segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A tecnologia da guerra trouxe a invisibilidade do massacre de quem o pratica


Little boy, bomba atômica despejada sobre Hiroshima
 pelo B-29 Enola Gay. Foto: Wikipedia

ERA DOS EXTREMOS - Eric Hobsbawm

Capítulo 1


A era da guerra total



Uma das inovações que as grandes guerras mundiais trouxeram para a modernidade foi a tecnologia para se matar em grande escala e com mais distanciamento das vítimas. Se antes, os combatentes tinham que presenciar e ser autores de grandes carnificinas nos campos de batalha, após toda a tecnologia de longo alcance e maior potência das armas foi possível se matar em escala com simples apertar de botões.


Nos trechos que cito abaixo, Hobsbawm fala da curva ascendente do barbarismo após 1914, como a volta da tortura no século XX, genocídio e matanças com objetivo de extermínio etc.



"Outro motivo, porém, era a nova impessoalidade da guerra, que tornava o matar e estropiar uma consequência remota de apertar um botão ou virar uma alavanca. A tecnologia tornava suas vítimas invisíveis, como não podiam fazer as pessoas evisceradas por baionetas ou vistas pelas miras de armas de fogo. Diante dos canhões permanentemente fixos da Frente Ocidental estavam não homens, mas estatísticas (...)"



"Rapazes delicados, que certamente não teriam desejado enfiar uma baioneta na barriga de uma jovem aldeã grávida, podiam com muito mais facilidade jogar altos explosivos sobre Londres ou Berlim, ou bombas nucleares em Nagasaki. Diligentes burocratas alemães, que certamente teriam achado repugnante tanger eles próprios judeus mortos de fome para abatedouros, podiam organizar os horários de trem para o abastecimento regular de comboios da morte para os campos de extermínio poloneses (...)"



"As maiores crueldades de nosso século foram as crueldades impessoais decididas a distância, de sistema e rotina, sobretudo quando podiam ser justificadas como lamentáveis necessidades operacionais."



A CRUELDADE AINDA PIORARIA APÓS OS ANOS NOVENTA


As notícias sobre crueldade na guerra não são boas. Após o cenário descrito por Hobsbawm no século XX, entramos no século XXI descobrindo cenas grotescas de soldados americanos e da OTAN brincando de assassinar inimigos em suas potentes máquinas como se estivessem jogando videogames.


Em geral, as cenas só chegam até nós por vazarem ou de forma clandestina. Imaginem tudo o que a maldade da guerra faz atualmente...



COMENTÁRIO FINAL

E pensar que, mais cedo ou mais tarde, uma das grandes potências acabará por atacar um dos países com as maiores reservas de tudo no planeta: Brasil!



Bibliografia:


HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos - O breve século XX, 1914-1991. Companhia das Letras. Tradução de Marcos Santarrita, 2ª edição, 33ª reimpressão.

domingo, 29 de janeiro de 2012

QUANDO PARTIMOS - DIE FREMDE

Poster de divulgação do filme alemão.
QUANDO PARTIMOS – DIE FREMDE
Filme de 2010, dirigido por Feo Aladag

Assisti ontem a este filme de co-produção da Alemanha e Turquia. É um filme duríssimo. É desses que nos dão um soco no estômago.
A história trata principalmente da questão da mulher e das dificuldades inerentes em ser mulher nas sociedades com culturas muito rígidas e tradicionais no que diz respeito aos direitos da mulher.
Não pretendo fazer críticas às sociedades orientais sobre direitos de gênero, raça, orientação sexual etc, pois só acho que vale a pena ir fundo nestes temas se tiver com disposição de descer a lenha também nas sociedades ocidentais capitalistas, pois toda crítica que cabe ao oriente, cabe também ao ocidente.
Quero somente sugerir em poucos parágrafos que vale a pena ver o filme e refletir a respeito, vinculando a história com as nossas histórias e entorno social.

