quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Diário - 310816


Estou em um quarto de hotel na cidade de Rio Branco, Acre. São 21:30h aqui e 23:30h em Brasília, na capital do brazil-colônia, presidido pelo novo presidente michel temer. brazil-colônia presidido pelos irmãos marinho. brazil-colônia presidido por um congresso nacional com maioria de gente sem-vergonha, representantes dos donos do poder, gente que não merece nosso respeito. brazil-colônia presidido por um judiciário com gente vil, injusta, partidarizada. brazil-colônia presidido por barack obama e pelos americanos. brazil-colônia presidido pela polícia federal, pelos ministérios públicos, juízes federais e por jovens filhos de famílias abastadas. brazil-colônia de gente bovina bovinamente conduzida pelos donos do poder. não sei porque estou escrevendo hoje. não sei pra que vale escrever qualquer coisa após os corruptos lesas-pátrias e desgraçados da elite rasgarem nossos votos e acabarem com a democracia, com direito a transmissão pelos canais de televisão. a mulher que eu ajudei a eleger para senadora em meu estado, votando na legenda do pt, virou uma desgraçada traidora e antipetista, só porque não foi escolhida para ser candidata pelo pt a coisa alguma. marta, você é uma traidora de merda, desprezível. o prefeito de minha cidade, eleito com o meu voto na legenda do pt, saiu do partido por ser um rato e não ter fidelidade partidária. lapas, seu traidor desgraçado. agora, hoje, dia 31 de agosto de 2016, um congresso de ladrões, usurpadores, fascistas, de gente vil, cassou o meu voto e o voto de 54,5 milhões de brasileiros, elegendo de forma indireta um sujeito que é um nada a presidente do brazil-colônia. acabaram com a democracia em meu país. e eu tenho que me conter nas atitudes porque sou pessoa pública, ainda representante eleito democraticamente por pessoas que participaram de processo democrático de consulta a trabalhadores. eu não tenho mais moral para defender que a classe explorada, miserável, despossuída de bens mínimos, possa ter esperança em mudar de vida e mudar a sociedade através da democracia e do voto um a um. as elites e donos do poder decretaram o fim dessa brincadeira de democracia representativa. disseram a nós, idiotas que sempre defendemos a democracia: democracia onde o povo governe o caralho! chega de trabalhador no poder e com poder político. questão social é caso de polícia. e eu que tenho que administrar o que estou sentindo porque sou pessoa no meio de uma missão duríssima e revolucionária na questão de direitos em saúde dos trabalhadores. estou vazio de sentido democrático. só estou fazendo neste momento, aqui onde estou, o que é minha obrigação e meu compromisso ético no fazer o que tem que ser feito. todos os meus familiares que apoiaram e contribuíram com este golpe de estado e fim da democracia morreram para mim. morreram e eu desprezo a lembrança da existência deles. morreram. william

domingo, 28 de agosto de 2016

Diário - 280816



O ipê amarelo com fundo azul do céu
é algo que nos acalenta.

Refeição Cultural

Está terminando o meu fim de semana. Como tenho necessitado de sábados e domingos para descansar um pouco... e quando vejo já acabaram os dois dias e eu ainda queria mais...

Tenho escrito muito nos últimos meses. Acho que nunca escrevi tanto em minha vida. E ao mesmo tempo, nunca tive tão pouco tempo livre. Estava refletindo a respeito disso. Entendo que temos que registrar o que está acontecendo em nossa vida, em nosso país, no mundo atual.

Vejam que privilégio que temos, nós leitores e apreciadores da história do mundo, ao lermos os diários do filólogo Victor Klemperer (ler no Blog AQUI), um judeu alemão que viveu, presenciou e anotou tudo que percebeu ao longo de toda a ascensão do Terceiro Reich, desde 1933 até o final da 2ª Guerra Mundial, estando dentro da Alemanha, sendo vítima desde as primeiras medidas nazifascistas contra os judeus e demais povos excluídos e perseguidos.

Ou então, pensem no quanto é importante podermos ler os diários de Anne Frank (ler no Blog AQUI), na mesma condição de vítima daquele regime e daquela época.

Eu entendo que todos nós temos que escrever muito e deixarmos nossas opiniões "subversivas" ou alternativas ao sistema de comunicação hegemônico que é totalitário e avassalador - os meios midiáticos golpistas (P.I.G.) -, sistema que molda e direciona até nossos amigos, conhecidos do trabalho e familiares a defenderem os interesses deles, donos do poder econômico e de comunicação de massas. Estamos vivendo tempos de retrocesso nos direitos humanos e há que se registrar isso através de nosso cotidiano.

Enfim, o que posso registrar de meu fim de semana?



Enfim, assisti ao conjunto de filmes da saga Mad Max.

Mundo Mad Max

Assisti ao 4º filme da série Mad Max, vendo pela primeira vez o filme lançado em 2015. Eu não conhecia ainda está sequência. Já fiz duas postagens refletindo sobre o contexto que o cenário da estória traz a respeito de um mundo devastado após guerras, onde o petróleo é uma das coisas mais importantes naquele mundo distópico (ler AQUI e AQUI).

O filme é repleto de ações e muita violência. Foi interessante assistir aos quatro filmes na ordem e de uma vez como fiz na semana passada e nesta.

