Universidade de São Paulo
Facultade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
Literatura Espanhola do Século XVII
Professora: María de La Concepción P. Valverde
Dom Quixote de La Mancha:
Uma lição de sabedoria através dos refrãos e ditos populares
Aluno: William Mendes de Oliveira
Matrícula: 3504053 - junho/2007
Proposta de trabalho sobre Dom Quixote
Após minha primeira leitura da obra completa – primeira parte de 1605 e segunda de 1615 - entre o final de 2005 e início de 2006 ficou-me uma impressão profunda: a perspicácia e sabedoria popular presente na obra, sobretudo em Sancho Pança.
Ao longo da leitura pude perceber ditos populares, enunciados por ele, que sempre ouvi dos mais velhos, parentes e amigos do interior e que constam dos romances literários há quatro séculos. Não só o conteúdo dos ditados senão também a forma de dizê-los: rimada e de fácil memorização.
Pretendo fazer uma breve coletânea na obra desses ditos populares e de momentos de perspicácia enunciados principalmente por Sancho Pança, como também alguns enunciados ou observações de nosso nem sempre louco e às vezes muito sábio e valoroso cavaleiro manchego.
A ideia que tenho é que apesar do livro ser uma paródia e invectiva contra os romances de cavalaria de então, Cervantes não deixa de estar, em todo momento, enaltecendo princípios éticos, criticando fortemente maus hábitos e apresentando a sabedoria popular sempre presente nas gentes não letradas.
Espero com os dados coletados mostrar que a obra fez história nos últimos quatrocentos anos correndo o mundo e deixando em seus leitores e descendentes marcas profundas de sabedoria e do eterno embate entre o idealismo e o pragmatismo.
1. Dom Quixote cruza o Atlântico
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Eu e Cervantes, em Toledo - Espanha, em 2009. |
Em 2005, na comemoração dos quatrocentos anos do lançamento da obra mais importante de Cervantes, o escritor mexicano Carlos Fuentes deu uma entrevista à Folha de São Paulo analisando a influência do autor espanhol na América Latina. Segundo ele, Machado de Assis foi um rebelde quixotesco. Fuentes é o autor do ensaio “Machado de la Mancha”.
Como apresento meu trabalho analisando justamente a influência da obra de Cervantes sobre todos nós nos últimos 400 anos, abro minhas observações citando uma parte do Prólogo da Terceira Edição do livro de Machado “Memórias Póstumas de Brás Cubas” que reflete um pouco do que sinto quando leio dom Quixote:
“Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir dos seus modelos. É taça que pode ter lavores de igual escola, mas leva outro vinho”.
Machado de Assis
(Ao dizer o que faz de seu Brás Cubas um autor particular: “rabugens de pessimismo”)
2. Introdução
Durante toda a saborosa leitura da obra máxima cervantina Dom Quixote de La Mancha fui interligando as frases e ditos do simplório camponês Sancho Pança e também de nosso fidalgo de baixo grau nobiliárquico Alonso Quijano – mais conhecido sob a alcunha de Dom Quixote - a tudo que sempre ouvi dos parentes mais antigos, como minhas avós e tios, e também das pessoas mais velhas que frequentavam, ou o bar que meu pai tinha, ou a casa de minha avó - contígua à nossa, quando ali iam fazer a sua “fezinha” no jogo de bicho. Isto durante minha infância.
Já na fase adulta, morei um tempo com a minha outra avó e esta sim, só falava no estilo Sancho Pancista, ou seja, somente com frases rimadas e através de ditos populares, com pequenos versos trazendo suas lições de moral e sabedoria e, para não fugir da imagem de Sancho, desconfiada de tudo.
Minha avozinha faleceu recentemente. Assim como os mais antigos vão ficando pelo caminho. No entanto, eu não deixo de usar ainda hoje frases e ditos que aprendi com ela, porque eles trazem muita sabedoria ou ironia, o que é sempre bom para certos momentos.