AS HISTÓRIAS DE VIDA SÃO AS HISTÓRIAS DA VIDA HUMANA
Todo sofrimento passado por Umay (Sibel Kekilli), a protagonista da história, tanto é único para a jovem mulher e mãe Umay, quanto é também para as protagonistas de tantas outras histórias que lidam com o preconceito e a discriminação em relação às mulheres e aos diferentes da maioria.
Da mesma forma, todo drama vivido por Umay e seu lindo filho Cem (Nizan Schiller) é um fragmento dos milhões de dramas que compõem a vida humana de leste a oeste, de norte a sul no planeta Terra. Não consigo deixar de dizer que o mundo é um lugar hostil!
A história de nossa humanidade é toda feita de abusos aos diferentes, de não-respeito às pessoas, tanto por parte dos Estados de forma institucional, quanto por parte dos indivíduos e dos grupos e famílias, naquilo que chamamos de cultura local ou regional.
Quantas vidas sofrem diariamente o preconceito, os maus tratos, e a indiferença por que passaram Umay (e seu filhinho) simplesmente por não agüentarem mais sofrer, apanhar, ser humilhado, não poder ser feliz (ou tentar)?
Além de recomendar este belo filme, também sugiro outras histórias semelhantes que nos põem a pensar que o mundo precisa melhorar muito no que concerne à tolerância, à inclusão social, ao respeito à liberdade e à democracia.
O livro “A cidade do sol” de Khaled Hosseini, aborda também as agruras e sofrimentos de mulheres afegãs.
Para não ficar só nos problemas orientais, é bom que as pessoas vejam que maravilha é a democracia americana, terra da “liberdade” e do “respeito aos diferentes”.
O filme “Preciosa” é um soco no estômago também, é um belo exemplo de como os americanos tratam uma mulher da forma mais intolerante possível (como se gosta de acusar ao Irã, ao Islamismo etc).
Também é uma boa pedida de filme sobre preconceito e intolerância o filme “Milk” sobre a questão da orientação sexual e os direitos civis.
E para finalizar, que tal ver o quanto os judeus são bonzinhos com os árabes e assistir ao filme “Lemon tree”?

UM OUTRO MUNDO É NECESSÁRIO! UM MUNDO SOCIALISTA, DEMOCRÁTICO, LIBERTÁRIO E SUSTENTÁVEL, CUJO FOCO NÃO SEJA O CAPITAL DE UNS POUCOS, MAS AS VIDAS HUMANAS E A EXISTÊNCIA NO PLANETA TERRA.

OU NÃO É DE NOSSA CONTA O DESPEJO DAS FAMÍLIAS DO PINHEIRINHO EM S. J. DOS CAMPOS EM FAVOR DA ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA E DE CAPITALISTAS BANDIDOS?

sábado, 28 de janeiro de 2012

Releitura: A morte de Ivan Ilitch - Tolstói


Tolstói em foto de 1908.
Fonte da imagem: Wikipedia.

Refeição Cultural - A morte de Ivan Ilitch – Tolstói

CLÁSSICO RUSSO de 1886

Comprei essa edição que tenho em 2008 na feira de livros da FFLCH - USP e li imediatamente. Ela é traduzida por Boris Schnaiderman e tem apêndice de Paulo Rónai. Minha primeira leitura não foi muito boa, pois não foi uma leitura atenta.

Lembro-me de companheiros do movimento sindical falarem de forma entusiasmada sobre esse livro. Não me ficou essa impressão da leitura que havia feito.

Há poucas semanas, quando estive em Uberlândia, na casa de meus pais, também tive a oportunidade de perceber que realmente a minha primeira leitura foi pouco atenta.

Minha sobrinha, que acabava de ser aprovada nos exames para entrar na Universidade Federal de Uberlândia, mostrou-me uma questão da prova que era a respeito do livro.

Ao ler a questão, vi que não me lembrava de nada da obra para iniciar a resposta. Sequer me senti em condições de fazer um bom chute.

Era evidente que precisava ler novamente este clássico da literatura russa e de Leão Tolstói.

Comentários sobre a primeira leitura AQUI.


MINHA RELEITURA

Nesta leitura, confesso que senti uma agonia imensa ao longo da história. Que tristeza!

Várias coisas foram passando por minha cabeça.


A FRIEZA BUROCRÁTICA DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE SAÚDE

A frieza burocrática do tratamento dado ao senhor Ivan por parte das “autoridades médicas” me lembrou uma discussão moderna da medicina, onde há uma forte crítica pelo fato dos médicos especialistas não tratarem pessoas, pacientes que são seres humanos com dor e com sofrimento pela não-saúde.