Tem um momento no filme que eu poderia trazer para nossa realidade - um país sob Golpe de Estado e num mundo em crise global. Quando o andarilho Mad Max e os fugitivos chegam a um determinado ponto do deserto, em fuga e lutando pela sobrevivência contra o grupo majoritário, concluem que seguir adiante não é a melhor opção, fugindo de uma terra onde a vida é possível, mas que está dominada pelo grupo majoritário no poder, pelo sonho de uma terra que sequer sabem se existe. Decidem voltar e lutar pela terra que existe e que pode ser uma alternativa de futuro.

É de se pensar a respeito, já que provavelmente estaremos nós num país que nesta semana que entra pode efetivar o Golpe do Impeachment a uma presidenta sem crime e eleita pela maioria do voto popular. Com o fim da democracia, que fazer?


Lendo o 6º livro de José J. Veiga.

Leituras

Não consegui ler muito neste fim de semana. Peguei para ler mais um romance do escritor José J. Veiga. Estou determinado a ler toda a sua obra.

Já li neste ano, quase que na ordem cronológica de lançamento, Os cavalinhos de Platiplanto (1959), A hora dos ruminantes (1966), A máquina extraviada (1967), Sombras de reis barbudos (1972), O professor Burrim e as quatro calamidades (1978) e agora estou lendo Os pecados da tribo (1976).

Já adquiri praticamente toda a obra dele e ainda ganhei nesta semana, de presente dos colegas de trabalho em Rondônia, o próximo na fila para leitura - De jogos e festas (1980).

A leitura de José J. Veiga é extremamente atual, mesmo ele afirmando que não quis fazer vinculação de seus personagens e dos contextos em suas obras ao período de exceção do regime militar brasileiro, o clima e o cenário em seus contos, romances e novelas são impactantes ao nos colocar em reflexão profunda a respeito do estranho, do outro que chega e desfaz um mundo estável, do clima de opressão, etc.


Brincando de nominar as coisas:
Árvore bela com flores
escovinhas vermelhas.

Não corrida e não esporte por causa de contusão, mas sigo na observação das flores

Estou contundido desde a semana passada. Não estou podendo caminhar, correr e pedalar. É difícil para quem não pratica esporte entender o quanto a gente sofre por não poder chegar do trabalho ou no fim de semana e colocar um tênis para correr.


Bela árvore com escovinha vermelha.

Mas andando de pouquinho, ao menos vi umas flores, uma natureza que nos cativa, como a que temos aqui em Brasília. Vamos sarar logo e retomar as corridas...

Aí então nosso treinamento será com o foco na corrida de São Silvestre no final do ano e na manutenção da condição de saúde para enfrentar o estresse diário que vivo.


Flores escovinhas vermelhas.

Vamos à luta, e vamos seguir registrando muito tudo o que está ocorrendo no mundo e no nosso mundo. Somos atores políticos e seres sociais, a história não é feita de heróis, é feita de gente como todos nós e todos os dias.

William

sábado, 27 de agosto de 2016

Mad Max, Impeachment sem crime e o futuro




Refeição Cultural

Quando a trilogia de Mad Max apareceu nas telas de cinema nos anos oitenta, nós humanos ocidentais vivíamos a chamada "Guerra Fria". O primeiro filme é de 1979, o segundo de 1981 e o terceiro de 1985.

Este que vos fala, era criança e adolescente num país da América do Sul que vivia sob a égide do Estado de Exceção, vivíamos sob ditadura civil-militar desde 1964. Vários países da América Central e do Sul estavam sob ditaduras sanguinárias, o povo não era nada. Todas, todas as ditaduras tiveram o apoio do imperialismo norte-americano.

Eu era adolescente em 1985. Vivia em Uberlândia, Minas Gerais. A vida do povo brasileiro não-proprietário e não-dono das riquezas concentradas do país era uma vida dura, para muitos milhões de brasileiros era uma vida de merda, uma vida de miséria, de fome e de nada possuir.

Passaram-se três décadas. Estou com 47 anos. Vi muita coisa em minha vida e já estou me sentindo velho em certo sentido nos últimos meses. Estou vendo um mundo desmoronando e outro vindo no lugar. O que está vindo é o mesmo em que cresci de 1969 à década de oitenta e noventa.

Quantos países vivem num mundo Mad Max depois das guerras que tiveram o dedinho do imperialismo americano - Kuait, Iraque, Líbia, Afeganistão, Arábia Saudita, Síria, países africanos... agora estão na lista por causa do petróleo que possuem Irã, Venezuela e brazil (a poucas horas de efetivar no Congresso Nacional o Golpe de Estado final, destituindo a presidenta Dilma Rousseff, eleita com 54,5 milhões de votos em 2014).

Talvez o meu desânimo não seja por falta de vigor para lutar, porque na minha função de representação eleita atual, estou lutando até o esgotamento de minhas energias vitais, para fazer o que deve ser feito pelos trabalhadores que represento.

Meu desânimo é pela total falta de leitura política, de formação política, dos milhões de jovens e trabalhadores que ascenderam nos anos de governos progressistas do PT no Brasil, ou na Argentina dos Kirchner, ou em demais países sul-americanos que viveram os últimos dez a quinze anos com governos que fizeram mandatos não subservientes aos imperialismos americano e europeu. Foram governos que focaram o povo pobre, excluído, trabalhador e explorado ao longo da história, que se esforçaram pela soberania nacional, para reverter o que denuncia Eduardo Galeano em seu clássico Veias abertas da América Latina.

