domingo, 31 de julho de 2016

Diário - Leituras atividades físicas filme anime música... Reflexões



Ipê amarelo no Eixão.

Refeição Cultural

E então o fim de semana vai terminando. Como ele é importante para todas as pessoas que vivem do trabalho, ou seja, uns 95% da população mundial. E até isso, esse nosso instante, os donos do capital querem nos tirar para acumularem mais e mais. Mas lembro aos meus pares que a história das sociedades humanas mostra que não há compaixão para a classe trabalhadora, não há! Qualquer direito é conquista de lutas, e isso não vai mudar.


Entardecer e anoitecer em Brasília, vale a pena ver...

Desculpem o começo desta postagem já falando de embate entre capital e trabalho. É efeito dos tempos que vivemos.

Neste fim de semana, fiz muita coisa para tentar me desligar um pouco do trabalho, que me consome quase a totalidade da energia mental e física durante cada semana de meu mandato desde que comecei a exercê-lo faz mais de dois anos.


A mensagem final do filme é interessante.

Filme Minority Report - A Nova Lei (2002)

Faz tempo que queria assistir a esse filme. Ele faz parte de um conjunto de livros e filmes que abordam a temática de sociedades distópicas. Comprei faz tempo e estava ainda no plástico. Depois que começaram a prender brasileiros por "pré-crimes" mais recentemente, vi que era a hora de ver o filme.

A estória se passa no ano de 2054 em Washington DC e o sistema de justiça do local descobriu uma forma de prender pessoas que iriam cometer crimes, pois eles eram antevistos e a polícia chegava antes de ocorrerem.

A questão central do filme e que nos coloca a pensar é se o futuro previsto ou desenhado pode ser alterado ou não. A mensagem da trama (sem revelar o fim) e que eu trago para a reflexão é: - você tem escolha!

Eu gostei do filme e fiquei vários minutos pensando a respeito após o final da trama.

Você tem escolha em não cometer um crime contra o nosso futuro - Se fosse para eu fazer uma analogia com a nossa realidade, eu diria uma coisa com relação ao futuro que está desenhado nos próximos meses em nosso querido país e em seus mais de 5.500 municípios.

Apesar de cada brasileiro e brasileira estarem propensos a não ligarem para a política por causa de uma estratégia de criar nojo nos cidadãos comuns, estratégia dos donos do poder econômico, os mesmos que organizaram o Golpe de Estado e o regime de exceção que já estamos vivendo, você pode se envolver de verdade e votar em candidatos e partidos do campo popular e não os partidos e candidatos da plutocracia golpista. Não cometa um crime contra o seu futuro e de seus descendentes colocando formalmente fascistas, o patronato e a plutocracia no poder legislativo municipal e nos executivos municipais.

Pense nisso, você tem escolha!


Aos poucos, vou conhecendo a obra de José J. Veiga.

Lendo contos de José J. Veiga

Me deliciei lendo o terceiro livro de José J. Veiga. Pena que não consegui acabar... o domingo acabou primeiro.

Os contos do livro A Estranha Máquina Extraviada (1967) são muito legais. Todos têm um liame em relação ao se estar perdido, extraviado, fora de eixo e de lugar. Cada personagem. E como isso é atual se pensarmos o mundo da política e da vida em nosso tempo.

Quando terminar o livro volto ao tema.


Eu quero estar bem para as lutas que enfrentamos...

Atividade física - correndo e pedalando

Ontem, sábado, juro que passei o dia procrastinando para correr porque eu era o verdadeiro Macunaíma. Tudo que sentia em cada hora do dia era - Ai, que preguiça!

Algumas coisas na vida humana são claras. A força de vontade em fazer o que deve ser feito é algo que cada pessoa constrói dentro de si durante toda a vida. Eu acredito nisso.

Normalmente o sábado à noite é o dia da balada, de sair, de festa etc. Pois só depois das 21h de sábado é que eu venci meu momento Macunaíma, disse a mim mesmo - Xô preguiça! - e saí para correr.

Caprichei! Fui correndo uns 3 km, depois fui até dar uns 5 km, decidi passar um pouco da média deste mês, corri uns 6 km e, por fim, fechei a corrida com 8 km em 51'. Foi uma vitória minha sobre meu momento Macunaíma.


Ainda um ipê roxo entre os amarelos. 

Hoje, domingo, foi a mesma coisa. E a coragem que eu estava de sair para pedalar... ainda mais depois dos 8k de sábado... Foi só depois das 16h que tive pique para sair e pedalar no Eixão por uma hora.

Fechei bem o mês de julho. Este foi o mês que comprei uma bike para revezar com corridas e caminhadas. Fiz um esforço grande e a força de vontade prevaleceu. Corri em São Paulo, Osasco, Manaus, Brasília e caminhei até no Uruguai.

Percurso esportivo em julho

Sábado 2 DF ...........................5k 33' 23º

Domingo 3 DF ........................90' de bike no Eixão

Segunda 4 DF .........................4k 26' noturna

Quarta 13 Uruguai ..................5k caminhada Colônia de Sacramento

Quinta 14 SP ...........................15' corrida em frente à Pref. Mun. Osasco

Sexta 15 SP .............................6,5k caminhada 70' em Osasco

Domingo 17 SP .......................5k 32' Pq. Continental

Quarta 20 AM .........................5k 33' 22º em Manaus - forte umidade

Sábado 23 DF .........................6k 65' 22º caminhada noturna

Domingo 24 DF .....................60' de bike e 3k caminhando no Eixão

Segunda 25 DF ......................5k 33' 23º noturna

Quarta 27 DF .........................6k 37' 22º noturna

Sábado 30 DF ........................8k 51' 16º - Xô preguiça!

Domingo 31 DF .....................60' de bike no Eixão


Apesar da agenda sem local fixo, consegui correr 8 vezes, passei a pedalar neste mês e caminhei um pouco, o que é fundamental neste período porque em agosto farei minha caminhada de 75 km em MG. Faltam duas semanas.

