EXCERTOS, DITOS E REFLEXÕES BRILHANTES
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O MEDO GUARDA
"(...) bem certo é o que se diz, que o melhor guarda da vinha é o medo de que o guarda venha, portanto aconselha-se a começar por vencer o medo, depois logo se verá se o guarda aparece" p. 269
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A METÁFORA EXPLICA
"Tudo se passou como se ela não tivesse feito mais do que abrir uma porta e sair, Ou entrar, Sim, ou entrar, conforme o ponto de vista, Pois aí lhe fica uma excelente explicação, Era uma metáfora, A metáfora sempre foi a melhor forma de explicar as coisas" p. 267
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DITO POPULAR SOBRE A MORTE
"Lembrou-se daquela quadra popular que diz, O que está para além da morte, nunca ninguém viu nem verá, de tantos que para lá foram, nunca nenhum voltou cá" p. 252
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"Lembrou-se daquela quadra popular que diz, O que está para além da morte, nunca ninguém viu nem verá, de tantos que para lá foram, nunca nenhum voltou cá" p. 252
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DIÁLOGO ENTRE O SR. JOSÉ E O TECTO
(Olho múltiplo de Deus)
"Não sou estúpido, De facto, estúpido não o és, o que levas é demasiado tempo a perceber as coisas, sobretudo as mais simples, Por exemplo, Que não tinhas nenhum motivo para ires à procura dessa mulher, a não ser, A não ser, quê, A não ser o amor, É preciso ser-se tecto para ter uma ideia tão absurda, Creio ter-te dito alguma vez que os tectos das casas são o olho múltiplo de Deus, Não me lembro, Se não to disse por estas precisas palavras, digo-o agora" p. 248
"És pretensioso, crês que sabes tudo a meu respeito, Tudo, não, mas alguma coisa deverei ter aprendido depois de tantos anos de vida em comum, aposto que nunca tinhas pensado que tu e eu vivemos em comum, a grande diferença que há entre nós é que tu só me dás atenção quando precisas de conselhos e levantas os olhos cá para cima, ao passo que eu levo o tempo todo a olhar para ti, O olho de Deus" p. 248 (QUE METÁFORA!)
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(Olho múltiplo de Deus)
"Não sou estúpido, De facto, estúpido não o és, o que levas é demasiado tempo a perceber as coisas, sobretudo as mais simples, Por exemplo, Que não tinhas nenhum motivo para ires à procura dessa mulher, a não ser, A não ser, quê, A não ser o amor, É preciso ser-se tecto para ter uma ideia tão absurda, Creio ter-te dito alguma vez que os tectos das casas são o olho múltiplo de Deus, Não me lembro, Se não to disse por estas precisas palavras, digo-o agora" p. 248
"És pretensioso, crês que sabes tudo a meu respeito, Tudo, não, mas alguma coisa deverei ter aprendido depois de tantos anos de vida em comum, aposto que nunca tinhas pensado que tu e eu vivemos em comum, a grande diferença que há entre nós é que tu só me dás atenção quando precisas de conselhos e levantas os olhos cá para cima, ao passo que eu levo o tempo todo a olhar para ti, O olho de Deus" p. 248 (QUE METÁFORA!)