Existe uma lógica que faz parte da ideologia da classe dominante (matar a política com a desculpa da "formação técnica" - tudo seria uma questão de decisão "técnica" e para isso seriam necessários os "mais preparados" pelas escolas da formação burguesa - canudos, diplomas, 'emebiei' etc). 

Essa lógica de matar a representação política real nos parlamentos e executivos se infiltra pelos poros de nosso povo da classe trabalhadora por falta de formação política para eles. 

Como todos os meios de comunicação, de fornecimento de leitura, materiais escolares do setor privado e até público, pertencem aos mesmos donos de tudo, as cinco mil famílias que detêm toda riqueza no Brasil, eles determinam o que nossos jovens, nossos trabalhadores e nossos pobres vão pensar, defender. E eles vão defender as ideias que privilegiam a classe dominante. Isso é ideologia. E funciona!

Talvez em menos de uma semana, estaremos vivendo num país sob um novo governo, após a derrubada do governo eleito pelo voto popular em 2014. (e olha que tod@s sabem que é um teatro, uma mentira, uma ficção as motivações "técnicas" dos órgãos "técnicos" e políticos). Dias depois vão começar a foder com a minha, a nossa aposentadoria de trabalhador com desculpas "técnicas", rasgar nossos direitos trabalhistas, sociais, políticos e humanos com desculpas "técnicas" defendidas por gente formada, de terno e gravata de marca, sapatos e carros caros. Que lixo esse que meus pares da classe trabalhadora não percebem!

Quais consequências teremos com o fim da crença na democracia em nosso país. Crença que eu mesmo sempre defendi, como liderança política de trabalhadores por quase duas décadas (antes, tudo que sentia era raiva e ódio de um mundo injusto).

Daqui a alguns dias, dois ou três, eu não terei mais base para defender as mudanças sociais via democracia, via voto (one man, one vote). Como fica o que eu sempre expliquei para os trabalhadores e para as pessoas que conheço? Que sempre achei que a Política é melhor que a guerra, porque na política se convive com as diferenças, e na guerra se extermina o diferente.

No mundo em que vivo, até os favorecidos pela "Ética da Política" dos governos do Partido dos Trabalhadores nos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff (e não pela falsa ética na política), enfim, até os favorecidos caem no engodo de achar que a técnica se sobrepõe à política. Os pobres, excluídos e trabalhadores favorecidos pelas políticas econômicas e programas sociais dos governos do PT entram na onda da ideologia da classe dominante, que aplica novo golpe no Brasil e exterminará quase três décadas de relativa paz social.

Ao mesmo tempo em que órgãos com funcionários públicos concursados (STF, MP, MPF, PF...) destroem nossa democracia, a pedido dos donos dos meios midiáticos, empresários, herdeiros do brazil-colônia etc, gente do meu lado da classe trabalhadora já reverbera os pseudo discursos criados pela máquina totalitária nauseabunda dos golpistas formatando corações e mentes da classe que vai sofrer as consequências de regressão de mais de século de conquistas.

Vislumbro um mundo Mad Max...

William Mendes
Cidadão que viveu para ver os anos passados voltarem


(texto feito ao som de "We don't need another hero", trilha do filme Mad Max - além da cúpula do trovão)

Post Scriptum - Eu preferiria muito mais um mundo com a política, do que com heróis.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Diário - 240816



Estava eu no último domingo abstraindo de meu estresse
no Eixão quando senti um desconforto na parte posterior
da perna direita... ai que foda não poder correr uns dias!

Quarta-feira em Brasília. Estou cansado.

Foram três dias de trabalho com jornadas de manhã, tarde e noite na Cassi. Cheguei por volta das 21h em casa.

No domingo, quando fui para o Eixão correr, senti uma contusão na parte posterior da perna direita, provavelmente no grupo muscular do gastrocnêmio e sóleo. Estava longe de casa e foi um sacrifício voltar andando lentamente.

Eu deixei que o desejo de praticar atividade física fosse mais forte que a minha consciência do cansaço físico em que estava. Já no sábado, não fiz nada porque estava esgotado, após uma semana de trabalho de pouco dormir e de muita dedicação aos problemas da Cassi e por ter trabalhado em três bases sociais da entidade que atuo: no DF e no PR e SC.

Imaginem vocês o quanto estou como fera em jaula por não poder sair para as ruas de Brasília e correr após três dias de muito estresse em meu trabalho... é duro! Se tem duas coisas que são fundamentais em minha vida são minhas vistas, para poder ler, e minhas pernas e pés, para correr e andar. Sem isso, seria muito difícil seguir com uma vida tão dura como é a nossa. (além, é claro, de minha família e entes queridos)

E olha que na semana anterior, havia sido a semana de minha caminhada anual de 75 km, período de introspecção que tanto necessito. E neste ano foi bem difícil completar o percurso da Romaria porque meus pés machucaram faltando dezenas de quilômetros. Mas superei tudo e cheguei, como sempre!

Ao voltar para casa contundido no domingo, custando a pisar e dar a passada, lembrei na hora das caminhadas na Romaria. Pensei comigo: esquece e vai porque se estivesse na estrada só pararia quando chegasse ao objetivo final (como as pessoas persistentes fazem na Romaria).

A vida segue, mesmo sem correr ou pedalar ou caminhar por algum tempo. Nos próximos dias, além da cabeça enfiada nas crises que herdei ao virar gestor eleito em entidade de saúde de trabalhador, estarei no estado de Rondônia e depois no Acre, cumprindo minha missão e focado em meus compromissos com a Cassi, os associados e o modelo de saúde que acredito e defendo.