É isso. Acabou o mês de julho. A esposa está com o filhão lá no interior de SP. Mas isso é bom para ambos.

Postagem feita ao som de Bob Dylan e Sheryl Crow...

Vamos com energia para o mês de agosto, fazer o que devemos fazer e lutar pelo que acreditamos e defendemos.

William

Death Note - Anime (III)



Capa do 1º volume do mangá Death Note.

Refeição Cultural


Os episódios e a trama do anime Death Note (2006/07) são muito bons e instigantes. Assisti aos episódios 7 (Tentação), 8 (Linha de vista) e 9 (Contato). 

A estória é sobre um jovem que encontra um "Caderno da Morte" de um Shinigami (Deus da Morte) e passa a ser o dono do caderno. O adolescente de 17 anos começa a utilizar o poder do Death Note para matar criminosos e livrar o mundo dos crimes. Mas passa a querer ser o novo deus do mundo e começa a matar pessoas inocentes que possam prejudicar seus planos ou descobrir que ele é Kira, o assassino.

O episódio 7 nos envolve muito pela revolta ao ver Kira matar mais uma pessoa inocente. Os episódios 8 e 9 mostram o quanto Kira e "L" são jovens inteligentes, mas cada um usa sua inteligência de forma distinta. "L" é outro jovem que está auxiliando a polícia para tentar descobrir quem é Kira.


Da ficção, refletindo a realidade

A professora de filosofia Marilena Chauí, aborda em uma entrevista concedida ao livro Leituras da Crise (2006) a importância da Política na vida em sociedade e eu nunca me esqueci de um trecho onde ela explica a necessidade das instituições sociais serem fortes e eficientes, com regras e normas que evitem ou dificultem que as pessoas façam sem limites o que os seus desejos lhes instigam. 

É da natureza humana ser falível porque somos movidos a desejos e paixões, e as instituições que regulam o convívio em sociedade não podem ser falíveis ou passíveis de serem usadas pelos desejos "falíveis" dos humanos.

A história do jovem que adquire um Death Note e pensa inicialmente em eliminar bandidos e os crimes da sociedade e, em seguida, o poder do Death Note acaba virando uma arma para um super vilão, impiedoso e com desejos de dominar o mundo, é bem o retrato do que a filósofa Marilena Chauí fala sobre nossa natureza falível.

O mesmo fato estamos vivendo em nosso país, que agora é o brazil do golpe midiático-jurídico-parlamentar. O Partido dos Trabalhadores buscou de forma correta fortalecer o aparelho do Estado em relação aos órgãos de justiça, criando novas instituições e ampliando a estrutura das já existentes e dando autonomia para atuarem: CGU, MPF, TCU, PGR, PF etc.

Hoje, no brazil, setores dos órgãos de justiça e polícia - uma parte constituída de jovens oriundos da elite tupiniquim ao chegaram às carreiras por concurso público -, que por sinal só voltaram a existir graças ao Governo Lula e ao PT (FHC/PSDB acabaram com a máquina pública), enfim, setores dos órgãos de justiça e polícia estão destruindo perigosamente a democracia brasileira, se organizaram para auxiliar de forma politizada e partidarizada a grande mídia e a oposição ao governo do PT para retomarem o poder Executivo sem vencerem eleições. 

Vivemos neste momento num Estado de exceção. Pode ser que alguns jovens inteligentes até quisessem praticar o bem, mas o poder lhes subiu à cabeça e estão destruindo o país, vidas inocentes, instituições públicas e privadas, permitindo que a iniquidade seja a regra no País, só para que nada nem ninguém impeça o desejo de poder desses segmentos que sequestraram a coisa pública - todos eles, integrantes ou representantes da plutocracia secular brasileira.

Vejam o perigo de não se trabalhar na formação da juventude do mundo pós neoliberalismo dos anos oitenta e noventa conceitos clássicos como ética, solidariedade, direitos humanos, tolerância e respeito à alteridade, humildade e fraternidade. Não basta ser inteligente, é necessário ensinar muito mais aos seres humanos.

Acabei refletindo sobre isso desde que comecei a assistir ao Death Note.

William


Post Scriptum (31/7/16):

Comentários sobre os episódios 1, 2 e 3, clique AQUI.

Comentários sobre os episódios 4, 5 e 6, clique AQUI.

sábado, 30 de julho de 2016

Diário - 300716 (Manhã)


Pão com manteiga,
Pão de queijo,
caputino...

"Tristeza e pesar
Sem se entregar
Mal, mal vai passar
Mal vou me abalar
Mal, mal vai passar
Mal vou me abalar...
" (Mar de gente, O Rappa)


Acordei tarde neste sábado. Não adiantava pressa pra comprar pão. Estou sozinho. Nem sabia se iria à padaria ou não. Por mensagem, a esposa me sugeriu que fosse. Fui.

Pro café, pão com manteiga, pão de queijo e 'caputino'.


Da saída, vi flores, pássaros, o Sol.

Brasília é a terra das flores...
sejam elas com 'pedigree',
sejam vira-latinhas...

"Esperando verdades
De criança
Um momento bom como
Voltar com a maré
Sem se distrair
Navegar é preciso senão
A rotina te cansa
Tristeza e pesar
Sem se entregar...
" (Mar de gente, O Rappa)



Falando em saídas, como é bom sair da burocracia e ir pro mar de gente que está nas bases sociais que representamos... nossa base é ali em Roraima... Amazonas... Espírito Santo... Goiás... Norte Sul Sudeste Centro Oeste Nordeste... nossa gente é a comunidade BB...


Pra acompanhar o café da manhã, o som do Rappa - Vapor Barato, Hey Joe, Minha alma, Na frente do Reto, Mar de gente, Me deixa... 


Periquitinho na manhã de
Brasília - é um casal -
um no ninho, outro observa.

