domingo, 26 de abril de 2015

Diário - 260415 (Preservando o caráter)





Refeição Cultural - Preservando o caráter

"Como se podem buscar objetivos de longo prazo numa sociedade de curto prazo? Como se podem manter relações sociais duráveis? Como pode um ser humano desenvolver uma narrativa de identidade e história de vida numa sociedade composta de episódios e fragmentos? As condições da nova economia alimentam, ao contrário, a experiência com a deriva no tempo, de lugar em lugar, de emprego em emprego. Se eu fosse explicar mais amplamente o dilema de Rico, diria que o capitalismo de curto prazo corrói o caráter dele, sobretudo aquelas qualidades de caráter que ligam os seres humanos uns aos outros, e dão a cada um deles um senso de identidade sustentável"

(A corrosão do caráter - consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Richard Sennett)


Domingo à noite. Acabou o fim de semana em Osasco SP.

Cheguei muito cansado de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na sexta-feira à noite. Estive lá para a primeira Conferência de Saúde da Cassi deste ano. A semana foi extremada no trabalho e o desgaste psicológico me exauriu as energias.

No sábado pela manhã foi muito difícil levantar-me. Mas depois o corpo "pegou no tranco" (a frase tende a virar relíquia na língua portuguesa porque não se pode dar tranco nos carros atuais). Encontramos alguns amigos à tarde em um churrasco. Uma das coisas que fiquei pensando após isso foi no livro de Richard Sennett falando sobre a questão do caráter.

SENSO DE IDENTIDADE SUSTENTÁVEL

"O termo caráter concentra-se sobretudo no aspecto a longo prazo de nossa experiência emocional. É expresso pela lealdade e pelo compromisso mútuo, pela busca de metas a longo prazo, ou pela prática de adiar a satisfação em troca de um fim futuro..." (Sennett).

Eu sei que deveria investir um pouco mais na sanidade advinda da convivência social nas horas de lazer. Eu quase nunca vou a eventos sociais porque estou sempre escolhendo o parco tempo que me resta do trabalho (militância) para mim mesmo. Faz muitos anos que tenho jornadas de 12 horas ou mais desde que fui para a Contraf-CUT e atualmente como diretor eleito da Cassi. Quando sobra alguns minutos, durmo... tento descansar em casa com a família.

CORRENDO PARA NÃO ADOECER

Ao correr neste domingo 5 km no Parque Continental, ao lado de onde moro em Osasco, percebi que se eu ficar sem correr algumas semanas ficarei doente. O estresse que tenho durante a semana vai fazendo meu corpo pedrar, cheio de hormônios ruins, e começo a ter dores nos músculos, tendões, costas etc. Ao correr, desopilo o fígado e sai a carga ruim e oxigena a vida. Não dá pra ficar sem correr mais não, com essa vida que estou levando para cumprir até o fim a missão que me designaram...

LEITURAS QUE ALIMENTAM E ENRIJECEM O CARÁTER

Fui ler um pouquinho neste domingo. Além de umas dezenas de páginas do Sennett, li a citação do dia no livro do Eduardo Galeano, "Los hijos de los días", que ganhei do companheiro Carlão.

Vi que neste dia 26 de abril ocorreu em 1986 a catástrofe nuclear em Chernobyl, Ucrânia. Eu me lembro disso e tinha 17 anos de idade. Naquele ano, decidi deixar meus pais em Minas Gerais e voltar sozinho para São Paulo para tentar trabalhar e fazer a minha vida. 

Eu estava cansado de ser trabalhador braçal, de trabalhar sem carteira assinada, fazendo bicos, eu queria um emprego mais estável, queria uma vida que me permitisse uma narrativa, como diz Sennett. Quando passei em dois concursos ao mesmo tempo - Banco do Brasil e CET da Prefeitura de SP -, escolhi o que tinha jornada de 6 horas...

Minha nossa! Nunca quis trabalhar tanto em minha vida... olha como está a minha vida hoje... as coisas são assim!

Todos somos filhos dos dias...

SENSO DE COMUNIDADE (AO VIVO)

"Rico me disse que ele e Jeannette fizeram amizade sobretudo com pessoas que viam no trabalho, e perderam muitas delas nas mudanças dos últimos doze anos, 'embora continuemos em rede'. Ele busca nas comunicações eletrônicas o senso de comunidade  que Enrico (seu pai) mais apreciava quando assistia às reuniões do sindicato dos faxineiros, mas o filho acha as comunicações on line breves e apressadas." (Sennett)

Por fim, queria deixar registrado que foi uma vitória poder falar com quase cinquenta pessoas em Campo Grande sobre a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil. O Banco e seus representantes na Cassi não me liberaram a verba para realizar as conferências de saúde. Mas eu não aceitei isso e busquei na persistência pessoal e no apoio das entidades associativas do BB, como a Anabb e o Sindicato local, a forma de realizar o evento. Valeu a pena!

Eu disse para cada um dos colegas lá da nossa comunidade do funcionalismo, que eu posso até entender a importância das redes sociais virtuais, mas que nada substitui o olho no olho, o gesto, o tom de voz, a postura corporal de falar com as pessoas.

A humanidade vai sofrer muito com as consequências do esfriamento humano advindo com a vida virtual e o fim dos abraços, dos falares olho no olho. O mundo vai sofrer nas próximas décadas... (já está sofrendo).