É isso para o momento. Enquanto vivo para o trabalho que estou designado, sigo com o coração amargo ao ver a destruição de meu país, de nossa democracia, dos direitos sociais e políticos da classe trabalhadora à qual pertenço e represento.

William
Um trabalhador

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Petróleo - Mad Max se tornou realidade




Refeição Cultural

E então, a ficção dirigida por George Miller, que fez grande sucesso nos anos oitenta apresentando um mundo distópico pós-apocalíptico se tornou realidade no século 21.

No mundo do caos e da desordem onde sobrevive o ex-patrulheiro Mad Max, o que importa é conseguir gasolina. É o combustível que dá mobilidade para se viver naquele mundo sem lei.

No início do segundo filme, a história contada fala das guerras e destruições nos países detentores das principais reservas de petróleo do mundo... 

E o que foram as "primaveras árabes" a partir de 2011 com apoio dos Estados Unidos, diga-se, o país das petroleiras que dominam o mundo? E o que foram antes das primaveras árabes, as guerras do Golfo, promovidas pelos mesmos Estados Unidos para estabelecer suas petrolíferas no controle das reservas?

Que coisa, heim? Agora os donos do mundo estão mantendo o barril de petróleo a preço de banana para quebrar os países e suas empresas e economias que ainda têm reservas de petróleo para mais algumas décadas do século 21. Estão no foco dos donos do mundo o Irã, a Venezuela e um país lá na América do Sul chamado "brazil"... os caras lá descobriram reservas nas camadas mais profundas do Oceano e a empresa brasileira Petrobras detinha o poder exclusivo da exploração do que viria a se chamar Pré-sal (até que um certo Golpe de Estado ocorreu sob o silêncio dos Estados Unidos...).

Bem-vindos ao mundo Mad Max. Fodam-se países e povos dos países onde há algum tipo de reserva de petróleo para se explorar por mais alguns anos.

Que importam Kuait, Iraque, Egito, Arábia Saudita, Venezuela, Brasil...

E há gente inocente, pura e besta que não tem a menor noção do que se passa no mundo em termos de disputa de hegemonia mundial pelo petróleo. Tem bobinho enganado pelos donos das mídias tupiniquins e vira-latas, lacaias dos americanos, que acha que o petróleo não vale mais nada e que o Brasil tem mais é que se ver livre dessa coisa sem valor chamada Pré-sal...

E aí, estamos preparados para viver naquele mundo tranquilo e calmo de Mad Max?

William


Sinopse dos dois que assisti: 


Mad Max (1979)


Responsável por lançar Mel Gibson ao estrelato mundialmente, o primeiro filme da franquia Mad Max mostra um futuro pós-apocalíptico onde um povo, praticamente sem lei, briga violentamente por água e gasolina. Quando uma gangue selvagem ataca a família do policial Max Rockatansky (Gibson), ele vira juiz, juri e executor por conta própria. Aqui, vemos os últimos dias "normais" de um homem que tinha tudo e acaba caindo em um abismo de loucura. Assim, o "louco" e "enfurecido" (duas palavras que traduzem a expressão "mad" para o português) Max se transforma em um anti-herói em busca de vingança e de esquecimento.


Mad Max - a caçada continua (1981)

Considerado o melhor filme da franquia, Mad Max 2 continua a jornada de Max Rockatansky (Gibson) por vingança. Após deixar de lado sua vida de policial, ele se tornou um guerreiro solitário e destemido, vagando pelo deserto em seu carro e brigando com quem cruzasse o seu caminho. Porém, Mad Max recupera um pouco da sua humanidade e resolve ajudar uma comunidade de sobreviventes que vivem em uma refinaria a defenderem a si mesmos e seu estoque de combustível contra uma bárbara gangue de motoqueiros que querem roubar a gasolina, o bem mais precioso deste futuro apocalíptico.



(Fonte: Adoro Cinema)

domingo, 21 de agosto de 2016

O prazer em ler José J. Veiga



Me sinto em casa lendo José J. Veiga.

Neste domingo pela manhã, li O professor burrim e as quatro calamidades (1978), do escritor goiano José J. Veiga (1915-1999). Ontem, terminei a leitura do romance Sombras de reis barbudos (1972).

Estou encantado com a obra de Veiga. Nos conhecemos neste ano, após eu ler seu primeiro livro em janeiro - Os cavalinhos de Platiplanto (1959) -, um livro de contos. Veiga será o primeiro escritor que vou ler a obra inteira. Desde a leitura de seu segundo livro - A hora dos ruminantes (1966) -, saí procurando e comprando suas obras. Agora faltam poucas.


O professor burrim e as quatro calamidades

Ao ler pela manhã a estória do professor Burini e contextualizar a obra lá nos anos setenta, eu me emocionei.

A estória aborda a desvalorização histórica da profissão de professor, as maldades que os alunos fazem com os professores, e tem uma mensagem sobre o quanto a pobreza é responsável por grande parte dos males dos seres humanos e de suas famílias.

"Muitas vezes, quando chegava em casa tarde, com fome e cansado, ele encontrava a família em crise, os meninos chorando ou resmungando, a mulher ralhando e ameaçando, uma atmosfera pesada que ele precisava acalmar com paciência e jeito. Ele não culpava nem a mulher nem os filhos, sabia que todos eram vítimas. A culpa era da pobreza."