"Brindo à casa
Brindo à vida
Meus amores
Minha família...
" (Mar de gente, O Rappa)


Nos versos do Rappa fui pensando o Brasil, fui pensando minha vida, minha natureza política... versos bons.




Lá vem merda na política...
mas lá vem mangas doces também...

"Qual a paz que eu não quero conservar
Pra tentar ser feliz?
" (Minha Alma - A Paz Que Eu Não Quero, O Rappa)


E por fim, pensando os versos d'O Rappa, fico cismando quando é que começa a guerra civil do povo brasileiro versus os golpistas-usurpadores-entreguistas brasileiros?

O desgraçado colocado na nossa empresa brasileira de petróleo, acabou de doar para a empresa norueguesa Statoil o campo de Carcará por 8,5 bilhões de reais, sendo que o valor de reservas é de 22 bilhões de reais. Que dia o povo vai retirar esses golpistas que estão no poder sem sequer terem ganho as eleições? Temos que arrancar esses desgraçados do poder e cancelar todas as merdas que eles já fizeram contra o povo brasileiro.


Gente amiga, enquanto a guerra civil não acontece, vamos ler e descansar um pouco porque eu trabalho toda semana igual cachorro de esquimó...

Eu desejo um fim de semana de reflexão aos meus pares da classe trabalhadora e não desejo nada de bom aos golpistas, fascistas e asseclas e capitães do mato desses golpistas, só lhes desejo saúde.


William
Cidadão

Diário - 300716



Essa cara aí é a da quarta 27 à noite,
quando fui embora da Cassi...
(mas na quinta e sexta fomos mais felizes)

São duas horas da manhã de sábado. Estou em Brasília. 

Silêncio em casa. Acabei a leitura da pauta da reunião de Diretoria Executiva da próxima terça 02/08. Eu cheguei de viagem a trabalho depois das 22h. Estive dois dias em Vitória, Espírito Santo. Início de semana é de tanto trabalho, que faz algum tempo que decidi ler ou iniciar a pauta das reuniões executivas de terças na própria sexta-feira.

Essa nossa vida de dedicação ao mandato tem sacrificado um pouco o convívio em família e eu tenho contado com a compreensão dos entes queridos porque sabem de minha militância no que faço. Não cheguei a tempo de me despedir de esposa e filho, que viajaram para São Paulo pouco antes de minha chegada a Brasília. Vou ficar sem ver a família por umas três semanas. Incompatibilidade de agendas...

Bom, estou fechando a semana de trabalho que foi longa, intensa, em parte muito decepcionante em relação a questões internas, e em parte estimulante, como a agenda que fui fazer no Espírito Santo, de construir parcerias em defesa da nossa entidade de saúde, lidando com as lideranças de nossa comunidade BB e os funcionários da Cassi. Essa parte de visitas às bases é o que me faz resistir às decepções e derrotas internas nas nossas batalhas em defesa de nossos objetivos pela entidade que gerimos.

Falta ainda fazer a matéria no blog Categoria Bancária sobre a agenda positiva que tivemos em Vitória. Mas essa fica pra depois, porque estou bem cansado e é hora de desligar a chavinha.

Vamos ver se no fim de semana, eu leio um pouco, corro e pedalo na Brasília florida, bela e sem umidade deste fim de julho e início de agosto.

Um beijo aos pais, esposa, filho, entes queridos e amigos que leem nossas palavras aqui, vez por outra.

Fui...

William

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Desabafo e reafirmação de princípios



(texto publicado no blog Categoria Bancária, nesta mesma data)


Reunião de trabalho com os funcionários
da Cassi no Espírito Santo.

"É a verdade o que assombra
O descaso que condena
A estupidez, o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais

Tenho os sentidos já dormentes

O corpo quer, a alma entende
Esta é a terra de ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão..." (Legião Urbana, Metal Contra as Nuvens)



Olá companheir@s, amig@s e colegas do Banco do Brasil,

Ontem, quarta-feira 27, cheguei do trabalho e fiquei um pouco no sofá com a esposa. A cabeça estava pensando em mil coisas após o dia de reuniões e deliberações na governança da Cassi, entidade de autogestão em saúde onde sou gestor eleito pelos trabalhadores desde junho de 2014. A direção é paritária entre o Banco do Brasil e os associados.

Acabei saindo para correr depois das 22h, pra ver se espairecia um pouco. Ao final do percurso de 6 km, percebi que fiquei 37 minutos pensando em tudo o que tenho enfrentado e vivido por ter cedido às insistências de meus pares do movimento social para que eu disponibilizasse meu nome para compor chapa nas eleições da Cassi em 2014, pleito em que saímos vitoriosos, graças à confiança da maioria dos associados e do trabalho realizado pela militância das entidades participantes do projeto. Sou muito grato por isso e retribuo diariamente a confiança depositada em nós com o meu trabalho obstinado pela Cassi e pelos associados.


Desabafo e reafirmação de princípios

Em quase todas as corporações e instituições sociais, o que enfrentamos nos bastidores do poder, os dilemas, as agruras, e até as humilhações e assédios, não são coisas descritíveis, porque às vezes é uma soma de miudezas cotidianas. A gente apenas busca superar essas coisas com trabalho intenso, muito foco nos objetivos e com a criação de válvulas de escape que nos permitam não quebrar durante nossa missão. A busca de apoio coletivo e o não isolamento também são importantes.

Trouxe uma lição de ouro do movimento sindical cutista, onde me formei politicamente e estive por mais de 15 anos: toda vez que estiver sufocado pelas brigas e disputas internas, as travas da burocracia da instituição, saia e vá para a base conversar com os trabalhadores. Esse é o melhor remédio para um representante eleito e tem sido um princípio basilar e vital para o nosso mandato.