Que tal este ensinamento quando se está em dúvida se devemos ou não fazer algo que nos dá prazer:
“mais vale um gosto,
que uma panela de entrecosto”
E este aviso para a vizinha, com relação a suas duas belas filhas quando estávamos eu, meus primos e elas até tarde na rua:
“Segura suas éguas,
que meus cavalos estão soltos”
3. Refrãos e ditos no Quixote: séculos de sabedoria popular
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Toledo na Espanha homenageia El Quijote |
O uso de refrãos e ditos populares é um dos eixos da obra de Cervantes e acompanha as glórias e misérias vividas por nossa dupla nas três saídas.
De certo modo, ao longo da convivência da dupla, ocorre uma assimilação do uso dos ditos e refrãos, que vai de Sancho – que explica não poder controlar seu uso – a Dom Quixote, que respeita a sabedoria contida neles, mas acha que devem ser usados com moderação. Aliás, em vários momentos mostra que sabe usá-los como, por exemplo, quando partem para a terceira saída, ao falar de igual para igual com Sancho, que tentava regatear sua serventia e salário, e antes de morrer, quando desengana a esperança dos amigos.
Apesar de não ser o hábito dos grandes centros urbanos, ainda hoje, basta viajar ao interior do país e perambular pelas pequenas cidades e vilarejos para encontrarmos o velho hábito secular de se falar bastante, de se “prosear” ao fim do dia nas praças e mesmo na porta de casa.
O leitor atento, de qualquer época posterior à obra, notará o quanto ela traz refrãos bem anteriores à idade média e o quanto ela atualizou e perpetuou até nossos dias todas aquelas “sentencias breves” sacadas da experiência.
Antes mesmo de Sancho Pança começar a se destacar por “la muchedumbre de refranes” como lhe diria mais tarde Dom Quixote, o fiel escudeiro após perceber, ainda nas primeiras aventuras, os delírios e atitudes malucas de seu amo, já mostra a perspicácia ao afirmar depois de tanto ouvir histórias de heróis e cavaleiros:
“-Más Bueno era vuestra merced – dijo Sancho- para predicador que para caballero andante.” Parte I, cap. XVIII, p.164
No entanto, não só de histórias de cavaleiros andantes vive nosso nobre manchego. Sua fala galante também contém ditos e refrãos. Veja este citado por ele logo após a constrangedora aventura de los batanes:
“-Paréceme, Sancho, que no hay refrán que no sea verdadero, porque todos son sentencias sacadas de la misma experiencia, madre de las ciencias todas, especialmente aquel que dice: ‘donde una puerta se cierra, otra se abre’.” Parte I, cap. XXI, p. 188
“quando uma porte se fecha, outra se abre”
E veja, pela fala de Dom Quixote, que ele acredita mesmo no que está falando, ao dizer a Sancho algo como aquele ditado que conhecemos: “Depois da tempestade, vem a bonança”
“-Sábete, Sancho, que no es un hombre más que otro, si no hace más que otro. Todas estas borrascas que nos suceden son señales de que presto ha de serenar el tiempo y han de sucedernos bien las cosas, porque no es posible que el mal ni el bien sean durables, y de aquí se sigue que, habiendo durado mucho el mal, el bien está ya cerca.” Parte I, cap. XVIII, p.163
3.1. Se queres que me cale, vou-me embora
Sancho é um grande representante dessa tradição popular. Ainda no primeiro livro, há um momento crucial para a manutenção da dupla, pois, quando dom Quixote passa por uma aventura humilhante no capítulo XX (aventura de los batanes), se enche da muita falação de seu escudeiro e de seus refrãos, dá nele duas pauladas com a lança e o manda se calar e só falar alguma coisa quando for interpelado:
“...y está advertido de aquí adelante en una cosa, para que te abstengas y reportes en el hablar demasiado conmigo... De todo lo que he dicho has de inferir, Sancho, que es menester hacer diferencia de amo a mozo, de señor a criado y de caballero a escudero. Así que desde hoy en adelante nos hemos de tratar con más respeto, sin darnos cordelejo, porque de cualquiera manera que yo me enoje con vos, ha de ser mal para el cántaro.” Parte I, cap. XX, p.186
No fim já emenda um refrão: “Si da el cántaro en la piedra o la piedra en el cántaro, mal para el cántaro”.