É verdade! Eu era criança nos anos setenta e oitenta. Vi o quadro da miséria junto com todos os meus familiares e conhecidos.

A mensagem é a da desvalorização da profissão dos professores, tão antiga em nosso país, área do saber que começava a ganhar esperanças e perspectivas durante os governos do Partido dos Trabalhadores, com a criação de programas voltados para a educação em todos os níveis. A promessa do Pré-Sal era o salto para o futuro na educação, até que um Golpe de Estado organizado pelos tucanos derrotados nas eleições de 2014 começa a destruir nosso futuro e retroceder o país em mais de um século.


"O pai sorriu. Podia ser 'legal' mesmo. Ele cercado de crianças na porta de uma escola ou numa esquina de bairro. Por menos que um vendedor de picolé ganhasse, não devia ganhar menos do que um professor. Podia até ganhar mais."


Vender picolé ou ficar numa profissão "nobre" e de "representação"?

"O gerente aconselhou-o a desistir. Como podia alguém trocar uma profissão nobre como a de professor por uma atividade sem nenhuma representação?

- Toda profissão é nobre, e representação não sustenta família. Me dê o emprego e o senhor vai ter um bom vendedor - disse o professor com tanta firmeza que o gerente cedeu..."

Pois é! O final da estória ainda emociona por sabermos como andam os garotos que foram responsáveis pelo professor desistir da profissão e ir vender picolé.


Coleção José J. Veiga.

Comentário final

Ao ler os romances e contos de José J. Veiga, estou vendo minha vida infanto-juvenil. A linguagem que ele usa, as questões tão comuns abordadas em suas estórias, fazem com que nos sintamos em casa ao viajar pela sua obra.

Na minha infância dura, semelhante a de quase todos de minha idade, filhos da classe proletária e povos simples nos anos setenta e oitenta, fui obrigado a trabalhar de muitas coisas desde os onze ou doze anos. Uma das experiências mais curtas que tive foi a de vender picolés.

Consegui uma vaga em uma sorveteria e saí com o carrinho pela manhã. A experiência foi difícil e eu não passei do primeiro dia. Onde nós morávamos era uma região dura. Mas apesar das ameaças dos caras maiores, não diria que foi por isso que não quis continuar não. É que no dia que saí eu não vendi quase nada.

Se compararmos o que foram os anos de governos do PT e o que nos espera com os golpistas que tomaram o país de assalto e já estão praticando seus crimes de lesa-pátria e estão revertendo todas as conquistas do povo trabalhador brasileiro obtidas durante os governos Lula e Dilma, veremos a interrupção das oportunidades criadas com o PT.

Meus sobrinhos receberam Bolsa Família durante suas infâncias. Só estudaram. Pelas oportunidades geradas pelos governos do PT, ambos entraram em Universidade Federal. contrariando as estatísticas anteriores a Lula e Dilma, porque são jovens humildes e negros.

O que será de nosso futuro com os desgraçados que assaltaram o poder e estão assaltando os nossos direitos e nosso patrimônio nacional, em vias de ser transferido para os imperialistas novamente?


William
Leitor brasileiro

sábado, 20 de agosto de 2016

E o Grande Irmão venceu e vivo sob os olhares das teletelas





Refeição Cultural indigesta

Noite quente de sábado em Brasília, em um país sob Golpe de Estado.

Sentimentos estranhos, não felizes, em minha cabeça. Ou no coração, como se diz de forma romântica.

Durante a rotina do trabalho, visto meu personagem e saio para a rua, para o mundo, cumprindo fielmente minha missão como gestor eleito de saúde em entidade de trabalhador. Meu personagem é inquebrável e a peça não pode parar. Tudo conspira para que eu não faça o que tenho que fazer. Eu luto e busco energia todos os dias e já uso minha remuneração para trabalhar. Até o fim, vou fazer o que tem que ser feito.

Quando saio do palco, as luzes se apagam e a próxima sessão será daqui a dois dias, quase que desmorono nos bastidores. Passo um tempinho lembrando do mundo real, um mundo em desmoronamento. Meu país sob Golpe de Estado, o fim da ética e do caráter, e a total inversão dos valores. Os vilões pautando as versões oficiais dos vencedores sob nós vencidos.




As Olimpíadas no Brasil acabam neste domingo. Desde o dia que começaram numa certa sexta-feira, eu não acompanhei nem tomei conhecimento de nada, não vi nada, não torci, desconheci a respeito (e eu sempre fui apaixonado por esportes e pelas Olimpíadas). 

Quem trouxe esta edição para o nosso país foi Lula da Silva, quem incentivou e financiou a condição de treinamento de mais de 70% dos atletas pobres e não pobres foi o governo Dilma, enfim, os responsáveis por estas Olimpíadas, assim como a Copa do Mundo de Futebol, foram Lula, Dilma e o Partido dos Trabalhadores. E também foram responsáveis por todos os programas sociais e econômicos construídos em mais de 10 anos e que estão sendo destruídos em 100 dias pelos golpistas.

No entanto, Dilma e Lula e o PT estão sofrendo um massacre fascista, desumano, vil e canalha. E quem está transmitindo as Olimpíadas no Brasil? Os golpistas, a Globo, os outros canais, os veículos do Partido da Imprensa Golpista (P.I.G.).

Eu me sinto como o personagem Winston Smith ao final da ficção 1984, de George Orwell, após a tortura e a aceitação de que o mundo, aquele mundo do Grande Irmão, é o que deve ser mesmo. Eu não consigo ficar sem ouvir as teletelas dos golpistas em nenhum lugar, em nenhum canto deste meu mundo 1984.