Aos poucos que lerem essas palavras, deem um abraço humano nos seus próximos quando os encontrarem. Olhe para eles, ande olhando para a frente e não para a tela de seu mundo virtual.

William Mendes

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Esporte e Saúde - Novos limites físicos em abril nas corridas de rua





Refeição Cultural

Voltei ao Parque do Sabiá, em Uberlândia, para correr meu longão do mês de abril. Retomei as corridas de rua em outubro de 2014 e prometi a mim mesmo que não quero e não posso parar mais.

Minha saúde tem sido destruída com velocidade crescente devido à rotina que passei a ter na minha função atual como gestor eleito pelos trabalhadores na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a maior entidade de autogestão em saúde do Brasil.

Cheguei à gestão em 2014 num momento difícil da entidade, pois a empresa passa por desequilíbrio financeiro em seu principal plano de saúde e isso nos tem feito trabalhar muito desde junho do ano passado. Quando não são dezenas de horas de jornada semanal trabalhando sentado, estudando e lendo súmulas e documentos, escrevendo e em reuniões de trabalho, são viagens e horas e horas mal dormidas e alimentação irregular.

A volta às corridas de rua tem feito com que eu suporte a carga de trabalho. Tem a vantagem de melhorar minha circulação, respiração, diminui meu estresse, ajuda no sono reparador e evita que eu afunde de vez nos principais problemas de saúde da contemporaneidade: diabetes, pressão e colesterol altos. Estas são as chamadas doenças crônicas responsáveis por quase 80% dos agravamentos nas condições de saúde das populações.

Evidente que, mesmo correndo, começo a ter o problema clássico de volume abdominal irregular, tão preocupante para o coração e coluna. Como seria diferente para quem passa umas 14 a 16 horas sentado?

PENSEI EM CORRER 15K E ENTENDI QUE OS 12K QUE FIZ FORAM FANTÁSTICOS

Meu planejamento de corridas para 2015 prevê atingir o objetivo de estabelecer novos limites físicos e correr minha primeira meia-maratona (21k). Depois das reflexões e interpretações de meu corpo, já tenho claro que só no segundo semestre é que terei melhores perspectivas de treinamentos para tal percurso.

Estou correndo entre 40 e 50 km por mês em 8 a 10 treinos.

Cheguei ao parque neste domingo para correr 15k. Era algo meio ousado e exagerado. Percebi isso assim que comecei a corrida. Estava muito calor (28º) e senti cansaço na primeira volta de 5 km.

Não é sem motivo porque estou com um cansaço interior intenso. O trabalho intelectual é algo muito desgastante. E eu insisto em conciliar o esforço mental com o esforço físico. Isso vale a pena, mas tenho que ter a sabedoria e autoconhecimento dos meus limites.

Durante a segunda volta percebi que deveria reconsiderar o percurso de três voltas. Para estabelecer novo limite em treinos no ano, corri os 12 km e fiquei muito feliz porque me superei. Fiz os 12k em 80’.

Se pensar bem, o percurso do mês foi intenso porque com as corridas até hoje, já fiz 41 km em 6 treinamentos. Seguindo no ritmo em que estou, posso até fazer o meu melhor tempo na São Silvestre de 2015.

Eu estou fazendo o meu melhor, tanto na minha tarefa profissional à frente da Cassi, quanto no cuidado com minha saúde física e também mental, porque diariamente medito para suportar tudo quanto é situação limite sem me alterar ao extremo. 

Sigo firme!

Post Scriptum

TREINAMENTO EM ABRIL

1. sexta 3 (DF).............. 5k 32' (noturna)


2. domingo 5 (DF)..........8K 51' (com chuva)


3. quinta 9 (DF)..............5k 30' (noturna, feliz: tirei 1')


4. domingo 12 (DF)........6K 40' (noturna)


5. quinta 16 (DF)............5k 31' (noturna)


6. domingo 19 (MG).......12k 80' (Parque do Sabiá)


7. domingo 26 (SP).........5k (Pq. Continental: trote lento)


O mês foi difícil no trabalho. Consegui correr 46 km no mês e estabelecer o melhor longão do ano já em abril. Estou fazendo o possível por minha saúde.


sábado, 18 de abril de 2015

Sobre injustiças, ingratidões e oportunistas


O mínimo que um companheiro deve receber de outro
ao ser atacado é solidariedade e não o inverso.
Toda a minha solidariedade ao companheiro João
Vaccari Neto, preso sem provas e com critérios
estranhos perante outros suspeitos. (e isso não quer
dizer que eu pactue com irregularidades) Foto: 
William, Deli, Vaccari, Marcolino e Sasseron (2003, Pepe)

Lendo um excelente artigo do jornalista PML e alguns outros sobre o mesmo tema, me senti mais uma vez na obrigação de dizer algumas palavras do que penso a respeito do conjunto de fatos que têm acontecido na política brasileira e que têm sido responsáveis por atitudes injustas, ingratas e que são ótimas para identificar oportunistas de plantão dentro do movimento social dos trabalhadores.