Os profissionais e especialistas da medicina moderna tratam de “órgãos” e “partes de um corpo”. Eles não tratam de uma pessoa. Se alguém está sentindo dor e sofrendo com um problema de rim operado, não é problema do médico do rim. Dor é com o anestesista. Não adianta reclamar de dor com um especialista em coração, pois ele vai lhe dizer que não é com ele, ele trata de coração.

Como a descrição do sofrimento do senhor Ivan Ilitch se passa no século XIX da Rússia Czarista, pudemos ver que a questão da frieza no tratamento com as pessoas doentes vem de muito, muito longe.


A SOLIDÃO DOS MORIBUNDOS NA DOENÇA

Outra questão muito forte no livro é a dor profunda e solitária das pessoas no leito de morte.

Essa solidão existe independente da crença ou não-crença de cada um. É uma solidão da dor. É a solidão do medo do desconhecido, do sentir o instante de não mais existir.

A dor do orgulho ferido pelo que pode acontecer fisicamente conosco no fim.

Foi uma tristeza para mim lembrar-me do fim de minha querida tia Alice, que faleceu de câncer em um espaço de tempo muito parecido com o da personagem entre o ir ao médico, perceber-se que há algo errado e o fim. Será sempre muito difícil vivenciar a perda das pessoas queridas.


A DENÚNCIA DA FRIEZA DO ENTORNO SOCIAL

É muito forte a denúncia da hipocrisia da estrutura social quando chega a hora da morte de uma pessoa com boa posição profissional e com nível de chefia no sustento do lar. Isso fica muito claro na obra, quando falamos dos estamentos sociais na burocracia do Estado, na substituição da hierarquia dos cargos, como também na “hierarquia” da família e dos agregados.

A morte de um líder ou pessoa bem posicionada passa a ser oportunidade para os outros na estrutura social e ausência de sustentação financeira na estrutura familiar.

Quantos de nós faremos falta pela ausência da companhia, do amor, do afeto e pela simples presença como seres humanos?

A pensar...

William


Bibliografia:

TOLSTÓI, Lev. A morte de Ivan Ilitch. Tradução de Boris Schnaiderman. Editora 34. 1ª Edição 2006 (1ª reimpressão 2007)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A bomba atômica e suas in-justificáveis motivações (políticas)


Cogumelo atômico sobre Hiroshima e Nagasaki. 
Fonte: Wikipedia.

Lendo um pouco de Era dos Extremos, de Eric Hobsbawm, fiquei pensando nos riscos atuais que estamos correndo novamente. Aqui, chamo a atenção dos leitores amigos, às vezes desavisados por estarem labutando para o sustento diário da vida e da família, enfim, chamo a atenção para o que Estados Unidos e Israel estão fazendo em relação ao Irã.

Ambos estão programando justificativas para a guerra contra o Irã, contra os árabes. Acredito que as consequências dessa provável guerra podem ser mais extensas que às consequências dos massacres americanos no Iraque e no Afeganistão.

Segundo Hobsbawm, a provável justificativa americana para o lançamento das duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, era evitar mais mortes de soldados americanos ou também não permitir o crescimento político da URSS como ocorreu ao final da 1ª Guerra Mundial.

Eu partilho da leitura feita por Hobsbawm.

"A longo prazo, os governos democráticos não resistiram à tentação de salvar as vidas de seus cidadãos, tratando as dos países inimigos como totalmente descartáveis. O lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945 não foi justificado como indispensável para a vitória, então absolutamente certa, mas como um meio de salvar vidas de soldados americanos. É possível, no entanto, que a ideia de que isso viesse a impedir a URSS, aliada dos EUA, de reivindicar uma participação preponderante na derrota do Japão tampouco estivesse ausente das cabeças do governo americano." (p. 34 e 35)

Pois é...

VALORES BÁRBAROS APÓS 2ª GUERRA MUNDIAL

"O acentuado declínio dos valores da civilização após a Segunda Guerra Mundial acabou trazendo o gás venenoso de volta. Durante a guerra Irã-Iraque, na década de 1980, o Iraque, então apoiado entusiasticamente pelos estados ocidentais, usou-o à vontade contra soldados e civis..." (p.36)


Bibliografia:


HOBSBAWM, Eric. Era dos Extremos - O breve século XX, 1914-1991. Companhia das Letras. Tradução de Marcos Santarrita, 2ª edição, 33ª reimpressão.