Essa mesma camarilha de golpistas aplicou o golpe de 1964 e o povo brasileiro gastou gerações para voltar à liberdade e ao direito em experimentar um pouco de soberania. Não foram só 21 anos como os mais apressados calculam o tempo da ditadura iniciada em 1964. O Grande Irmão Globo e demais golpistas atuais - P.I.G, Fiesp, políticos dos partidos do golpe - mantiveram a ditadura iniciada em 1964 por mais vários anos, decidindo as eleições de 1989, 1994 e 1998. A vítima das teletelas da época: Lula e o PT.


E o Grande Irmão Globo e seus pares venceram...

Eu tenho 47 anos e sinto um peso destruidor sobre meus ombros ao ver, ler e ouvir as teletelas e panfletos e fontes do P.I.G. sendo replicados em sites, mídias sociais, nos locais onde me alimento, onde trabalho, na casa de meus familiares e amigos e funcionários e representados. Se a história iniciada em 1964 se repetir, será muito triste minha vida aos cinquenta, aos sessenta, quiçá aos setenta...

Neste momento, neste sábado, no meu país, mesmo com o brazil do golpe tendo conseguido bons resultados no quadro de medalhas com os atletas financiados pelos governos do PT com o bolsa-atleta, mas com as coisas sendo contadas pelas teletelas do Grande Irmão e asseclas... eu me sinto Winston Smith.

Não aguento mais a tortura das máquinas do Grande Irmão...

Por fim, nestes dias de transmissão de Olimpíadas pelas teletelas, vi filmes e li livros de José J. Veiga como o que acabei agora, Sombras dos reis barbudos (1972), e vi Mad Max I (1979) durante a final de futebol masculino, mas é impossível não sofrer com a tortura das teletelas do Grande Irmão Globo.

O que fazer? Aceitar isso pelo tempo de vida que nos resta nas próximas décadas do golpe? (li que a audiência do Grande Irmão cresceu bastante nas últimas semanas por causa das Olimpíadas trazidas por Lula e o PT...)

William Winston Smith

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Romaria - Um homem na estrada


Um homem na estrada...

Refeição Cultural

Estou em Uberlândia, Minas Gerais. Vim para realizar minha caminhada anual até a cidade de Água Suja ou Romaria, local de peregrinação de milhares de pessoas das mais diversas cidades do Triângulo Mineiro, de Minas e creio que até de outros estados do país.

Fiz o percurso de 75 km entre Uberlândia e Água Suja da sexta-feira 12 para o sábado 13. Cada ano de caminhada traz uma experiência diferente se for comparar com as experiências já vividas nas caminhadas anteriores. Desta vez foi muito difícil, e é curioso, porque de alguma forma eu sentia e imaginava que seria assim. 

Sentia que iria pesar toda a carga que se abateu sobre o trabalhador brasileiro, sobre a nossa democracia que sofreu um golpe por um bando de fascistas desgraçados, calculava que sentiria os efeitos de toda a dureza de meu trabalho e de minha luta diária pelo que defendo na entidade de saúde onde participo da gestão como representante eleito por trabalhadores, enfim, que de alguma forma as crises vividas estariam pesando em meus ombros nesta caminhada. 

E devem ter pesado! Talvez meu peso corporal mais leve não tenha conseguido superar o peso em nossos ombros e cabeça. E meus pés e meus calcanhares sentiram.


A saída de Uberlândia

Cheguei à casa de meus pais na tarde de quinta-feira, após trabalhar em Uberaba, cidade da região do Triângulo Mineiro. Foi bom rever meus pais e familiares que não via há meses.

A primeira decisão sobre a caminhada foi escolher qual seria o melhor horário para sair neste ano, de manhã ou de tarde. Optei por sair na sexta-feira depois do almoço. E do bairro Alvorada.

Para se ter uma ideia do momento pelo qual passamos, mesmo tendo abonado o dia de trabalho, tive que me ocupar de algumas questões ainda pela manhã, porque elas são de minha responsabilidade.

Momento da saída, no carro com os pais,
que me levaram até o bairro Alvorada.

Saí do bairro Alvorada às 15h. O primeiro ponto de referência no meu percurso é chegar ao Rio Araguari, cerca de 16 km adiante. Calculei chegar por volta de 18h e cheguei. Vi o Por do Sol na estrada.

Um dos segredos dessas caminhadas é acertar o calçado que se vai usar. Outro conhecimento que se adquire com a experiência é o jeito de andar, é o economizar energia corporal para andar dezenas de quilômetros por horas e horas.

Eu não saí com a mochila pesada, e estou leve também. 

Outra coisa: depois que iniciamos uma caminhada, é seguir adiante, não tem mais volta (na minha opinião). Enfim, escolheu a vereda, agora é seguir.

Ipê amarelo com aquele
céu azul mineiro.

Eu senti nos primeiros quilômetros que seria dura a jornada. O Sol escaldante já faz parte do previsto, mas os pés passavam uma impressão de desconforto. Adequei o pisar ao calçado para amenizar e protelar as sequelas que viriam com o tênis mais duro que o previsto.

Vi várias plantas características do seco mês de agosto na estrada (BR 365). Não quis ficar parando e batendo fotos. Fui econômico. Fiz umas vinte fotos em toda a Romaria. A primeira foi de um belo ipê amarelo com aquele céu azul mineiro.