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MAIS DITOS POPULARES
"Morto o bicho, acabou-se a peçonha" p. 246
"Há quem diga, pelo contrário, que quanto mais se olha menos se vê" p. 247
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"Morto o bicho, acabou-se a peçonha" p. 246
"Há quem diga, pelo contrário, que quanto mais se olha menos se vê" p. 247
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NO APURO, A GRANDEZA DO ESPÍRITO
"Afinal, o timorato Sr. José está a demonstrar aqui uma coragem que os muitos desconcertos e aflições por que o vimos passar antes não permitiam esperar da sua parte, o que, uma vez mais, vem provar que é nas ocasiões de mais extremo apuro que o espírito dá a autêntica medida da sua grandeza" p. 237
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LÁPIDES-CUBOS: UMA VIDA EM CINCO FACES
"São milhões, murmurou, então pensa na enorme quantidade de espaço que se haveria poupado se os mortos tivessem sido enterrados de pé, lado a lado, em formação cerrada, como um exército em posição de sentido, tendo cada um, como único sinal da sua presença ali, um cubo de pedra colocado na vertical da cabeça, em que se relatariam, nas cinco faces visíveis, os factos principais da vida do falecido, cinco quadrados de pedra como cinco páginas, resumo do livro inteiro que tinha sido impossível escrever" p. 228
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DEUS EXISTE! INVENTOU O CARRO PARA LEVAR OS DEFUNTOS
"(...) o universo está efectivamente regido por um pensamento superior permanentemente atento às necessidades humanas, porque se assim não fosse, argumentam eles, os automóveis não teriam sido inventados precisamente na altura em que mais necessários começavam a ser, ou seja, quando o Cemitério Geral se havia tornado tão extenso que seria um verdadeiro calvário levar o defunto ao gólgota pelos meios tradicionais, fosse o pau e corda, fosse a carreta de duas rodas" p. 220
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NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS!
"(...) que nos países civilizados o uso correcto, com vantagens certificadas pela experiência, é permanecerem os corpos debaixo da terra uns quantos anos, cinco, em geral, ao fim dos quais, salvo milagre de incorrupção, se retirará o pouco que tiver sobejado do trabalho corrodente da cal viva e da digestão dos vermes, para dar espaço aos novos ocupantes. Nos países civilizados não existe esta prática absurda dos lugares cativos, esta ideia de considerar para sempre intocável qualquer sepultura, como se, não tendo podido a vida ser definitiva, a morte o pudesse ser" p. 217
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A VIDA, MEIO ENTRE O NADA E O NADA
(Quem fica com Todos os nomes? A Conservatória do Registo Civil ou o Cemitério Geral?)
"Com tempo e paciência cá virão parar todos, a Conservatória do Registo Civil, bem vistas as coisas, não passa de um afluente do Cemitério Geral (...) sabem que andam a cavar nos dois extremos da mesma vinha, esta que se chama vida e está situada entre o nada e o nada" p. 218
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CONSERVATÓRIA GERAL DO REGISTO CIVIL: A LIGAÇÃO DE TUDO
"Habituado à relacionação das causas e dos efeitos, que nisso consiste, essencialmente, o sistema de forças que rege desde o princípio dos tempos a Conservatória Geral, lá onde tudo esteve, está e há-de continuar a estar para sempre ligado a tudo, aquilo que ainda é vivo àquilo que já está morto, aquilo que vai morrendo àquilo que vai nascendo, todos os seres a todos os seres, todas as coisas a todas as coisas, mesmo quando não parecem ter a uni-los, eles e elas, mais do que aquilo que à vista os separa..." p. 155
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O PERIGO DA SOLIDÃO (SEGUNDO O CHEFE)
"A solidão, Sr. José, declarou com solenidade o conservador (cargo maior na Conservatória), nunca foi boa companhia, as grandes tristezas, as grandes tentações e os grandes erros resultam quase sempre de se estar só na vida, sem um amigo prudente a quem pedir conselho quando algo nos perturba mais do que o normal de todos os dias" p. 141
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CAMINHAM JUNTOS PERNAS E ESPÍRITO
"(...) porque o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito" p. 74
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TODOS SÃO "DE IDADE"
"Mais tento na língua, por favor, É velha, É uma senhora de idade, Deixa-te de hipocrisias, idade temo-la nós todos, a questão está em saber-se quanta, se é pouca, és novo, se é muita, és velho, o resto é conversa" (Sr. José e sua consciência) p. 71
"Afinal, o timorato Sr. José está a demonstrar aqui uma coragem que os muitos desconcertos e aflições por que o vimos passar antes não permitiam esperar da sua parte, o que, uma vez mais, vem provar que é nas ocasiões de mais extremo apuro que o espírito dá a autêntica medida da sua grandeza" p. 237
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LÁPIDES-CUBOS: UMA VIDA EM CINCO FACES
"São milhões, murmurou, então pensa na enorme quantidade de espaço que se haveria poupado se os mortos tivessem sido enterrados de pé, lado a lado, em formação cerrada, como um exército em posição de sentido, tendo cada um, como único sinal da sua presença ali, um cubo de pedra colocado na vertical da cabeça, em que se relatariam, nas cinco faces visíveis, os factos principais da vida do falecido, cinco quadrados de pedra como cinco páginas, resumo do livro inteiro que tinha sido impossível escrever" p. 228
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DEUS EXISTE! INVENTOU O CARRO PARA LEVAR OS DEFUNTOS
"(...) o universo está efectivamente regido por um pensamento superior permanentemente atento às necessidades humanas, porque se assim não fosse, argumentam eles, os automóveis não teriam sido inventados precisamente na altura em que mais necessários começavam a ser, ou seja, quando o Cemitério Geral se havia tornado tão extenso que seria um verdadeiro calvário levar o defunto ao gólgota pelos meios tradicionais, fosse o pau e corda, fosse a carreta de duas rodas" p. 220
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NÓS QUE AQUI ESTAMOS, POR VÓS ESPERAMOS!