Talvez o mais cômodo fosse me adaptar à burocracia da atual instituição em que estou exercendo um mandato de representação. O comum é o eleito se afastar da base, de suas origens e de suas práticas sindicais e princípios éticos. Não é o meu caso! Essa eventual comodidade de se encastelar na estrutura burocrática me mataria.

Logo de chegada, estudei muito a entidade em que passaria a gerir, busquei compreender o que era o estratégico na área em que sou gestor - a Diretoria responsável pelo modelo de saúde da Cassi e pela estrutura própria definida para o modelo funcionar -, e percebemos que havia uma enorme missão a cumprir: percorrer toda a base social de nossa entidade – o Brasil -, onde estão os associados, suas entidades representativas, a estrutura capilarizada do Banco do Brasil num país continental, e dar informações e conhecimento a essa comunidade de 180 mil "clientes-donos" da Cassi. Empoderar os associados de seus direitos e deveres.

Adotei como estratégico ir às bases permanentemente para o nosso trabalho de fortalecimento da Cassi, de seu modelo assistencial e pela manutenção de direitos em saúde dos associados, exercendo o meu papel de Diretor de Saúde e Rede de Atendimento da Cassi, prestando contas do que fazemos, o que pensamos a respeito dos mais diversos temas relacionados à saúde e à nossa entidade, e convidando toda a comunidade a se juntar a nós no projeto previsto para ser implantado na Cassi.

Também criamos um boletim mensal para que todos OS QUE DESEJASSEM tivessem informações dinâmicas sobre a Cassi, a saúde e o nosso mandato. E tenho ainda este blog, onde diuturnamente falo sobre todas essas questões afetas à nossa área de atuação.

Eu sou o responsável pelas Unidades Cassi nos Estados e DF e pelas 65 CliniCassi e, meses depois que iniciei o trabalho de gestão da rede, o orçamento foi contingenciado e meu mandato inteiro está sendo realizado sem podermos fazer o que gostaríamos de melhorias nas unidades da Cassi que atendem aos nossos associados e familiares.

Sou o diretor responsável pelo estímulo ao funcionamento dos Conselhos de Usuários da Cassi, e todos sabem que sou grande defensor dos Conselhos, do voluntariado e da participação social. No entanto, praticamente fui tolhido do direito de exercer essa função de nossa Diretoria desde o início de nossos trabalhos. Me desdobrei para não ser derrotado pelo fato e saímos a campo buscando apoios e parcerias para realizarmos todas as Conferências de Saúde previstas no país até hoje. Já participei de 28 nestes dois anos.

Como gestor do Modelo de Atenção Integral e Estratégia Saúde da Família (ESF), tenho pedido aos funcionários da Cassi um esforço extra para cadastrar e vincular participantes ao modelo de saúde. A dedicação de nossas equipes nos emociona cada vez que conversamos com elas nas unidades administrativas e de atendimento distribuídas em todas as Unidades da Federação. E eles têm nos ajudado a cuidar cada vez mais dos participantes assistidos, mesmo em condições não ideais por causa do orçamento contingenciado da empresa.


Não quero me alongar mais, só reforçar aqui alguns princípios e compromissos para este ano de trabalho de 2016 porque, como diriam as pessoas de fé, 2017 aos deuses pertence.

Eu me comprometi com nossas equipes em ir aos Estados, às unidades, para contribuir com o trabalho deles em abrir portas para divulgar mais as informações necessárias à comunidade BB sobre o que é a Cassi, como ela funciona, como unir esforços para a promoção da saúde e melhor uso das unidades que temos, como cuidar de mais pessoas, mesmo vivendo a pior crise do setor saúde das últimas décadas. Neste último caso, a Cassi precisa dos serviços de Rede Credenciada e, às vezes, não é culpa da Caixa de Assistência sofrer os reflexos dos problemas oriundos do "mercado da saúde", de legislação impositiva, de fraudes e ineficiências de prestadores, e até de cartéis no setor de saúde.

Já uso recursos próprios para exercer meu trabalho quase desde que cheguei à gestão e se quiser cumprir nossa agenda de 2016, terei mais despesas ainda para trabalhar, mas não tem problema.

Conversar com os funcionários da Cassi, com os associados e representantes, com colegas gestores do BB, é uma necessidade, porque nos dá alegria, nos dá sentido.

Nossa agenda de trabalho deste semestre prevê a ida a 19 Estados. Já fomos ao Amazonas e Roraima e estamos nesta quinta-feira 28 no Espírito Santo. Foi muito bom estar lá no Norte e falar sobre a Cassi.

Teremos Conferências de Saúde em Goiás, Rondônia, Alagoas, Pará, Rio Grande do Sul, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Pelos menos para esses eventos de fortalecimento da participação social, eu agradeceria se puder contar com o apoio financeiro e logístico das entidades representativas. Por exemplo, o Sindicato de Rondônia já nos garantiu passagens e estadia para irmos lá. Agradeço de coração em nome dos associados da Cassi. O mesmo se deu quando realizamos as conferências do Piauí e da Paraíba, no 1º semestre.

Também iremos cumprir agendas de trabalho nos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Acre, Paraná e Santa Catarina. Nestes locais, eu irei por minha conta por entender ser fundamental para o nosso trabalho da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento. Já fiz o mesmo no 1º semestre, ao visitar alguns estados para os quais não fui com recursos da nossa entidade de saúde.

Em relação à minha opinião sobre o momento atual da Cassi e o que entendo ser a melhor perspectiva de solução para o custeio do déficit e a sustentabilidade do Plano de Associados, sem afetar a solidariedade, vou me manifestar tanto aqui no blog como também presencialmente nos fóruns, sempre com o foco no melhor para a Cassi do modelo solidário de saúde para os associados.

Abraços aos meus pares da classe trabalhadora.