Em minhas costas, o lado Sul do rio Araguari. 

A ponte sobre o Rio Araguari

Enquanto descansava uns 10 minutos, alonguei um pouco os músculos e admirei o belo rio, a paisagem e os reflexos do Por do Sol sob o vale. 

Agora era a hora de encarar uns 11,5 km até um antigo posto que já está desativado faz tempo, mas que é uma referência no meu roteiro.

Imaginem andar quase 10 km em subida na estrada... 

Cheguei por volta das 21h. Havia uma barraca de ajuda aos romeiros. Parei uns minutos, comi alguma coisa e preparei para a saída rumo ao próximo ponto de referência, o Posto N. Sra. da Guia.

Início da noite clara de Lua Crescente...

O caminhar com a luz da Lua Crescente

A caminhada do anoitecer até um pouco depois da meia-noite foi clara e sem necessidade de lanterna. A luz do luar deixava a nossa sombra na estrada assim como o andar sob o Sol.

Vi o Sol se por à esquerda de minhas costas e a Lua brilhar e fazer um círculo até descer, sempre à minha direita. A Lua Crescente foi uma grata companhia.

Ao chegar ao Posto N. Sra. da Guia, cerca de 23:30h, eu já havia caminhado uns 37 km e meus pés já me incomodavam um pouco. Já sabia que meus calcanhares estavam machucados. Porém, eu nunca tiro o tênis para verificar o estado de meus pés. 

Uma técnica que aprendi faz tempo é preparar com esparadrapos os locais onde podem surgir bolhas, porque elas não estouram e se evita que fiquem em carne viva.

Quase meia-noite, após andar 37 km.
Me preparava para andar até a Antena.

Comi um pão com carne e deitei no chão para relaxar uns 30 minutos. Começava a administrar a dor. Coloquei para funcionar meu toca-fitas Aiwa (1987), um aparelho precursor da independência em ouvir músicas por onde se vai. 

Meu Aikman e minhas fitas de rock e pop são guardados por mim exclusivamente para as caminhadas anuais porque tenho que virar as fitas a cada meia hora de música e isso quebra a monotonia de andar pela noite, por vezes quase dormindo acordado.


Esse bichinho tem 29 anos de uso.

Barraca da Antena, a tentação onde muitos desistem de seguir

A caminhada do Posto N. Sra. da Guia até a Antena, de 11 km, foi difícil como todos os anos, mas eu tinha os pés machucados, coisa que não ocorria desde 2012.

Em uma barraca de ajuda aos romeiros, encontrei um casal amigo da família. Fiquei quase meia hora com eles. Fui muito bem tratado. Sentei ao redor de uma fogueira, me cobriram um pouco (estava começando a esfriar) e tomei uma sopa. Faltavam uns 4 km para a Antena.

Quem disse que eu cheguei na barraca da Antena bom para sair direto? Tive que encostar a cabeça na mesa e cochilar uns 30 minutos sentado. Já havia feito quase 50 km e agora faltavam menos de 30 km. Eu estava quebradaço por causa das dores e saí dali às 5:20h.

O alvorecer - é uma de minhas 
fotos preferidas desta caminhada.

Alvorada na estrada

Mesmo com dor, foi uma madrugada de caminhar ao som de muitas bandas de rock e pop. Ouvi todas as fitas que levei.

Após a Lua Crescente ir embora, o breu destacou os milhões de pontos luminosos no céu... Esfriou... a dor nos pés aumentou...

Não vi muitos romeiros durante a noite. Menos que outras épocas.

Alvorada na BR 365 num certo agosto. Foto William.

Tem uma coisa que é definidora nas minhas caminhadas na Romaria. Desistir não é uma opção. Tem momentos que você está quase se arrastando, mas não pode deixar de ir adiante.


Final da caminhada - superação

Eu cheguei ao Posto Santa Fé às 8h da manhã. Entrei e tomei um café mineiro básico: pão de queijo e café com leite. Troquei os apetrechos de caminhada. Tirar blusa e gorro de frio. Guardar lanterna. Colocar boné. 

Vai um pão de queijo e
café com leite?

Tomar coragem e esquecer a dor e sair para andar com Sol quente e andar a menos de 4 km por hora. Pisando do jeito que dá para completar os 14 km que faltam. 

Primeira referência que nunca chega desta fase final: o Atalho.

Andar... andar... Sol esquentando... e nada de Atalho chegar. E são só 6 km entre o posto e o Atalho.

Cheguei tão quebrado ao Atalho dos eucaliptais que não quis parar e descansar um pouco. Rejeitei comida na barraca de ajuda que havia ali. 

O Atalho nos eucaliptos.

Meu desejo era chegar e ainda tinha mais 8 km entre floresta de eucaliptos, plantações de café, pasto e descida em cascalho e pó, com uma subida "animal" de 1 km e inclinação de uns 45º. Detalhe: terrão vermelho onde os romeiros comem pó até pelos poros.


A chegada a cidade de Romaria

Cheguei cerca de meio dia e meia a cidade. Saí no dia anterior às 15h, andei 75 km, e lá estava eu mais uma vez no destino final.

Desta vez foi muito difícil. Em muitos momentos da metade do percurso para frente cheguei a pensar que não conseguiria completar. Mas os mesmos pés que reclamaram dor a noite toda, foram os que me levaram até o fim.


Chegando ao meu objetivo depois de
muito andar e muito sentir...