O caso em questão é sobre os critérios diferentes de tratamento por parte de um certo juiz responsável por uma operação da PF de cunho político-eleitoral e com características de golpe institucional contra a presidenta Dilma Rousseff e o Partido dos Trabalhadores para os casos de denúncias de supostas ilegalidades financeiras e políticas, mandando prender o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e não mandando prender o presidente do PSDB, Aécio Neves. Ambos são citados por bandidos confessos que estão fazendo as chamadas delações premiadas. É mais ou menos assim, os ladrões presos falam nas “delações” o que algumas autoridades querem que eles falem, e então eles poderão ser liberados de seus crimes e podem até ficar com parte de seus produtos de roubos. É só devolver uma parte e dizer as palavras certas. 

Outra coisa cínica: ou a lei de financiamento eleitoral privado atual é válida ou não é (devolve aí, Gilmar Mendes!). Se os dinheiros oficiais doados por empresas são motivo de suspeição de crime para o tesoureiro do PT, que essa regra valha para TODOS os partidos e se coloque na mesma cela no Paraná os tesoureiros de TODOS os outros partidos que receberam os dinheiros oficiais doados. É brincadeira uma coisa dessas!

João Vaccari Neto (a Geni da vez)

Em 2002, fui convidado a participar de uma chapa na eleição do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e fomos eleitos. O presidente eleito na chapa foi João Vaccari Neto. Neste mesmo mandato (2002/05) a diretoria do Sindicato me convidou para assumir função na executiva do Sindicato e convivi com o companheiro Vaccari. A mim não importa se ele simpatizava comigo ou não e o mesmo de mim para com ele. Aprendi a respeitá-lo e aprendi muito com ele em relação a estar numa posição de tomada de decisões em nome de dezenas de milhares de trabalhadores. Quem me conhece sabe o que penso sobre isso: na luta de classes, é até mais legal se os combatentes ao nosso lado forem amigos, mas eu defendo o meu lado do front contra os adversários e inimigos, gostando ou não dos combatentes do meu lado, meus companheiros.

Foi assim que sempre defendi meus companheiros perante os trabalhadores que representei, principalmente do Banco do Brasil. Tive o privilégio de atuar no movimento sindical tendo como presidentes Vaccari, Luiz Cláudio Marcolino e Juvandia Moreira Leite (Sindicato), Vagner Freitas e Carlos Cordeiro (Contraf-CUT). Repito: não importa as rusgas que tenha tido com eles. Em caso de ataques a eles por parte da direita, dos desgraçados da imprensa golpista - lacaios do sistema e integrantes do “clube”, processos judiciais estranhos e parciais contra meus companheiros de luta e outros líderes dos trabalhadores, independente do partido ou da corrente política, na dúvida e sem “provas”, estarei ao lado deles contra meus verdadeiros inimigos, a direita fascista instalada nas estruturas de poder. 

Caso se prove algo contra eles, que se aplique a lei (mas até isso caiu por terra depois da mentira e picaretagem da invenção “Mensalão” e aquela invenção burlesca chamada “domínio dos fatos” – só para inventar crime contra o PT, após não haver provas formais como o caso de Genoino e Dirceu, e que se apague a corrupção ou suspeição sobre os partidos da direita, como o PSDB). Covas, Fernando Henrique, Serra e Alckmin não sabiam de nada no caso trensalão. Por que não se aplica a teoria do "domínio dos fatos"?

Melhor que ser oportunista de plantão, é definir de que lado está na luta de classes

Eu venho do seio da classe trabalhadora, fui trabalhador braçal na adolescência até virar bancário em 1988, primeiro no Unibanco e depois no Banco do Brasil em 1992, por concurso público. Foi nessa época que conheci o pessoal combativo do Sindicato, meus companheiros, porque eles eram bancários como eu e estavam do meu lado como trabalhador. Conheci muita gente boa ainda no Unibanco como, por exemplo, o funcionário do Sindicato e atual Deputado Estadual por São Paulo, Marcos Martins, do Partido dos Trabalhadores. Eu me apaixonei pela profissão de fé que é ser dirigente sindical e pelo significado das organizações criadas pelos trabalhadores e para organizar as lutas dos trabalhadores contra o sistema desgraçado de exploração dos capitalistas. Exemplos dessas organizações: os sindicatos e os partidos de esquerda como o PT.

Eu tirei meu título de eleitor em 1987 e meu primeiro voto como trabalhador braçal foi no Partido dos Trabalhadores. Eu descarregava caminhões de cargas e era entregador de caixas de palmito numa empresa lá na Barra Funda, bairro paulista. Votei na Luiza Erundina. Acertei meu primeiro voto porque o mandato dela na prefeitura mudou a minha vida como trabalhador. A imprensa golpista já fazia lavagem cerebral nas pessoas como faz hoje. Disseram nas “pesquisas” que ela era a 4ª nas opções dos paulistas... 

A lembrança que eu tenho e que me emociona até hoje quando lembro, como agora que escrevo, é que eu não conseguia entrar nos ônibus lotados nas manhãs porque era muita gente trabalhadora para poucos ônibus. Morria muita gente que caía porque nos pendurávamos nas portas e janelas. Com a eleição da prefeita do PT, eu passei a entrar no ônibus e, pode parecer uma bobagem, mas isso foi tão bom e nunca me esqueci disso.