William Mendes
Diretor de Saúde e Rede de Atendimento (mandato 2014/18)



Post Scriptum:

Comecei a escrever este desabafo na quarta à noite e gastei um dia todo refletindo sobre a publicação dele. Agora é noite de quinta, e já trabalhei à tarde em Vitória (ES). Tive uma reunião tão boa com os funcionários da Cassi, que me enchi de energia para realizar até dezembro toda a agenda que descrevi para vocês. Estou com o espírito leve!

terça-feira, 26 de julho de 2016

Death Note - Anime (II)



Um jovem estudante "nota A" com
um caderno da morte na mão...

Já é madrugada de terça-feira, 26 de julho. 

Nesta segunda, trabalhei das 9 às 19h na Cassi DF. Mesmo tendo lido a pauta da reunião de Diretoria Executiva na sexta passada, trabalhamos muito hoje e fiquei o dia todo enfiado numa sala na sede da Cassi. (enquanto isso, o mundo lá fora seguia com barbáries humanas)

Chegando já de noite em casa, saí para correr 5k num trote bem leve em nossa paisagem ressequida de julho.

Depois do banho, para relaxar, assisti a mais 3 episódios do anime Death Note (2006/07).

Episódio 4 - Perseguição

Episódio 5 - Diplomacia

Episódio 6 - Desligamento

(nomes dos episódios acrescidos em Post Scriptum)



A ficção onde um jovem japonês encontra um caderno da morte, caído de um deus da morte (shinigami), ao mesmo tempo nos põe a refletir e nos revolta. Como é comum acontecer de algum tipo de poder alterar comportamentos ou revelar pessoas rapidamente!

Logo no início dos assassinatos de criminosos na estória do anime, o jovem estudante "nota A" - Raito -, já havia em pensamento lamentado que se seus pais descobrissem que ele era o Kira (killer), ele teria que eliminar os próprios pais.

Não deu outra, dos ideais iniciais "altruístas" de eliminar os criminosos do mundo para ajudar a sociedade, rapidamente Kira passou a matar pessoas inocentes, desafetos e quem poderia colocar em risco seus planos de se tornar o deus do mundo.

A frieza do jovem em não titubear para matar inocentes nos assusta, nos traz para a realidade de nosso mundo, que está passando por alguma espécie de demência coletiva em favor de tudo que há de mais bárbaro e non sense, fascismos e neonazismos. 


E o mundo real?

O ódio e a intolerância tomaram conta de nossa aldeia global. No brazil tomado por um Golpe de Estado, a Caixa de Pandora foi aberta pelos donos dos meios de comunicação monopolizados (P.I.G.) e por empresários, banqueiros, coronéis e partidos de direita, liderados pelo PSDB.

Nesta segunda, uma pessoa teve a coragem de matar a facadas entre 15 e 19 Pessoas Com Deficiência (PCD) no Japão. Onde vai parar a barbaridade humana nesta onda de demência mundial? Tem pessoas cometendo atentados em diversos países do primeiro mundo, do segundo, do terceiro, dos quintos dos infernos criados pelos imperialistas e capitalistas americanos e europeus.

Enquanto corria, refletia sobre a matança de PCD no Japão. É muita maldade! Fiquei pensando que cada um de nós, militantes sociais e defensores de um mundo mais justo e solidário, devemos revolucionar pela paz e pela unidade, fazendo um esforço extra de não cair na onda do ódio, mesmo quando nos humilham e nos atacam de graça, quando nos assediam ou permitem nos assediar, mesmo sabendo que o nosso trabalho é todo voltado para o bem coletivo.

É isso que pensei neste final de noite de segunda e início de madrugada de terça. Fui dormir...

William

domingo, 24 de julho de 2016

Death Note - Anime





Já faz algum tempo que tinha começado a assistir ao anime Death Note (2006/07) com meu filho. Acabei ficando pelo meio da série que contém 37 episódios. Meu filho comenta muito sobre esse anime.

Neste final de semana com a família reunida, comecei a ver novamente o anime. A ideia ficcional é baseada num desejo de poder sobrenatural quase que ancestral dos seres humanos, o de ter o poder de decidir sobre a vida ou a morte dos outros.

A estória é sobre um jovem estudante que encontra e passa a ser o dono de um Death Note, um caderno da morte, que um shinigami (Ryuk), um deus da morte, deixou cair na Terra.



O caderno da morte é encontrado pelo estudante japonês Light Yagami, ou Raito (depois fica conhecido como kira ou assassino em inglês - killer), e deste momento em diante, o jovem passa a utilizar o caderno com o intuito de livrar o Planeta de todo o mal, eliminando os criminosos do mundo.

Mas essa ideia "simpática" do jovem (para algumas pessoas que apreciam a ideia de justiceiros) começa a ganhar outros ares e ele passa a se deixar levar pelo poder inigualável de decidir sobre a vida e a morte de qualquer pessoa no mundo...

Já nos primeiros episódios da série, as questões filosóficas colocadas para nossa reflexão são muito interessantes.

Desta vez, vou ver se assisto até o fim, porque já vi os três primeiros episódios e fiquei bem instigado em saber o final.

William


Post Scriptum (31/7/16):

Episódio 1 - Renascimento

Episódio 2 - Batalha

Episódio 3 - Relações

Flores multicores para alegrar a vida enquanto o mundo não acaba



Época dos ipês amarelos
chegando...
 

Oi pai, olá amig@s leitores!

Querem um colírio para nossos olhos cansados e nossa essência ética abatida por tanta coisa ruim acontecendo por aí em nosso querido Planeta Terra, único lar onde habitamos juntamente com todas as demais espécies de animais e plantas e seres vivos?

Neste fim de semana, estando em Brasília, caminhei e pedalei na Capital federal.

O nosso querido Brasil está, nestes dias tristes, dominado na forma original de colônia-brazil, sob a tutela de alguns administradores golpistas em nome das corporações internacionais dos imperialistas.

Mas sempre há o amanhã para termos esperanças, e ainda existem as flores e as cores da natureza.

Enquanto dias melhores não vêm na sociabilidade humana, olhamos o mundo físico ao nosso redor.



