domingo, 22 de setembro de 2024

Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga



Refeição Cultural 

"Não vês aquele velho respeitável

          Que à muleta encostado

Apenas mal se move e mal se arrasta?

Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo!

          O tempo arrebatado,

          Que o mesmo bronze gasta.


Enrugaram-se as faces, e perderam

          Seus olhos a viveza;

Voltou-se o seu cabelo em branca neve;

Já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo;

          Nem tem uma beleza 

          Das belezas, que teve.

Assim também serei, minha Marília, 

          Daqui a poucos anos, 

Que o ímpio tempo para todos corre:

Os dentes cairão e os meus cabelos. 

          Ah! sentirei os danos

          Que evita só quem morre." (Lira XVIII)


Que lira fantástica!

Ao ler me identifiquei com o eu-lírico e me vi também como o objeto em estudo. Me vi adiante sob o implacável efeito do tempo.

Enquanto passava o dia na estrada, indo de São Paulo a Uberlândia, fiz o download (é de domínio público) do clássico "Marília de Dirceu", publicado em Lisboa em 1792.

O poema é dividido em três partes, sendo a primeira com 33 liras, a segunda com 38 liras e a terceira com 9 liras e 13 sonetos. 

Terminei a primeira parte.

Ao chegar à casa dos pais em Minas Gerais, o tempo do ócio inexistiu. Foram só tensões e doenças na família...

Sigamos na leitura quando possível for.

William 


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