Eu só me filiei ao Partido dos Trabalhadores em 2002 quando o movimento sindical e os movimentos de esquerda fizeram campanha com o fim de fortalecer o partido, após a eleição do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Todos sabíamos que a direita secular brasileira, patriarcal, branca, escravagista, burguesia vira-latas que gosta de ser cachorra de imperialista americano e inglês, enfim, o movimento dos trabalhadores brasileiros sabia que seria dureza o governo de Lula do PT chegar ao fim dos 4 anos de mandato.

Não deu outra. Em 2004 apareceu o primeiro “escândalo” sobre as lotéricas da Caixa Federal. Depois criaram o “mensalão” porque era o ano anterior às eleições presidenciais de 2006. Toda a farra, o rega bofe do ataque ao PT foi baseado no apoio das famílias da imprensa, que apoiaram a ditadura civil-militar de mais de duas décadas. Naquela época, um senador de direita disse que o objetivo dos ataques conjuntos da direita e imprensa era “extinguir aquela raça” se referindo ao PT nos mesmos padrões do Nazismo de Adolf Hitler em relação aos judeus. E assim seguiu, de “escândalo” em “escândalo” contra Lula, contra o PT... depois vieram os “aloprados” e a combinação do delegado com a Globo e a pilha de dinheiro na mesa na véspera da eleição 2006.

Durante todos esses anos de “escândalos” contra o partido “demoníaco” do PT, a imprensa golpista foi escondendo merdas e mais merdas envolvendo os governos e as famílias seculares da burguesia vira-latas. Os ataques contra o PT foram ocorrendo, independentemente de qualquer acerto do governo e, principalmente, porque ao mesmo tempo a classe trabalhadora foi mudando de patamar, saindo da miséria e ascendendo aos bens de consumo e oportunidades antes somente dos filhos dos ricos brancos, da burguesia chinfrim brasileira. Foram dezenas de milhões de gente como eu e minha classe que mudaram de patamar.

Odeio oportunismo, injustiças e ingratidões

Acabei fazendo esse histórico do País, do PT, da classe trabalhadora nestes últimos 13 anos porque eu os vivi como ator. 

Eu posso ter sido maltratado por lideranças do movimento dos trabalhadores no último período. Posso até estar sentindo que recebo pouco apoio na tarefa que estou desempenhando porque as mesmas lideranças do movimento insistiram para que eu aceitasse participar do processo que me levou à tarefa atual de gerir a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil em um momento que culmina em crise em 2015 após mais de uma década de acúmulos de problemas não resolvidos na entidade de saúde. 

Mas eu jamais vou concordar com a postura desprezível de lideranças do PT ou do movimento social e de esquerda em colocar primeiro sob suspeição seus companheiros quando sofrem ataques de nossos inimigos de classe. 

Eu disse o mesmo quando fizeram isso com Genoino e Dirceu. Isso não é papel de liderança verdadeira do movimento social. Há que se ver como liderança e saber o que a direita está fazendo com o maior cinismo de classe (dominante). Sinto nojo disso!

Finalizo citando trecho da música de Chico Buarque “Geni e o Zepelim”:

"Acontece que a donzela
(E isso era segredo dela)
Também tinha seus caprichos
E ao deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos..."

Mensagem final aos oportunistas: 

Eu prefiro amar e estar ao lado dos bichos do que as globos, folhas, vejas, estadões, juízes parciais pró-burgueses, burgueses vira-latas, fascistas, patrões e outros lixos, partidos de direita tipo PSDB, aécios, bolsonaros, caiados, gilmares, barbosas e lixos do tipo...


William Mendes
Cidadão da classe trabalhadora brasileira

domingo, 12 de abril de 2015

Diário - 120415 (O valor das ideias)





Refeição Cultural

O valor das ideias



Fechando mais um fim de semana. Escrever é uma necessidade. Eu quis ser professor, escritor, intelectual, filósofo, historiador e acabei não sendo nada disso. As veredas de meu sertão me levaram para onde estou.

Este espaço virtual que criei faz alguns anos é importante para mim porque além de escrever e partilhar o que penso ou o que aprendi com meus estudos vários, me obriga a manter o cérebro e meus pensamentos em funcionamento.


UM DOMINGO ENSOLARADO

O dia em Brasília, Capital do Brasil, foi de Sol. Ao acordar, abri a janela e fiquei vendo e ouvindo os pássaros nas árvores. As leituras e o filme que vi na noite anterior ficaram em minha cabeça.

Embalei uma boa sequência de páginas na obra de Victor Hugo, "Os miseráveis". Mas estou no começo e sei que a história se repetirá com a leitura: não vou terminá-la por prioridades no trabalho.

Busquei pães. Tomamos café. Acabei contaminando meu domingo vendo um pouco na internet do efeito melancólico da lavagem cerebral capitaneada pela direita brasileira, manipulando parte do povo em prol de golpismos e reacionarismos contrários aos avanços conquistados por esse mesmo povo com os governos do Partido dos Trabalhadores nos anos recentes.

Almoçamos. Assisti Planeta Terra e corri à noite. O programa mostrou a maravilha das regiões inóspitas do Canadá Setentrional. Esses programas me põem a pensar muito!


CORRIDA: MESCLA DE PRAZER E OBSTINAÇÃO

Senti um cansaço físico grande neste fim de semana. Eu tenho uma leitura do porquê. É um misto do esforço que fiz na corrida de quinta-feira com a insistência de investir energia em estudos e coisas do intelecto.