Flores brasilienses... rosa escuro
Flores brasilienses... alaranjadas
Flores brasilienses... rosa claro
Flores brasilienses... vermelhas
Flores brasilienses... brancas
Árvores brasilienses...
Árvores brasilienses...
Árvores brasilienses...
Abrindo e fechando
com ipês amarelos.

Em meio a tanta coisa ruim no mundo, temos procurado seguir nossa essência e olhar e ver, e vendo, ver coisas boas e belas também, senão a vida não valeria a pena.

Abraços a vocês leitores generosos deste blog de cultura.

William
Um ser humano

Ilusões Perdidas - O fútil ontem e hoje como costume





Refeição Cultural

Olá querido pai, que sempre me lê de sua residência em Uberlândia, e querid@s leitores deste blog. 

Estamos num domingo brasileiro em tempos de exceção ao estado democrático de direito. Nosso país sofreu mais um Golpe de Estado, aplicado sempre por uma plutocracia brasileira vira-latas e lesa-pátria (Não, não é o governo do simpático cachorrinho Pluto, mas dos filhos das Plutas dos ricos), Golpe que já mostra a ditadura que nos espera, apoiada pelas corporações e governos imperialistas que sempre deram uns trocos a essa plutocracia para foder o Brasil, a América Latina e nós povos latino-americanos.

No ócio de ficar umas horinhas à toa, lendo, olhando pela janela ou andando em meio às árvores das alamedas de Brasília, a gente pensa tanta coisa sobre a vida, sobre o andamento das coisas, sobre perdas e danos a nós causados sempre pelos mesmos burgueses e seus lacaios, e sobre oportunidades, e sobre o amanhã que pode vir ou não vir. Lembro aqui de dizer ao meus pais e entes queridos que eu os amo muito, apesar de lhes dedicar pouco tempo.

Vou citar umas passagens da obra ficcional Ilusões Perdidas, de Balzac, que faz parte do projeto de uma vida toda do autor francês, A Comédia Humana (89 romances). Esse negócio da prevalência da imagem, da aparência, da futilidade dos costumes burgueses se sobrepor ao conjunto de coisas que realmente importam para o povo de cada sociedade é bem antigo, como estamos acostumados a ver. A obra é da primeira metade do século 19 e nós estamos na primeira metade do século 21.

De que vale a frescura da etiqueta social como diferencial entre classes sociais, se ao final, a gente morre ou o nosso ente querido morre e o mais importante deveria ser viver pela felicidade de estar bem, de estar juntos, com saúde, e todos na sociedade terem os seus direitos básicos respeitados e oportunidades iguais e não a histórica e incentivada opulência do modelo capitalista, onde uns poucos devem ter tudo para si, num sistema de produção e exploração predatória, enquanto a natureza é exaurida inviabilizando o planeta, e os zilhões de seres humanos não passam de um nada para os poucos que dominam tudo, com suas etiquetas e posses?

Quando a gente é mais jovem, quando começamos a estudar o mundo em nossa militância social, somos movidos pela própria energia da juventude de nossos corpos, pela nossa capacidade de indignação com as iniquidades da sociedade em que estamos, e pelas esperanças de nossas utopias. Permanecer no bom caminho já é consequência do próprio viver nessa luta diária. 

Pelo que tenho visto e vivido de novo nos últimos dois ou três anos, fico bastante pensativo sobre o valer e não valer a pena prosseguir nas próximas décadas envolvido nas lutas sociais. A gente já sacrifica tudo de nossa individualidade, até a presença e o afeto dos entes queridos, em troca de grãos de areia de nossas argamassas para os alicerces e paredes de nossos projetos em prol da coletividade (meio que ilusória). Parece que ao final é sempre o repeteco de sempre, a plutocracia retoma o controle e o nosso lado combatente dos movimentos sociais se pega afundando em cisões internas e fratricidas. É melancólico e deprimente. Hoje, onde pisamos, há grupos antagônicos no campo dos movimentos sociais... e a plutocracia comemora em seus rega-bofes articulando a nossa destruição e a de nosso mundo.

Enfim, era uma introdução me posicionando contra a futilidade do ter e da aparência em lugar do ser e da verdadeira importância que a vida das pessoas deveria ter.



Ilusões Perdidas - o fútil ontem e hoje como costume

O rasgado falando do remendado, "amores" que se decidem pela roupa

Estamos falando de dois personagens amantes, de classes sociais distintas, que acabam de fugir de uma província do interior francês para se refugiarem na capital Paris. Lá chegando, em dias, ambos já olham e comparam os costumes dos cidadãos da metrópole e concluem que eles próprios estão ridículos e provincianos demais no vestir, no comportamento, e no próprio romance, achando que as oportunidades de posição social serão melhores se largarem um ao outro... tão antigo e tão atual...


"(...) Luciano reconhecia vagamente nesse velho elegante a superioridade do homem do mundo a par da vida parisiense; sentia-se sobretudo envergonhado de lhe dever seus prazeres. Ali, onde o poeta se sentia inquieto e constrangido, o antigo secretário privado se achava como um peixe na água..."


Luciano começa a observar aqueles que estão acima dele na escala social, e agora vai começar a analisar costumes e gentes em Paris.


"(...) Alargava-se o círculo, a sociedade tomava outras proporções. A vizinhança de diversas parisienses bonitas, muito elegantes, e deliciosamente vestidas, fez-lhe notar o anacronismo da indumentária da sra. de Bargeton, apesar de sofrivelmente pretensiosa: nem as fazendas, nem o feitio, nem as cores estavam na moda. O penteado que tanto o seduzia em Angoulême pareceu-lhe de gosto horrível comparando às graciosas invenções pelas quais se destacava cada uma das outras mulheres. 'Irá ela continuar assim?'..."