Post Scriptum no Facebook:

Sempre que lemos um pouco do grande Eric Hobsbawm, melhoramos nossa capacidade de olhar ao redor e entender um pouco como funcina a máquina Mundo...

Tento seguir a dica sábia de ler diariamente para melhorarmos o entendimento da vida e de nós mesmos. O duro é que ao longo do ano de luta o tempo é bem escasso. Mas vamos lendo ao menos 1 hora por dia...

sábado, 21 de janeiro de 2012

WALL STREET 1987 – direção de Oliver Stone

Cartaz do filme de 1987.

WALL STREET 1987 – direção de Oliver Stone


Assistir ao filme dos anos oitenta novamente foi como vê-lo pela primeira vez porque eu era adolescente e não me lembrava de nada sobre ele.

Alguns momentos do filme são bem elucidativos sobre o que viríamos a viver na atual crise financeira e econômica global. Vale lembrar a todos que “ganância” é o nome do sol que ilumina Wall Street e aquele 1% dos americanos que detém a riqueza do país.

O negócio de Gordon Gekko (Michael Douglas) é transferir a propriedade do dinheiro que existe e não produzir riquezas materiais, como ele mesmo diz no filme. Ele dá um dado interessante daquela época: 1/3 da riqueza daquele país vinha da produção e 2/3 vinham circulando através de gerações de famílias, por herança, e eram negociadas em ações em bolsa de valores.

No filme, Gekko compra a companhia aérea em que trabalha o pai do corretor Buddy Fox (nos papéis estão Charlie Sheen e seu pai verdadeiro Martin Sheen). Buddy é o aprendiz de trapaceiro do bilionário Gekko nos negócios da bolsa de valores. Buddy lhe dá inicialmente informação privilegiada por ser filho de sindicalista da companhia. Ao final da história, é caro o custo a pagar pelo excesso de ganância e cobiça pelo dinheiro fácil.

FILME MOSTRA ANTECEDENTES DA CRISE ATUAL DO CAPITALISMO

O que aconteceu nas duas décadas seguintes e que acabou de ferrar os empregos americanos é fruto daquilo que o filme mostra.

Os EUA deixaram de produzir riqueza material nas últimas décadas e passaram a permitir que o 1% que detém o Capital transferisse todo o emprego americano para outras partes do mundo. Fecham os postos de trabalho americano, tiram a riqueza do povo, e trazem de volta somente os lucros criados no exterior diretamente na conta do 1% mais rico.

Os governos americanos democratas e republicanos permitiram que o 1% fodesse toda a população americana.

Em outras palavras, os EUA substituíram a produção material da economia real que gera riqueza para a própria sociedade em favor da especulação financeira daquele 1%.

Agora que assisti novamente ao primeiro filme dos anos oitenta, posso assistir e entender um pouco melhor o filme atual lançado em 2010 – Wall Street, o dinheiro nunca dorme.

COMENTÁRIO FINAL

A cada dia tenho mais convicção de que o mundo caminha para o colapso total produzido pelo Capitalismo, com sua ganância e suas guerras de manutenção.

Com a crise atual, lá vem guerra por aí. Os alvos estão sendo definidos, mas a guerra desta vez será maior que aquelas dos anos noventa e dois mil. A humanidade pode não ser a mesma depois dela.

O pior é que nós e nossos filhos é que seremos as buchas de canhão daquele 1% que detém todo o poder econômico e financeiro – enfim, o poder político.

Busque um pouco de prazer entre suas preocupações

ESTA SUGESTÃO É NECESSÁRIA AO VIVER:

“Interpone tuis interdum gaudia curis” ou
“Mezcla placeres entre tus preocupaciones” (Catão, Dísticos, I, 18)

é algo assim em nossa língua:

"intercale prazer entre suas preocupações"

Qualidade supera quantidade na leitura atenta

TAMBÉM PENSO ASSIM:

“Que mais aproveita digerir uma lauda que devorar um volume” (Machado de Assis na voz de seus personagens)

"O olhar tem uma idade" (Machado de Assis)

ESTA SENTENÇA TEM UM SENTIDO CERTO:

“Cada homem vê as cousas com os olhos da sua idade” (Machado de Assis na voz de seus personagens)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

VACACIONES - viagem de férias (fim)

E então chegou na terça-feira 17 o último dia do pacote de viagens dos turistas proletários do Brasil. Ontem, saímos de Buenos Aires no fim da tarde e chegamos ao nosso querido País.