Na quinta-feira, cheguei tarde da noite de meu trabalho na Cassi e fui cumprir minha meta de treinamento. Fiz uma corrida muito prazerosa porque corri contra o relógio e diminui mais um minuto no percurso de 5 km. Parece fácil, mas não é.

Eu insisto em querer ler com intenção de estudar e acabo esgotando mais minhas energias, ao invés de descansar nos finais de semana - haja vista que meu trabalho à frente da gestão na Caixa de Assistência me exige uma energia sobre-humana, tanto nas lutas e raivas que passamos, quanto nos estudos e leituras com cargas diárias de mais de 14 horas.

Resultado: procrastinei para correr no fim de semana até à noite deste domingo. Saí e corri 6 km, num trote lento e meu corpo estava numa leseira só. Haja obstinação para completar o percurso em 40 minutos. 

Mas é isso, senti um prazer imenso na quinta e cumpri meu compromisso comigo mesmo hoje.


O VALOR DAS IDEIAS

Os dois livros que estou lendo e o filme que assisti têm relação e lidam com a questão da importância das ideias e a influência delas nas sociedades.

Na parte que li ontem do livro Ideologia e Contraideologia, saí melhor após um conceito aprendido ali. 

Quando alguns pensadores do passado se posicionaram e escreveram suas teses, defendendo posições ideológicas em prol dos status quo estabelecidos ou contrários a eles, o fizeram com muita técnica, oratória, interesses pessoais e coletivos; o fizeram com paixão, e certamente tiveram boas e más defesas de "suas" teses. As aspas é porque alguns deles defendiam as teses da classe dominante, eram ideólogos dessa classe.

Alguns filósofos e pensadores foram defensores de modelos de sociedades com poder central, monárquico, divino. Outros defenderam administrações a partir de coletividades, o povo ou parte do povo; diretamente ou por representação.


ESTADO NATURAL - SOCIEDADE CIVIL

Uma das coisas que achei interessante foi a mudança construída por nós humanos ao decidirmos sair do Estado Natural (de natureza) para o Estado Civil. O Contrato Social de Rousseau aborda isso. O Leviatã, de Thomas Hobbes também.

O percurso das sociedades ocidentais entre os séculos XV e XXI tem uma relação profunda com a história do pensamento e das ideologias e contraideologias pró-governantes no poder e contra governantes no poder.

O filme V de Vingança também aborda a questão do valor das ideias - se matam homens, mas não se matam ideias. 

A história se passa numa Inglaterra do futuro (2020), uma sociedade distópica, com um governo totalitário, que usa dos veículos de comunicação para manipular o povo, e que vai enfrentar através de um homem a volta dos ideais de quatro séculos antes de libertar o povo da tirania do governo, evento conhecido como "Conspiração da Pólvora", ocorrido em 1605, e que teve como mártir Guy Fawkes.

A parte da leitura de "Os miseráveis", de Victor Hugo, está apresentando o Bispo de Digne e seus fortes ideais de bondade absoluta, dedicação aos pobres e a Deus.


COMENTÁRIO FINAL

De minhas reflexões neste fim de semana, e mediante tudo o que tenho vivido e que vou viver no próximo período como gestor da Caixa de Assistência, eleito e representante dos trabalhadores, fica a certeza de que eu não vou desviar de minhas ideias, meus ideais, meus compromissos assumidos com os associados e com as entidades associativas que me colocaram nesta tarefa e que me apoiaram.

Eu acredito no valor das ideias. Minhas ideias são contra hegemônicas (são contraideológicas). Mas eu luto pelo que acredito ser o melhor para os trabalhadores que represento.

William

domingo, 5 de abril de 2015

Diário - 050415


Vale ou não vale a pena correr embaixo de
 uma floresta como essa?

Domingo à noite.

Acabou o feriado de Páscoa. Estive em Brasília nestes dias.

Hoje tomei chuva duas vezes. A primeira quando fui comprar pão pela manhã. Assim que saí de casa e andei uns 50 metros, tibum! Chuva forte me ensopou. Relaxei e fui fazer o que tinha que fazer. Aqui em Brasília a chuva é assim, de repente.

À tarde, saí para correr. Minha meta hoje era um longão. No meio da corrida, tibum! Uma chuvona da hora. Segui correndo até completar o percurso mentalizado - 8 km, que fiz em 51'. Fiz um percurso entre as alamedas perto de casa embaixo de muito verde. 


Curicaca comum como as que vi hoje.
Foto de Flávio Brandão (internet)

Um casal de pássaros que nunca tinha visto me chamou a atenção durante as quatro voltas. Pesquisando depois, soube que se tratava de curicacas comuns. Já tinha curtido muito as revoadas de maritacas pela manhã. Mas as curicacas comuns foram meu deslumbramento do domingo.

A corrida é uma coisa interessante. Sabe quando você está com o diabinho no cérebro falando "não corre não" ou "pra que fazer o percurso todo... já tá bom!".

Na hora que começou a chover, o bichinho ficou assim na minha orelha. Mas a pessoa que sou e que estou diariamente alimentando, não desiste de nada e não tem espaço para preguiças ou coisas do gênero.

Completei e depois a sensação é de um prazer tão grande que só quem não desiste das coisas sabe o que é isso.