"(...) que nos países civilizados o uso correcto, com vantagens certificadas pela experiência, é permanecerem os corpos debaixo da terra uns quantos anos, cinco, em geral, ao fim dos quais, salvo milagre de incorrupção, se retirará o pouco que tiver sobejado do trabalho corrodente da cal viva e da digestão dos vermes, para dar espaço aos novos ocupantes. Nos países civilizados não existe esta prática absurda dos lugares cativos, esta ideia de considerar para sempre intocável qualquer sepultura, como se, não tendo podido a vida ser definitiva, a morte o pudesse ser" p. 217
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A VIDA, MEIO ENTRE O NADA E O NADA
(Quem fica com Todos os nomes? A Conservatória do Registo Civil ou o Cemitério Geral?)
"Com tempo e paciência cá virão parar todos, a Conservatória do Registo Civil, bem vistas as coisas, não passa de um afluente do Cemitério Geral (...) sabem que andam a cavar nos dois extremos da mesma vinha, esta que se chama vida e está situada entre o nada e o nada" p. 218
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CONSERVATÓRIA GERAL DO REGISTO CIVIL: A LIGAÇÃO DE TUDO
"Habituado à relacionação das causas e dos efeitos, que nisso consiste, essencialmente, o sistema de forças que rege desde o princípio dos tempos a Conservatória Geral, lá onde tudo esteve, está e há-de continuar a estar para sempre ligado a tudo, aquilo que ainda é vivo àquilo que já está morto, aquilo que vai morrendo àquilo que vai nascendo, todos os seres a todos os seres, todas as coisas a todas as coisas, mesmo quando não parecem ter a uni-los, eles e elas, mais do que aquilo que à vista os separa..." p. 155
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O PERIGO DA SOLIDÃO (SEGUNDO O CHEFE)
"A solidão, Sr. José, declarou com solenidade o conservador (cargo maior na Conservatória), nunca foi boa companhia, as grandes tristezas, as grandes tentações e os grandes erros resultam quase sempre de se estar só na vida, sem um amigo prudente a quem pedir conselho quando algo nos perturba mais do que o normal de todos os dias" p. 141
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CAMINHAM JUNTOS PERNAS E ESPÍRITO
"(...) porque o espírito não vai a lado nenhum sem as pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito" p. 74
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TODOS SÃO "DE IDADE"
"Mais tento na língua, por favor, É velha, É uma senhora de idade, Deixa-te de hipocrisias, idade temo-la nós todos, a questão está em saber-se quanta, se é pouca, és novo, se é muita, és velho, o resto é conversa" (Sr. José e sua consciência) p. 71
William Mendes
Bibliografia:
SARAMAGO, José. Todos os Nomes. Grandes Escritores da Atualidade. 1ª ed. 1997. São Paulo: Planeta De Agostini, 2003.
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