Composição: palmeira, Rocinante, dom Quixote e Evita.

Eu iria escrever com letras maiúsculas e garrafais o final da frase acima sobre meu amor pelo Brasil, mas como acabei de sair das páginas do melhor blog que eu conheço - Blog da cidadania -, é impossível fazer isso neste momento lembrando-me do quanto grassa por aqui a injustiça com o povo humilde e a classe trabalhadora, a verdadeira riqueza deste país.

Palacio Barolo, um dos edifícios mais imponentes da Avenida de Mayo.

Bom, voltando ao último dia de viagem na Argentina, nosso check out era às 13 horas (e nosso voo seria às 19h, e a chegada em casa por volta da meia-noite).

Composição: Cúpula do Congresso Argentino, poste de iluminação e lua (ali do ladinho)

Saí sozinho do hotel para caminhar umas duas horas por alguns lugares que queria ver e bater umas fotos e achar alguns sebos para comprar ao menos uns cinco ou seis livros de literatura argentina.

O herói argentino de mármore sob céu azul e leve aceno da lua.

Peguei a Avenida de Mayo e fui até o Congresso Argentino, o segundo maior congresso do mundo em termos de construção arquitetônica.

Pensador da Plaza de los Dos Congresos. Penso Penso...

Pelo caminho achei alguns sebos e comprei livros novos, porém baratos.

Congreso de la Nación Argentina

Após a visita à praça do congresso, ainda dei uma corrida até o Teatro Colón, outra construção magnífica.

Chafariz em frente ao congresso argentino.

Cheguei faltando trinta minutos para a saída do quarto do hotel.

Composição: Cúpula e pássaro de metal.


DETALHES
Para comentar rapidamente algumas coisas, começo falando da relatividade do que seria caro ou barato quando se trata do sistema capitalista desgraçado em que vivemos.

Torre de la Confitería del Molino. Lugar do primeiro moinho de farinha de Buenos Aires.

Os turistas e "clientes" são explorados em tudo, tudo onde há complôs e acordos fechados como locais onde a pessoa não tem alternativas por estar enclausurado.

Teatro Colón. Dizem ter a melhor acústica natural da América Latina.

No Aeroparque da Argentina - na ida - tive que pagar 6 (seis) reais em uma água, pois não havia bebedouro público.

A put... dos aeroportos do mundo em ROUBAR os usuários.

No Aeroporto de Ezeiza - na volta -, me senti roubado, assaltado. Os palhaços dos turistas ficam economizando alguns pesos (ou reais) em comprinhas na rua e quando se está dentro do aeroporto, se não quiser ficar com fome por horas, tem que pagar 102 (cento e dois) pesos - 50 REAIS - em duas porcarias de salgados e uma coca cola.

Escuela Presidente Roca. Colunas e arestas. Está localizada ao lado do Teatro Colón.

Eu sei que sou muito crica por minhas críticas, mas que culpa tenho se fiz a escolha certa (e dura) pela conscientização e desalienação política?

Composição: Céu em fogo, com estrela, e sombras na volta pra casa.

A exploração, a desigualdade e a desumanização nas sociedades humanas NÃO É NATURAL. É UMA OPÇÃO POLÍTICA!


IMPRESSÕES CHILENAS E ARGENTINAS

Aqui termino nosso diário de viagem por Santiago do Chile e Buenos Aires na Argentina.

Gostei muito do povo chileno, gostei de Santiago e do Chile. O povo argentino é mais frio e alguns são arrogantes. Mas também há gente boa por lá. A cidade de Buenos Aires é muito imponente em relação à beleza. É tudo muito grande e belo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Vacaciones - viagem de férias (VII)

Hola, acá estamos en la habitación después de más un día caminando por las calles de Buenos Aires. Con el calor que hizo hoy, el lunes 16, tuvimos el deseo de estar como los perros por las calles y plazas, es decir, descansando en los sitios frescos, ahorrando energía.

Olha o verde e amarelo do Brasil aqui na Argentina.