Tão antigo e tão atual. Bastou o jovem amante da sra. de Bargeton sair apaixonado de sua província para achá-la "de gosto horrível" na metrópole Paris. Alguém já viu isso com algum casal que sai de sua terra e chega à cidade grande?


"Na província não há escolha nem comparação a fazer: o hábito de ver as fisionomias dá-lhes uma beleza convencional. Transportada para Paris, uma mulher que passa por bonita no interior não desperta a menor atenção, porque não é bela senão pela aplicação do provérbio: Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. Os olhos de Luciano faziam a comparação que a sra. de Bargeton fizera na véspera entre ele e Du Châtelet. Esta, por sua vez, permitia-se estranhas reflexões sobre o seu amado. Não obstante sua rara beleza, o pobre poeta não tinha garbo. Sua sobrecasaca de mangas muito curtas, as feias luvas provincianas, o colete repuxado tornavam-no prodigiosamente ridículo ao lado dos jovens postados no balcão: a sra. de Bargeton achava-lhe um jeito lastimável. Du Châtelet, ocupando-se dela sem ostentação, velando por ela com cuidados que traíam uma paixão profunda; Du Chatêlet, elegante e à vontade como um ator de volta ao palco de seu teatro, reconquistou em dois dias o terreno que perdera em seis meses. Apesar de o vulgo não admitir que os sentimentos mudem repentinamente, o certo é que dois amantes separam-se mais depressa do que se ligam. Preludiava-se na sra. de Bargeton e em Luciano um desencantamento mútuo cuja causa era Paris. A vida adquiria nela mais vastas dimensões ao olhos do poeta, tal como a sociedade tomava novo aspecto aos olhos de Luísa..." (página 203)


Bem legal, heim!

Tão igual a hoje... que valem eu, você e outrem, se nossa vestimenta não nos enfeitar para a futilidade dessa sociedade idiotizada pela ditadura da burguesia vira-latas?

Gente, não dou conta disso! Nunca dei! Desculpem, aí! Sigo sendo o que sou.

William
Leitor e cidadão

sábado, 23 de julho de 2016

Ser invisível e insignificante na cidade grande - Balzac





Leitura de Ilusões Perdidas, d'A Comédia Humana, de Honoré de Balzac.

"As pessoas que, no interior, gozam de certa consideração, e que ali a cada passo encontram provas de sua importância, não se acostumam de modo algum a essa perda total e súbita de seu valor. Ser algo em sua terra e nada ser em Paris são dois estados que requerem transições; e aqueles que passam muito bruscamente de um para o outro caem numa espécie de aniquilamento" (página 201)


Essa descrição dos costumes franceses da primeira metade do século 19 é algo que não mudou na sociedade atual, nem cá no Brasil, nem em lugar algum.

A coisa mais difícil para as pessoas que estão no poder, que são o centro das atenções, famosos e ricos e que-tais, é sair de seu reino ou pseudo-domínio e de uma hora para outra ser só mais um na multidão num grande centro, de maneira que possa se sentir "alone in the crowd".

Também é por causa disso que quase ninguém quer largar o osso quando se encontra nos espaços de poder. É o esquecimento e perda de importância no dia seguinte ao fim de sua posição ocupada antes.

Seria algo para se rir, se não fosse trágico ver o quanto essa necessidade do ego prejudica projetos coletivos, pessoas e os espaços sociais.

William

José J. Veiga e o choque cultural no estranho que chega



Literatura - leitura necessária a nós que queremos
pensar o mundo e a vida, sem conformação.

Refeição Cultural - Literatura Brasileira


"Eu estava quase perdendo a esperança de voltarmos à vida antiga, e já não me lembrava mais com facilidade do sossego em que vivíamos, da cordialidade com que tratávamos nossos semelhantes, conhecidos e desconhecidos. Quando eu pensava no passado, que afinal não estava assim tão distante, tinha a impressão de haver avançado anos e anos, sentia-me velho e deslocado. Para onde nos estariam levando? Qual seria o nosso fim? Morreríamos todos queimados, como tantos parentes e conhecidos?(A usina atrás do morro, conto do livro Os Cavalinhos de Platiplanto)


O ano de 2016 foi aquele em que finalmente li e conheci um de nossos grandes escritores brasileiros, José J. Veiga. Em janeiro, me dei o direito de ler o seu livro de estreia - Os Cavalinhos de Platiplanto, de 1959 - e, dias atrás, o seu segundo livro se ofereceu a mim, quando olhava estantes de livros em uma livraria de Osasco - A Hora dos Ruminantes, de 1966. Gostei muito do estilo do autor.

Tanto em seu primeiro romance quanto nos contos, há uma temática que me envolveu sobremaneira e me fez lembrar a temática que autores das primeiras décadas do século 20 abordaram em suas obras: a chegada da "modernidade", da tecnologia em seus mundos, o choque da cidade grande com a tranquilidade das pequenas cidades e vilas do interior, e a chegada do estranho, do de fora, como algo que ora animava pela perspectiva de trazer coisas boas à localidade, ora assustava pelo próprio susto da novidade ou porque efetivamente chegava mudando tudo no local, e não para melhor, mas com um quê de destruição de algo benfazejo - a paz, a tranquilidade, o lado bom e tradicional no local.

Drummond e Manuel Bandeira abordaram muito essa temática em seus primeiros livros de poesia modernista nos anos vinte e trinta do século 20.

Lendo os contos d'Os Cavalinhos de Platiplanto e o romance A Hora do Ruminante (comentário da leitura AQUI), fiquei arrepiado e assustado ao pensar o quanto são atuais no contexto em que eu leitor e nós brasileiros vivemos neste momento de nossas vidas.


A cada página, mais fico pensando na obrigação de nossos
jovens brasileiros e latino-americanos de lerem essa obra e

se libertarem do jugo da dominação ideológica dos de fora,
que só querem nosso tudo.

