sexta-feira, 7 de março de 2025

O nome da rosa: os segredos da igreja



Refeição Cultural 

Umberto Eco, um grande pensador


"Aconteceu uma coisa nesta abadia, que pede a atenção e o conselho de um homem prudente e agudo como vós. Agudo para descobrir e prudente (se for o caso) para encobrir." (p. 37)


Ao reler com atenção o que havia lido de forma displicente, vou percebendo as nuanças da história e do enredo em O nome da rosa (1980). 

O sábio franciscano frei Guilherme de Baskerville vai à abadia do romance por missão dada a ele pelo imperador. 

O abade local, na primeira conversa com o visitante, já dá a ele a determinação que se espera de qualquer investigação ou tarefa a cumprir: encubra seja lá o que descobrir...

É mole?

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Palavras, palavras, palavras... ler sem atenção nos tira a essência da leitura.

Quantas vezes interrompi leituras de clássicos da literatura universal para recomeçar com mais sentido!

A primeira vez que li Ulisses (1922), de Joyce, comecei diversas vezes o livro e voltei ao início, até que peguei o ritmo.

Não foi diferente com Os Lusíadas (1572), de Camões. E com a Odisseia, atribuída ao aedo Homero, se passou a mesma coisa quando a li em versos.

O nome da rosa deve ser lido com atenção, pois tem muita coisa a cada página da obra.

A estratégia do abade Abbone foi interessante, mas a postura escorregadia do frei também surpreendeu. 

Ao saber que o frei Guilherme de Baskerville foi um inquisidor que livrou da fogueira alguns acusados, saiu com um discurso malicioso ao sugerir que ele reconhecia que alguns acusados eram inocentes por ser culpado o diabo...

Frei Guilherme respondeu ao abade Abbone que o diabo era tão esperto que poderia até influenciar o inquisidor... 

É lição para quem sabe ler além das palavras. 

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A igreja encobre os erros de seus membros 

"(...) Frequentemente, de fato, é indispensável provar a culpa de homens que deveriam sobressair por sua santidade, mas de modo a poder eliminar a causa do mal sem que o culpado seja relegado ao desprezo público. Se um pastor falha, deve ser isolado dos outros pastores, mas ai se as ovelhas começam a desconfiar dos pastores." (p. 37)

Sigamos, de forma perspicaz, pelos cantos sombrios da vida.

William 


Bibliografia:

ECO, Umberto. O nome da rosa. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade. Rio de Janeiro: O Globo; Folha de São Paulo, 2003.

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