Li um pouco de Alfredo Bosi e seus profundos ensinamentos sobre ideologia e contraideologia. Vivo as consequências dessa coisa de gente sendo influenciada e defendendo os interesses dos outros, que não são os de si próprios enquanto classe trabalhadora. Vivo isso o tempo inteiro!

Ao fim da tarde, assisti ao programa Planeta Terra, na TV Cultura. Foi sobre caranguejos aranha gigantes na Austrália. Eu tenho uma formação pessoal cuja forma de ver o mundo tem muita relação com a percepção do mundo animal.

SOBREVIVÊNCIA DAS ESPÉCIES TEM MELHOR PERSPECTIVA COM APOIO MÚTUO - UNIÃO GARANTE PERPETUAÇÃO DA ESPÉCIE

Quando reflito a respeito de nós, mamíferos humanos, sempre relaciono com o restante da fauna animal no planeta Terra.


Os caranguejos gigantes da Austrália se reúnem uma vez por ano nas áreas mais rasas e próximas ao litoral, no dia da lua cheia porque as ondas mais fortes serão fundamentais para o processo que vão passar de troca das cascas.

Eles se encontram às dezenas de milhares, cobrindo o fundo do mar, para poderem trocar suas cascas e perpetuarem sua espécie, porque durante uma hora eles ficam frágeis e são refeição de um sem número de predadores. Mas por uma questão de volume, se aglomeram e cumprem sua função vital e depois voltam às suas vidas por mais um ano.

Será que é tão difícil o ser humano conseguir se ver como uma espécie animal e entender que o que nos mantém, assim como a história da vida no planeta, é o trabalho em coletivo e pelo bem comum?

O ser humano se achar como o suprassumo do poder e da independência enquanto mamífero é de uma burrice e estupidez dantesca! Basta um resfriado, uma caganeira, um mosquito Aedes Aegypti para o ser humano ver como que sozinho ele não é nada!

Mas vai falar isso para os super ultra liberais que acham que o mundo gira ao redor deles...

Vamos para mais uma semana de luta em prol da nossa Cassi e por um mundo mais justo e solidário porque eu e todos nós somos animais e precisamos uns dos outros em nossa espécie.

William Mendes

Ideologia e Contraideologia - Rousseau





Alguns excertos interessantes no capítulo que aborda Rousseau

"Do homem natural ao pacto social"


"Rousseau começa a desenvolver a tese que lhe será sempre cara: a humanidade piorou à medida que a civilização foi produzindo e reproduzindo as condições de desigualdade econômica e política que, em proporções diversas, continuam vigorando em todas as sociedades".

"Em 1753 a mesma Academia lançou novo concurso, cujo tema era a pergunta: 'Qual é a origem da desigualdade das condições entre os homens? Ela é autorizada pela lei natural?'. A resposta de Rousseau está no Discurso sobre a origem da desigualdade, que não obteve o prêmio, mas, publicado em 1755, pode ser considerado o texto-matriz do pensamento democrático radical que irá inspirar os revolucionários de 1789...".

"O pensamento de Rousseau é movido por uma paixão polêmica: acusar os males da sociedade francesa, que, por sua vez, eram justificados por uma ideologia iníqua, fundamentalmente o estilo de pensar do Antigo Regime, que cristalizava os estamentos, divinizava o poder monárquico e se mostrava indiferente à distância entre o luxo dos ricos e as carências dos pobres. Contra esse estado de violenta assimetria, mascarado pelo brilho de uma civilização refinada, o pensador esboça o quadro de uma sociabilidade ideal que ama a liberdade, a igualdade e a simplicidade dos costumes.

Percorrer a obra de Rousseau é acompanhar o processo de um homem contra uma sociedade, cujos modos de pensar contrariam tanto a imagem do homem natural como o ideal do cidadão virtuoso, que só consegue viver livre e feliz na vigência plena do pacto social..."


"O sistema político dominante nos meados do século XVIII francês é hierárquico. Os estamentos ou estados (État, termo usado desde o século XIII para designar a nobreza, o clero e o povo, o qual incluía burgueses, artífices e camponeses) eram desiguais no que tocava aos bens materiais, aos privilégios e às regalias concedidas pelo tesouro real. A desigualdade é o alvo central do Contrato Social (1762)..."


DESIGUALDADE COMO TRANSGRESSÃO ÀS LEIS NATURAIS

"No Discurso sobre a desigualdade, a existência de classes opostas é vista como transgressão das leis naturais, o que parece ser uma leitura democrática em polêmica com inflexões aristocráticas do jusnaturalismo de Grotius: 'É manifestamente contra a Lei de Natureza, seja qual for a maneira como se defina, que uma criança comande um ancião, que um imbecil conduza um homem sábio, e que um punhado de gente transborde de objetos supérfluos, ao passo que falte o necessário à multidão faminta..."