A ordem foi a gota, foi o limite para Sancho, pois ele até suporta levar socos e pauladas, mas pedir-lhe que se cale e que não diga mais seus refrãos e conselhos, isto não é possível. Ao ameaçar ir embora e largar nosso fidalgo, Dom Quixote volta atrás em sua ordem e libera seu escudeiro para seguir falando. (e que bom, ao menos para nós, leitores!):
“-Señor don Quijote, vuestra merced me eche su bendición y me dé licencia, que desde aquí me quiero volver a mi casa y a mi mujer y a mis hijos, con los cuales por lo menos hablaré y departiré todo lo que quisiere; porque querer vuestra merced que vaya con él por estas soledades de día y de noche, y que no le hable cuando me diere gusto, es enterrarme en vida... y que no se puede llevar en paciencia, andar buscando aventuras toda la vida, y no hallar sino coces y manteamientos, ladrillazos y puñadas, y, con todo esto, nos hemos de coser la boca, sin osar decir lo que el hombre tiene en su corazón, como si fuera mudo.” Parte I, cap. XXV, p.231
Dom Quixote acaba cedendo ao apelo de seu escudeiro e o libera para voltar a tagarelar.
3.2. Podes falar, mas não faço o que não está nos livros de cavalaria
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Toledo na Espanha homenageia Cervantes no 4º centenário |
Aqui temos um momento antagônico ao anterior. Lá, Sancho vence o embate com seu amo - que o libera para falar à vontade - quando seu escudeiro ameaça abandoná-lo por ter que ficar em silêncio.
No início da terceira saída da dupla, Sancho vai até a casa de seu amo para propor as condições em que aceitaria ser seu escudeiro novamente nas aventuras. Sua mulher havia estipulado que houvesse acerto de salário por escrito.
Desta vez, o embate termina com a anuência de Sancho acerca da exigência de Dom Quixote que diz nunca ter lido tal acordo de salários de escudeiros em seus livros e que preferiria buscar a outro servidor (esnobando que havia aos montes) que levá-lo desta maneira.
“-Teresa dice – dijo Sancho- que ate bien mi dedo con vuestra merced, y que hablen cartas y callen barbas, porque quien destaja no baraja, pues más vale un toma que dos te daré. Y yo digo que el consejo de la mujer es poco, y el que no le toma es loco... que vuesa merced me señale salario conocido de lo que me ha de dar cada mes el tiempo que le sirviere, y que el tal salario se me pague de su hacienda, que no quiero estar a mercedes, que llegan tarde o mal o nunca...” Parte II, cap. VII, p.596
Ao final da resposta que Dom Quixote dará a Sancho, nosso cavaleiro andante ainda esnoba seu escudeiro dizendo que falou uns refrãos para deixar claro que também sabe encaixá-los muito bem.
“-Y tan entendido – respondió don Quijote-, que he penetrado lo último de tus pensamientos y sé al blanco de tiras con las innumerables saetas de tus refranes. Mira, Sancho, yo bien te señalaría salario, si hubiera hallado en alguna de las historias de los caballeros andantes ejemplo que me descubriese y mostrase por algún pequeño resquicio qué es lo que solían ganar cada mes o cada año... que pensar que yo he de sacar de sus términos y quicios la antigua usanza de la caballería andante es pensar en lo excusado...”
e completa com refrãos se contrapondo aos já ditos por Sancho:
“...Así que, Sancho mío, volveos a vuestra casa y declarad a vuestra Teresa mi intención; y si ella gustare y vos gustáredes de estar a merced conmigo, bene quidem, y si no, tan amigos como de antes: que si al palomar no le falta cebo, no le faltarán palomas. Y advertid, hijo, que vale más buena esperanza que ruin posesión, y buena queja que mala paga. Hablo de esta manera, Sancho, por daros a entender que también como vos sé yo arrojar refranes como llovidos.” Parte II, cap. VII, p. 597
3.3. A explicação de Sancho Pança sobre o uso dos refrãos
Há uma passagem no segundo livro, decisiva, tanto para nosso escudeiro – que acaba de ser nomeado governador da Ínsula Baratária, quanto para seu amo e cavaleiro Dom Quixote – que está lhe dando belíssimos e sábios conselhos de como ser um bom governador no que se refere a cuidar de si e de sua casa.
