveitei para correr quase todos os dias. Tenho menos de um mês para voltar um pouco à forma física porque no mês de agosto farei a minha romaria anual de 75 km lá em Minas Gerais. É um momento importante pra mim, de introspecção e de testes de autocontrole e resistência física, mental e para as dificuldades. A caminhada é sempre muito dolorosa, mas após a chegada estamos prontos para mais um ano de luta pelo que acreditamos. Vou fazer uma boa caminhada neste ano, acredito nisto.
Leitura agora precisa ser mais focada
Em relação ao meu desejo de leitura na área da literatura, mais uma vez eu me convenci de que devo me conformar em não ler literatura e cultura nos próximos anos. Todas as vezes que tentei ler contos ou textos de cultura, me peguei com remorso porque tenho que estudar temas da área onde estou militando agora. Não dá mais e eu estou me adaptando a isso para não sofrer sem necessidade. É a vida!
Reflexão sobre os idosos e o movimento de esquerda
Que mais refleti nessa semana de refeição cultural?
Durante algumas corridas na praia, uma coisa me veio à cabeça. Lá no litoral paulista, na Praia Grande ao menos, não é um lugar de badalação de jovens. Tem muitos idosos.
Fiquei pensando na questão política que vigora atualmente. Existe uma construção da direita liberal de influenciar fortemente os idosos contra os sindicatos e contra os partidos de esquerda. É algo extremamente lesivo. O pior é que tem dado certo.
A separação política entre os idosos e o movimento sindical é ruim para os dois lados. É preciso que ambos vejam isso e se aproximem e se unifiquem contra o verdadeiro inimigo: os capitalistas e liberais de direita.
Os idosos e o movimento sindical têm algo em comum: a necessidade de atuar no campo da solidariedade. O capitalismo não é solidário. O sistema busca conquistar os jovens para pensar neles mesmos e que se dane o resto. É a lógica do individualismo. Se os idosos e suas entidades de classe passarem a defender essa ideia de pensar só neles mesmos, eles afastarão os jovens de si e estarão ferrados no futuro.
Recentemente, a questão do ódio contra o movimento sindical e a esquerda foi utilizado na campanha das eleições da Previ e da Funcef. Além de outros fatores comuns nas eleições, este foi um dos que levaram à derrota das chapas vinculadas às entidades dos trabalhadores.
Novamente, acho preocupante os idosos se oporem aos movimentos sociais organizados, principalmente o sindical.
Ao longo da história do mundo capitalista, todas as vezes que há fortes crises do capital, os primeiros a se ferrarem e terem seus direitos cortados são os trabalhadores e os idosos porque os liberais capitalistas os consideram estorvos ao sistema porque eles não estão mais vendendo sua força de trabalho a preço baixo para alimentarem a máquina da mais valia do capitalismo. Pelo contrário, dizem que eles dão gastos para o Estado com os benefícios sociais dantes conquistados.
Na década de noventa, os governos liberais nas Américas destruíram os sistemas previdenciários nacionais. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ficou famoso por chamar os aposentados de vagabundos. Eles ficaram todo aquele período sem reajustes sequer da inflação em suas aposentadorias. Agora no pós crise de 2008 os estados europeus estão atacando e reduzindo os direitos dos aposentados na Europa.
Mesmo assim, a direita brasileira tem conseguido convencer grande segmento de aposentados e idosos de que o Partido dos Trabalhadores e os sindicatos são ruins para eles. E olha que durante os 12 anos de governos do PT eles voltaram a ter reajustes nas aposentadorias e houve inclusive ganho real para milhões de aposentados que ganham o salário mínimo. Que triste ver esse segmento se voltando contra as esquerdas...
O prejuízo para eles será imenso ali na frente. Também o é para as entidades sindicais e dos partidos de esquerda que precisam do apoio e do voto dos idosos e aposentados.
É preciso alertar nossos queridos idosos para não caírem no conto do vigário das TVs, jornais, rádios e revistas de direita, dos capitalistas, que querem mais é que os idosos não estorvem o pagamento de juros da dívida pública (o famoso rentismo de 5% da elite que suga o Estado).
É essa minha reflexão cultural da semana para os poucos e nobres que me leem. Abraços
William Mendes