quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Diário e reflexões



Refeição Cultural

Osasco, 13 de agosto de 2025. Quarta-feira.


Durante muito tempo, neste período do ano, especificamente na primeira quinzena de agosto, eu vivenciava uma experiência impactante ao realizar a romaria entre a cidade de Uberlândia e Água Suja, no Triângulo Mineiro. 

Cada romaria é única, o percurso é quase o mesmo, mas a pessoa que vai é outra, sempre. Minha caminhada tinha um percurso que variava entre 73 e 85 Km, de acordo com o ponto de saída. 

Ano passado fui para lá e acabei não fazendo a romaria. Neste ano, já tinha claro que não faria o percurso, um momento de introspecção para o romeiro. Sou um elemento da natureza e meu corpo sentiu os efeitos do tempo e do percurso realizado até aqui.

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Pensando na natureza do meu corpo, e me conhecendo um pouco há décadas, dormi pensando em atitudes e ações que poderia desenvolver para alongar minha permanência por aqui.

Ao confirmar por exames clínicos que meus níveis de colesterol continuam a subir, isso já faz alguns anos, e saber os principais motivos dessas mudanças em meu corpo animal, preciso definir estratégias para lidar com a questão.

A existência dos seres vivos é uma somatória diária de eventos casuais e planejados, uma miscelânea de instantes caóticos, que vai fazendo os seres permanecerem vivos ou deixarem de existir, o tempo todo, todo tempo, com tudo e com todos.

Ao saber por acaso da minha condição de hipertenso há uma década, e seguir os procedimentos da ciência, alonguei a permanência na Terra. Poderia ter infartado.

Correr desde muito jovem e ter bons níveis de HDL pesou de alguma forma para não piorar uma condição hereditária e de exageros que fiz nas veredas do viver.

Aí meu corpo passa a ter dificuldades de seguir correndo, um dos maiores prazeres da minha vida. Sem correr, meu HDL foi pro saco, e meus níveis de LDL seguem crescendo, mas sem o equilíbrio do bom colesterol... que foda!

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Decidi que vou tentar correr do jeito que meu corpo permitir, e vou correr de preferência em percursos com aclives, pois o impacto na estrutura musculoesquelética é menos pior do que em planos e descidas, dependendo da forma como me movimento, claro.

Eu sei também de muita coisa que deveria comer e não comer, beber e não beber, mudanças de hábitos etc, hábitos são difíceis de mudar, não é?

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Tenho refletido sobre outras decisões que preciso tomar, decisões que só competem a mim e a mais ninguém, já que não sou mais uma pessoa com representação de pessoas. Tenho contratos sociais, tenho consciência social, e só. De verdade, não sinto mais pertencimento a grupos sociais como pertenci. Era para pertencer e contribuir com a experiência que acumulei na prática da militância nesta fase da vida. Não aconteceu. Cada vez que vou fazer número em algum evento político, mais me questiono o que fui fazer lá. Sei da importância de fazer volume, já que somos tão poucos na esquerda. Mas preciso chegar a um termo comigo mesmo sobre isso. Para me sentir como me sinto, preciso avaliar a continuidade disso. Não estou acrescentando nada à coletividade fazendo volume nos eventos que participo. Até valeu bastante contribuir nas eleições majoritárias e proporcionais nos últimos anos, mas isso é pouco comparado à contribuição que dei às causas nas quais me envolvi. Enfim... as coisas são como são.

Sigo com a consciência social de minhas responsabilidades e contratos sociais. Sigo fazendo o esforço de permanecer por aqui.

William

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