Pois é, estamos no hotel após mais um dia batendo pernas por aí em Buenos Aires. Na verdade, a vontade que nos deu, com o calor que esteve fazendo durante o dia, foi de ficar deitado na sombra esperando o mundo acabar em barranco. Deve ter feito quase quarenta graus hoje.

Composição: poste de iluminação Madero e torre de banco.

Andamos pelas ruas do lado norte da Avenida 9 de Julho, lado em que estamos hospedados. Fomos nas ruas e galerias daqui para o deleite de minha esposa, que não queria ir embora sem ver as lojas e marcas que estão ali (eu falei ver e não comprar). Estas são diferenças básicas entre nós no que diz respeito aos gostos. De minha parte, aproveitei para tirar algumas fotos.

Cúpula de las Galerías Palacio. É arquitetura interna da construção é impressionante.

Definitivamente, o melhor em um pacote de viagens é escolher um local só para ir, pois tivemos dois dias em Buenos Aires e não é possível ficar como um louco tentando ir aos principais pontos turísticos da cidade porque não dá tempo.

Fachada central do Edificio Pacífico.

O ideal para um pacote é ter pelo menos uns sete dias livres para conhecer cidades principais de um país e os pontos turísticos da capital, pois vale lembrar mais uma vez que dos tais sete dias de um pacote tradicional, os "manés" contratantes passam dois dias só para ir e voltar. No nosso caso que fizemos a opçao por dois países, os "manés" passaram três dias em função de sair de um local e se hospedar em outro.

Vale!...

DETALHES DO DIA


Galerias Pacífico, construção de 1891. Belíssima arquitetura!
Fomos na famosa Galerías Pacífico, um prédio suntuoso, maravilhoso, com mais de um século e totalmente restaurado, e que contém mais de 150 lojas, o qual ocupa o quarteirão inteiro da rua. O local fica entre a Avenida Córdoba e a Calle Florida.

Livraria El Ateneo, no Galerías Pacífico. Não comprei nada lá, mas depois comprei uns livros do Cortázar nas bancas de jornais e revistas.

Também comemos as deliciosas empanadas argentinas. São como os nossos pastéis, só que são assados e não fritos.


Escultura em Puerto Madero, em homenagem às mulheres. Puente de la MUJER.

Visitamos o Puerto Madero, local da elite portenha onde um prato de comida pode custar uns 150 reais.


Um turista brasileiro fotografa as informações sobre a Puente de la MUJER.

Estivemos em uma das livrarias El Ateneo, a loja da galeria e não a loja que era um antigo teatro de 1919. Mas os livros são muito caros. Para compensar, ao final do dia, comprei pelo menos alguns livros de edição popular de Júlio Cortázar.

Não, não é o 11/09. É o 16/01 em Puerto Madero, Buenos Aires.

Agora ao final do dia, tomei minha cerveja no quarto enquanto fazia esta postagem.


Tomando uma breja ao fim do dia enquanto postava em meu blog.

Zefiní...

Vacaciones - viagem de férias (VI)

Este domingo foi o sexto dia de nosso pacote de viagem para Santiago no Chile e Buenos Aires.

Chegamos ontem à noite em Buenos Aires, Argentina.


Casa Rosada: dizem que a cor se origina de acordos políticos entre los rojos e los blancos.

Estamos cansados, não podemos negar. Como disse no início, viagens de férias não são feitas para descansar. São feitas para conhecer novos lugares e fazer um monte de coisas. Descansar para algumas pessoas como eu, por exemplo, é não fazer nada, a não ser ler um bom livro, praticar esporte ou outra coisa sem compromisso e horário.


Monumento que observa a Casa Rosada.

Fizemos pela manhã o city tour incluído no pacote de viagem. Passeamos um uma van por alguns lugares de Buenos Aires, mas só descemos 30 minutos em frente à Casa Rosada na Plaza 21 de Mayo e paramos cerca de uma hora na parte sul da cidade, na região de La Boca.

Como vocês podem ver, essa praça é histórica em relação aos movimentos e lutas sociais há dois séculos.

É notável a diferença que sentimos e percebemos do povo chileno em relação ao povo argentino. Não vou ficar escrevendo a respeito por uma questão de educação, mas é muito diferente.

Não se preocupem, pois a torre está mirando errado, não vai acertar o avião.