Na caminhada de um dia e uma noite, a gente alterna momentos de dor, de reflexão, de euforia, tem de tudo. Eu penso muito na vida neste dia todo. Nos desafios, nas escolhas, no passado e no presente, nas pessoas com quem convivemos, num provável futuro. Nos problemas do mundo. Nas maravilhas das coisas simples da natureza.


Igreja de N. Sra. da Abadia, Romaria - MG.

É possível fazer comparações usando uma régua interessante. A gente acha que nossa dor é insuportável, aí vê um senhor ou senhora com os pés mais feridos que o nosso e no maior pique para seguir. Aí vê um outro senhor subindo de joelhos a bendita ladeira de 1 km que a gente custa subir andando depois de mais de 70 km. Essas coisas nos fazem refletir que tem gente em condições piores que a gente e às vezes nós só reclamamos e terceirizamos responsabilidades...

Nossa dor não é maior que a dor dos outros. Fiquei pensando nas dores que meu pai reclama e sente faz anos. Fiquei pensando no relato de minha irmã com dores insuportáveis para conseguir trabalhar, com medo de se afastar por licença e ser demitida. O que é essa dor de meus calcanhares fodidos por causa de bolhas comparada até com a dor das pessoas que conheço? Nada!


Um dos inconvenientes desta jornada. Acho que vim
com o peso do mundo sobre meus ombros.

A dor permanente que sinto é muito maior que a física, a dor que disfarço ou abstraio diariamente, ao ver meu país sob um golpe e com bandidos no poder, nos órgãos do Estado, destruindo todos os direitos civis, políticos, trabalhistas, sociais e humanos conquistados com a nossa luta e suor e dores ao longo de anos e anos.

Mas desistir não é uma escolha. A gente tem que fazer o que deve ser feito. Eu por exemplo tenho um compromisso até o último dia de meu mandato de representação dos trabalhadores. Faço o que acredito ser o correto e dane-se até o que tenho passado por tentarem me impedir de trabalhar como entendo que devo fazer.

Vou embora pela manhã de segunda-feira sabendo o que provavelmente vem pela frente. E vou continuar fazendo o que acho que devo fazer. E sei que o mundo está um caos, e que há uma inversão de valores nos dias que correm. Não faz mal, seguimos adiante!

É isso! Fim da Romaria 2016.

William Mendes
Um homem na estrada

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Diário - 080816



Agora tenho dez livros de J. J. Veiga
e hoje achei mais três pela internet.

Refeição Cultural

Já estamos na madrugada de segunda-feira. Passei o fim de semana sozinho em Brasília. Minha esposa e filho estão lá em São Paulo. Vamos para mais uma semana de trabalho e lutas pelo que defendemos e representamos.

Após trabalhar até a madrugada de sábado, procurei esquecer um pouco o mundo do trabalho e o mundo lixo da política atual e da democracia golpeada de morte por estarmos sob um Golpe de Estado praticado por uma camarilha de corruptos e lesas-pátrias (e pensar que vários familiares meus e colegas bancários foram apoiadores do golpe...)

Até as Olimpíadas, que admiro e respeito, abri mão de ver e até de ouvir dizer, porque apesar da realização desta edição ser em nosso país e graças ao Lula, Dilma e o PT, até a transmissão é realizada pelos golpistas desgraçados, que monopolizam todo o espectro de comunicações brasileiras. Não liguei a TV em momento algum neste fim de semana.


A Estranha Máquina Extraviada, de José J. Veiga

Acabei de ler o meu terceiro livro de José J. Veiga, A Estranha Máquina Extraviada (1967). É um livro de contos, assim como o primeiro livro do autor - Os Cavalinhos de Platiplanto (1959). Gostei do livro e a temática mostra o quanto o autor é de leitura obrigatória para pensarmos o momento social e político dramáticos que estamos enfrentando. Cada um dos quatorze contos traz um personagem perdido, uma coisa perdida, algo que não se encaixa ou que está fora do lugar.

Os cenários e a linguagem me são extremamente familiares, pois nos remete ao mundo do interior do país nas décadas passadas. Eu sou filho de goianiense com mineiro. O mundo narrado por Veiga é o mundo de meus avós, meus pais, tios e primos. É o mundo onde cresci em Uberlândia e das visitas na infância ao interior de Goiás. Tem contos bem tristes, mas o último conto deixa uma espécie de porta aberta para a esperança.

---------------------------------------------------


Meu domingo acabando no cerrado goiano brasiliense.

Neste domingo, pedalei e andei por 90 minutos no Eixão, em um dia ensolarado, quente e de pouca umidade. Na sexta-feira, havia chegado de viagem a trabalho e feito uma corrida de 4k que me deixou sensível o Tendão de Aquiles do pé direito. 

Acho que fui descuidado porque estava bem cansado e corri assim mesmo. Fiquei em estado de alerta, porque no próximo final de semana farei minha caminhada de 75 km em MG. Vou me concentrar bastante em chegar em Uberlândia com o corpo descansado para a Romaria.

Comecei a assistir ao clássico Cleópatra (1963), mas só consegui ver a primeira parte, pois são 248 minutos de filme. Acabei escolhendo algo que me transportasse para outros ares neste fim de semana. Agora tenho que ver a outra metade, mas não sei se consigo antes de viajar para MG.

Bom, vamos encerrar o fim de semana. Falei com os meus pais nesses dias e foi importante lembrar o quanto eu os amo e o quanto eles são importantes para mim.

William
Um leitor