Refeição Cultural
Osasco, 27 de junho de 2025. Sexta-feira.
Enquanto aqueles jovens avaliavam minha boca hoje pela manhã, eu fiquei pensando naqueles momentos do passado, quando estudava corpos humanos nas aulas de anatomia na graduação de Educação Física no Náutico Mogiano. Me lembrei de algo que queria à época e avaliei que até hoje seria uma ideia interessante: doar meu corpo para ser utilizado por estudantes de medicina. Por dois anos, tratei com muito respeito todos os corpos nos quais aprendi noções sobre o corpo humano.
Se devemos esperançar, nos jovens devemos depositar nossas esperanças. O presente da sociedade humana e do planeta Terra insiste em nos deixar sem esperança alguma porque "tá difícil" ter esperança num amanhã melhor! Mas estamos aqui, a humanidade ainda está aqui, e na humanidade tem muita gente correta, muita gente lutando por mudar a tendência de fim do mundo ou pelo menos estudando e aprendendo coisas novas diariamente, e ler e estudar já abre portas, já gera oportunidades de conscientização de pessoas. Paulo Freire nos lembra que "só se ensina gente!".
Minha passagem pela comunidade humana nessas décadas de existência me faz acreditar nas premissas que a esquerda e os segmentos progressistas afirmam ao longo da história social dos homo sapiens, que as oportunidades mudam a vida das pessoas. Olhando em retrospectiva as etapas de minha vida, vejo o quanto fizeram diferença as oportunidades que foram aparecendo nas veredas por onde caminhei. Ao ver jovens que estão em suas jornadas, me vejo em vários exemplos comuns de todos eles.
Trabalho infantil e desgastante, morar em casebres e lugares ruins, ambientes repletos de baratas e inadequados, ódio do mundo e da vida, humilhações impostas por pessoas em posição de poder, tudo que vejo no dia a dia de milhões de jovens e adultos em nosso país e no mundo fez parte de minha jornada pela sobrevivência até aqui. Por isso avalio que sou um homem de sorte, a Lucky Man.
Durante um período da vida, tive até a felicidade de ser útil coletivamente aos meus irmãos e irmãs da classe trabalhadora. Foi outra oportunidade que a vida me deu que me moldou decisivamente na pessoa que sou hoje e isso após quase três décadas de uma existência mais focada em mim mesmo e não na coletividade de nossa espécie. A Lucky Man.
O mundo tá foda, é verdade! No entanto, a inteligência humana e as possibilidades que a educação e a cultura criam em nossa espécie não me permitem desistir de acreditar na capacidade humana de mudar o mundo e de ainda construirmos uma sociedade global mais solidária e justa para todas as espécies que habitam o único planeta no universo com condições tão diversas de abrigar formas de vida. E os jovens podem nos ajudar a mudar o mundo.
A vida pode ser melhor coletivamente!
William Mendes
27/06/25 (13h51)
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