O calor aqui está muito forte assim como esteve também em Santiago.

Interior da Catedral Metropolitana. Também está na Plaza de Mayo.

Após o passeio com a agência de viagem, voltamos a pé para o hotel. Saímos novamente lá pelas 4 horas da tarde para ir comer alguma coisa. Podem não acreditar, mas ao invés de comer as famosas carnes portenhas (cruas na minha opinião), comemos uma pizza deliciosa com cerveja.

Av. Pte Roque Saens Peña, vendo o obelisco a partir da Plaza de Mayo. Estamos hospedados nesta avenida.

Bati umas fotos legais de alguns lugares que passamos.

Caminito é uma rua de La Boca, bairro tradicional e popular de Buenos Aires.

Na segunda-feira vamos andar um pouco e ver se vamos até uns dois ou três lugares turísticos.

Casas coloridas de madeira e zinco de La Boca, originadas da migração italiana do início do século XX.

Com o cansaço que já bateu, no fim do dia de domingo, acabamos assistindo a dos películas en la pantalla del hotel con derecho a lenguaje española sin subtítulo de "Rocky Balboa" y "Deja vu".

Obelisco de Buenos Aires. O luz do sol que captei deve ser aquela da bandeira argentina.

Fim do domingo e fim do pique para roteiros cansativos de turista de pacote de viagem. Na terça-feira voltaremos para o mundo de OZZZZ... Osasco, Brasil.

Composição: Obelisco, bandeira argentina e lá ao fundo, uma homenagem da família Kirchner a Evita Perón. Ela trabalhou naquele prédio. Parte do povo amou, parte odiou a homenagem.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Vacaciones - viagem de férias (V)

Composição 1: Obelisco e torre de aço
O quinto dia do pacote de viagem não é um dia de férias. É um dia de martírio. Ao invés de curtir as férias, os trabalhadores que compram esses pacotes que incluem mais de um lugar de estadia - país, estado etc -, passam o dia de mudança de local em função de uma merda de trânsito de um lugar ao outro.

Composição 2: Árvore rosada.

Ou seja, ao final das contas, um pacote de oito dias de viagem incluindo dois países é, na verdade, um pacote que o turista paga por cinco dias de estadia e três dias de trânsito. NÃO FAÇAM ISSO!

Composição 3: Homem nu carregando pombas.

SÁBADO SALVO PELA MANHÃ

Por sorte, neste sábado 14/01 pela manhã, inventei de sair cedo e dar um rolê pela cidade de Santiago para não ficarmos só em função de sair do Chile e chegar a Argentina para dormir.

Composição 4: Anjo, leão e torre de aço.

O passeio foi produtivo em relação a bater boas fotos - meus leitores já perceberam que gosto de bater fotos com focos interessantes e composições próprias.

Composição 5: Obelisco, bandeira chilena, cavalo e homem e aços.

Acho que caminhei uns 4 ou 5 km hoje de manhã em Santiago. Saí do bairro Las Condes, onde estávamos hospedados e caminhei até a estação Santa Luzia do metrô. Bati umas fotos legais das praças por onde passei.

Composição 6: Palmeira-do-Chile, bandeiras e estátua chilenas.

Andei pela avenida Providência até ela mudar de nome. Passei pela Universidade Católica do Chile e cheguei ao meu objetivo inicial - o Cerro Sta Luzia.

Composição 7: Mãos e olhos dos patronos da Universidade Católica do Chile.

Lá tem uma fonte inspirada na fonte que existe em Roma - Fontana di Trevi. Continuei subindo até o fim e fui olhar a cidade de Santiago do mirante que há ali.

Composição 8: Fontana di Trevi chilena, torre de aço e palmeira-do-Chile.

Após chegar ao objetivo inicial da caminhada, desci no maior pique para ir embora pois faltava uma hora para fazer check out no hotel. E eu ainda fui embora de metrô. Cheguei pingando de suor.

Composição 9: Velha luminária no céu azul e verde chileno.

O dia só não foi todo perdido por minha aventura corrida de manhã.

Composição 10: E o céu chileno se fez em flor.

A tarde e a noite foi toda em função de espera, espera, trânsito, espera, filas (cola), check in, cola, filas de mais de uma hora de espera e desrespeito aos passageiros na emigração argentina, espera, falta de respeito aos turistas... hotel às 22h só pra chegar, hospedar e dormir.