Dom Quixote aconselha Sancho a deixar de usar seus refrãos e ditos o tempo todo, pois afirma que ele acaba por transformar belas sentenças em disparates pelo excesso de uso:
“-También Sancho, no has de mezclar en tus pláticas la muchedumbre de refranes que sueles, puesto que los refranes son sentencias breves, muchas veces los traes tan por los cabellos, que más parecen disparates que sentencias” Parte II, cap. XLIII, p.872.
No que Sancho responde a seu senhor ser impossível atender a tal conselho sobre os refrãos porque não se pode controlá-los: eles se enfrentam dentro de si para sair aos borbotões. No entanto, nosso escudeiro diz que será mais cuidadoso por estar em cargo de importância e já manda mais alguns para justificar o que acabou de prometer:
“-Eso dios lo puede remediar – respondió Sancho -, porque sé más refranes que un libro, y viénenseme tantos juntos a la boca cuando hablo, que riñen por salir unos con otros, pero la lengua va arrojando los primeros que encuentra, aunque no vengan a pelo. Mas yo tendré cuenta de aquí adelante de decir los que convengan a la gravedad de mi cargo, que en casa llena, presto se guisa la cena, y quien destaja, no baraja, y a buen salvo está el que repica, y el dar y el tener, seso ha menester” Parte II, cap. XLIII, p.872
3.4. O último refrão de nosso valoroso cavaleiro manchego
Antes de morrer e já desiludido da vida, Dom Quixote de La Mancha pronuncia um refrão para desenganar aos amigos que pediam-lhe ânimo e que voltasse a pensar como o cavaleiro andante que fora, porém, já “são e consciente”, ele os alerta que já não se engana e que ele é Alonso Quijano e que, seja quem for, morre do mesmo jeito.
“-Señores - dijo don Quijote-, vámonos poco a poco, pues ya en los nidos de antaño no hay pájaros hogaño. Yo fui loco y ya soy cuerdo; fui don Quijote de la Mancha y soy ahora, como he dicho, Alonso Quijano el Bueno...” Parte II, cap. LXXIV, p.1103
4. Nossos parentes velhos mantêm os velhos refrãos
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Cidade de Toledo homenageia Cervantes (estive lá em 2009) |
Na adolescência, toda vez que me pegava com altos planos e, conseqüentemente, com altos riscos para minha parca estabilidade de então, quer seja monetária, quer seja de vida, minha avó sempre soltava seus conselhos e advertências:
“olha, mais vale um pássaro na mão que dois voando”
(Aqui, no sentido de se cuidar do pouco que se tem a arriscar perder-se por tentar buscar mais).
Nosso escudeiro Sancho, por mais de uma vez em suas andanças com dom Quixote, já usava este refrão:
“y advierta que ya tengo edad para dar consejos, y que este le viene de molde, y que más vale pájaro en mano que buitre volando (hoje se diz: que ciento volando)” Parte I, cap. XXXI, p. 315.
Outras vezes, Sancho abusa de seu “conhecimento” ao formular outras frases com o mesmo conceito, mostrando o vasto repertório para seu estamento social:
“más vale un toma que dos te daré” Parte II, cap. XXXV, p. 827.
Quem já não ouviu de nossos familiares e amigos mais “experientes”, com cabelos em cãs, este famoso conselho:
“quem muito escolhe, sai escolhido”
Pois aqui está Sancho dando seqüência ao ditado acima que diz ser melhor se contentar com o que se tem:
“porque quien bien tiene y mal escoge, por bien que se enoja no se venga” refrão que Sancho deforma comicamente, sendo o original “quien bien tiene y mal escoge, por mal que le venga no se enoje” Parte I, cap. XXXI, p. 315.
Para aqueles que acham que alguns ditos populares não são tão velhinhos, que tal citar dois, muito conhecidos, pronunciados por nosso valoroso cavaleiro andante dom Quixote:
“-Señor, una golondrina sola no hace verano” Parte I, cap. XIII, p. 114.
“Uma só andorinha não faz verão”
e:
“-antes he yo oído decir que quien canta sus males espanta” Parte I, cap. XXII, p. 201.
“Quem canta seus males espanta”
Estou aguardando, atualmente, o efeito de um ditado popular que sempre nos disseram em momentos muito duros e tristes de perdas dos entes queridos: “Não há dor que o tempo não cure” (com relação à morte).