Para me colocar mais pensativo ainda, também estou lendo a obra máxima de Eduardo Galeano, As Veias Abertas da América Latina (de 1971), que também trata da temática do estrangeiro que chega, com a novidade que destrói e arrasa o local em benefício do estranho e de seu mundo lá fora. 

Eu estava lendo Galeano no momento em que estive no país dele, dias atrás, e ele me explicou aquele bairro de mansões vazias e inúteis de Punta del Este, no Uruguai. 

Estava lendo Galeano ontem no voo que me trazia de três dias de estadia a trabalho em Manaus, no meio da Floresta Amazônica, e em Roraima, e Eduardo Galeano me contava em seu livro do que os estrangeiros fizeram, fazem e agora estão se programando para fazerem mais ainda com nossa terra, nosso solo, nossas riquezas e fodam-se todos nós povos aqui das américas-quintais de exploração de itens básicos e primários para norte-americanos e europeus produzirem em seus países as bombas, as armas, os foguetes, os bens de consumo etc, para eles, só para eles. Se for para importarmos, são dezenas de vezes mais caros que as matérias primas de nossos solos.


Conto "A Usina Atrás do Morro" e "A Hora dos Ruminantes"

"Lembro-me quando eles chegaram. Vieram no caminhão de Geraldo Magela, trouxeram uma infinidade de caixotes, malas, instrumentos, fogareiros e lampiões, e se hospedaram na pensão de D. Elisa. Os volumes ficaram muito tempo no corredor, cobertos com uma lona verde, empatando a passagem..." (Os Cavalinhos de Platiplanto)

Assim começa o conto. O desenrolar da estória é impressionante. Todos os dias em nossos países, cidades, Américas do Sul e Central, acontece, aconteceu, e vem acontecendo isso com a chegada de empresas estrangeiras (corporações) que não nos amam, que não nos consideram, que são extremamente racionais no que vieram fazer aqui séculos atrás, dezenas de anos atrás e não sinto que isso mude hoje e no amanhã. Essas empresas hoje estão com os mesmos projetos exploratórios de sempre, e não é para benefício algum de nossa gente e de nosso país. Que merda isso!

E deixo claro que estou falando sob a ótica da exploração das corporações capitalistas donas do mundo e não dos seres humanos e trabalhadores que são as vítimas exploradas por elas em qualquer país. Eu sou amplamente favorável à liberdade de trânsito dos cidadãos do mundo para escolherem onde viver e trabalhar. Acho um absurdo a xenofobia que volta a se espalhar pelo mundo em crise capitalista.


"A noite chegava cedo em Manarairema. Mal o sol se afundava atrás da serra - quase que de repente, como caindo - já era hora de acender candeeiros, de recolher bezerros, de se enrolar em xales... 

(...)

Os cargueiros vinham descendo a estrada, quase casados com o azul geral. Mas uns homens que estavam na ponte tentando retardar a noite perceberam o sacolejo das bruacas, o plincar dos cascos nas pedras, se interessaram..." (A Hora dos Ruminantes)


Em ambas estórias, estranhos chegam chegando, mudando, causando o caos na vida das comunidades, trazendo mistério pelo que vieram fazer. Com o tempo, a vida vai ficando pior para os moradores das comunidades, bem pior. A novidade desencanta e é uma merda só...

Personagens locais antes dóceis, bonzinhos e respeitados, de repente, viram a casaca e passam a ser agentes dos estranhos e de suas empresas. Assédios descontrolados sobre as populações e nada nem ninguém para protegê-los... nem a porcaria da lei, da justiça etc...

Catarse. Sentido de que não tem mais jeito, era boa a vida, mas agora já era. Não dá mais pra mudar, então é conformar e esperar o fim...


E hoje?

Quando olhamos nossa vida real hoje, hoje, a sensação acaba sendo a mesma, igualzinho. Olha o papel de seres da política como os porta-vozes dos exploradores seculares de fora de nosso mundo... olhe os desgraçados dos senadores e políticos entregando o nosso pré-sal e nossas empresas e riquezas para algumas corporações estrangeiras ou "nacionais" com capital estrangeiro, que já fizeram isso conosco nesses séculos todos.

E parece que ninguém nem nada pode nos salvar. Não tem reação nas ruas, praças, logradouros em nosso mundo afora, um mundo continental. Tem reações episódicas, em nossos lares e fragmentos de mundo. Resmungos.

É tão igual a realidade com a ficção que a lei, justiça, agentes, estão todos contra nós, o povo invadido. Os nossos lesas-pátrias estão tão com eles de fora, que, inclusive, estão mudando "as leis" para tudo ser legal, a entrega de nossas coisas e a nossa exploração.

Chega! Queria dizer o quanto as estórias de José J. Veiga são reais, fazem a ponte com o real. Os finais são bem abertos. Quiça para nos dar alguma esperança ao ler a ficção e nos atrevermos a pensar a nossa realidade... quem sabe ter esperança como numa das estórias ou só o lamento como na outra.

Eu recomendo a leitura de literaturas de qualidade como essas de José J. Veiga e Eduardo Galeano.



Fecho meu comentário e texto, me referindo ao epigrama que citei no início. Não parece que faz tanto tempo, foi durante os anos anteriores, quando estávamos vivendo uma brasilidade enaltecida, interna e externamente, quando estávamos conduzidos pelo governo Lula.

Olha só como estamos hoje, quando a burguesia tupiniquim, mancomunada com agentes e empresas do estrangeiro, avisou ao longo de 2013 e 2014 que não aceitaria mais nenhuma eleição do PT e nenhum vigor em projetos nacionais, e que os avanços deveriam ser freados e destruídos de qualquer maneira... e os desgraçados destruíram a economia do país em dois anos, com o apoio eterno dos meios midiáticos corrompidos de sempre e com parte dos agentes públicos do aparelho do Estado agindo de forma parcial e sem nenhuma dó das empresas nacionais e do emprego nacional.


Abraços, leitores amig@s.

William Mendes
Cidadão brasileiro