Composição 11: Avião sombra de día turístico fantasma pousa em Buenos Aires

FOTOILUSTREI esta postagem com umas fotos bem legais entre os parágrafos para embelezar um pouco esse dia de martírio de turista de pacote de viagem.

Fui... quer dizer, cheguei... à Argentina.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Vacaciones - viagem de férias (IV)

Nesta sexta-feira 13, ou seja, el viernes 13, fizemos um passeio para o litoral chileno. Fomos conhecer a antiga e histórica cidade de Valparaíso, onde está o principal porto do Chile. Também conhecemos o balneário de Viña del Mar.


Montanhas envoltas em neblina formada pela umidade do Pacífico. Ela é fundamental para as plantações.

A ida para o litoral descendo por aquelas montanhas maravilhosas é de um visual deslumbrante. O contraste entre o marrom meio amarelado das montanhas mesclado com os vales verdes verdes de plantações de uvas, limões, azeitonas e milhos é imponente. Se somarmos este contraste com o azul azul do céu então, a visão é única.


Vejam os vales verdes com a forte aridez das montanhas.

Uma coisa me chamou bastante a atenção: a cada minuto se vê casas e áreas comerciais com a bandeira do Chile tremulando ao alto. Já havia percebido isso na cidade de Santiago. Aliás, aprendemos sobre o significado das cores da bandeira chilena com a nossa simpática guia Chailot.

A bela bandeira chilena. Toda bandeira tem uma história e é interessante conhecê-la.

O azul simboliza o céu sempre muito muito limpo. O branco representa a neve dos Andes. O vermelho é o sangue daqueles que lutaram pela independência do país. A estrela significa a unidade do país como uma república unitária e não como uma república federal.

A cidade lá embaixo, o porto de Valparaíso e um detalhe que adoro: esses postes de iluminação antigos.

A visão de Valparaíso é muito forte para quem é um apreciador da história do mundo e das sociedades. Estar por algum tempo ali foi uma sensação muito boa.

Um velho funicular descendo com passageiros. Descemos por ele também a 300 pesos (pouco mais que 1 real).

O grupo almoçou no balneário de Viña del Mar. Fomos em um restaurante típico e comemos um almoço completo com aperitivo, entrada, prato principal (peixe, claro!), postre e café. Muy exquisito!!

Monumento "la patria reconocida..." na praça central de Valparaíso.

Após o almoço, fomos um pouco para uma praia do local. A água do Oceano Pacífico é muito gelada. Agora já conheço dois oceanos.

Nosso grupo almoçou em um restaurante típico de Viña del Mar.

DETALHES
Vimos um monte de leões marinhos nas pedras da praia.

Leões marinhos descansam nas pedras. Clique na foto para ver um pouco melhor (minha máquina não tem zoom profissional).

No Chile só tem carro importado. Mas em Valparaíso os carros lembram os carros da ilha de Cuba, muitos devem ter décadas rodadas.

Carros antigos convivem com milhares de carros novos e luxuosos.

Os funiculares (bondinho/elevador de subir e descer morros) são muito antigos e típicos daqui. Há prédios de apartamentos incrustados nas rochas e penhascos que usam funiculares ao invés de elevadores para as pessoas chegarem nos andares.


Relógio de flores de Viña del Mar.

Vimos o famoso relógio de flores de Viña del Mar.

Não adiantou minha capacidade de voar. Depois acabei conhecendo o gelo da água do Pacífico.

Ao descer para o litoral, vimos que aqui também é cheio de pedágios.


CHILE - PAÍS ACOLHEDOR E GENTE DE BEM

Amanhã vamos para a Argentina. A impressão que fica do povo chileno é muito boa. Na minha opinião, é um povo receptivo e muito simpático.


Quadro do poeta Pablo Neruda no restaurante onde almoçamos.

Não foi possível ver muita coisa. Nem na casa de Pablo Neruda em Valparaíso deu pra ir. Não fizemos nenhum passeio específico na Cordilheira dos Andes. Se tivesse mais tempo, iria entrar nos museus da cidade de Santiago e apreciar com calma as obras.

É isso. Eu voltaria aqui tranquilamente várias vezes.

Obrigado povo chileno.