No episódio dos yangueses, Dom Quixote, tenta acalentar o sofrimento de seu escudeiro pronunciando o mesmo dito popular:
“-Con todo eso, te hago saber, Hermano Panza – replicó don Quijote-, que no hay memoria a quien el tiempo no acabe, ni dolor que muerte no le consuma.” Parte I, cap. XV, p.135
5. Perspicácia e sabedoria: de Sancho Pança e também de dom Quixote
Ademais dos refrãos e ditos que já vinham de passado longínquo e que se firmaram na célebre obra de Cervantes, sendo a maior parte na fala rústica de Sancho, a saga de nosso engenhoso cavaleiro manchego e seu escudeiro é marcada por dezenas de ações e reflexões que são eterna fonte de sabedoria para os contemporâneos e gerações que se seguiram ao longo dos séculos seguintes.
5.1. Vejamos uma postura de Sancho que nunca deixou de ser recomendada, seja por preceitos religiosos, seja por quem preza e respeita a vida e que não entra em qualquer refrega à toa, sob risco de perder senão a vida, ao menos a saúde:
Ser pacífico e evitar encrencas:
“Señor, yo soy hombre pacífico, manso, sosegado, y sé disimular cualquiera injuria, porque tengo mujer y hijos que sustentar y criar. Así que séale a vuestra merced también aviso, pues no puede ser mandato, que en ninguna manera pondré mano a la espada, ni contra villano ni contra caballero, y que desde aquí para delante de Dios perdono cuantos agravios me han hecho y han de hacer, ora me los haya hecho o haga o haya de hacer persona alta o baja, rico o pobre, hidalgo o pechero, sin exceptar estado ni condición alguna.” Parte I, cap. XV, p. 133.
5.2. Também é interessante a opção feita por Sancho, quando convidado a sentar-se ao lado do amo e demais presentes em uma ceia:
Antes comer só e à vontade, do que junto a reis seguindo rituais de etiqueta:
“...sé decir a vuestra merced que como yo tuviese bien de comer, tan bien y mejor me lo comería en pie y a mis solas como sentado a par de un emperador. Y aun, si va a decir verdad, mucho mejor me sabe lo que como en mi rincón sin melindres ni respetos, aunque sea pan y cebolla, que los gallipavos de otras mesas donde me sea forzoso mascar despacio, beber poco, limpiarme a menudo, no estornudar ni toser si me viene gana, ni hacer otras cosas que la soledad y la libertad traen consigo. Así que, señor mío, estas honras... las renuncio para desde aquí al fin del mundo.” Parte I, cap. XI, p. 96.
5.3. Quantos esperariam um zelo desses com a higiene bucal quatro séculos atrás:
A importância em se cuidar dos dentes:
“...porque te hago saber, Sancho, que la boca sin muelas es como molino sin piedra, y en mucho más se ha de estimar un diente que un diamante...” Parte I, cap. XVIII, p. 165.
6. A conclusão é pela eterna leitura
Como disse certa vez a professora Maria Augusta da Costa Vieira, em uma aula do curso “Por que ler os clássicos?”, cada vez que relemos um capítulo ou uma aventura desta obra de Cervantes descobrimos novas ironias, novas reflexões e mais sabedoria atemporal.
É o que define a perpetuação de uma grande obra: sua capacidade de se fazer popular, de se fazer referência cotidiana e sua capacidade de diluir-se nas dobras do tempo de forma a que muitos a conheçam mesmo sem jamais a terem lido.
ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Obra de 1881. Editora Globo 1997.
CERVANTES, Miguel de. Don Quijote de La Mancha. Edición del IV centenario RAE y Asociación de Academias de La Lengua Española. Editora Alfaguara 2004.
CERVANTES, Miguel de. Dom Quixote De La Mancha. Tradução de Vizcondes de Castilho e Azevedo. Abril Cultural 1981.
FUENTES. Carlos. D. Quixote cruza o Atlântico. “Folha Especial – A longa viagem de D. Quixote”. Edição de 18/06/2005.
VIEIRA, Maria Augusta da Costa. O Dito Pelo Não-Dito – Paradoxos de Dom Quixote. “Ensaio de Cultura 14”. Editora Edusp 1998.