FILOLOGIA
Conceito - segundo a Enciclopédia VERBO das Literaturas de Língua Portuguesa
O sentido original do termo em grego – GOSTO PELA PALAVRA – sofreu ao longo da sua história uma considerável evolução.
Hoje, por mais que ainda se use chamar de filólogos a linguistas, gramáticos, literatos etc, o uso é bem mais específico.
Já a partir do século XIX outras áreas da linguagem começaram a se destacar como, por exemplo, a linguística e as ciências literárias.
Um CONCEITO MAIS ANTIGO de FILOLOGIA: “entender, no sentido mais amplo do termo, quanto um outro homem, mesmo distante no tempo e no espaço, confiou aos signos” (Luciana Stegagno-Picchio, 1979:214)
Um conceito do dicionário de Morais (1789), que mantinha a associação dos estudos da língua com os de literatura nela produzida, ainda era visto 200 anos depois: “Ciência das línguas ou de uma língua em particular, no ponto de vista da sua história literária e gramatical”.
Uma solução para o conflito de conceitos foi tomada pelo Dicionário das Literaturas Portuguesa, Brasileira e Galega, de Jacinto do Prado Coelho (3ª Ed., 1981): ele remeteu os interessados em FILOLOGIA para os artigos LINGUÍSTICA e HISTÓRIA LITERÁRIA.
Esse processo todo não esvaziou o conteúdo e a razão de ser da antiga FILOLOGIA. Algumas de suas funções e preocupações – aquelas mais de perto associadas à produção material e à existência histórica do texto escrito – não foram transferidas, antes permaneceram em estado mais purificado e mais visível.
Para as disciplinas cujo objeto comum segue sendo O TEXTO E A SUA ESCRITA e a atitude que impregna o proceder individual de cada uma, não há termo mais apropriado que FILOLOGIA.
Só o termo FILOLOGIA recobre ao mesmo tempo preocupações tão variadas como:
- o estudo das técnicas e dos materiais que serviram à produção escrita de um texto, quer se trate de um autógrafo quer das suas cópias;
- o estudo das condições históricas (sociais, econômicas, biográficas) que rodearam e influenciaram a produção do texto e o estudo dos seus itinerários e lugares de pouso (coleções particulares, arquivos, bibliotecas);
- o estudo da sua conservação, mutilações e restauros;
- o estudo, no caso das cópias, do número, condições e protagonistas dos atos reprodutórios.
Além de tudo isto, que tem a ver com o texto como objeto físico, e de um inevitável interesse pelas componentes gráficas, gramaticais, lexicais e discursivas do texto (ainda que se possa argumentar que elas pertencem a outras disciplinas), é também preocupação da FILOLOGIA, e possivelmente a mais visível de todas, estudar as técnicas de publicação moderna do texto e preparar as respectivas edições.
Bibliografia:
BIBLOS. Enciclopédia VERBO das Literaturas de Língua Portuguesa.
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