ORIGEM DAS DESIGUALDADES E ASSIMETRIAS POLÍTICAS ESTÁ NA INVENÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA

"Em outra passagem, conceitualmente mais densa, Rousseau estabelece firmes conexões entre as assimetrias políticas e a desigualdade socioeconômica:

              'Se nós seguirmos a progressão da desigualdade nessas diferentes revoluções, constataremos que o estabelecimento da Lei e do Direito de propriedade foi seu primeiro termo; a instituição da Magistratura, o segundo; que o terceiro e último foi a mudança de poder legislativo em poder arbitrário; de sorte que o estado de rico e de pobre foi autorizado pela primeira época, o de poderoso e de fraco pela segunda, e pela terceira o de Senhor e de Escravo, que é o último grau da desigualdade, e o termo no qual desembocam todos os outros, até que novas revoluções dissolvam completamente o governo, ou o aproximem da instituição legítima'.


A PROPRIEDADE PRIVADA NÃO É UM DIREITO PRIMITIVO, NÃO É ESTADO DE NATUREZA

"A propriedade privada não seria, portanto, um direito primitivo, inerente ao estado de natureza, mas uma instituição tardia, uma 'impostura' que acabaria sendo, por necessidade, legitimada pela 'sociedade civil' com todo o seu cortejo de desigualdades. Provavelmente nenhuma outra denúncia da ideologia liberal burguesa terá sido lançada, antes do Manifesto Comunista, de Marx e Engels, com a mesma veemência dessa diatribe do segundo Discurso".


COMENTÁRIO

Da leitura, tiro proveito em fortalecer o que tenho definido como ideologia e os porquês de minhas posições no palco social.

Sou contrário à naturalização da desigualdade social, política e econômica. Tenho claro que fatores ideológicos e ferramentas fortíssimas de manipulação colocam nosso povo defendendo os interesses dos capitalistas. Essa manipulação atinge inclusive os componentes de nossa classe social - os trabalhadores e até nossos familiares.


LEI NÃO SE DISCUTE? E ESCRAVIDÃO?

Outra coisa que sempre tive opinião clara e que a mantenho até hoje: eu não concordo com as posições que afirmam que "lei não se discute, se cumpre". Há leis iníquas, feitas em contextos contrários à classe trabalhadora a qual pertenço e não acho que leis assim devem ser cumpridas.

Quer um exemplo: a lei da propriedade de um ser humano sobre outro (escravidão).


PL 4330 DA TERCEIRIZAÇÃO TOTAL

Quer outro exemplo: se esse congresso brasileiro da legislatura 2015/18, a mais direitosa e contrária aos trabalhadores em décadas, aprovar a terceirização total que vai ser colocada em pauta nessas semanas, sou favorável a uma completa rebelião da classe trabalhadora brasileira contra os patronatos e seus lacaios no Congresso Nacional. É a minha opinião e tenho o direito de expressá-la aqui.

É isso! Acabou o fim de feriado de Páscoa e o meu direito aos estudos e às leituras.

(Isso acaba comigo, mas sigo cumprindo meu papel social enquanto for preciso)


Bibliografia:

BOSI, Alfredo. Ideologia e Contraideologia. Companhia das Letras. 2010.

sábado, 4 de abril de 2015

Leitura: Ideologia e Contraideologia





Excertos interessantes

"O mais difícil é redescobrir sempre o que já se sabe" (Elias Canetti, A província do homem)


Hipóteses semânticas para Ideologia:

"Trata-se de ideia de condição. A ideologia é sempre modo de pensamento condicionado, logo relativo".

"Os homens erram, ou porque se enganam, ou porque distorcem a verdade por força dos seus interesses: este é o sumo das críticas que Platão faz à versatilidade dos sofistas, primeiros profissionais da retórica e do mercado ideológico que a história da filosofia registra".

"Para os sofistas, o discurso tem apenas valor instrumental, pois tudo pode ser provado ou contestado, conforme os desejos do cliente".


A RENASCENÇA ENTRE A CRÍTICA E A UTOPIA

"A crítica sistemática da ligação entre discurso e poder adquire plena evidência na Idade Moderna, sobretudo a partir da luta que a cultura renascentista empreende contra a força da tradição eclesiástica e contra os preconceituosos da nobreza e da monarquia por direito divino".

"A ruptura de um grupo intelectual ou de um movimento político com o estilo de pensar dominante abre neste a ferida do dissenso. Um pensamento de oposição traz consigo o momento da negatividade, contesta a autoridade, tida por natural, do poder estabelecido, acusa as suas incoerências e, muitas vezes, assume estrategicamente o olhar de um outro capaz de erodir a pseudovalidade do discurso corrente. Os períodos de crise cultural engendram a suspeita de que pode não ser verdadeiro ou justo o sistema de valores que "toda gente" admire sem maiores dúvidas".

Citando Montaigne (Ensaios): "Cada um de nós chama barbárie aquilo que não é de seus hábitos".

E Ainda: "É também um homem que procura discernir o mal que o fanatismo estava causando a seus contemporâneos, é um pensador para quem a tolerância e a benevolência devem presidir às relações entre os homens, não importa se europeus ou ameríndios, cristãos ou pagãos, ortodoxos ou dissidentes".


OS ROBIN WOODS DOS SÉCULOS XV E XVI E O PL 4330 NO BRASIL DE 2015

Aqui é citado Horkheimer comentando a obra clássica de Thomas Morus (Utopia) e eu não resisti em comparar aquela situação com a possibilidade idêntica para os trabalhadores brasileiros no caso de o Congresso Nacional aprovar o projeto da terceirização total neste abril de 2015:

"(...) as grandes utopias do Renascimento são a expressão das camadas desesperadas, que tiveram de suportar o caos da transição entre duas formas econômicas distintas. A história da Inglaterra nos séculos XV e XVI fala-nos dos pequenos camponeses que foram expulsos por seus senhores das casas e terras que habitavam, ao transformar todas aquelas comunidades rurais em pastos de ovelhas para prover com lã as fábricas do Brabante de forma lucrativa. Esses camponeses famintos tiveram de organizar-se em bandos saqueadores, e seu destino foi terrível. Os governos mataram muitíssimos deles e grande parte dos sobreviventes foi obrigada a entrar nas fábricas nascentes em incríveis condições de trabalho. E é precisamente nessas camadas que aparece em sua forma inicial o proletariado moderno; já não eram escravos, mas tampouco tinham possibilidade de ganhar a vida por si próprios. A situação desses homens proporcionou o argumento para a primeira grande utopia dos tempos modernos, dando, por sua vez, nome a todas as posteriores: a Utopia de Thomas Morus (1516), que, depois de entrar em conflito com o rei, foi executado no cárcere".


COMENTÁRIO

Dá para perceber a profundidade do tema ao ver o início da obra do professor Alfredo Bosi ao percorrer seis séculos de história do pensamento ocidental.

Me excitou a lembrança do papel dos sofistas, os profissionais da retórica e da lábia... tão atual!

Também é muito oportuna a questão dos valores de "toda gente". Ainda mais quando o senso comum é usado em períodos de crises culturais ou morais.

Poucas páginas me fazem ter a certeza de que é preciso não aceitar facilmente ir ao sabor das correntes hegemônicas em tempos como os que vivemos.

Quer ver uma coisa que acho horrível, deprimente, já que esta postagem é feita em um Sábado de Aleluia: a chamada "malhação do Judas".

Francamente! O que é a "malhação do Judas"? É a simbologia do linchamento. Isso para mim é a barbárie! Como eu poderia ser favorável ao linchamento de uma pessoa qualquer pelo populacho? Agora, vai discutir isso com o povo...


Bibliografia:

BOSI, Alfredo. Ideologia e Contraideologia. Companhia das Letras. 2010.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Diário - 030415





Em busca da felicidade

Hoje completei 46 anos de idade. Hoje foi Sexta-Feira da Paixão para os cristãos. Sorte minha porque hoje foi feriado.

Acordei em casa e com a família, esposa e filho. Digo isso porque minha agenda é maluca e viajo muito.

Falei com meus queridos pais por telefone. Eles estão lá levando a vida como é possível.

Ter esposa, filho, pais, irmã, sobrinhos e familiares que gostam da gente é muito bom. Sou grato por isso.

Li muitas, mas muitas mensagens que recebi de felicitações por meu aniversário. Algumas me emocionaram e fizeram referência à nossa história de luta, à nossa retidão de caráter e à nossa contribuição para a luta da classe trabalhadora. Sou grato a cada pessoa que investiu alguns minutos ou segundos naquelas palavras.

A vida é feita de átomos. Nós somos um amontoado de moléculas. O que sou hoje é o que sobrou de ontem, com todas as coisas boas e ruins que aconteceram. Eu sou o acúmulo de conhecimento vivido em 46 ciclos completos das estações da nossa mãe natureza.

Saí agora à noite e fui correr minha meia hora, meus 5 km. Estou bem melhor fisicamente hoje que ontem. Isso foi uma escolha que fiz. Não vou permitir que nada interrompa mais a prática do esporte que nos dá saúde e prazer.

O QUE DESEJO NO MEU PERCURSO?

Eu sou uma pessoa simples. Meus desejos são relativamente simples, apesar de serem de difícil realização.

Pelo ponto em que me encontro da existência, que considera a função social que desempenho, a idade que tenho, as relações pessoais e coletivas que tenho e coisas do gênero, eu acho que posso encontrar felicidade ou sensação de felicidade se nos próximos ciclos conseguir vivenciar e ou ver encaminhadas coisas do tipo:

- Ver o meu querido país, Brasil, seguir com a democracia se cristalizando e com a continuidade da distribuição das riquezas aqui produzidas para a classe trabalhadora, com justiça social e sem o avanço da intolerância que vem sendo semeada pela direita que há séculos usa e abusa de todo o patrimônio público brasileiro como se fosse a extensão de suas propriedades.

- Espero ver fortalecida, sustentável e cuidando bem dos milhares de associados e seus familiares a Cassi - Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil -, onde sou um dos gestores eleitos representando o Corpo Social. É nesta missão que estou colocando a quase totalidade de minhas energias vitais desde o ano passado.

- Desejo e preciso muito da sorte de continuar tendo meus pais queridos e minha família mais próxima a mim e relativamente bem para poder lutar as batalhas diárias que fazem parte da nossa missão social.

- Espero continuar com saúde para correr e enxergar, pois gostaria muito de um dia participar de uma maratona e sonho em poder retomar minhas leituras literárias e por prazer assim que tiver uma vida onde minhas jornadas de luta não durem a totalidade do tempo acordado que tenho.

São coisas simples, porém difíceis.

Não tenho fetiches com carros, bens materiais, cargos e poder.

Sigamos o bom caminho, com o coração leve e o foco nisto que escrevi acima.

William Mendes
Cidadão brasileiro.